Capitaes da areia jorge amado

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os cofres da Prefeitura. O rosto sombrio de Volta Seca se iluminou. Sua boca apertada se abriu num sorriso. E ainda feliz deixou o Professor, que apagava a vela, e foi para o seu canto. Levava o jornal para cortar o retrato do grupo de Lampião. Dentro dele ia uma alegria de primavera. (p. 42) Ponto das Pitangueiras Esperavam que o guarda andasse. Este demorou olhando o céu, mirando a rua deserta. O bonde desapareceu na curva. Era o último dos bondes da linha de Brotas naquela noite. O guarda acendeu um cigarro. Com o vento que fazia, gastou três fósforos. Depois suspendeu a gola da capa, pois havia um frio úmido que o vento trazia das chácaras onde balouçavam mangueiras e sapotizeiros. Os três meninos esperavam que o guarda andasse para poder atravessar de um lado para o outro da rua e entrar na travessa sem calçamento. O Querido-de-Deus não tinha podido vir. Toda a tarde tinha passado na Porta do Mar esperando o homem que não veio. Se ele tivesse vindo seria mais fácil, pois com o Querido-de-Deus ele não ia discutir, mesmo porque devia muita coisa ao capoeirista. Mas não tinha vindo, a informação fora errada, e o Querido-de-Deus já tinha uma viagem acertada para essa noite. Ia a ltaparica. Durante a tarde, num terreninho que havia no findo da Porta do Mar, fizeram treinos do jogo capoeira. O Gato prometia ser, com algum tempo, um lutador capaz de se pegar com o próprio Querido-de-Deus. Pedro Bala também tinha muito jeito. Dos três o menos ágil era o negro João Grande muito bom numa luta onde pudesse empregar sua enorme força física Assim mesmo aprendia o bastante para se livrar de um mais


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