TCC ArqUrb- A UTILIZAÇÃO DE CONTAINER COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA.

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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Lays Eler Broedel

A UTILIZAÇÃO DE CONTAINER COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

VILA VELHA 2018


Lays Eler Broedel

A UTILIZAÇÃO DE CONTAINERS COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado a Universidade Vila Velha, como pré-requisito do programa de graduação em Arquitetura e Urbanismo, para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Prof. M.e. Edna Mara Pires Gumz.

VILA VELHA 2018



RESUMO Um dos grandes desafios dos municípios é o combate ao déficit habitacional e o tempo de execução das obras, indo em busca de maior rapidez e eficiência. O objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta projetual utilizando containers como principal elemento construtivo, para a substituição de casas de alvenaria convencionais, gerando uma alternativa de habitação social no município de Vitória. Para alcançar tal objetivo, foi desenvolvido um levantamento bibliográfico abordando a demanda da habitação social no município de vitória, estuda-se a composição e a trajetória desse elemento estrutural pré-fabricado no contexto arquitetônico, além do mapeamento de áreas onde se tem a possibilidade da implantação desta tecnologia. Como resultado obteve-se uma proposta de habitação que atende uma família de 4 pessoas, podendo ocorrer futuras ampliações.

Palavras-chave: Habitação de Interesse Social. Container como Sustentabilidade. Déficit Habitacional.

moradia.


ABSTRACT One of the great challenges of the municipalities is the fight against the housing deficit and the time of execution of the works, going in search of greater speed and efficiency. The objective of this work is to present a design proposal using containers as the main constructive element for the replacement of conventional masonry houses, generating an alternative of social housing in the city of Vitรณria. In order to reach this objective, a bibliographical survey was developed addressing the demand for social housing in the municipality of victory, studying the composition and trajectory of this prefabricated structural element in the architectural context, in addition to mapping areas where it is possible to implementation of this technology. As a result we obtained a housing proposal that serves a family of 4 people, and future extensions may occur.

Keywords: Housing of Social Interest. Container as housing. Sustainability. Housing deficit.


LISTA DE FIGURAS Figura 1: A) Residencial em fase de projeto, B) O Residencial em fase de construção. .................................................................................................................................. 18 Figura 2: A) Casa de madeira em péssimas condições. B) Resultado da reconstrução. .................................................................................................................................. 18 Figura 3: Mapa da região de Vitória mostrando os bairros que são beneficiados pelo projeto Moradia. ........................................................................................................ 19 Figura 4: Imagem mostrando as tipologias construtivas adotadas pelo projeto Moradia. .................................................................................................................................. 19 Figura 5: A) Retrato de Malcolm Mclean, B) antiga forma de armazenamento em tonéis. ........................................................................................................................ 21 Figura 6: Grande armazenamento de containers na região do município de Vila Velha .................................................................................................................................. 24 Figura 7: Conjunto Habitacional Keetwonen, vista panorâmica. ............................... 29 Figura 8: Varandas. ................................................................................................... 30 Figura 9: interior de um dos apartamentos do conjunto. ........................................... 30 Figura 10: Estacionamento interno de bicicletas. ...................................................... 31 Figura 11: Container City .......................................................................................... 32 Figura 12 A) Varanda e B) interior de um apartamento com piso em madeira.......... 32 Figura 13: A) Em destaque na cor vermelha o bairro Redenção. B) na cor laranja localização do lote. .................................................................................................... 34 Figura 14: A) Vista frontal do lote com a edificação. B) Aspecto geral das condições externas da edificação. ............................................................................................. 35 Figura 15: Zoneamento. ............................................................................................ 35 Figura 16: Tabela de controle Urbanístico. ............................................................... 36 Figura 17: Trajetória Solar ( Software Arcgis). .......................................................... 36 Figura 18: Diagrama modular da tipologia: Módulos em vermelho representando os de 40 pés e os azuis representando os de 20 pés. ........................................................ 37 Figura 19: Isometria mostrando os ambientes previstos. .......................................... 38 Figura 20: Planta baixa humanizada. ........................................................................ 39 Figura 21:A) Quarto do casal. B) Quarto de Solteiro. ................................................ 40 Figura 22: Perspectiva interna da cozinha integrada com a sala. ............................. 41 Figura 23: Perspectiva da área de serviço externa e a horta. ................................... 41


Figura 24: Fachada frontal ........................................................................................ 42 Figura 25:Perspectiva geral....................................................................................... 42 Figura 26:Planta de fundação ilustrando a fiada de blocos e a laje de radier. .......... 43 Figura 27: Isolantes térmicos e acústico. A) Isopor. B) Lã de Rocha. C) Lã de Vidro. D) Lã de Pet .............................................................................................................. 44 Figura 28: Esquema tipo Sanduíche adotado para revestir os ambientes internamente. .................................................................................................................................. 45 Figura 29: Detalhe da cobertura. ............................................................................... 45 Figura 30: Relação de materiais comumente utilizados. A) PVC. B) Gesso. C) Drywall. .................................................................................................................................. 46 Figura 31: Perspectiva do banheiro e seu revestimento que remete ao granito. ...... 47 Figura 33: Perspectiva interna, mostrando o piso cerâmico escolhido. .................... 48 Figura 34: Perspectiva da área de serviço mostrando a pavimentação em concreto crespo. ...................................................................................................................... 48 Figura 35: A) e B) Vistas gerais do conjunto arquitetônico e fechamento frontal com muro vasado com vidro, como item de segurança. ................................................... 49

LISTA DE QUADROS Quadro 01: Evolução da habitação no Brasil. Quadro 02: Políticas Habitacionais da Prefeitura de Vitória. Quadro 03: Medidas dos containers. Quadro 04: sistemas modulares. Quadro 05: Resumo das referências de projeto apresentadas.


SUMÁRIO RESUMO..................................................................................................................... 4 ABSTRACT................................................................................................................. 5 LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 6 SUMÁRIO ..................................................................................................................... 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 9 1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 10 1.2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................... 10 1.2.2

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................... 10

1.3 METODOLOGIA...........................................................................................................11

2 HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL ....................................................................... 12 2.1 HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA...................................................... 15 2.1.1 BREVE HISTÓRICO ..................................................................................................................... 15 2.1.2 PROGRAMAS HABITACIONAIS .................................................................................................. 16

3 O CONTAINER NA ARQUITETURA...................................................................... 21 3.1 O CONTAINER............................................................................................................ 22 3.2 O CONTAINER E A SUSTENTABILIDADE .................................................................. 23 3.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS .............................................................................. 25 3.4 COORDENAÇÃO MODULAR ..................................................................................... 26

4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 29 5 A UTILIZAÇÃO DE CONTAINERS COMO ALTERNATIVA DE HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA ..................................................................... 34 5.1 ANÁLISE DO LOCAL .................................................................................................. 34 5.1.1

LOCALIZAÇÃO .......................................................................................................................... 34

5.1.2

PARÂMETROS URBANÍSTICOS .............................................................................................. 35

5.1.3

ANÁLISE DA INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO ............................................................................. 36

5.2 PROJETO CASA CONTAINER ................................................................................... 37 5.2.1

PARTIDO ARQUITETÔNICO E COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA ............................................ 37

5.2.2

PROGRAMA DE NECESSIDADES ........................................................................................... 38

5.2.3

IMPLANTAÇÃO E SETORIZAÇÃO DOS PAVIMENTOS ........................................................... 39

5.2.4

FACHADAS ................................................................................................................................ 41

5.3 SELEÇÃO DE MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS ....................................... 43 5.3.1

ESTRUTURAS DE FUNDAÇÃO ................................................................................................ 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ........................................................................ 51


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1 INTRODUÇÃO O cenário da habitação popular sempre foi preocupante no contexto mundial, porém foi com a Revolução Industrial que o quadro da condição de moradia se tornou precário. Com o aumento do número de indústrias, o processo de crescimento das cidades também se acelerou, onde grande maioria de trabalhadores do campo passaram a ir para as cidades em busca de trabalho. No campo da Arquitetura e Urbanismo Brasileira a situação não foi diferente, logo após a Revolução Industrial se teve a abolição da escravatura e grande parte dos escravos foram em busca das cidades para ganhar a vida, todos esses fatores impulsionaram para que as cidades crescessem sem um preparo de políticas públicas fazendo com que ela evoluísse de forma desordenada. Desde o início do processo de formação da cidade a habitação foi tratada por um longo tempo como objeto de segunda categoria. Somente na segunda metade do século XX que foram realizadas algumas ações para solucionar esse déficit habitacional. Em Vitória (ES) este contexto não é diferente, observa-se um número acentuado de assentamentos subnormais, tendo a necessidade de uma grande demanda de habitação popular no Município, demanda que necessita de velocidade nos prazos de execução e de qualidade arquitetônica. JUSTIFICATIVA O Município de Vitória apresenta uma série de condições agravantes na questão habitacional. Por ser uma ilha, circundada pela baía de Vitória com áreas de mangue e possuir um relevo bastante acidentado, são condições que implicam em uma redução do espaço geográfico que por sua vez aumenta a especulação imobiliária. O baixo investimento em políticas habitacionais e a precária vigilância das áreas com potenciais de preservação ambiental, faz com que exista uma grande área de construções irregulares que não oferecem condições mínimas de habitabilidade. A prefeitura de Vitória dispõe de uma Secretaria Municipal de Obra e Habitação (SEMOHAB), que é responsável por executar as obras de infraestrutura urbana e


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saneamento, construção de equipamentos públicos e é responsável também pela redução do déficit habitacional, com implementação e controle de programas habitacionais para facilitar o acesso à moradia. Esses programas são: Terreno legal, Vitória de todas as cores, Moradia, Morar sem risco, Morar no centro (PMV,2014). Diante esses programas, foi escolhido o PROJETO MORADIA, onde a prefeitura dá subsídio para a construção e reconstrução de casas para famílias de baixa renda, o programa oferece para as famílias duas formas de adquirir a casa própria, por meio de construção e reconstrução das unidades habitacionais. Na reconstrução são substituídas as edificações em madeira ou materiais inadequados por construções em alvenaria desde que o local esteja apto para moradia (PMV,2014). Apesar de existirem esses programas, que proporcionam moradia para a população que estão em áreas de risco ou em edificações precárias, os modelos habitacionais repetitivos sem qualidade estética considerada, além de utilizarem sistemas construtivos convencionais o que gera atraso na execução. Paralelo a isso a cidade abriga atividades portuárias que são geradoras de uma grande quantidade de resíduo que é o container. Este resíduo vem sendo aproveitado em diversas localidades no mundo inteiro, e embora não seja viável para áreas de difícil acesso, podem ser utilizados nas áreas planas do município trazendo uma opção que alia o baixo custo de produção, com uma melhoria projetual, trazendo assim uma melhor qualidade de vida para a população.

1.2

OBJETIVOS

1.2.1 OBJETIVO GERAL Apresentar uma proposta Arquitetônica viável e Sustentável utilizando containers marítimos para a construção de uma habitação popular pelo projeto MORADIA da prefeitura de Vitória, em locais parcialmente planos onde se tem a possibilidade de acesso de transportes mais pesados. 1.2.2

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

-Estudar as áreas de concentração da demanda habitacional. -Estudar conceito de Arquitetura Modular e a forma de junção entre dois ou mais containers. -Pesquisar tipologias adotadas em Habitação no Brasil e no Mundo.


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1.3

METODOLOGIA

A pesquisa possui natureza exploratória, no que diz respeito ao levantamento de dados e escolha de terreno para o desenvolvimento do projeto. E para cumprir o objetivo proposto foram realizadas as seguintes etapas: 1. Pesquisa bibliográfica por meio de livros, teses, dissertações, publicações e legislações afins. 2. Levantamento de dados atuais na implementação das políticas públicas habitacionais através de visitas e entrevistas a profissionais da área que desenvolvem projetos habitacionais na prefeitura de Vitória. 3. Estudo de Caso, para elencar diretrizes e condicionantes de projeto. 4. Mapeamento da demanda compatível com o sistema construtivo e tipologia. 5. Ensaio Projetual.


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2

HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

Para entender a atual situação da habitação no Brasil e em Vitória temos que fazer um retrospecto nos séculos XIX e XX para se entender como que foram surgindo essas habitações. O Brasil no início da sua colonização era um país principalmente agrário, onde, por volta de 1950 a grande maioria da sua população, 33 milhões de pessoas viviam nos campos e apenas 19 milhões de pessoas viviam nas cidades (IBGE,2006). Com a industrialização e o fim da escravidão no Brasil os números de habitantes nas cidades aumentaram drasticamente, eram escravos e imigrantes que se refugiavam do campo em busca de emprego nas grandes indústrias que estavam sendo instaladas nos centros. Com essa urbanização acelerada a demanda para habitação também aumentou e as cidades não tinham uma infraestrutura adequada para esse crescimento, o que impulsionou para um desenvolvimento desordenado e o surgimento dos primeiros cortiços. Flávio Villaça comenta sobre o grande número de pessoas que chegavam à cidade em busca de trabalho: “Eram os despejados das decadentes fazendas, como as de café do Vale do Paraíba, eram os despejados da Itália, eram os despejados das senzalas. Com o enorme crescimento das cidades através dessa população surge o problema de seu alojamento, ou seja, surge o problema da habitação enquanto questão social” (VILLAÇA, 1986. p. 35).

Segundo Bonduki (2004, p. 21-22) essa necessidade fez com que se fosse criado diferentes tipos de estalagens, vilas operárias e cortiços, com tipologias precárias de construções apressadas e adensadas querendo aproveitar o máximo possível do lote, desejando se ter uma mínima despesa, sem nenhum sistema de saneamento, muitos deles sem a distribuição de água, rede de esgoto e sem energia. Os cortiços eram considerados na cena urbana do século XIX como o lócus da pobreza, espaço onde residiam alguns trabalhadores e se concentravam, em grande número, vadios e malandros, a chamada “classe perigosa” (VALLADARES, 2000.p. 7).


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“Caracterizado como o verdadeiro “inferno social”, o cortiço era tido como antro não apenas da vagabundagem e do crime, mas também das epidemias, constituindo uma ameaça às ordens moral e social. Percebido como o espaço, por excelência, do contágio das doenças e do vício...” (VALLADARES, 2000. p. 7).

Essas formas de habitações estavam inseridas em meio a nobreza e burguesia local, com a falta de saneamento básico começou a se ter uma proliferação de doenças, o que passou a se tornar uma ameaça de epidemias e infecções em toda a população urbana. Veio à tona esse problema com discussões e criações de leis que proibiam a criação de novos cortiços e acabavam com as instalações anti-sanitárias (VILLAÇA, 1986. p. 35). A questão sanitária passou a ser então prioridade para as autoridades, visando a modernização das zonas nobres da cidade, com isso várias casas foram sendo demolidas, e as habitações coletivas foram sendo afastadas dos centros urbanos obrigando a população a procurar novos locais para se abrigarem e surgindo então novas formas de habitações irregulares, denominadas como favela (VILLAÇA, 1986. p. 35). A favela como forma de habitação apareceu pela primeira vez no rio de janeiro, no atual morro da providência que antigamente era conhecido como “morro da favela”. Ela foi ocupada por muitas famílias que foram despejados dos cortiços e por alguns soldados que regressaram da guerra dos canudos e não receberam o prometido soldo e foram invadindo de forma indevida a antiga chácara (CARVALHO,2015). A questão social era meramente tratada como questão de higiene, as ações mais importantes do governo foram a extensão das redes de água e a criação de algumas leis e ações pelo governo com a preocupação de evitar que proliferassem os domicílios insalubres (favelas), incentivando a produção de habitação para locação e dando cedência de inserção de impostos de importação para facilitar a construção (BONDUKI, 2004, p. 41-43). “[...], porém, pouco fez para melhorar suas moradias, a não ser quando eram chocantes demais demolindo-as. E este modo de resolver o problema da habitação – característico do autoritarismo sanitário- nada mais é que a sua própria recriação” (BONDUKI, 2004. p. 43).

Apesar dos esforços políticos da época com diversos incentivos para a indústria e investidores para a criação de casas para os operários e criações de leis favoráveis, não se obteve uma solução desejável para o atual problema. Para os trabalhadores e suas famílias as condições oferecidas ainda eram precárias, a falta de moradia, as habitações deficientes e insalubres geravam revoltas.


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Os primeiros pensamentos em Habitação Social para população de baixa renda começaram a surgir a partir da década de 30 e tiveram poucas evoluções como podemos ver no quadro 02 abaixo. Quadro 01: Evolução da Habitação Social no Brasil

MOMENTO/DATA

CONTEXTO

TIPOLOGIA APLICADA

Habitação popular

1930

presente somente em discursos políticos.

1937 a 1950 Governo Getúlio Vargas

Criação

de

órgãos

- Arquitetura moderna dotada de

governamentais

qualidade prejetual.

encarregados de produzir

- Horizontalidade.

ou financiar habitações.

- Ambientes amplos.

(IAPS)

1945 a 1964 Governo Dutra

Fundação

da

Casa

Popular (FCP).

Uma fundação de recursos próprios que em 18 anos produziu 18.132 unidades.

1964 a 1986

Criação Nacional

do da

Banco Habitação

(BNH.)

2009 Caixa Econômica Federal

Criação

- Produção em grande escala. -Longe dos centros urbanos. - Pouca qualidade estética.

do

programa

Minha Casa Minha Vida,

- Produção em massiva, uniforme e precária. -Sem levar em conta questões ambientais. -Longe dos centros.

Fonte: Elaborado pela autora.

Pode-se perceber o grande retrocesso na qualidade das edificações produzidas pelo Banco Nacional da Habitação e pela Caixa Econômica Federal em vista das produzidas pelos Institutos de Aposentados e Pensionistas. Durante 22 anos de existência do BNH é difícil achar bons projetos arquitetônicos, uma importante exceção foi o conjunto Habitacional Zezinho Magalhães, elaborado pelos arquitetos Vilanova Artigas, Paulo Mandes da Rocha e Fábio Penteado. E até o presente momento não se ver bons projetos sendo executados pela MCMV, apesar de ter sido uma medida importante na intenção de combater o déficit habitacional.


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2.1 HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA 2.1.1 BREVE HISTÓRICO A questão da moradia no município de Vitória e em todo o estado do Espírito Santo era quase inexistente até a década de 50, diferentemente dos outros estados centrais do País, como São Paulo e Rio de Janeiro que já se encontravam em uma formação do mercado habitacional mais avançado. Os tipos de construções existentes eram apenas pequenas encomendas que atendiam demandas específicas, mas nenhuma de carácter residencial para populações de baixa renda, visto que a maioria da população na época vivia em áreas rurais. (ROCHA E MORANDI, 2012. p. 33,34). A industrialização e a crise no campo da agricultura contribuíram para a migração, onde a população anteriormente agrária foi atraída para a cidade pelo processo de industrialização, oferta de emprego e melhor qualidade de vida, impulsionando um crescimento demográfico e a necessidade de aumento da oferta de imóveis para moradia. Como a maioria vinha em estado de miséria não tinham condições de pagarem aluguel ou de possuírem um terreno para construir, onde acabaram ocupando irregularmente áreas como de encostas de morro e mangues. (ROCHA E MORANDI, 2012. p. 33,34).

Pode-se comprovar esse aumento da população através de dados do que de 1960 para 2010 a população cresceu 147,8% tendo passado de 1.418.348 para 3.514.952 e a população rural foi reduzida em 45,5% tendo sido em 1960 de 1.014.887 passando a ser em 2010 de 583.480 (ROCHA E MORANDI, 2012. p. 33,34). Em resposta para a crise habitacional que estava surgindo na Capital na época, e para atender a população de baixa renda, foi criado em Vitória em 1965 na mesma época do BNH a Companhia da Habitação De Vitória (COHAB-VT) que era vinculada ao município de vitória (ESPÍRITO SANTO, 1986. p. 194). Durante 40 anos a COHAB-ES produziu mais de 49.000 unidades em 45 município do estado, sendo cerca de 1.500 unidades por ano (PMV). E no município de Vitória ela realizou cerca de 2.830 unidades que se diversificavam em casas e apartamentos (ESPÍRITO SANTO, 1986. p. 245). Em 1968 foi criado o Instituto de orientação às cooperativas Habitacionais do Espírito Santo (INOCOOP/ES), que era apoiado pela legislação do BNH e tinha a participação de empresários da construção civil, sindicatos e trabalhadores. O auge do programa no Espírito Santo foi entre 1977 e 1984, período que foram entregues cerca de 75%


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de todas as unidades habitacionais construídas ao longo de sua história. Ao longo da sua trajetória além de beneficiar famílias de baixa e média rendas através do financiamento da casa própria, criaram inúmeras oportunidades de empregos no estado (ESPÍRITO SANTO, 1986. p. 256). Até o ano de 1988 o INOCOOPES realizou 2141 unidades no município de vitória. Mesmo após a crise do BNH que levou a sua extinção, como visto anteriormente, o INOCOOPES sobreviveu, porém, enfrentava grandes dificuldades, o que dificultou a sua permanência no mercado do mesmo modo que funcionava até o momento, passou a trabalhar com o autofinanciamento das habitações, que seriam obras financiadas com os recursos das poupanças dos associados. Entre 1991 e 1998, foram construídos em vitória 1158 unidades como base no novo modelo adotado (DIAS, 2008. p. 93, 94). Apesar dos grandes resultados da ação do BNH durante sua vigência, a crise habitacional no município de Vitória ficou longe de ter alcançado uma completa solução. As intervenções entregues até a sua extinção em 1986 e posteriores não acompanharam o ritmo de crescimento da cidade nos últimos anos, que representam o crescimento econômico do Estado através da incrementação de novas empresas nacionais e multinacionais, que consequentemente ocasiona para o crescimento populacional urbano.

2.1.2 PROGRAMAS HABITACIONAIS A prefeitura de Vitória dispõe de uma Secretária Municipal de Obra e Habitação (SEMOHAB), que é responsável por executar as obras de infraestrutura urbana e saneamento, construção de equipamentos públicos e é responsável também pela redução do déficit habitacional, com implementação e controle de programas habitacionais para facilitar o acesso à moradia (PMV,2014). Um desses programas e o Habitar Vitória que tem como objetivo o desenvolvimento do acesso à terra e à moradia digna, melhorando as condições de habitabilidade e diminuição do déficit habitacional. É uma política que prioriza os cidadãos de baixa renda, excluídos do mercado imobiliário formal, onde promove a participação da comunidade na criação, implementação e controle dos programas habitacionais através de canais permanentes para a participação social (PMV,2014).


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O programa Habitar Vitória integra 5 projetos, de acordo com o Quadro 02: Quadro 02: Políticas Habitacionais da Prefeitura de Vitória.

PROJETO

OBJETIVO

PROJETO

OBJETIVO

Promove a construção e

Colabora

reconstrução

revitalização da área

unidades

das

habitacionais

central

na

de

Vitória,

para as famílias de baixa

dando função social

renda.

aos

edifícios

abandonados. Realiza

reparos

recuperação alvenarias,

e das

reboco

e

Transfere as famílias de locais de risco para outros locais.

pintura das fachadas. Combate à exclusão e a desigualdade social através da regularização fundiária.

Fonte: Elaborado pela autora.

Diante esses programas, foi escolhido o PROJETO MORADIA, onde possuem grandes áreas planas e de fácil acesso, para se trabalhar essa nova forma de habitação social mudando as características construtivas convencionais adotadas. Grande parte das famílias beneficiadas são de baixa renda, que não são atendidas pelo mercado imobiliário, constituem 92% do déficit habitacional de Vitória, porém o programa atende famílias de até cinco salários mínimos. O PROJETO MORADIA oferece para as famílias de baixa renda duas formas de obter a casa própria: Por meio de construção de unidade habitacionais, onde são realizados residenciais de até 100 unidades e conjuntos habitacionais com mais de 100 unidades, como podemos ver na Figura 1, o Residencial Santo André, disposto de 48 unidades, com sala, dois quartos, cozinha, banheiro, área de serviço e garagem, que atendem famílias com a média salarial de um salário mínimo (PMV,2014).


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Figura 1: A) Residencial em fase de projeto, B) O Residencial em fase de construção.

A)

B)

Fonte: PMV,2014.

A outra forma é por meio de reconstrução onde são substituídas as edificações em madeira ou materiais inadequados existentes por construções em alvenaria desde que o local esteja apto para moradia (Figura 2), essas construções possuem sala, cozinha, área de serviço, banheiro e entre dois quartos (PMV,2014).

Figura 2: A) Casa de madeira em péssimas condições. B) Resultado da reconstrução. A)

B)

Fonte: PMV,2014.

O projeto Moradia abrange 25 bairros de Vitória (Figura 3), que estão distribuídos pelo município, e até o ano de 2017 foram reconstruídas 176 casas (SEMOHAB,2017).


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Figura 3: Mapa da região de Vitória mostrando os bairros que são beneficiados pelo projeto Moradia.

Fonte: Elaborado pela autora através de dados obtidos pela PMV.

Apesar de existirem esses programas, que proporcionam moradia para a população que estão em áreas de risco ou em edificações precárias, os modelos habitacionais executados

possuem

programas

arquitetônicos

reduzidos,

com

tipologias

padronizados de 2 e 3 quartos (Figura 4) e repetitivos com pouca qualidade estética, além de utilizarem sistemas construtivos convencionais o que gera atraso na execução.

Figura 4: Imagem mostrando as tipologias construtivas adotadas pelo projeto Moradia.

Fonte: PMV,2014.


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Esta pesquisa propõe a utilização do container marítimo que já vem sendo utilizado cada vez mais como proposta de projeto na construção civil, abrigando desde funções habitacionais como comerciais e de serviço, desenvolvendo uma possibilidade de alternativa sustentável que substitui o sistema construtivo convencional, ao mesmo tempo dando uma destinação aos containers que lotam pátios de estocagem e conciliando baixo custo de produção com a redução do cronograma de construção de habitação.


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3

O CONTAINER NA ARQUITETURA

O container foi criado pelo americano Malcolm Mclean, que após observar o embarque de fardos de algodão no porto de Nova Iorque percebeu a lentidão do processo, foi quando teve a ideia de armazenar os fardos em grandes caixas de aço com o propósito de redução de custos, agilidade na hora do descarregamento, melhoria no transporte e o armazenamento de mercadorias, que antes eram feitas em tonéis (Figura 5), e também como forma de evitar danificações e desvio das mesmas, que acontecia devido a diversificação das embalagens utilizadas (MENDES, 2007). No início os tamanhos dos containers eram diferentes dos utilizados hoje em dia, suas dimensões eram de 35x8x8 ½ pés. Após algum tempo sentiram a necessidade de padronização das medidas, foi quando a American Standards Association (ASA) na América e a International Standards Organization (ISO) na Europa que são organizações privadas responsáveis pela criação de normas, formaram comitês para estudar e padronizar as medidas de fabricação desses containers. O Brasil adotou os critérios da ISO para normalização técnica, onde se baseou em suas diretrizes para a criação de sua regulamentação (MENDES, 2007).

Figura 5: A) Retrato de Malcolm Mclean, B) antiga forma de armazenamento em tonéis.

A)

Fonte: Mendes,2007.

B)


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3.1

O CONTAINER

Os Containers podem ser definidos como grandes caixas de metais, formado por paredes e tetos ondulados, e pisos de madeiras, desenvolvidos para o transporte de mercadorias em longa distância, por trens, caminhões, armazenando diversas mercadorias de várias partes do mundo (MILANEZE, 2012, p. 616). A definição do container pode ser caracterizada como: “Contêineres são grandes caixas que podem ser transportadas em vagões ferroviários abertos, em chassis rodoviários, em navios ou em grandes aeronaves. É a forma mais apurada de utilização alcançada em sistemas de distribuição. Geralmente, seguem as dimensões de 8 x 8 x 20 pés ou 8 x 8 x 8 40 pés (padrões ISO). Pelo seu tamanho, acomoda carga paletizada; são estanques, de maneira que não é necessário proteger a carga de problemas meteorológicos, além de poderem ser trancados para maior segurança. Normalmente, são carregados e descarregados com o uso de guinchos especiais” (MURARO, 2006. p. 43).

Existem vários tipos de containers na indústria, que variam em relação a forma, ao tamanho e à resistência. Os mais utilizados na arquitetura são os da categoria Dry Standard 20 pés com 6.058mm e Standard 40 pés 12.192mm de comprimento, e o High Cube (HC) container de 12.192mm de comprimento, ambos são totalmente fechados com apenas uma abertura de duas portas padrões nos fundos. (GRUPO IRS,2017). O Quadro 04, mostra as dimensões padrões da ISO internas, externas, o peso e a capacidade cúbica de ambos.

Quadro 03: Medidas containers.

Tipo Dry Standard 20’

Medidas Externas

Internas

Comprimento:

Comprimento:

6.058mm

5.910mm

Largura:2.438mm

Largura:2.340mm

Altura:2.591mm

Altura:2.388mm

Capacidade m³

33,2 m³


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Dry Standard 40’

High Cube 40’

Comprimento:

Comprimento:

12.19mm

12.04mm

Largura:2.438mm

Largura:2.342mm

Altura:2.591mm

Altura:2.380mm

Comprimento:

Comprimento:

12.19mm

12,03mm

Largura:2.438mm

Largura:2.350mm

Altura:2.895mm

Altura:2.695mm

67,6m³

76,2m³

Fonte: GRUPO IRS,2017.

3.2

O CONTAINER E A SUSTENTABILIDADE

Atualmente, vem sendo muito empregado o uso do termo SUSTENTABILIDADE, onde são buscadas técnicas adequadas que minimize o impacto das edificações no meio ambiente, com alternativas que satisfazem as necessidades do ser humano sem comprometer a capacidade das gerações futuras de realizar com qualidade as necessidades básicas de sobrevivência. E a construção civil é um dos maiores consumidores de matérias primas naturais, estima-se que sejam utilizados entre 20% e 50% do total de recurso naturais consumidos pela sociedade. Além do consumo, é um grande gerador de resíduos, como o entulho, que chega a representar um total de 60% dos resíduos sólidos urbanos produzidos (MESQUITA,2012). O container em sua típica utilização, possui uma vida útil de aproximadamente 10 anos, passado esse período se torna inviável a manutenção e acabam sendo descartados de forma indevida nos portos, gerando um grande problema nas cidades portuárias, contudo existem formas para o reuso dos containers e a utilização deles na construção civil além de solucionar o problema da reciclagem deixando de virarem lixos esquecidos nos portos, é uma proposta inovadora, econômica e de grande rendimento construtivo. (MILANEZE, 2012,p. 616).


24

No Espírito Santo temos o maior complexo portuário da América Latina, os portos capixabas estão em primeiro lugar em movimentação de cargas em peso e tonelagem. Na parte de movimentação financeira o complexo fica em segundo lugar, perdendo apenas para os terminas de Santos em São Paulo. De acordo com a Companhia docas do Espírito Santo (CODESA), o Estado foi responsável por movimentar cerca de 28% das mercadorias que chegaram no país em 2011 (FOLHA VITÓRIA,2012).

Figura 6: Grande armazenamento de containers na região do município de Vila Velha

Fonte: Google Street view,2017.

Desta forma portos de todo o mundo enfrentam o problema de descarte do container, que ocupam um espaço necessário para o funcionamento dos terminais portuários e acabam acarretando importunações ao meio ambiente e é o que acontece na cidade de Vitória, onde possui grande disponibilidade do material (Figura 6) o que facilita a utilização de containers no campo da Arquitetura, já que se tem grande números e facilidade de acesso ao produto.


25

3.3

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Dentre as vantagens da construção em containers podemos destacar: Sustentabilidade: Como já dito antes, será utilizado um material que é metálico e não biodegradável que se tornaria um problema formando montanhas de lixo nas cidades portuárias (DEMESQUITA,2013). Baixo Custo De Produção: A maior vantagem costuma ser o custo da construção que se comparada com uma de alvenaria convencional podemos ter uma redução de 20% a 40% (DEMESQUITA,2013). Rapidez Na Execução: Para a Arquiteta Lívia Ferraro, calcula que uma obra de cinco meses de alvenaria não levaria 45 dias se fosse feita em container (DE MESQUITA, 2013). Praticidade e Versatilidade: Prático pois pode chegar 100% montado no endereço da obra e a construção poder ser desmontada e montada em outro terreno e e versátil pois suas características modulares e geométricas permitem diversas configurações e facilita a construção (ABREU,2017). Durabilidade: A sua estrutura é muito forte, são projetadas para resistirem a ambientes agressivos e suportar grandes cargas. Um container bem cuidado pode chegar a 90 anos (ABREU,2017). Economia De Recursos Naturais: como areia, tijolos, cimento, água, etc (ABREU,2017). Entre as desvantagens, mesmo que já existem soluções para algumas delas, temos: Mão De Obra Especializada: Requer mão de obra especializada cujo material necessita de cortes de aço, serviços de soldadura, porém o custo de obra continua sendo inferior ao de alvenaria convencional (ABREU,2017). Intervenções Acústicas E Térmicas: Por ser fabricado em aço, que é um bom condutor térmico e um péssimo isolante acústico exige acabamentos e revestimentos para garantir o conforto do usuário (ABREU,2017). Substâncias Tóxicas: Dependendo do que ele transportava no passado, pode haver vestígios contaminantes. Além disso o piso que é forrado com madeira quanto as paredes recebem tratamento químico contra pestes e as ações das intempéries. Portanto, para o uso na arquitetura deve se retirar o piso e fazer um adequado tratamento das paredes para a reutilização com espaço habitável (ABREU,2017).


26

3.4

COORDENAÇÃO MODULAR

A construção modular surgiu ainda nas civilizações clássicas e foi evoluindo com o passar do tempo. Ela é um processo em constante desenvolvimento, visando uma habitação executada em um curto prazo, com um custo final atrativo e que possa se igualar as construções convencionais. A coordenação modular pode ser definida como um método de projeto industrializado, com base na pré-fabricação dos elementos construtivos, que são dimensionados a partir de uma unidade de medida comum, para a criação de edifícios de habitação ou de serviços. Essa unidade de medida chamada de módulo, é quem determina os fatores de dimensões e proporções dos elementos, criando assim uma conexão entre eles e o produto final, a edificação (FERREIRA et al.,2008. p. 4). A coordenação dimensional modular pode ser entendida como: “[...] uma metodologia, que visa criar uma dimensão padrão, que racionalize a concepção e a construção de edifício, o que permite elevar o grau de industrialização da construção, mantendo, no entanto, a liberdade de concepção arquitetônica dentro de valores aceitáveis.” (CASTELO,2008. p. 149).

Alguns autores definem a coordenação modular com outras opiniões como sendo “um mecanismo de simplificação e inter-relação de grandezas e de objetos diferentes de procedência distinta, que devem ser unidos entre si na etapa de construção (ou montagem), com mínimas modificações ou ajustes” (GREVEN; BADAULF, 2008, p.33. apud Mascaró, 1976). A Norma Brasileira NBR-5706 (ABNT, 1977), ainda define a coordenação modular como: “Técnica que permite relacionar as medidas de projeto com as medidas modulares por meio de um retículo espacial de referência. ” Pode-se definir então a coordenação modular como um instrumento que facilita a compatibilização de medidas na construção civil, com ela, a combinação de componentes construtivos de diversos fabricantes fica instantâneo e fácil. A coordenação modular exige dos materiais e dos outros diversos itens envolvidos na construção níveis de medidas confiáveis, estabilidade das dimensões e padronização. Essas condições estão diretamente relacionadas com a racionalização, que desde a fase projetual até a instalação final minimiza desperdícios dos ambientes edificados (FERREIRA et al.,2008. p. 7).


27

O conceito de construção modular abrange um grande número de sistemas e produtos que podem ser classificados de acordo com as suas formas e pelo seu sistema de montagem. Os sistemas podem ser organizados da seguinte forma: Quadro: 05 sistemas modulares

Sistemas Modulares

Exemplo

fechado:

São

módulos volumétricos que se assemelham com os containers marítimos. São altamente préfabricados, com padronizações e

com

espaços

previamente

internos definidos,

impossibilitando

grandes

alterações. Modulares

parcialmente

abertos: São semelhantes aos fechados,

porém,

aberturas

possuem

laterais,

que

permitem ligações a outros módulos, dependendo da sua especificação

podem

ser

empilhados em vários módulos de altura. Modulares

abertos:

módulos

São

completamente

abertos dos 4 lados, com vigas e

pilares

nos

cantos

que

suportam os pisos. Eles podem ser

ligados

em

direções

distintas o que permite uma maior configuração.


28

Construtivos de elementos modulares:

Nesse

sistema

não existe uma definição de módulo

enquanto

fechadas

ou

fabricados

caixas

abertas.

com

são

dimensões

padrão. Fonte: Elaborado pela autora.


29

4

ESTUDO DE CASO

O container vem sendo cada vez mais utilizado na construção civil, de início eles foram utilizados nos canteiros de obras, como depósitos de materiais. E depois foram adaptados de forma arquitetônica para a utilização em residências. Nos países Europeus é comum se ver construções em container e mais recentemente podemos ver uma maior utilização no Brasil, gerando casas desde casas sofisticadas e modernas, até habitações mais singelas como podemos ver a seguir:

Keetwonen, Amsterdam -Holanda O Keetwonen é um conjunto habitacional para estudantes, que foi desenvolvido pelo Arquiteto Quinten de Gooijer pela sua empresa tempohousing, o projeto foi construído para solucionar a demanda de abrigo para os estudantes da cidade. A construção teve início no final de 2005 e foi entregue em meados de 2006 e foi considerado um dos maiores complexos de moradias construídos no mundo e o segundo dormitório estudantil mais procurado de Amsterdam (ECOD, 2010).

Figura 7: Conjunto Habitacional Keetwonen, vista panorâmica.

Fonte: ECOD, 2010.

Ao todo, o complexo é formado por 1026 contêineres organizados em doze grandes edifícios locados em pares, tendo seus acessos feitos por escadas externas. Esses


30

grandes blocos são formados por contêineres de 40 pés, divididos em cinco níveis cada. Cada apartamento possui 30 m² e conta com banheiro, cozinha, quarto, sala de estudo e varanda (Figura 8), possui grandes janelas que oferecem ventilação e iluminação natural além de uma vista panorâmica (Figura 9). Possui também um sistema de ventilação automática com velocidades reguláveis e aquecimento a partir de um sistema de caldeira com gás natural central.

Figura 8: Varandas.

Fonte: Theguardian, 2015.

Figura 9: interior de um dos apartamentos do conjunto.

Fonte: Ciclovivo, 2013.


31

O conjunto ainda conta com outros serviços diferenciados como restaurantes, lavanderias, supermercado, café, e área para prática de esporte. As unidades são organizadas em blocos, e em cada bloco possui uma unidade de serviços com eletricidade centralizada, internet, e sistemas de rede. Os blocos ainda possuem uma área fechada interna para o estacionamento de bicicletas (Figura 10). Figura 10: Estacionamento interno de bicicletas.

Fonte: Theguardian,2015.

A cobertura é simplificada, disposta em duas águas com um sistema de drenagem de águas pluviais, enquanto proporciona a dispersão de calor e isolamento térmico para os containers abaixo.

Container City, Londres- Inglaterra A Container City foi projetada pelo Arquiteto Nicholas Lacey & Partners, na antiga zona portuária de Docklands, onde era uma área bastante degradada e abandonada pela esfera social, com o conceito de recuperação dos contêineres abandonados nos portos industriais e revitalização desse subúrbio na região metropolitana de Londres, foram dispostos os containers coloridos e empilhados (Figura 11), que olhando de fora parece um grande bloco de lego (XAVIER, 2014). A container City foi inaugurada em 2001, sendo concluída em apenas 5 meses. De início era composto por 3 andares com 12 estúdios de trabalho com 445 m² no total, mas com o grande interesse gerado após o seu término, um quarto andar foi acrescentado em 2003, com mais 3 apartamentos (XAVIER, 2014).


32

Figura 11: Container City

Fonte: XAVIER,2014.

As dimensões dos espaços variam de 30m², este tipo de unidade geralmente é ocupado por artistas e estúdios de designers e 70 e 270 m² com casas modernas, inteligentes e acessíveis. As disposições dos containers são variadas possuindo recortes nas paredes, pisos ou tetos, possibilitando a conexão entre eles criando espaços adaptáveis conforme a necessidade, esses ajustes permitem por exemplo a criação de diferentes alturas (XAVIER,2014). Cerca de 80% do prédio foi criado a partir de materiais reciclados. As unidades possuem portas de correr, varandas (também feitas em containers), vidros circulares, piso de madeira, banheiro, cozinha, água, eletricidade, aquecimento, entre outras comodidades (Figura 12). Figura 12 A) Varanda e B) interior de um apartamento com piso em madeira. A)

B)

Fonte: XAVIER,2014.

Considerando a existência de diversos casos da adaptação do container no meio arquitetônico, entende-se que é possível sua utilização em vários setores, inclusive


33

da habitação, gerando uma edificação com grande qualidade arquitetônica, dentro de um padrão flexível e inovador. Vistos os exemplos pode-se resumir as etapas de elaboração a seguir ( 05: Resumo das referências de projeto apresentadas. 05):

Quadro 05: Resumo das referências de projeto apresentadas.

Fonte: Tabela confeccionada pela autora da pesquisa, 2017.

Quadro


34

5

A UTILIZAÇÃO DE CONTAINERS COMO ALTERNATIVA DE

HABITAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA

5.1 ANÁLISE DO LOCAL 5.1.1 LOCALIZAÇÃO A edificação escolhida situa-se no bairro Redenção (Figura 13) no município de Vitória e o lote onde ela está localizada possui aproximadamente 163 m², com uma edificação em situação precária (Figura 14). Figura 13: A) Em destaque na cor vermelha o bairro Redenção. B) na cor laranja localização do lote.

A)

B) Fonte: Arquivo pessoal.


35 Figura 14: A) Vista frontal do lote com a edificação. B) Aspecto geral das condições externas da edificação.

A)

B)

Fonte: Arquivo pessoal.

O bairro redenção faz parte da região da Grande São Pedro, sua ocupação começou por volta da década de 70 por migrantes que vieram em busca de emprego. Redenção faz limite ao norte como bairro Nova Palestina, ao leste com o bairro Conquista, a oeste com o bairro Santo André e ao sul com o bairro São José. O bairro Redenção se encontra também próximo a importante Rodovia Serafim Derenzi (PMV). 5.1.2 PARÂMETROS URBANÍSTICOS Para dar início as atividades projetuais referentes à tipologia habitacional, é necessário que se faça uma consulta ao Plano Diretor Urbano da cidade de Vitória, pretendendo entender e explorar os limites estabelecidos para a elaboração do projeto. De acordo com o PDU de Vitória, e como podemos ver na Figura 15 o terreno está situado na ZEIS 2 (Zona Especial de Interesse Social 2). Figura 15: Zoneamento.

Fonte: Disponível em PDU de Vitória e modificado pelo autor.


36

De acordo com o anexo 9.8 do PDU apresentados na Figura 16 abaixo o coeficiente de aproveitamento máximo do lote em questão é de 1,4. A taxa de ocupação máxima é de 70% e a taxa de permeabilidade é de 10%. O gabarito e a altura da edificação não são apresentados. O afastamento mínimo frontal é isento e os laterais e de fundo são isentos até o 3° Pavimento. Figura 16: Tabela de controle Urbanístico.

Fonte: Plano Diretor Urbano de Vitória.

5.1.3 ANÁLISE DA INSOLAÇÃO E VENTILAÇÃO A análise é bem simplificada e resumida. Claramente podemos ver de acordo com a Figura 17 que a melhor insolação visualizada é a matinal proveniente do sentido leste, que chega na lateral do terreno. E em relação aos ventos, os predominantes são os da direção nordeste. Figura 17: Trajetória Solar.

Fonte: Elaborado pela autora ( Software Arcgis).


37

5.2

PROJETO CASA CONTAINER

5.2.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO E COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA A casa container foi baseada em um partido que teve como base na composição volumétrica a técnica de somatória de volumes, onde o volume primário é a estrutura de um container High Cube 40’, buscando o conforto e a funcionalidade dos ambientes. Foram escolhidos materiais de baixo custo de manutenção e próprio de habitação de interesse social, utilizando ao máximo a volumetria natural do container. Desta forma, a configuração resultante foi a junção de dois containers, sendo um de 40 pés e um outro de 20 pés, que formam uma residência de 40 m². Eles foram dispostos como está representado na (Figura 18).

Figura 18: Diagrama modular da tipologia: Módulos em vermelho representando os de 40 pés e os azuis representando os de 20 pés.

Fonte: Elaborado pela autora.


38

5.2.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa adotado contém um caráter flexível, onde as paredes internas são compostas por chapas de drywall, que pode ser adaptado a qualquer tipo de família e variar quanto à função. O programa vai atender uma família que é composta de 4 pessoas, casal com filhos, onde foram previstos ambientes para suprir as necessidades dos moradores, tais como (Figura 19): -01 Sala de estar; -01 Cozinha;

Área Social

-01 Área de serviço; -01 Banheiro Social; -02 Quartos;

Figura 19: Isometria mostrando os ambientes previstos.

Fonte: Elaborado pela autora.

Área Íntima


39

5.2.3 IMPLANTAÇÃO E SETORIZAÇÃO DOS AMBIENTES A implantação no terreno se deu através da combinação dos blocos levando em consideração uma boa orientação solar com recuos, gerando uma planta dinâmica em “T”, buscando uma convergência na principal área de circulação na mudança de área social e íntima, garantindo um fluxo intuitivo com boas conexões dos ambientes, sem prejudicar a funcionalidade e o conforto do usuário, que mesmo encontrando-se dentro de um container conta com um espaço de fácil acesso. As áreas que sobraram desta união foram agregadas atividades externas. (Figura 20). Figura 20: Planta baixa humanizada.

Fonte: Elaborado pela autora.


40

Visando o aproveitamento das quinas do terreno e afastamentos, trabalha-se o paisagismo, com alguns canteiros com conjuntos de arbustos pequenos, de flores e árvores, ainda foi destinado uma área nos fundos para horta (Figura 23), com uma vegetação mais livre e de baixa manutenção. E o restante do quintal em pedriscos, que possui uma melhor manutenção e é impermeabilizante. A setorização privilegiou a orientação solar dos quartos no sentido leste em decorrência da iluminação matinal, com janelas que fazem ventilação cruzado e melhor captação dos ventos predominantes Nordeste (Figura 21). A sala de estar e cozinha foram integradas, visando a mínima inserção de paredes e posicionadas logo na entrada da casa (Figura 22), contando com uma área de serviço externa dando apoio a cozinha (Figura 23) Figura 21:A) Quarto do casal. B) Quarto de Solteiro.

A)

B)

Fonte: Elaborado pela autora.


41

Figura 22: Perspectiva interna da cozinha integrada com a sala.

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).

Figura 23: Perspectiva da รกrea de serviรงo externa e a horta.

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).


42

5.3.4 FACHADAS Nas fachadas foram preservados a estrutura convencional do container combinado com aberturas em vidro (Figura 24), favorecendo a iluminação e a ventilação natural e pergolados de madeira para melhorar o aproveitamento da área externa. O pergolado, conta com uma cobertura de lona cristal transparente, que é um material flexível que pode ser removido a qualquer momento sem necessidade de grandes intervenções e possui um custo compatível com habitações de interesse Social (Figura 25). Figura 24: Fachada frontal

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).

Figura 25:Perspectiva geral

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).


43

5.3

SELEÇÃO DE MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS

Existe algumas técnicas construtivas que podem ser empregadas na construção do tipo container, e na sua maioria são os mesmos adotados em uma construção convencional de alvenaria. Os itens seguintes compõem a ficha técnica da residência em suas partes principais. 5.3.4 ESTRUTURAS DE FUNDAÇÃO O container por si só já é considerado uma estrutura, ele já vem estruturado de fábrica com quatro arestas que servem como apoio, porém assim como quaisquer outras construções necessita de uma fundação, para assegurar que as cargas recebidas serão devidamente suportadas. Ainda que a estrutura de um container seja robusta e firme, necessita de uma base sólida acima do nível do solo, que também auxiliará na prevenção de agentes de corrosão e umidade ao longo dos tempos. A laje escolhida para embasar a edificação foi a radier, ela é caracterizada por uma grande laje de concreto armado com contato direto com o solo, responsável por captar as cargas geradas pelo edifício e descarrega-las sobre uma área do terreno. Sua escolha foi definida pela rápida construção e por já ter sido utilizada nesses casos. Para que as águas da chuva escoassem de forma eficaz sem empoçar e reduzir a vida útil do container foram dispostos acima da laje de radier uma fiada de blocos recuadas em 40 cm (Figura 1Figura ). Figura 26: Planta de fundação ilustrando a fiada de blocos e a laje de radier.

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).


44

5.3.5 ISOLAMENTO ACÚSTICO E TÉRMICO

O isolamento térmico e acústico em uma residência em container é de suma importância, e o conforto ambiental dentro da residência foi pensado de diversas formas, como já foi dito antes a posição dos ambientes foram estudadas para um melhor posicionamento solar das aberturas e buscar promover uma boa ventilação, afim de favorecer um bom funcionamento e qualidade do ambiente. Além disso atualmente existem vários critérios e materiais disponíveis no mercado para que se tenha um bom isolamento térmico e acústico de uma casa container. Dentre os materiais mais utilizados estão: o isopor, lã de rocha, lã de vidro e lã de pet (Figura 26). Pelo fato de ser ecologicamente correta, tendo como matéria prima garrafas pet recicladas, descartando assim milhares de garrafas no meio ambiente, por não deformar com facilidade e além de possuir um bom custo benefício, a lã de pet se torna adequada como um eficiente isolante térmico e acústico para revestir internamente as paredes e forros da casa container.

Figura 26: Isolantes térmicos e acústico. A) Isopor. B) Lã de Rocha. C) Lã de Vidro. D) Lã de Pet

A)

B)

C)

D)

Fonte: Trisoft,2017.


45

O sistema de isolamento acontece através da combinação entre o material isolante e a parede. O material é fixado com a ajuda de perfis metálicos e envolvidos por placas, geralmente de gesso acartonado, OSB, drywall, entre outras. Todo esse conjunto que forma uma camada “sanduíche” (Figura 27) para revestir as paredes internas.

Figura 27: Esquema tipo Sanduíche adotado para revestir os ambientes internamente.

Fonte: Gravando em casa, 2014- Adaptado.

A casa ainda conta com aberturas na estrutura da cobertura, garantindo uma ventilação cruzada e resfriamento dos ambientes (Figura 28), estabelecendo a manutenção de uma temperatura mais amena dentro da residência. O módulo do container em si não necessita de nenhum tipo de cobertura, porém foi pensado em uma convencional em telha colonial em uma estrutura de madeira, para facilitar o escoamento de água sem que possa se formar poças de água da chuva sobre eles.

Figura 28: Detalhe da cobertura.

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).


46

5.3.6 REVESTIMENTOS INTERNOS E EXTERNOS A escolha dos revestimentos internos para paredes e tetos são comuns e possuem uma série de modelos atualmente. Os mais utilizados, são: PVC, gesso acartonado e drywall (Figura 29).

Figura 29: Relação de materiais comumente utilizados. A) PVC. B) Gesso. C) Drywall.

A)

B)

C)

Fonte: Trisoft,2017.

Em meio a esses materiais apresentados, a escolha pelo Drywall para revestir as paredes internas, está ligada pela sua rapidez de limpeza e montagem, facilidade em possíveis reparos e manutenção, pela precisão, qualidade e compatibilidade de acabamento diversificado como texturas, pinturas e cerâmica, além de proporcionar ganho de área útil no ambiente, devido a espessura de sua parede. Além de revestir as paredes internas, foi usado o Drywall para as divisões internas, dos quartos, com uma pintura em cor branco neve e no banheiro acabado com uma cerâmica que remete ao granito (Figura 30). Na parte externa opta-se por deixar a estrutura corrugadas original das chapas do container aparentes, recebendo apenas uma camada de tinta anticorrosiva, utilizada na indústria naval.


47

Figura 30: Perspectiva do banheiro e seu revestimento que remete ao granito.

Fonte: Elaborado pela autora.

Figura 32: Perspectiva da entrada da casa, onde preserva a estrutura original do container.

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).


48

5.3.7 PISO O container já vem com um piso de compensado naval e normalmente são usados os pisos vinílicos, laminados e cerâmicos. Na proposta o piso escolhido foi o cerâmico (Figura 31), por ter um custo menor e por ter baixa manutenção. Figura 31: Perspectiva interna, mostrando o piso cerâmico escolhido.

Fonte: Elaborado pelo autor (Softwares Sketchup e Lumion).

Nas varandas foram utilizados uma pavimentação de concreto com acabamento antiderrapante, finalizado com uma pintura na cor cinza concreto (Figura 32).

Figura 32: Perspectiva da área de serviço mostrando a pavimentação em concreto crespo.

Fonte: Elaborado pelo autor (Softwares Sketchup e Lumion).


49

Figura 33: A) e B) Vistas gerais do conjunto arquitetônico e fechamento frontal com muro vasado com vidro, como item de segurança.

A)

B)

Fonte: Elaborado pela autora (Softwares Sketchup e Lumion).


50

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A escolha do tema e o desenvolvimento do projeto teve como objetivo apresentar a inserção de uma nova tipologia e técnica construtiva para as habitações de natureza popular no município de Vitória. A pesquisa tem início na busca de levantamento histórico dos projetos habitacionais desenvolvidos pelo governo onde foi possível identificar diversos problemas, sendo eles, má qualidade das habitações, infraestrutura precária, e o preço da terra, que faz com a população seja locada cada vez mais longe dos centros, ou seja, longe das oportunidades. O estudo prossegue com ênfase no município de Vitória, que apresenta condições agravantes na questão habitacional, por ser a capital do estado, uma ilha que tem um relevo bastante acidentado e limitado, e pela falta de vigilância das áreas com potencial de preservação, faz com que exista uma enorme área de construções irregulares,

onde os programas habitacionais existentes

não

conseguiram

acompanhar o ritmo de crescimento da cidade nos últimos anos. Atrelado a isso, a utilização do container como elemento principal, capaz de potencializar a construção de habitações, de forma mais eficaz e econômica, além de apresentar outros fatores positivos como a sustentabilidade, um importante assunto na atualidade, já que as construções em container geram menos impacto ambiental, pois reaproveita um material que se tornaria “lixo”, gerando assim menos resíduos. Por fim a proposta projetual cumprindo o objetivo principal do trabalho, apresentando uma habitação flexível, com uma implantação dinâmica priorizando uma conexão entre os ambientes e conforto ao usuário. Desta forma, considera-se que o objetivo foi alcançado, uma vez que o projeto possui uma solução simples podendo contribuir referencialmente para futuros projetos.


51

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