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A morte na sociedade pós-industrial é frequentemente vista como um fenômeno inadequado e inaceitável. Para o doente terminal, o processo de morrer permanece profundamente inibido, pois o paciente frequentemente recebe opções de cuidados que o tornam impossível para se envolver com os níveis metafísicos da experiência humana. Os conflitos entre questões morais e técnicas tornam as decisões dos cuidados de fim de vida altamente problemáticas quando o interesse do médico é a doença, não a pessoa que está morrendo.
Nesse cenário, a arquitetura paliativa, pode oferecer uma mudança desse paradigma, ao revalidar o inválido como ser humano. Podendo definir uma função explícita no fornecimento de ajuda essencial em apoio à assistência médica, cuidado emocional e espiritual. Por isso, o conceito do projeto se baseia na articulação entre: ciência, pessoa e ambiente construído, princípios descritos por Verderber e Refuerzo (2006), de maneira a oferecer um ambiente com qualidade para o bem viver nessa etapa da vida.
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Outro conceito fundamental a ser utilizado será o de hospice aberto. Esse conceito reflete sobre o contexto em que o equipamento está inserido, e mostra a importância da conexão do projeto com o seu entorno. O hospice aberto cria transparência entre o serviço de cuidados paliativos e a sua vizinhança, estendendo os cuidados e os programas para a comunidade, além de convidar a comunidade a se envolver com os serviços e práticas realizadas pelos cuidados paliativos.
Essa troca pode ajudar a mudar a percepção do público sobre o hospice, aumentar a conscientização sobre questões de fim de vida e também gerando novos fluxos de receita. É preciso que o assunto esteja presente diariamente na vida das pessoas para que o equipamento se torne parte do tecido social.
uma unidade de cuidados paliativos, ambulatório e hospice no centro da cidade de são paulo:
>> não separa o doente do saúdavel;
>> promove a acessibilidade ao cuidado;
>> reconhece a pessoa atrás do doença;
>> traz reconhecimento do tema para as pessoas mais jovens; grau de intensidade clínica privacidade acesso ao projeto pela alameda nothmann colocação de segunda pele para trazer leveza e translucidez ao projeto buscar a redução do ruído promover a exposição a natureza promover espaços com qualidade de luz natural pensar em áreas dedicadas a família docas entrada pacientes funcional atendimento espaços coletivos + atividades complemetares entrada social
>> remove estigmas, medos e barreiras direcionados as pessoas no final da vida.
O projeto nasce a partir da articualação dos parâmetros trazidos pelo conceito com as estratégias de design que estimulam e auxiliam a recuperação do estresse de pacientes onco paliativas.
A volumetria foi pensada de acordo com os gradientes de privacidade e o com os graus de intensidade clínica. Propiciando o afastamento da esquina, ponto de maior ruído no projeto.
A fim de criar espaços para a vegetação, foi feito o recuo na fachada noroeste. Criando um jardim urbano na entrada para os pedestres, funcionando como uma área de transição entre a cidade e o projeto.
Foi pensado um átrio central para a entrada da iluminação natural e de uma fachada que possa permitir a permeabilidade da luz, barrando a entrada da luz direta. Por fim, trazer um desenho que recorde a casa, tirando o aspecto institucional da arquitetura de saúde.

Criação do átrio para a entrada de iluminação e ventilação natural.


O projeto está fundamentado na articulação entre 5 núcleos: atendimento, coletivo, atividades complementares, estudos e funcional. O fluxograma exemplifica as relações entre os ambientes e estudos o grau de privacidade. O verde representando a conexão com a rua, o marrom os espaços intermediários e o vermelho os ambientes que precisam de mais privacidade.
O programa foi baseado nas diretrizes do Manual de Cuidados Paliativos, e também com base nas referências, com foco especial para ambientes que possam promover a restauração nos seus usuários.
Para definir a quantidade de pessoas atendidas pela edificação, foi utilizado como referencial o número de pessoas que precisam de atendimento paliativo. Em 2015, dos 1600 novos casos oncológicos recebidos pelo Hospital Pérola Byington, cerca de 25% deles se encontram em estágios avançados (Portal Hospitais Brasil, 2015). Dentro dessa perspectiva, anualmente, o pérola recebe cerca de 400 mulheres que precisam de cuidados paliativos. Como a rotatividade de pacientes é alta, estimo que a arquitetura deva atender cerca de 30 mulheres internadas, além dos demais pacientes que serão atendidos nos serviços ambulatoriais.
Para o dimensionamento, foram utilizadas as normas estabelecidas pela anvisa - a RDC 50, o SOMASUS, e a NBR 9050.
Atendimento Para 28 Mulheres Internadas
Atendimento Ambulatorial
área total = 2117m²
