Atualidades

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DESTRINCHANDO

A

A evolução da dívida

dívida pública é o dinheiro que o Estado toma emprestado para cobrir a diferença entre o que gasta e o que arrecada no orçamento federal. No Brasil, esse valor atingiu 3,112 trilhões de reais em 2016. Mas todo esse montante não surgiu da noite para o dia. O país deve dinheiro a investidores e bancos nacionais e estrangeiros desde que surgiu como nação, em 1822, quando pediu empréstimos no exterior para cobrir despesas devidas pela colônia.

Entre os fatores que interferem no endividamento do Brasil estão choques externos, aumento dos gastos públicos e a variação de câmbio e juros

Mas mensurar a evolução da dívida brasileira não é uma tarefa simples. Isso porque o Brasil já teve nove moedas desde o Império. Toda essa atribulada história do dinheiro no Brasil dificulta uma comparação mais precisa do endividamento brasileiro em diferentes períodos históricos. Ainda assim, é possível identificar alguns momentos em que a dívida deu saltos significativos. Exemplos disso são o financiamento para a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, em 1942;

A EVOLUÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL NO BRASIL (EM BILHÕES DE REAIS) Valor nominal da dívida

Valor atualizado pela inflação (IPC-A)

A LINHA AZUL, referente à dívida pública nominal, sinaliza o seu valor em cada ano e a sua evolução no período entre 1996 e 2016 – ela mostra um crescimento constante. 3.500 3500

3.000

4

Já a LINHA VERMELHA, que indica o valor da dívida corrigida pela inflação, leva em consideração a elevação dos preços no período. Dessa forma, ela permite observar quanto a dívida em qualquer ano no período valeria nos valores atuais. Este indicador é o mais apropriado para notar o impacto da dívida em cada período específico. Assim é possível observar momentos de maior crescimento, estabilidade ou mesmo queda da dívida em termos reais.

2500

2.000 2000

1997-1998 – CRISES ASIÁTICA E RUSSA Para evitar a fuga de capitais estrangeiros devido à crise asiática, que afetou as economias no mundo todo, o Brasil elevou sua taxa básica de juros a 38% ao ano em dezembro de 1997. Como boa parte da dívida era corrigida pela taxa de juros, ela disparou e manteve a tendência de alta por muitos anos.

1500

1.000 1000

1

10

1996 2000

2016

13,61

0

1996 2000

2010

2016

O IMPACTO DOS JUROS NA DÍVIDA Em 2008, o Brasil quitou a sua dívida externa e a maior parte da dívida passou a ser indexada pelos juros. Ou seja, agora, quanto maior a taxa Selic, mais rápido cresce a dívida brasileira.

1.865,0

2002 – ELEIÇÃO DE LULA Durante a campanha presidencial, a perspectiva de vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, agravou a crise cambial – o dólar chegou a quase 4 reais. O mercado financeiro temia que o Brasil desse um “calote” na dívida caso Lula vencesse. Mas, ao tomar posse, Lula adotou uma política rigorosa de controle das contas públicas, economizando dinheiro para amortizar a dívida.

1.157,3

2008 – CRISE MUNDIAL Como resposta à crise econômica mundial, o governo facilitou as condições de crédito, forneceu isenções fiscais à indústria e ampliou os gastos públicos. Isso aumenta a dívida, porque o governo passa a gastar mais e a arrecadar menos. O governo também quitou sua dívida com o FMI. A dívida interna passa a pesar mais do que a externa – e os juros passam a ter mais influência na dívida do que o câmbio.

500

251,7 1998

2010

O IMPACTO DO DÓLAR NA DÍVIDA Entre 1998 e 2008, boa parte da dívida brasileira estava indexada ao câmbio. Ou seja, quanto maior o valor do dólar, maior a dívida. Isso explica o salto da dívida em 2002, quando a cotação do dólar explodiu.

653,6

1997

30 20

0,85

39,87

2.187,7

500

1996

40

3,35

2

886,0

0

3,87

3,62

0

1999 – DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL A partir de 1998, a dívida pública passa a ficar mais atrelada ao dólar. Com a maxidesvalorização do real em relação ao dólar adotada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no ano seguinte, a dívida subiu ainda mais.

1.500

JUROS Média anual da Selic, em %

3

3000

2.500

DÓLAR Média anual, em R$

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

0

GOVERNO

FHC 1

Fonte: Ministério da Fazenda

22

GE ATUALIDADES | 1º semestre 2017

FHC 2

LULA 1

LULA 2

2008


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