Harmonia - Uma Animação 2D

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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Projeto de Conclusão de Curso Design Gráfico Larissa Raduam Junqueira R.A.: 141030445 Orientação: Prof.ª Dr.ª Fernanda Henriques Bauru - 2018



Para Dona Vanda



AGRADECIMENTOS Às vezes eu fico pensando se as pessoas realmente param para ler os agradecimentos...eu espero que sim, porque talvez seu nome esteja aqui. Gostaria de agradecer aos meus três mosqueteiros, Hugo, Vidal e Conde, sem vocês eu talvez não teria passado no vestibular. Ao pessoal do estúdio Gelmi que foi tão bacana comigo, principalmente ao meu primo Rodrigo, que não precisava ter feito nem metade das coisas que fez por mim. Ao meu primo João Henrique, que me ligou dando apoio quando achei que não seria chamada para a faculdade e a toda minha família de São José dos Campos/São Sebastião. Queria agradecer aos amigos que fiz, que me aguentaram e me incentivaram. Muito obrigada, Natália, Gisele, Amanda, Arlete, Samuel, Lucas, Beatriz, Carol e Thiago, vocês todos são muito especiais para mim e sempre vão morar no meu coração! Sou grata a toda minha família, em especial aos meus pais e a mi-

nha madrinha Márcia que acompanharam ativamente a produção desse trabalho. Agradeço a minha avó por todo o cuidado e carinho e também as suas irmãs, minhas queridas tias (obrigada tia Dete por guardar segredo da minha avó!). Não esquecendo do Wesley, meu namorado, e do meu irmão Antonio, que me deram suporte e nunca deixaram de me encorajar. Um muito obrigada a vocês dois de todo meu coração. Por fim, agradeço a minha orientadora Ferdi pela oportunidade e por todo o apoio durante esse processo, ao Professor Milton Nakata, que iniciou minha orientação e sempre esteve disposto a ajudar, ao Professor Dorival que sempre me inspirou em suas aulas e ao Professor Nicholas - seus ensinamentos foram essenciais para a conclusão desse trabalho. E se você leu meus agradecimentos, eu também agradeço a você (mesmo que seu nome já tenha sido citado antes)!



SUMÁRIO RESUMO

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pg. 13

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................

pg. 15

HISTÓRIA DA ANIMAÇÃO ...........................................................................................

pg. 17

HISTÓRIA DA ANIMAÇÃO NO BRASIL ......................................................................

pg. 23

O PROJETO .......................................................................................................................

pg. 27

ROTEIRO E TRILHA SONORA ..........................................................................

pg. 29

STORYBOARD .....................................................................................................

pg. 43

CONCEPT ART ....................................................................................................

pg. 45

PALETA DE CORES .............................................................................................

pg. 55

LOGOTIPO ...........................................................................................................

pg. 57

ANIMATIC ...........................................................................................................

pg. 59

PRODUÇÃO ........................................................................................................

pg. 65

CONCLUSÃO ......................................................................................................................

pg. 73

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................

pg. 75



RESUMO

Este trabalho apresenta um curta animado em 2D, criado e desenvolvido com base em uma experiência de infância de minha avó, Vanda Mariano Raduam, ocorrida entre a década de 50. A trama explora a musicalidade que sempre esteve presente no cotidiano de minha família materna. Este projeto de conclusão de curso é uma homenagem, mas também visa descrever o processo de produção de uma animação quadro a quadro.

Resumo • 13



INTRODUÇÃO Desde criança sempre fui apaixonada por histórias. E não importava se eram de livros, desenhos animados, contadas boca a boca ou até mesmo aqueles CDs com histórias infantis. Mas, apesar disso, as que eu mais gostava eram as que minha avó contava para mim, de inventadas até mesmo reais, incluindo memórias que ela possui de seus dias de infância. Assim, desenvolvi o hábito de criar “filmes” em minha cabeça, recriando os momentos e imaginando personagens sempre que lia ou ouvia uma história, o que me influenciou também na hora de fazer a escolha do curso. Contudo, quando chegou a hora, não sabia o que fazer de Trabalho de Conclusão de Curso, tinha tantas ideias, tantas vontades, e como escolher apenas um? A animação foi a solução, já que ela engloba todo um processo onde é desenvolvido roteiro, storyboard e concept art dos personagens. Agora, para decidir qual história contar foi simples, já que uma daquelas que minha avó contava e que realmente aconteceu com ela nunca saiu de meus pensamentos. E porque não finalizar com algo que me incentivou a começar? A história se passa na década de 1950 e consiste em uma menina

tímida (Vanda) pouco comunicativa verbalmente em sala de aula que é ridicularizada pela professora e colegas de sala, que riem e debocham quando ela manifesta sua vontade em participar do grupo de canto que estava sendo formado na escola, simbolizando a repressão sofrida por algumas crianças (e até mesmo adultos) quando revelam gostos diferentes de seu círculo social. Contudo, o que suas colegas e professora não sabiam é que frequentemente, saindo da escola, a menina percorria um longo caminho a pé para chegar à rádio da cidade, onde ela se encontrava com outras meninas para cantar no programa local, tendo como prêmio para a melhor cantora produtos dos anunciantes. O mais frequente era um pacote de macarrão (Pastifício Marília), que levava para casa e compartilhava com a família. Essa história me fez acreditar mais tanto em meu potencial, quanto no dos outros, já que podemos nos enganar a respeito de alguma pessoa com um pré-julgamento. Para tal, utilizarei a arte da animação como uma linguagem universal, para transmitir essa história de forma que todas as pessoas, sejam elas adultas ou crianças, consigam compreender o seu significado.

Introdução • 15



HISTÓRIA DA ANIMAÇÃO A palavra “animação” é de origem latina: deriva do termo animare (“dar vida a”). Associando o sufixo –atio ao verbo, temos animatio, nome significa “ato de dar vida”. De acordo com Andrew Chong (2011, pg.8) “o princípio básico da animação pode ser definido como um processo que cria ilusão de movimento para um público por meio da apresentação de imagens sequenciais em rápida sucessão”.

História da Animação • 17


Relatos históricos demonstram a fascinação do homem perante o movimento e o desejo de retratá-lo. Durante a Pré-história os animais são representados muitas vezes com mais de quatro patas para expressar movimento; já no Egito Antigo um templo onde 110 colunas, cada uma pintada com uma pose progressivamente modificada da deusa Ísis, dava a impressão para os cavaleiros e carruagens que passavam que Ísis se movia; na Grécia vasos antigos com imagens sucessivas de ação, quando girados davam a sensação de movimento. Apenas em 1645 surge a “lanterna mágica”, criação do jesuíta Athanasius Kircher, que era constituída por uma câmara escura e um jogo de lâminas de vidro. Kircher desenhava cada figura da cena nessas lâminas, para então projetar numa parede ou num lenço. Assim, era possível criar a ilusão de movimento movendo os vidros a partir de fios presos em sua parte superior.

Javali com 8 pernas representando movimento numa pintura pré-histórica em gruta na Espanha

O zootrópio ou roda-da-vida, de acordo com o site Animación Stop Motion, é uma máquina criada em 1834 por William George Horner que foi vendida como brinquedo, onde tiras de papel contendo uma sequência de desenhos eram inseridas em um tambor circular com pequenas frestas em suas paredes. Ao girar, criava-se uma ilusão de movimento. No ano de 1868 foi inventado o folioscóspio, também conhecido como “flipper book”, ou seja, um bloco de desenhos presos e organizados em sequência, como um livro. Quando folheado rapidamente, os desenhos pareciam estar em movimento. Até hoje se usa esse recurso para se criar desenhos animados.

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Lanterna Mágica (1645)

Zootrópio/Roda-da-vida (1834)


Baseado pela invenção de Thomas Edison, os irmãos Lumière cria-

A animação se popularizou e curtas-metragens começaram a

ram o cinematógrafo, que é caracterizado por ser um aparelho híbrido, possibilitando tanto filmar quanto projetar, e em dezembro de 1895, apresentaram a primeira exibição de fotografias animadas.

surgir em vários países, mas foi nos Estados Unidos que nasceu um dos principais estúdios daquela época, o estúdio Sullivan. O estúdio se consagrou com a criação do personagem gato Félix, em 1920. Segundo o animador Richard Williams (2016, p.17) “as curtas animações do Félix eram visualmente inventivas, fazendo o que uma câmera não podia fazer. [...] e o próprio Félix conectou-se com plateias do mundo todo”.

Alguns anos mais tarde, em 1908, o artista Emile Cohl cria o “Fantasmagorie”, um curta-metragem que pode ser considerado como o primeiro desenho animado, sendo desenhado no papel e copiado no negativo.

Sullivan se tornou referência para outros estúdios menores de Hollywood, sendo um deles comandado pelo homem que mudaria a história da animação para sempre, Walt Disney.

Cenas do curta-metragem “Fantasmagorie” (1908)

Gato Félix (1920)

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Jim Fanning (2017, p. 24-25) aponta que Mickey Mouse se tornou um sucesso quando o curta Steamboat Willie (O vapor Willie) foi exibido em Nova York, com música e efeitos sonoros sincronizados com as travessuras de Mickey. Logo em seguida, Walt Disney lançou uma série de animações que daria a ele a liberdade artística para criar qualquer número de personalidades animadas, sem estar preso a um personagem contínuo (FANNING, 2017, p.30). The Skeleton Dance (A dança dos esqueletos) foi a primeira animação da série intitulada Silly Symphonies, onde pela primeira vez temos as ações coordenadas com uma trilha sonora adequada. De acordo com Richard Williams (2016, p.18-19): Em 1932, Disney deu um salto com Flowers and Trees (Flores e Árvores) - o primeiro desenho animado totalmente em cores. Um ano depois ele prosseguiu com Os três porquinhos. O desenho teve um tremendo impacto devido ao pleno amadurecimento de sua animação de “personalidade” - personagens distintos claramente definidos e crives atuando de forma tão convincente que a plateia podia identificar-se e torcer por eles.

Com o sucesso de Mickey Mouse e das Silly Symphonies, Walt lançou Branca de Neve e os Sete Anões, o primeiro longa-metragem animado. “O tremendo sucesso de público e de crítica de Branca de Neve e os Sete Anões tornou-se a fundação da produção de Disney e deu início à “Era de Ouro” da animação [...]” (WILLIAMS, 2016, p.19).

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Walt Disney e a sua equipe aperfeiçoou técnicas existentes e inventou outras, afirma Jim Fanning (2017, p.64), como o storyboard - uma sequência de quadros com desenhos que mostram as ações-chaves do filme, possibilitando uma apreensão antecipada das cenas. Ainda segundo Jim Fanning (2017, p.64) “this process allowed the directors and story artists to refine the action of the short or feature.”, portanto, os storyboards são particularmente importantes no planejamento de filmes animados. O storyboard ainda é usado atualmente em muitos projetos, seja um comercial, filmes ou animações. Competindo no mercado contra a Disney estavam o estúdio de Max Fleischer, responsável por dar vida a Popeye e Betty Boop, e o estúdio da Warner Bros com os Looney Tunes. Essas animações abordavam o humor de um modo mais selvagem e personagens mais atrapalhados e desengonçados, desafiando o “realismo” da Disney. Depois da Segunda Guerra Mundial, houve uma expansão dos longas-metragens e das animações para a televisão, e com a evolução da tecnologia, novos métodos de animação começaram a surgir. Até final do século XX e início do século XXI, a computação gráfica começou a se consolidar cada vez mais, contudo, a animação 2D prevalece mesmo que atualmente existam softwares dedicados para a criação de parte ou totalidade da peça de animação, facilitando a produção.

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HISTÓRIA DA ANIMAÇÃO NO

BRASIL

Em 2017 a Animação Brasileira completou 100 anos. Em 22 de janeiro de 1917, o filme “O Kaiser” foi exibido no Rio de Janeiro. Feito por Seth (pseudônimo do cartunista Álvaro Marins), foi o primeiro filme brasileiro de animação da história e se perdeu com o tempo, restando apenas um fotograma. A partir desse único registro, pesquisadores conseguiram chegar ao seu animador (Seth) e concluíram que é o mais antigo registro da animação brasileira. Apenas em 1928, o curta “Macaco Feio, Macaco Bonito” foi produzido por Luiz Seel e João Stamato, sendo o mais antigo curta de animação brasileiro com a cópia preservada. O primeiro longa de animação brasileiro foi “Sinfonia Amazônica”, de Anélio Latini Filho. O filme, de 1953, levou cinco anos para ser feito e narra sete histórias folclóricas por meio do personagem Curumi. Depois, em 1972, Ypê Nakashima criou o primeiro longa a usar cores, nomeado “Piconzé”. “O Kaiser” de Seth (1917) História da Animação no Brasil • 23


Um dos responsáveis pela popularização dos filmes brasileiros de animação foi Maurício de Souza com “As Aventuras da Turma da Mônica”, em 1983, sendo um sucesso tão grande que resultou na produção de mais cinco longas da Turma. Atualmente, as crianças podem consumir uma grande quantidade de desenhos animados brasileiros como “Peixonauta”, da TV Pinguim, “O Amigãozão”, da 2DLab, “Tromba Trem”, do Copa Studio e “O Irmão do Jorel”, algumas feitas em coproduções internacionais e exportadas para o mundo inteiro. O próprio Peixonauta já chegou a 90 países e “O show da Luna” a 74 países, sendo campeãs de audiência no canal a cabo Discovery Kids. As animações brasileiras também conquistaram seu espaço na internet e no YouTube, com O (sur)real mundo de Any Malu, Mônica Toy e Biduzidos. Além disso, novas produções estão em andamento, como a primeira série brasileira da Netflix, animada pelo Combo Estúdio, Super Drags, com estreia prevista para o final de 2018, e o Clube da Anittinha, desenho produzido pela Birdo Studio para os canais Gloob e Gloobinho.

24 • História da Animação no Brasil


Dessa maneira, o Brasil vem sendo reconhecido internacionalmente neste campo, com premiações consecutivas no festival Annecy, o maior de animação do mundo: • “Uma História de Amor e Fúria”, de Luiz Bolognesi (Melhor Longa – 2013) • “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu (Melhor Longa – 2014) • “Guida”, Rosana Urbes (Melhor Primeiro Curta – 2015) Em 2016, o “Menino e o Mundo” citado anteriormente, concorreu ao Oscar na categoria de melhor longa de animação. É comum os filmes ganharem uma visibilidade maior no exterior do que em solo nacional, já que muitos não conhecem nossa própria história e possuem como referência apenas filmes estrangeiros.

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O Projeto Há várias formas e metodologias para a criação de uma animação, mas meus processos criativos se baseiam em “estalos”. Ao longo do processo de criação deste trabalho, me dediquei em pesquisar o essencial para produzir uma animação em 2D, para logo em seguida me dedicar na produção, e apenas no final pesquisar profundamente sobre os conceitos para aperfeiçoar o trabalho. Nos tópicos a seguir, discorrerei como foram os processos criativos e de produção.



ROTEIRO E TRILHA SONORA

Assim que decidi qual seria meu tema, me dediquei imediatamente em buscar qual seria a trilha sonora, que ditaria o ritmo e o roteiro da animação. Minha avó não soube do que se tratava meu trabalho de conclusão de curso até o dia da apresentação, mas com conversas corriqueiras consegui obter quais músicas ela costumava cantar na época (1950-1955). Entretanto, as músicas antigas eram muito “pesadas” e “sofridas” para o que eu estava planejando fazer, por isso acabei optando por uma das músicas que ela comentou que cantava, mas que foi lançada apenas em 1969: Tudo Passará, de Nelson Ned d’Ávila Pinto (1947-2014), que estourou e ficou reconhecido mundialmente com o lançamento dessa canção.

Ao lado, cantor Nelson Ned no início de sua carreira

Roteiro e Trilha Sonora • 29


Baseado na música e na história contada de minha avó, criei um roteiro base:

• Ela vai para o armário, coloca o casaco cinza escolar - “sufoca” com ele -

• Ela caminha sozinha pela cidade e sítios - só ela tem cor na cidade;

e pega os livros;

• Passa pela linha do trem (som longe) e pula os trilhos;

• Classe “agitada” e menina quieta na sua carteira sem amizades;

• Chega na rádio onde algumas meninas e o locutor a recebem felizes;

• Recreio - ela come quieta e sozinha num banco - ninguém vem falar com ela;

• Ela se dirige para o microfone e canta e várias cores e formas aparecem;

• Volta para aula, uma mulher entra para anunciar o novo coral da escola

• Ganha um pacote de macarrão no final e tapinhas na cabeça do locutor

e pergunta quem gostaria de participar;

• Ela sai andando e conversando com as meninas e se despede delas antes

• Todos olham para trás e veem que a menina ergueu a mão timidamente;

de chegar no trilho;

• Todos começam a rir;

• Ela está mais colorida e acena para o maquinista;

• A mulher pergunta o que foi;

• Volta para casa - bagunça com meninas correndo e brincando;

• Professora também rindo diz que “essa aí nem fala, imagina cantar”;

• Leva o macarrão na cozinha onde a Mãe está na pia (não aparece o ros-

• A menina fica cabisbaixa e se encolhe na carteira envergonhada e a

to) ela também da tapinhas na cabeça da filha;

mulher do coral vai embora sem ninguém;

• A menina vai para a sala e vai onde o pai está sentado lendo jornal, ele

• Toca o sinal, ela sai da sala ainda triste e devagar, sendo empurrada

a abraça e a coloca na perna dele, as irmãs vão chegando as mais velhas

pelas outras meninas que correm e vai para seu armário;

com as mais novas no colo um olha para o outro com companheirismo

• Ela guarda os livros tira o casaco e suspira;

e a mãe chega enxugando a mão num pano, todos ficam juntos e come-

• Do lado de fora do portão várias meninas estão saindo com seus pais,

çam a cantar e as cores ficam ainda mais fortes;

mas a menina sai sozinha, sem se importar soltando o cabelo preso e

• Aparece a casa colorida e feliz ao lado das casas sem cor.

chacoalhando a cabeça;

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Quando iniciei a produção do roteiro pretendia fazer com que a animação tivesse o mesmo tempo da música escolhida. Todavia, ela estava ficando muito mais comprida do que o necessário, então acabei cortando e refazendo as cenas e transições, além de editar a música para diminuir a duração no software de edição GarageBand. Produzi novamente um roteiro, porém mais detalhado em minha aula de Imagens Animadas I, que serviu de apoio, mas também acabou não sendo totalmente seguido, já que com o decorrer da produção do storyboard e animatic fui criando de modo livre cenas que não estavam previstas ou cortando algumas. De acordo com Richard Williams (2016, p. 61) isso pode ser nomeado como uma Animação Direta, onde apenas começamos a desenhar e “vemos o que acontece”, ou seja, improvisação. Perceba que no primeiro roteiro base, pensei em fazer algo com falas e no segundo, pensei em introduzir instrumentos específicos para cada personagem, mas no decorrer do processo e edição da trilha sonora decidi que seria melhor fazer uma animação muda, apenas

Software de edição de som, GarageBand

com expressões para contar a história.

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ROTEIRO

CENA 1. ARMÁRIO ESCOLAR/INT./DIA FRONTAL/PLANO AMERICANO Porta de armário escolar se abre e aparece uma menininha (VANDA, 8-10 anos, vestido amarelo, cabelo preto) olhando para dentro dele (diretamente para a câmera) com uma expressão de desanimo. Ela estica a mão para dentro para pegar o casaco cinza de seu uniforme e o coloca por cima de seu vestido amarelo. Ela suspira tristemente, SINAL DE ESCOLA TOCA e fecha a porta do armário. CORTE SECO CENA 2. SALA DE AULA CINZA/INT./DIA PLANO MÉDIO VANDA sentada em sua carteira cabisbaixa, concentrada em escrever, enquanto suas colegas de classe estão conversando entre elas e trocando bilhetinhos. SOM DE INSTRUMENTOS DESAFINADOS para representar a conversa. CROSS OVER

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CENA 3. PÁTIO ESCOLA CINZA/INT./DIA PLANO MÉDIO VANDA sentada na mesma posição anterior num banco do pátio durante o recreio, erguendo um lanche em direção a boca. CLOSE UP VANDA Ela morde o lanche enquanto as outras crianças estão correndo e conversando. SOM DE INSTRUMENTOS DESAFINADOS se intensifica. BIG CLOSE-UP no rosto de VANDA 3/4. Ainda cabisbaixa sua expressão de desgosto e agonia fica mais evidente conforme o som intensifica. CORTE SECO CENA 4. SALA DE AULA CINZA/INT./DIA BIG CLOSE-UP no rosto de VANDA 3/4. Som para abruptamente. VANDA levanta o olhar confusa, como se despertasse de um sonho. PLANO MÉDIO, ÂNGULO NORMAL. A Professora está em pé em frente e no centro do quadro negro, com as mãos na cintura. Ela fala (SOM DE CONTRA BAIXO ou ÓRGÃO ou SOUSAFONE) e aponta para a porta. Aparece a cabeça de uma moça sorridente no canto direito da tela. A moça (vestida com um poncho colorido) entra e vai até o lado da professora, empurrando a professora mais para o canto fazendo ela sair do centro. A moça acena feliz para a turma. CORTE SECO

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CENA 5. MUNDO MÚSICA COLORIDO/DIA CLOSE UP na moça do poncho, ÂNGULO NORMAL Ela fala (SOM DE VIOLÃO afinado) sobre música, cores saem do poncho e sobem (câmera acompanha) formando imagens de instrumentos dançando no ar, depois se desfazem e voltam a ser as cores do poncho. CLOSE UP em VANDA, ÂNGULO NORMAL VANDA está sentada em sua carteira, com um sorriso e as cores (até o cinza do casaco) estão mais vivas. O sorriso vai aumentando e ela levanta a mão e solta um grito um pouco desafinado por causa de sua empolgação(SOM DE VIOLINO). CORTE SECO CENA 6. SALA DE AULA CINZA/INT./DIA PLANO MÉDIO, ANGULO NORMAL Todos os SONS param e cores ficam “mortas” novamente. Sala de aula olha para trás com cara de surpresa/espanto. Todos começam a rir, inclusive a professora. PLANO AMERICANO moça do poncho, olhando confusa, sem entender qual foi a graça. PLANO AMERICANO, ANGULO NORMAL, moça do poncho e professora. Professora, ainda rindo, faz sinal negativo com os braços na frente do corpo e manda a moça embora, empurrando-a para fora da sala (DIREITA). PLONGÉE, CLOSE UP VANDA. VANDA se encolhe envergonhada e triste, abaixando a cabeça e colocando as mãos sobre o rosto. Tela preta, com ainda o som de risadas. Ultima risada se dissolve. CORTE SECO

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CENA 7. ARMÁRIO ESCOLAR/INT./DIA FRONTAL/PLANO AMERICANO Porta de armário escolar se abre novamente e VANDA aparece triste. Ela retira o casaco cinza e o coloca de volta no armário. Ela olha para frente e da um pequeno sorriso cansado. CORTE SECO

CENA 8. CORREDOR ESCOLAR CINZA/INT./DIA DE NUCA/ PLANO MÉDIO VANDA caminhando em direção a saída, com os armários cinzas passando ao lado dela. Luz forte na porta de saída deixando toda a cena branca. FADE OUT branco

CENA 9. PORTÃO ESCOLAR/EXT./DIA FADE IN branco DE NUCA/ PLANO MÉDIO VANDA caminha até o portão, algumas crianças e mães estão saindo e indo para o lado esquerdo. VANDA vira na direção oposta (DIREITA) e sai sozinha. CORTE SECO

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CENA 10. CIDADE/EXT./DIA PLANO MÉDIO/ PERFIL MÚSICA BAIXA tocando ao fundo (TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL) VANDA caminhando devagar e cabisbaixa no quase no centro da cena, enquanto casas sem cores passam ao fundo, uma grudada na outra e com as mesmas formas (casas anos 50s) CROSS OVER CENA 11. CIDADE MAIS RURAL/EXT./DIA PLANO MÉDIO/ PERFIL MÚSICA BAIXA tocando ao fundo (TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL) Mudança de cenário - casas mais velhas e “pobres”, espaçadas umas das outras, só que mais coloridas aparecem ao fundo. VANDA continua caminhando devagar e cabisbaixa quase no centro da cena, quando passam 3 meninos (8-10 anos) correndo da esquerda para a direita. 2 passam por ela chutando uma bola e o último (luvas e roupa comprida de goleiro) corre atrás. Ele passa pela VANDA e diminui o ritmo, se virando para olhar para ela e VANDA levanta a cabeça para olhar para ele. Eles se encaram por pouco tempo e ele aumenta a velocidade e sai de cena. A partir dai ela continua andando mais animada, sem olhar para o chão. CROSS OVER

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CENA 12. TRILHO DE TREM/EXT./DIA PLANO MÉDIO/ PERFIL MÚSICA BAIXA tocando ao fundo (TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL) Mudança de cenário - trilho de trem e paisagem rural, com fumaça ao fundo e SOM DE APITO. Trilho do trem aparece no centro da cena, e VANDA o salta, atravessando caminhando para o lado direito da tela. CAMERA A SEGUE (DIREITA)

CENA 13. RÁDIO/EXT./DIA PLANO MÉDIO/ PERFIL MÚSICA BAIXA tocando ao fundo (TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL) Surge a fachada de uma construção (RÁDIO) logo após VANDA passar pelos trilhos de trem e ela para em frente, virada de costas para a câmera (DE NUCA), olhando para a rádio.

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CENA 14. RÁDIO/INT./DIA MÚSICA AINDA MAIS BAIXA tocando ao fundo (TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL) 3/4, PLANO MÉDIO Três garotas (8-12 anos) estão sentadas (largadas, sem animo, entediadas) num banco de espera da rádio, quando ouvem o SOM DA SINETA da porta abrindo. CLOSE UP, 3/4 garotas. Elas ficam animadas e acenam sorrindo, ficando numa postura mais ereta. BIG CLOSE UP VANDA, FRONTAL. Ela está sorrindo e acenando de volta, numa postura mais confiante. Algo chama atenção de VANDA e ela olha para canto direito da cena. CAMERA SE MOVIMENTA RÁPIDO na direção que ela olha (DIREITA) para focar no locutor da rádio (PLANO MÉDIO, ÂNGULO NORMAL) que está com parte do corpo para fora da porta do estúdio, olhando amigavelmente para VANDA. Ele faz sinal com a mão para ela vir até ele e entrar na sala. CORTE SECO (?) Faixa colorida “voando” faz a transição de cena.

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CENA 15. MUNDO MÚSICA COLORIDO/DIA MÚSICA ALTA (explosão/refrão)(TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL) IMAGENS PSICODÉLICAS (*analisar melhor ainda*) VANDA cantando (VIOLINO VOZ PRINCIPAL) num microfone antigo de pedestal, enquanto faixas coloridas dançam e voam em torno dela, até que elas “entram” num baque dentro do corpo de VANDA deixando-a colorida. Microfone também fica colorido estica e abaixa sumindo, deixando apenas a VANDA em cena. SLOW MOTION. O corpo dela começa a “derreter” em faixas e elas giram e explodem. FOCO NO OLHO. Ele duplica em cores diferentes. ZOOM OUT. Corpo de VANDA expande completamente em faixas numa explosão com cores diferentes das anteriores. As faixas coloridas sobem (CAMERA ACOMPANHA) e se fundem novamente formando o rosto de VANDA (PERFIL) enquanto ela move a boca mostrando que ela continua cantando. A imagem se desfaz em ondas de mais faixas coloridas. (CENA RAPIDA/CORRIDA) As faixas caem da parte superior em formato de macarrão e formam uma embalagem, que some e um túnel com cores girando como se fosse alguma parte do corpo humano/DNA surge. Ainda em espiral, a locomotiva de um trem aparece, girando e se desfazendo, passando para uma bola e um garoto saltando e a pegando. Depois casas e construções aparecem e por último as faixas se dissolvem e formam VANDA de corpo inteiro com as cores normais em seu vestido amarelo segurando a embalagem de macarrão. CORTE SECO

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CENA 16. SALA DE ENTRADA CASA VANDA/INT./FIM DE TARDE MÚSICA DIMINUI O RITMO, INTENSIDADE E VOLUME - VIOLINO NAO É MAIS A PRIMEIRA VOZ. CLOSE UP, ÂNGULO NORMAL VANDA, antes de olhos fechados, os abre e olha para frente, com expressão de satisfação/paz interior(?). PLANO MÉDIO, ÂNGULO NORMAL. VANDA está em pé em frente a porta (no centro da cena) olhando para dentro da casa (câmera) onde garotas felizes com vestidos coloridos (algumas irmãs de VANDA) estão correndo, brincando, pela sala de entrada da casa. CORTE SECO

CENA 17. COZINHA CASA VANDA/INT./FIM DE TARDE MÚSICA CONTINUA TOCANDO PERFIL, ÂNGULO NORMAL VANDA entra na cozinha onde sua mãe está lavando louça (por enquanto somente se vê o vestido da mãe, já que ela é bem mais alta do que VANDA e não cabe de corpo inteiro na cena) e deixa a embalagem/pacote de macarrão em cima da pia. Mãe coloca a mão sobre a cabeça da filha num sinal de aprovação. CORTE SECO

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CENA 18. SALA CASA VANDA/INT./FIM DE TARDE

(MÚSICA TUDO PASSARÁ NELSON NED INSTRUMENTAL).

MÚSICA CONTINUA TOCANDO

ZOOM OUT - mostrando a família cantando e um pouco mais da sala.

3/4, PLANO MÉDIO

CORTE SECO

Pai de VANDA está sentado numa poltrona lendo um jornal que cobre seu rosto. VANDA chega pelo lado direito da cena e vai até ele. Pai abaixa e fe-

CENA 19. CASA VANDA/EXT./FIM DE TARDE

cha o jornal, colocando-o de lado, a pega e a coloca sentada em sua perna,

MÚSICA INTENSIFICA

com a mão em seu ombro a olhando com afeto. Suas irmãs vão chegando

PLANO GERAL, ÂNGULO NORMAL

e se juntando ao lado deles (6 irmãs, 7 filhas). Uma carrega a irmã menor

Ainda em ZOOM OUT - Mostra a fachada da casa da VANDA que é a única

no colo, outras vem de mãos dadas. Uma se senta no chão para olhar para

com cores e num formato diferente das demais que são grudadas umas

eles. Por fim chega a mãe, ficando ao lado do marido e colocando a mão

nas outras e cinzas.

no ombro dele e no de uma das filhas que está em pé ao seu lado. Todos

CORTE SECO

trocam olhares de cumplicidade e começam a cantar ao mesmo tempo -

TELA PRETA - TITULO DA ANIMAÇÃO ainda ZOOM OUT

SOM DE VÁRIOS INSTRUMENTOS DIFERENTES (incluindo violino), mas to-

Música intensifica até acabar com violino fazendo o final(clímax)

dos afinados e bem harmonizados uns com os outros, como numa sinfonia

Roteiro e Trilha Sonora • 41



STORYBOARD Com o primeiro roteiro base, dei inicio ao processo de criação do Storyboard, que como citado anteriormente é a sequência de quadros que mostram as ações-chaves da animação ou ainda: O Storyboard é a ordem sequencial de painéis (ou imagens individuais) que ilustra e sustenta o impulso da narrativa; de certa forma, trate-se de um roteiro visual e, assim como um roteiro, passa por muitas versões antes de chegar à forma final. O storyboard é também uma ferramenta de visualização em pré-produção, que ajuda a definir o visual de um filme. Além disso, é uma forma de criar novas ideias visuais e narrativas antes de iniciar a produção ou filmagem. Como ferramenta de planejamento da produção, o storyboard permite organizar o conteúdo dos planos e do trabalho que precisa ser feito; e em conjunto com o animatic (uma versão filmada e sincronizada do storyboard), é o ponto de partida para todo o filme, que servirá de referência durante todo o processo de produção. (BRACEGIRDLE, 2012 apud WELLS, 2012, p.86)

Com as mudanças de roteiro e duração, houve a necessidade de refazê-lo, porém dessa vez optei por detalhar mais os desenhos, para que pudessem ser usados diretamente no Animatic.

Storyboard • 43



CONCEPT ART O Concept Art se traduzido ao pé da letra significa “Arte Conceitual” e tem como função expressar através de ilustrações, seja ela um esboço ou uma arte finalizada, como será o visual do projeto antes que ele seja produzido. Como referência para a construção dos personagens e sua ambientalização, estão os curtas “Red” (2010) - por Hyunjoo Song, “Kagemono: The Shadow Folk” (2012) - por Sabrina Cotugno, “Duet” (2014) - por Glen Keane, “Who’s Hungry?” (2009) - por David Ochs e “Missing Halloween” (2015) - por Mike Inel.

Concept Art • 45


INSPIRAÇÃO

46 • Concept Art


ESTUDOS

Concept Art • 47


48 • Concept Art

CIDA

TERE

Cida é a filha mais velha e responsável por suas irmãs, que sempre podem contar com ela.

Segunda filha, Tere é quieta, muito prendada e apegada a sua irmã Lu.


ESTRELINHA

VANDINHA

Terceira filha, Estrelinha é esperta e vaidosa, estando sempre muito bem arrumada.

Quarta filha, Vandinha é uma menina muito tímida e quieta, mas de bom coração e dona de uma bela voz.

DETE

LU

Quinta filha, Dete é muito esperta e espalhafatosa, adora bagunçar e se divertir.

Sexta filha, Lu é moderna, decidida e muito apegada a sua irmã Tere.

Concept Art • 49


MÃE Uma mulher humilde, carinhosa e dedicada, que gosta muito de ouvir rádio.

ANGEL Sétima e última filha, Angel é ainda um bebê - e como todos os bebês cheia de energia!

PAI Um homem carinhoso, inteligente e divertido, que está sempre disposto a fazer suas filhas sorrirem.

50 • Concept Art


Concept Art • 51


52 • Concept Art

MOÇA DO PONCHO

PROFESSORA

Mocinha divertida que convida todos para participarem de um grupo musical com ela.

Professora má e ranzinza que impede que Vandinha participe do grupo de coral da escola.

COLEGAS

AMIGAS

Colegas de sala que deboxam da atitude de Vandinha e fazem ela se sentir mal.

Garotas que esperam pela chegada de Vandinha na rádio e ficam felizes em vê-la.


RENÉ Goleiro do grupo, René é um garoto esportivo e envergonhado, que parece gostar de Vandinha (easter egg).

RADIALISTA Dono da rádio da cidade que já está familiarizado com Vandinha e sua bela voz.

MENINOS Meninos que passam correndo por Vandinha, atrás de uma bola de futebol.

Concept Art • 53



PALETA DE CORES Para a paleta de cores, decidi que elas iriam variar de acordo com o sentimento de cada cena:

A primeira linha, seria mais usada nas partes tristes e quando a personagem principal está na escola, passando depois para a segunda linha em períodos neutros e por fim utilizando a terceira linha para cenas felizes – como, por exemplo, a parte em que ela estaria cantando. O estilo da pintura busca ser algo mais leve e solto, em estilo aquarela, dando uma aparência de “lembrança”.

Paleta de Cores • 55



LOGOTIPO O nome da animação, Harmonia, deriva da Harmonia Musical, onde existe a concordância ou combinação de vários sons simultâneos ou de acordes que são agradáveis ao ouvido, mas que também pode ser interpretada como equilíbrio e paz.

CORES

Para a criação do logotipo, foi considerado que a harmonia é como se fosse uma sobreposição de notas que sustentam a melodia, utilizando a paleta de cores citada anteriormente.

ESTUDOS

FINAL

Harmonia Logotipo • 57



ANIMATIC O Animatic é basicamente o Storyboard animado, com o objetivo de calcular o tempo em que casa ação vai acontecer, já inserindo o áudio, para que os erros sejam ainda mais minimizados. Tanto o Animatic quanto o Storyboard não precisam ser feitos com detalhes, no entanto como meu projeto se baseava numa animação quadro a quadro percebi que economizaria tempo se me dedicasse a fazer os desenhos da forma mais “fiel” possível do que imaginava que seria a versão final.

Animatic • 59


60 • Animatic


Animatic • 61


62 • Animatic


Animatic • 63



PRODUÇÃO

A Animação Tradicional, também chamada de 2D, é uma das mais antigas formas de se animar, onde o animador precisa ilustrar cada frame à mão. Antigamente, os animadores usavam mesas de luz para criar suas sequências, permitindo que enxergassem os frames anteriores já ilustrados, para dar continuidade ao processo. Atualmente a Animação Tradicional pode ser feita a partir de softwares como o Photoshop. Para a produção desta animação especificamente, foi utilizado o software de edição Photoshop CC 2018, onde desenhei os quadros com uma mesa digitalizadora. A duração de cada quadro foi configurada com a ajuda da “Linha do Tempo”. Com o intuito de separar as layers sem precisar nomeá-las, apliquei etiquetas com cores já pré-definidas no software para me localizar.

Produção • 65


Só após finalizar as linhas e os movimentos do curta que avancei para a colorização, usando pincéis de aquarela disponibilizados pela Adobe Creative Cloud. Cada personagem, cenário e cores, foi exportado em png e salvos em diferentes pastas com seus respectivos nomes, para finalmente serem renderizadas em conjunto no programa After Effects CC 2018.

66 • Produção


Produção • 67


68 • Produção


Produção • 69


70 • Produção


Produção • 71


Acesse: behance.net/lariraduam para assistir a animação completa


CONCLUSÃO A Direção de Arte de Harmonia se desenvolveu de forma a criar uma atmosfera temporal através da arquitetura retratada, com ambientação na década de 50, bem como em suas descrições iniciais, trazendo-as a um ponto de encontro e concordância, com o figurino criado para as personagens, em especial a professora. Todos os parâmetros visuais determinados ao longo do trabalho foram efetivos ao transmitir os conceitos atribuídos a cada personagem, atribuindo-lhes personalidade e papel na narrativa visual. O objetivo de criar uma caracterização que exalte o significado individual e aprofundamento psicológico da personagem principal e sua relação com o todo, em especial o cenário escola/cidade/emissora de rádio e casa, aliado a uma atmosfera sonora que servisse de palco e contexto para o conflito e a resolução, foi atingido com sucesso, apesar das restrições técnicas para execução do projeto. As animações são elaboradas em diversas etapas e possuem um grande número de profissionais envolvidos em cada uma delas. Esse foi o ponto em que o projeto se mostrou mais desafiador, por ter sido elaborado por uma única pessoa, reunindo diversas áreas de atuação

do campo do design. Sendo assim, é importante observar que, ao desenvolver a criação e direção de arte para um produto de audiovisual em animação 2D, requer um olhar minucioso para cada detalhe visual e estético do vídeo, e cada divisão desse processo leva a um grande número de desdobramentos e novas áreas, comprovando a necessidade de uma equipe maior com um grande número de funções atribuídas para a realização de uma animação. Para tanto, a organização e disciplina são essenciais para o desenvolvimento. É necessária uma programação detalhada previamente, tendo em vista eventuais imprevistos e problemas que surgem nos momentos mais inoportunos, de forma a não prejudicar a conclusão do projeto. A adição de cada elemento visual teve o objetivo de criar uma coesão conceitual, hora temporal, hora psicológica e teve sucesso em criar uma trama de sentidos elaborada, adicionando mais sentido, ao passo que reforça a mensagem final, no encerramento. Com este trabalho, deixo minha homenagem para minha querida Dona Vanda e celebro o fim de uma fase de aprendizado e o início de minha carreira profissional.

Conclusão • 73



REFERÊNCIAS VÍDEOS

LIVROS

DUET. Direção: Glen Keane. Produção: Gennie Rim. Estados Unidos: Google’s

CHONG, A. Animação Digital - Volume 1. Col. Animação Básica: 1.

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Col. Animação Básica: 1. ed. Brasil: Editora Bookman, 2012.

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WIEDEMANN, J. Animation Now!: 1. ed. Brasil: Eitora TASCHEN, 2004.

2015. Online. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=FaoVpVXcZsA&t>. Acesso em: 10 maio 2018.

WILLIAMS, R. Manual de Animação: Manual de métodos, princípios e fórmulas para animadores clássicos, de computador, de jogos, de

RED. Direção e Produção: Hyunjoo Song. Estados Unidos: California Institute of

stop motion e de internet: 1. ed. São Paulo: Senac São Paulo, 2016

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Referências • 75


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Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Projeto de Conclusão de Curso Design Gráfico Larissa Raduam Junqueira R.A.: 141030445 Orientação: Prof.ª Dr.ª Fernanda Henriques Bauru - 2018


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