ARQLAB - Laboratório Prático de Arquitetura

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ARQLAB LABORATÓRIO PRÁTICO DE ARQUITETURA



Universidade Federal da Bahia Faculdade de Arquitetura

ARQLAB Laboratório Prático de Arquitetura

Trabalho Final de Graduação Curso de Arquitetura e Urbanismo

Lara de Sousa Guimarães Orientadora: Naia Alban Suarez

2017.2 Salvador, Bahia


AGRADECIMENTOS Agradeço, em especial, à meus pais, Paulo e Jucy; meus amigos Bruna Rios, Igor Prates, Mariângela Bastos, Pedro Alban, Victória Nizarala, Maíra Baqueiro, Hila Lobo, Rafaela Cariranha; e ao meu namorado Davi Lago, pela paciência, apoio, ajudas e companhia durante meu trabalho final de graduação; à minha orientadora Naia Alban pelo aconselhamento que tornou possível a realização desse projeto; à Aline Luther que co-orientou o trabalho por um mês e às contribuições bibliográficas dos professores Sérgio Ekerman, Jardel Gonçalves e Carlos Bomfim, que me ajudaram a desenvolver minha pesquisa. À todos os meus amigos, professores e familiares não mencionados, um muito obrigada pela parceria nesses anos de formação; às noites perdidas; às viagens feitas; aos projetos realizados; às dúvidas tiradas; à todos os pequenos detalhes - árduos porém gostosos - que compuseram a minha jornada.


ÍNDICE

ÍNDICE 5

O MAUDSLAY 16

MÁQUINAS 29

INTRODUÇÃO 7

O PROJETO 19

PROGRAMA 31

TEORIA x PRÁTICA 8

O TERRENO 20

CONSTRUÇÃO C/ DISCIPLINA

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CORTES 41

A EXPERIÊNCIA DO CANTEIRO

10

O PARTIDO 23

PERSPECTIVAS 44

O CURRÍCULO DA UFMG

12

FACHADAS 48

A METODOLOGIA DA AA

13

FLUXOS 26

OBJETIVO 15

O PLANO INCLINADO

ANÁLISE DE CONFORTO

ESTRUTURA E FORMA

2A

PLANTAS BAIXAS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

32

52

27 5



INTRODUÇÃO O debate acerca do ensino de arquitetura é um tema antigo e pertinente mundialmente. Diversas instituições de arquitetura estão constantemente abrindo a discussão sobre o que deveríamos aprender; qual o papel do arquiteto na sociedade e como o ensino de arquitetura reflete o tipo de profissional atuante no mercado. E por que essa questão é tão recorrente? Sabe-se que o arquiteto tem uma fundamental importância no pensar das cidades e, portanto, atua diretamente sobre as relações sociais e suas interações com o espaço, tendo a necessidade de uma formação multidisciplinar. Não é à toa que o arquiteto é considerado um profissional em eterno aprendizado, mas essa multidisciplinaridade, que seria algo muito positivo, acaba se tornando um problema quando se trata de elaborar um currículo acadêmico eficiente, plural e passível de conclusão. Nesse contexto, sabe-se que não é possível ensinar tudo e, portanto, é aceita a ideia de que a Faculdade de Arquitetura deva ser uma base do aprendizado, fornecendo o conhecimento básico necessário para que, dali em diante, o aluno possa seguir seu próprio caminho. Esse projeto busca questionar quais conteúdos e práticas se perderam nessa sintetização de um currículo factível e porque eles são imprescindíveis para a formação do arquiteto, propondo um edifício laboratório focado em proporcionar espaços para a

“Toda pesquisa séria abriga um par de complementares: a teoria e a experimentação.” (FERRO apud RONCONI, 2008, p. 19) experimentação arquitetônica. Para isso, é necessário discutir o afastamento entre teoria e prática nas Faculdades de Arquitetura do Brasil; a ausência de matérias e/ou espaços voltados para experimentação e construção; e a eficiência de modelos mais livres de ensino, que abrangem justamente esse caráter mais experimental da arquitetura – seja em sala de aula ou em campo. 7


TEORIA E PRÁTICA No Brasil, o ensino na área criativa segue, de maneira geral, o perfil de educação da Beaux Arts, composto por quatro eixos principais: o Ecole, os estúdios privados, o Salon e os cafés. O Ecole era o momento onde os alunos aprendiam as técnicas clássicas, que pode ser relacionado com as aulas teóricas atuais; os estúdios eram os locais onde os alunos desenvolviam seus trabalhos sob a supervisão de um mestre, o formato dos ateliers e oficinas; o Salon era o momento da exposição dos melhores trabalhos e os cafés era o ambiente de descontração e discussão aberta sobre arte e design. Portanto, não é à toa que o ensino de arquitetura surge no país desconectado da prática e das tecnologias construtivas, como João Marcos Lopes comenta: [...] João Baptista Vilanova Artigas já identificava, nas nascentes do ofício, as insuficiências na formação de “quadros nacionais capazes de cumprir as missões técnicas que o país exigia” (ABEA, 1977, p:31). Apesar da existência no Rio de Janeiro da Academia de Belas Artes (...), Artigas comenta o quanto os esforços ali investidos haviam sido frustrados, justamente porque a Escola Politécnica mantinha seu currículo fortemente dominado por abordagens 8

predominantemente teóricas e porque a Belas Artes “não dispunha de qualquer recurso para a instrução de arquitetos sobre o domínio da natureza com os recursos do conhecimento técnico já existentes” (ABEA, 1977, p:31). (LOPES, 2014, p. 3) De acordo com Artigas (ABEA, 1977, p. 32/33, apud LOPES, 2014, p.4), mesmo após a regulamentação da profissão em 1933, a concepção do arquiteto da academia de Belas Artes prevalece, seu papel resumido ao arquiteto artista, desenhador, ignorante ao comportamento da gravidade e das estruturas, e o ensino prático e teórico seguiam desconectados. Um dos pontos mais importantes da discussão do ensino de arquitetura é justamente esse afastamento prático-teórico, que, como explicado, está atrelado à própria consolidação da profissão no país. A construção como disciplina é um aspecto negligenciado nas universidades, sendo um dos motivos a valorização histórica do trabalho intelectual, em detrimento do trabalho manual – destinado a classes mais baixas. A intelectualização da arquitetura contamina o ambiente da faculdade, que tende a valorizar projetos de larga escala – dos arquitetos geniais. Também promove um ambiente altamente competitivo entre alunos, com o ensino

muitas vezes sujeito ao ego do professor. Com a propagação de Faculdades de Arquitetura ocorre também a massificação do ensino arquitetônico, que também negligencia os aspectos práticos da arquitetura pois busca maximizar os lucros com a extração de mais-valor das horas docentes, extinguindo especulações nos processos didáticospedagógicos. Apesar de algumas tentativas docentes de produzir estudos com maquetes de menor escala, essas atividades não proporcionam o contato real com a construção; com os materiais e suas propriedades; com os problemas que surgem durante a execução de um desenho. E, portanto, negligenciada a prática arquitetônica, as universidades conseguem produzir arquitetos inseguros quanto ao exercício da profissão, resignados a realizar frivolidades e submetidos ao mercado de trabalho vigente, ao invés de agentes modificadores do status quo.


A CONSTRUÇÃO COMO DISCIPLINA Nesse processo de afastamento entre teoria e prática, o ensino da construção foi sendo sempre negligenciado. Instaurar um ensino prático, em canteiro, requer professores, técnicos, infraestrutura, maquinário, o que conflitua com o processo de maximização dos lucros pelo qual as faculdades, principalmente as particulares, vem passando. O ensino teórico foi sempre considerado suficiente para complementar o foco principal dos cursos de arquitetura: o desenho, o projeto. No entanto, é necessário entender que arquitetura é práxis – prática e teoria, ideia e matéria – e a construção é uma ferramenta de projeto, não apenas instrumento de sua concretização. Quando se compreende a matéria, a idealização do projeto flui. A materialidade traz à tona problemas que não são visualizados no

computador ou em maquetes e a própria dinâmica da obra tem especificidades: planejamento, orçamento, viabilidade; o contato com a construção proporciona um aprendizado que não é possível obter em sala de aula. Ao aprender a construir, o aluno passa a dominar o processo e a possibilidade de criar, de estar em contato com o objeto construído e, portanto, ao incentivar a análise, crítica, investigação e o aperfeiçoamento das ideias, há avanço, há criação.

Alunos da UFBA no projeto 53 da Mouraria Fonte: https://www.instagram.com/53mouraria

“Uma escola que prepara agentes de modificação concreta do espaço construído não pode recusar a pesquisa prática nem a iniciação do estudante à intervenção real. ” (FERRO apud RONCONI, 2008, p. 22) 9


A EXPERIÊNCIA DO CANTEIRO A proposta do canteiro experimental surgiu, então, como uma resposta a esse cenário do ensino de arquitetura. Criava-se um espaço dentro das faculdades de arquitetura que se reproporia da construção. Ele é um espaço onde o aluno pode pôr em prática o que aprende, desafiar os conhecimentos adquiridos, promovendo uma extrapolação dos assuntos de sala de aula. A experimentação, nesse sentido, se torna importante não somente para descobrir novas formas de projetar e construir, mas para fixar; questionar; comparar; avaliar as

informações apreendidas. Para além disso, o canteiro também é um espaço político. Ele permite que o aluno esteja em contato e possa fazer parcerias com agentes externos distintos, como profissionais da construção – mestres, carpinteiros, serralheiros–; coletivos que promovem intervenções urbanas; comunidades que se autoconstruíram e, portanto, faz com que o aluno de fato atue no campo real das coisas – fora do papel – seja no canteiro, ou na cidade. O canteiro também democratiza o projeto, pois, todas as opiniões tem igual relevância,

desmistificando a imagem do arquiteto genial e promovendo o trabalho em equipe, que é o cerne do projeto arquitetônico – um trabalho multidisciplinar. O canteiro é um espaço onde o aluno de arquitetura entende a realidade do trabalho do arquiteto e a importância política da sua atuação profissional, que vem se perdendo com o tempo. Não é possível opinar na construção das cidades se já não somos nós que as construímos.

Acervo do laboratório de culturas construtivas - USP - Fonte: https://www.paulanoia.tumblr.com/post/14623496884/e-o-canteiro - Acesso em 22/01/18 às 12:56h

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“Hoje temos projetos arquitetônicos feitos por engenheiros civis, que tiveram apenas 4 meses de aula sobre Arquitetura e arquitetos que vivem à margem do controle da produção da construção civil, com um mercado de trabalho que se estreita sempre mais. (CCEx FAU-USP, 1996, p:8/9, apud LOPES, 2014, p. 16)”

Marcos Santos/USP Imagens Fonte: https://www.imagens.usp.br/?p=14388 - Acesso em 22/01/18 às 13:48h

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O CURRÍCULO DA UFMG O curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG foi considerado como o melhor do Brasil em 2016 e 2017 pelo Ranking Universitário Folha, da Folha de São Paulo, o que reflete a competência da nova grade curricular de 2014. A busca por uma flexibilização do ensino se relaciona com essa discussão justamente por entender a diversidade de áreas onde um arquiteto pode atuar e, ao invés de cortar conhecimentos e definir um caminho como o mais relevante para o arquiteto – normalmente o projeto -, a proposta tenta reduzir a carga horária, formando um perfil profissional generalista, e deixa a cargo do estudante a sua complementação de estudos através de diversas optativas, que direcionariam o aluno para sua área de interesse. A estrutura do curso é formada por três grupos: Núcleo de formação específica (formação base do arquiteto); formação complementar (optativas na área de arquitetura ou outra, desde que relacionada com a profissão) e formação livre (momento de desenvolvimento das habilidades pessoais do aluno). O modelo do Atelier também é modificado, sendo agora caracterizado por módulos flexíveis de sessenta horas, com ementa única e sem ordem, dos quais o aluno deve cursar pelo menos nove. A proposta da UFMG era de que, além de promover mais tempo para que o aluno desenvolvesse seus 12

interesses, a Faculdade conseguisse gerar mais interação entre alunos de semestres, turnos e cursos distintos, conseguindo uma formação mais interdisciplinar, associada com desenvolvimento de pesquisas e projetos. Desse modo, a UFMG alcança um processo de formação mais aberto, que dá autonomia ao aluno para perseguir suas próprias áreas de interesse, podendo ser, portanto, mais completo, já que possibilita diversos caminhos de formação.


A METODOLOGIA DA AA A AA – Architectural Association é uma escola de arquitetura famosa mundialmente, que oferece cursos de graduação e pós nas áreas de arquitetura, urbanismo e paisagismo. Seu programa de Visiting Schools, que promove workshops ao redor do mundo e busca a interação entre estudantes de diferentes backgrounds, já demonstra a abordagem inovadora da Escola diante dos processos de ensino. A Undergrad School – que seria equivalente a um curso brasileiro de graduação – é estruturado de maneira muito diferente do que é predominantemente praticado no Brasil. O primeiro ano possui um formato similar a um curso padrão de arquitetura, os projetos são desenvolvidos em estúdio (Oficina/ Atelier) e os workshops, palestras e seminários são as principais ferramentas de ensino. A partir daí o aluno ingressa os chamados Intermediate School e Diploma School, que são compostos por unidades. O sistema de Unidades surgiu na AA por volta de 1930, durante um período que a escola desempenhou um papel essencial na introdução de arquitetura moderna no Reino Unido. As Unidades são orientadas por professores de meio período – que continuam exercendo outros aspectos da profissão fora da Faculdade -, que decidem de maneira independente quais são os assuntos, objetivos e atividades desenvolvidas pelo projeto. A escola

busca, através do sistema de Unidades e de outros processos, um modelo de educação mais aberto e participativo, com uma abordagem experimental e colaborativa. A existência de 16 unidades na Intermediate School e 15 unidades na Diploma School abre um leque de possibilidades infinitas para

os estudantes, podendo perseguir áreas diversas dentro da mesma profissão, além do constante contato com profissionais atuantes no mercado, que agregam suas experiências pessoais ao ensino. Durante a Undergrad School, a AA ainda possui o que eles chamam de estudos complementares,

Trabalho de Aluno da AA Fonte: https://www.pr2017.aaschool.ac.uk/Jonathan.cheng - Acesso em 22/01/18 às 14:39h

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que são uma série de workshops e projetos menores focados em desenvolver conhecimentos específicos: Estudo de Mídia (foco em novas formas de representação e tecnologias de comunicação), Estudos Técnicos (foco em materiais, estruturas e construção), Estudos Teóricos e de História (foco na análise crítica da arquitetura e sua história) e Prática Profissional. O ensino na AA – tanto nos cursos de graduação como nos de pós – está diretamente associado com processos práticos de experimentação e seu currículo é completamente fluido, já que as unidades estão em constante mudança. A escola ainda possui outras instâncias de pesquisa e inovação, como os Research Clusters (grupos de pesquisa) por exemplo.

Trabalho de Aluno da AA - Fonte: https://www.pr2017.aaschool.ac.uk/Nathan-Su - Acesso em 22/01/18 às 14:39h

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o objetivo do arqlab Nesse contexto, a proposta do ARQLAB é trazer para a Universidade Federal da Bahia novas possibilidades de ensino e atuação da arquitetura, não só retomando o contato com a prática arquitetônica, mas também com novas tecnologias., associando construção e inovação para experimentar novas formas de projetar. A faculdade, principalmente num cenário de discussão do PPP – Projeto Político Pedagógico, já tem tomado certas iniciativas para implementar novas ferramentas de ensino – como a marcenaria; a residência AU+E; o projeto da maquete da UFBA – mas, no entanto, o acesso a essas atividades ainda é muito limitado, relacionado com atividades extracurriculares ou pesquisas, estando pouco inseridas na metodologia de ensino dos professores e nas ementas das matérias. Elas também nem sempre abrangem outros desejos que foram discutidos durante o PPP, como a integração entre cursos ou entre alunos de diferentes níveis de graduação; a possibilidade de estudar técnicas alternativas de construção ou a necessidade de espaços de estudo e desenvolvimento de projetos. O ARQLAB busca ser um “edifício escola”, onde tudo nele se propõe a ser didático ou voltado para o aluno. Nele, pode-se aprender sobre instalações, estruturas, sistemas de energia sustentável, além de agregar um espaço para a

construção – canteiro experimental e oficina – e um espaço voltado para inovação – uma maqueteria, um laboratório digital e um FABLAB. O prédio é estruturado para receber grupos de alunos e, portanto, não funcionar somente para atividades extraclasse, podendo ser integrado às matérias existentes. Ele também consegue unificar Ensino, Pesquisa e Inovação, dando a possibilidade de integrar alunos de graduação e pós; de iniciar projetos pessoais e pesquisas; de interagir com outros cursos e com a comunidade não acadêmica; de desenvolver protótipos. Portanto, ele dá ao aluno autonomia para explorar seus interesses. O ARQLAB não abrange todos os campos que a arquitetura toca, nem consegue implementar na UFBA todas as tecnologias disponíveis para a área, mas ele cumpre sua função no sentido de expandir as possibilidades de aprendizado do aluno de arquitetura, sejam elas de iniciativa própria ou integradas ao currículo.

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o maudslay Durante meu ano de intercâmbio na Nottingham Trent University em 2014 eu pude vivenciar uma outra forma de estudar arquitetura. Para mim foi uma experiência curiosa observar o quão diferente eram os resultados dos trabalhos propostos do tipo de projeto que eu via na minha faculdade brasileira. Para eles o processo era tão importante - se não mais - que o resultado final. Todas as etapas de exploração são documentadas e incluídas na apresentação. Independente do quão positivo ou negativo isso possa ser para o aprendizado de arquitetura, o que me interessava era a quantidade de ferramentas e possibilidades que os alunos tinham para desenvolver suas idéias, e como isso, às vezes pode influenciar absurdamente no seu projeto pois, se você não tem os meios para desenvolver uma idéia específica, você provavelmente abandona ela. O Maudslay era o laboratório onde tudo isso era possível. Nele, os alunos tinham à sua disposição uma infinidade de máquinas para trabalhar madeira, metal, plásticos. No laboratório era possível pegar emprestado ferramentas como trenas eletrônicas, furadeiras, teodolitos; comprar materiais; consultar técnicos; entre outras possibilidades. E nesse laboratório poderia-se encontrar alunos de vários cursos distintos. O laboratório do Maudslay tornava possível 16

a grande exposição dos trabalhos de graduação que ocorria no final do ano letivo, assim como o desenvolvimento de vários protótipos que, muitas vezes, garantiam a alguns alunos parcerias comerciais e/ou empregos assim que deixavam a faculdade. A minha maior dificuldade quando desenvolvendo o meu projeto foi encontrar um projeto que servisse como referência para o prédio que eu visualizava. Um laboratório prático, seja pelo seu alto custo de implantação ou pela tecnologia em constante avanço


e mudança, estão, normalmente, fragmentado entre os edifícios e campos das universidades. O Maudslay, portanto, por conseguir concentrar muitas atividades e ser uma experiência pessoal forte, juntamente com a minha vivência com a infraestrutura de ponta da NTU acabaram se tornando a minha maior referência no desenvolvimento do programa e layout do ARQLAB.

Todas as imagens são do laboratório do Maudslay - Nottingham Trent University, Nottingham, Reino Unido Fonte: https://www.facebook.com/maudslay.workshops/ - Acesso em 22/01/18 às 16:46h

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o projeto


O tERRENO Para um edifício que teria como principal público alvo os estudantes de arquitetura, foi essencial definir um terreno próximo à Faculdade de Arquitetura da UFBA e de fácil acesso aos alunos. No entanto, considerando a relação do programa - laboratório e oficina práticos - e a própria proposta do edifício de expandir as possibilidades de aprendizado dos alunos, também seria interessante relacionar o ARQLAB com a Escola Politécnica. Os cursos de engenharia e arquitetura muitas vezes atuam em conjunto no mercado de trabalho e

possuem conhecimentos complementares, o que enriqueceria a experiência do edifício. O desejo de implementar um canteiro experimental no ARQLAB também gerou a necessidade de ter alguma área externa plana para o desenvolvimento de atividades. Esses fatores levaram à escolha da área entre o PAF VI e à Escola Politécnica para implantar o ARQLAB. O terreno, além de ficar próximo de ambos os públicos alvos e já possuir um platô generoso, está em um trajeto que possui um

Estado atual do terreno. Fonte: Acervo pessoal

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histórico de assaltos aos estudantes que fazem o percurso FAUFBA - Politécnica, devido à um trecho completamente murado. A implantação do prédio nessa área seria também uma forma de tornar o caminho mais permeável e, portanto, mais seguro para os estudantes.


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Plano Inclinado proposto pela SUMAI

o plano inclinado da sumai Para propor um edifício na UFBA foi necessário fazer uma consulta com a SUMAI para entender um pouco do Plano Diretor da universidade e das idéias existentes para novos prédios e conexões. Durante a visita, foi descoberta a existência de uma proposta de plano inclinado que atravessava o terreno onde seria implantado o ARQLAB, como parte de um plano de conexões acessíveis para a UFBA.

A proposta, que a princípio seria um obstáculo, acabou ajudando a justificar a implantação do ARQLAB naquele terreno, pois foi acrescentado ao programa do projeto um elevador, que substituiria o plano inclinado de forma positiva, mantendo a acessibilidade, mas com uma manutenção mais barata e simples, tendo, portanto, um melhor custo benefício. A proposta do ARQLAB, no entanto, mantém

o edifício e praça da estação inferior do plano inclinado como saída do novo elevador. Assim, o trajeto proposto gera uma nova possibilidade de percurso, mais curto e acessível, em contraste com os dois percursos existentes. atualmente, estando próximo de ambas as escolas Politécnica e de Arquitetura e conseguindo atender diretamente ao Diretório Central de Estudantes. 21


O trajeto existente 01, com duas escadas, atinge basicamente os alunos de arquitetura e do Instituto de Geociências, e atravessa dois edifícios da UFBA; enquanto o trajeto 02, através da escada da Politécnica, é considerado perigoso, pelo grande número de assaltos, e desconfortável por transpor em torno de 52 metros de desnível a pé. Portanto, a inexistência de um trajeto confortável, seguro e acessível atualmente na UFBA, e a própria proposta existente da SUMAI justificam a implantação de um novo modal de transporte vertical nesse local, associado com o ARQLAB.

1 3 1 2 6 5 2 7 8 4

9

1 FACULDADE DE ARQUITETURA 2 PAF VI e CEAB 3 DCE 4 ESCOLA POLITÉCNICA 5 BIBLIOTECA 6 INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 7 INSTITUTO DE FÍSICA 8 INSTITUTO DE QUÍMICA 9 PAVILHÃO ALCEU HILTNER 10 FACULDADE DE FARMÁCIA

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TRAJETOS EXISTENTES TRAJETO PROPOSTO PELA SUMAI TRAJETO ARQLAB


partido Ao acrescentar ao programa um elevador que busca atender uma demanda geral da UFBA, foi necessário separar os públicos do ARQLAB, evitando conflito de fluxos:

Passantes com destino ao Campus de Ondina;

Alunos indo para o ARQLAB.

Quanto menos o fluxo de passantes - mais público e de difícil controle, podendo inclusive

atender à moradores da região - coincidisse com o fluxo dos usuários do ARQLAB melhor. Seria mais fácil controlar o acesso aos laboratórios, que possuem maquinário caro e uma necessidade de uso supervisionado; além de racionalizar o percurso das pessoas que quisessem apenas cruzar o edifício. Havia também a necessidade de manter o trajeto até o elevador acessível, e, de preferência, da maneira mais direta possível, evitando o transtorno, para possíveis usuários com dificuldade de locomoção, de ter que pegar vários desvios. Assim, a implantação do edifício ocorreu em

formato de L, com o bloco principal acontecendo ao longo das curvas de nível, evitando muita movimentação de terra; enquanto o bloco de acesso ao elevador cruza transversalmente as curvas de nível, buscando dar acesso direto ao volume vertical, que tinha que alcançar a saída, na praça pré existente.

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Implantação do Elevador

Implantação ao longo das curvas de nível 23


análise de conforto Após a proposta de implantação, era necessário analisar as condições de conforto do edifício. O projeto possui dois focos: o de laboratório, com uso contínuo; e o de conexão interna da UFBA, com uso mais intermitente. Portanto, o bloco dos laboratórios foi implantado de maneira a favorecer as ventilações predominantes de Salvador - Sudeste e Sul, respectivamente - e estar orientado na direção Norte - Sul, evitando a insolação direta do poente. O bloco de conexão entre o elevador e a portaria do PAF VI ficou orientado na direção Leste - Oeste. Portanto, a galeria de serviços desse bloco foi posicionado mais próximo do PAF VI, fazendo com que o corredor de passagem, uma área de não permanência, recebesse o sol poente. Para aparar a incidência solar, foram utilizados brises e uma pele de placas cerâmicas nas fachadas indicadas no esquema, gerando uma fachada ventilada que não impede a circulação do ar.

DEZEMBRO 15H 24

PIOR INCIDÊNCIA SOLAR


solstícios e equinócios

MARÇO 9H

MARÇO 15H

JUNHO 9H

junho 15H Os diagramas representam a posição do sol para os equinócios - 21 de março e 23 de setembro - e para os solstícios - 22 de junho e 22 de dezembro - em horários críticos, em ambos os turnos..

setembro 9H

setembro 15H

DEZEMBRO 9H 25


fluxos PORTARIA PAF VI

Assim, o bloco de acesso ao elevador foi proposto no mesmo nível do acesso pela portaria do PAF VI, facilitando, desse modo, as questões de acessibilidade. Como o workshop precisava estar relacionado com o platô - 7 metros abaixo do acesso pelo PAF VI -, os fluxos se separaram; 26

criando um acesso direto aos laboratórios por uma escada externa. No entanto, também era necessário manter a acessibilidade e considerar a possibilidade de usuários que estivessem dentro do bloco de acesso ao elevador com destino aos laboratórios. Portanto,

era imprescindível ter uma conexão interna entre os blocos. Assim, a circulação interna ganhou uma escada e um elevador, que mantém o edifício inteiramente acessível.


ESTRUTURA E FORMA O grande desafio do edifício foi a sua estrutura, que precisava vencer o vão de 27 metros, necessário para que a saída do elevador se integrasse com a praça prevista pela SUMAI, evitando uma grande movimentação de terra e contenção. A solução ficou a cargo de uma treliça parede que suporta todo o bloco de acesso e se apoia na caixa estrutural do elevador, através de “orelhas” estruturais de concreto. Do outro lado, dois grandes pilares recebem a carga da treliça e também ajudam a estruturar o bloco com os laboratórios e workshop. A decisão por retirar os pilares do interior do prédio e criar uma volumetria que saca da fachada busca repetir a lógica que acabou predominando no edifício, onde grandes blocos verticais aparentemente “carregam” os blocos horizontais.

Treliça 4,50m de altura

Pilares

Caixa Horizontal

Caixa Horizontal suportada pela caixa vertical

Caixas verticais

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Os diagramas refletem o processo de evolução da volumetria do edifício, descrito até então.. Inicialmente, um formato mais básico foi proposto, contendo os blocos principais - o do laboratório e o do elevador em rosa; a conexão e galeria do elevador em branco. A partir dessa volumetria primordial, formada por paralelepípedos e que abriga o programa principal do edifício, novos blocos vão sendo extrudados da forma para abrigar as demandas que dão suporte aos laboratórios : 1 Bloco com sanitários e área técnica, que se destaca da volumetria por abrigar o reservatório; 2 Bloco de conexão interna do edifício, ele liga a galeria à escada e elevador internos; 3 Bloco dedicado à uma sala específica para a fresadora do FABLAB e, por descer até o subsolo, também comporta a subestação; 4 Bloco que saca para abrigar salas de reunião de grupos; 5 Bloco formado entre os pilares que recebem as treliças estruturais, serve de depósito para o workshop. Por fim, o esquema mostra a situação final do edifício. A medida que vamos saindo do nível da rua - no bloco superior - em direção aos níveis inferiores, o edifício vai ficando mais restrito. O nível superior, com a galeria cria uma espécie de rua interna, que atende à todo o público da UFBA e comunidade vizinha. 28

O nível intermediário já é mais voltado para a comunidade acadêmica, com boa parte do programa administrativo; tem uma certa restrição de acesso à algumas salas, mas ainda pode ser livremente apropriado pelos alunos. O nível inferior é onde as atividades acontecem, onde de fato estão os laboratórios e as máquinas. Nesse nível, o acesso é mais restrito, sendo feito um controle de entrada para maior segurança dos alunos - que estão expostos à máquinas e ferramentas - e do patrimônio.

2

1 4 3

5


MÁQUINAS DO WORKSHOP

Waterjet Cutter CNC 4000x3000mm

Serra de Painel Vertical 3150x1070mm

Fresadora de Grande Formato CNC 3050x2010mm

Serra de Mesa 1600x1100mm

Algumas sugestões de máquinas, e seus tamanhos, que foram pesquisados e incluídos no Workshop. Além dessas, também foram

S. Meia Esquadria (Bancada) 760x475mm

Torno (Possibilidade de ser CNC) 1600x450mm

Serra Tico Tico (Bancada) Serra de Fita 330x670mm

incluídas as máquinas necessárias para compor um FABLAB básico: 3D Printers, Cortadoras de Vinil e Laser Cutters.

1120x970mm

É necessário ressaltar que as máquinas devem atender às demandas da universidade e portanto, podem divergir das máquinas escolhidas. 29


É interessante também comentar as vantagens das ferramentas pneumáticas. Essas ferramentas tendem a ser mais ergonômicas, mais leves e com menos vibração, devida à ausência de motor elétrico; têm maior durabilidade devido à sua tecnologia construtiva; lidam bem com trabalhos que envolvem água por não utilizarem eletricidade; funcionam bem por longos períodos de trabalho, sem correr risco de danos por aquecimento e são mais seguras, porque o sistema pneumático trava a ferramenta quando utilizada de maneira incorreta. Portanto, para um ambiente de ensino, elas são ideais, pois teriam maior segurança e durabilidade

O edifício também prevê um pequeno sistema de geração de energia solar, composto por 159 placas SOLAR BRASIL UP M260P de Silício Policristalino. O sistema não consegue gerar energia suficiente para suprir completamente o consumo do prédio, produzindo apenas 5169,09kWh/mês. No entanto, além da economia de energia, cumpre seu objetivo mais educacional de demonstrar aos alunos como funciona o sistema.

SOLAR BRASIL UP M260P Silício Policristalino Comprimento= 1640mm Largura= 992mm Área= 1,63m² Peso= 18,5kg Potência= 260Wp Produção de energia média= 32,51 kWh/mês

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mesmo sendo utilizadas por alunos sem o devido conhecimento técnico sobre elas. Para a viabilização do uso de ferramentas pneumáticas é necessário instalar um sistema de ar comprimido, que poderia ser facilmente inserido na área técnica do edifício.


PROGRAMA Elevador

Área de Galeria: Plota Loja Sanitários

Circulação

Área Multiuso

Workshop

Depósito de ferramentas Escada de Emergência Servidor/Dijuntor Acessos Recepção

Área Técnica Sanitários

Laboratório Digital

WORKSHOP E MARCENARIA CANTEIRO EXPERIMENTAL SALA DE FERRAMENTAS E EPIs FABLAB E MAQUETERIA LABORATÓRIO DIGITAL SALAS DE REUNIÃO INDIVIDUAL SALA DE PROJEÇÃO GRÁFICA TERCEIRIZADA + DEPÓSITO LOJA TERCEIRIZADA + DEPÓSITO ÁREA DE LOCKERS SALA DE T.I. ADM RECEPÇÃO COPA VESTIÁRIOS VESTIÁRIOS P.C.D ÁREA TÉCNICA SUBESTAÇÃO DEPÓSITO DE MATERIAIS DEPÓSITO GERAL Área Administrativa: ADM Recepção RESERVAÇÃO Copa TOTAL DE ÁGUA NECESSÁRIA: FABLAB e Maqueteria 30.000L RESERVATÓRIO SUPERIOR 10.000L 31


PLANTA DE LOCALIZAÇÃO

N

ZUE- 9 Zona de Uso Especial Coef. de Aproveitamento Máx 2.00

3

Área Total Construída: 2195,35m²

1 2

Área Total Ocupada: 1095,76m²

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7

1 FACULDADE DE ARQUITETURA 2 PAF VI e CEAB 3 DCE 4 ESCOLA POLITÉCNICA 5 BIBLIOTECA 6 INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 7 INSTITUTO DE FÍSICA 8 INSTITUTO DE QUÍMICA 9 PAVILHÃO ALCEU HILTNER 10 FACULDADE DE FARMÁCIA 32

8 4

9 10

0

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PLANTA DE SITUAÇÃO

CEAB

5

4 A

3 E

B C

D

E

1

PAF VI

2

C B

D

A

1 TERRAÇO EXPERIMENTAL 2 TERRAÇO PLACAS SOLARES 3 ACESSO VEÍCULOS / PÁTIO DE ENTRADA 4 CANTEIRO EXPERIMENTAL 5 PORTARIA DO PAF VI / ACESSO PRINCIPAL

0 1m

5m

10m

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A

A

NÍVEL 0

E

E

B B

15

C C

12

11

2

1 3

13 4

B

B

C

7

10 D

8

D

11 HALL 12 ÁREA TÉCNICA 13 CIRCULAÇÃO 14 TERRAÇO EXPER. 15 VARANDA

9

35.15m² 49.75m² 15.25m² 244.26m² 70.02m²

A

A

1 HALL DE ENTRADA 49.08m² 2 VARANDA 99.33m² 3 HALL SANITÁRIOS 09.00m² 4 SANITÁRIO P.C.D. 04.40m² 5 D.M.L. 03.74m² 6 DEP. DA GRÁFICA 10.82m² 7 GRÁFICA 45.30m² 8 DEPÓSITO DA LOJA 18.65m² 9 LOJA 59.69m² 10 CIRCULAÇÃO 135.50m² 34

D

E

C

D

4

6

E

14

5

0

1m

5m

10m


CORREDOR DE ACESSO AO ELEVADOR

O corredor de acesso ao elevador funciona como uma galeria de serviços que tem como foco atender ao público de arquitetura - uma loja de materiais de maquete e papelaria e uma gráfica. Portanto, a pele que proteje a face oeste do corredor não é totalmente fechada, formando uma espécie de rua interna no edifício que se conecta com o modal de transporte vertical.

VARANDA DE ENTRADA

A varanda de entrada segue o formato do corredor de acesso ao elevador: um espaço coberto porém aberto. A pele de placas cerâmicas faz uma proteção ao sol sem impedir a ventilação cruzada natural. A área, composta por mesas, sofás e máquinas de lanches, é proposta para ser um local de reuniões, relaxamento e refeições rápidas. Desse modo, o bloco superior consegue manter atividades que abrangem um público geral e não somente usuários dos laboratórios.

35


A

A

NÍVEL -1

E

E 4 B

B

7

8 9 13

5

1

6

2 D

10

E E

25.40m²

B

B

C

C

D VARANDA

C

C

3

14

12

11

D D

20.70m² 26.96m² 18.92m² 21.92m²

A

36

11 VARANDA 12 ADM. 13 COPA 14 VARANDA

A

1 MEZANINO 62.58m² 2 MEZANINO WORKSHOP 128.52m² 3 SALA DE T.I. 22.25m² 4 ESCADA EMERGÊNCIA 09.83m² 5 D.M.L. 04.41m² 6 SANITÁRIO P.C.D. 04.41m² 7 VEST. MASCULINO 23.61m² 8 VEST. FEMININO 23.93m² 9 ESPAÇO MULTIUSO 104.05m² 10 VARANDA 25.46m²

0

1m

5m

10m


espaço multiuso

O Espaço Multiuso tem como principal função abrigar pequenas palestras ou aulas preparatórias para as atividades nos laboratórios. No entanto, como seu nome anuncia, quando não utilizado, o espaço pode ser apropriado para reuniões e trabalhos individuais de alunos - tendo uma bancada

embutida na estrutura de arquibancada. Esse nível do edifício agrega boa parte do programa administrativo, não estando tão exposto ao público como o nível superior, mas ainda de livre acesso aos alunos. 37


NÍVEL -2 A

A

E

E 6

4

B

B

7

8

C C

2

9

12

9

C

B

B

C

10

D

E

11

10

D

3 E

13

5

1

14 D D

1 RECEPÇÃO 95.63m² 2 WORKSHOP 215.96m² 3 DEP. DE MATERIAIS 40.11m² 4 DEP. CIMENTO 04.43m² 5 FERRAMENTAS E EPIs 21.87m² 6 ESCADA EMERGÊNCIA 16.71m² 38

7 VEST. MASCULINO 23.61m² 8 VEST. FEMININO 23.93m² 9 VESTIÁRIOS P.C.D. 04.92m² 10 SALA DE REUNIÃO 13.00m² 11 LOCKERS 09.72m² 12 LABORATÓRIO DIGITAL 54.96m² 13 FABLAB E MAQUETERIA 104.44m² 14 SALA DA FRESADORA 21.32m²

0

1m

5m

10m


workshop e canteiro experimental

O Workshop é o espaço reservado para as atividades de marcenaria e construção. Enquanto o térreo abriga as máquinas pesadas de marcenaria, pias para atividades molhadas e um espaço coberto de apoio ao canteiro, o mezanino contém mesas de trabalho e máquinas de bancada para atividades de menor escala. O espaço está diretamente

conectado aos depósitos de materiais, à uma sala onde se pode fazer empréstimo de ferramentas portáteis e EPIs e à área externa, com baias para os agregados e uma lona tensionada de cobertura. O nível térreo é onde as atividades ganham vida.

39


C

NÍVEL -3

C

D

3

D

E

E

1 C

B

B

C

2

D D

PRO J. PL

ANO

INCL

INAD

O

4 A

A

1 DEPÓSITO GERAL 37.72m² 2 SUBESTAÇÃO 21.74m² 3 ÁREA DE MANOBRA 89.30m² 4 CIRCULAÇÃO 13.74m²

PRAÇA PROPOSTA PELA SUMAI 0

40

1m

5m

10m


CORTES +4.50

1

2

3

4

5

6

0.00

7

-3.60

-5.075 -7.20

7

8 -10.15

CORTE A-A -15.225

1 HALL DE ENTRADA 2 SANITÁRIO P.C.D 3 DEPÓSITO DA GRÁFICA 4 GRÁFICA 5 DEPÓSITO DA LOJA 6 LOJA 7 WORKSHOP 8 DEPÓSITO DE MATERIAIS

-20.30 -23.80 -27.30

0 1m

5m

10m

41


+4.50

2 14

1

7

6

5

5

11

10

5

5

0.00

3

-3.60

9

4

8

CORTE C-C

0 1m

-7.20

5m

10m

+4.50

12 13 12 1 14

14 11

18

1

14 17

16

0.00

8 16

4

8

-3.60

15

19

CORTE D-D 42

-7.20

-12.00

0 1m

5m

10m

1 HALL DE ENTRADA 2 ÁREA TÉCNICA 3 SALA DE T.I. 4 RECEPÇÃO 5 VESTIÁRIOS 6 ESPAÇO MULTIUSO 7 COPA 8 WORKSHOP 9 FERRAM. E EPIs 10 LAB. DIGITAL 11 FABLAB / MAQUET. 12 SANITÁRIOS P.C.D 13 D.M.L. 14 VARANDAS 15 DEP. DE MATERIAIS 16 SALA DE REUNIÃO 17 LOCKERS 18 FRESADORA 19 SUBESTAÇÃO


+4.50

0.00

+4.50

2 4 4

1

8

-3.60

7

-7.20

0.00

5

3

9

6

5

-3.60 -7.20

CORTE E-E

CORTE B-B

0 1m

5m

10m

0 1m

5m

10m

1 HALL DE ENTRADA 2 ÁREA TÉCNICA 3 SALA DE T.I. 4 VESTIÁRIOS 5 WORKSHOP 6 FERRAM. E EPIs 7 SANITÁRIO P.C.D 8 VARANDAS 9 SALA DE REUNIÃO 43


ACESSO PAF VI

A imagem à direita mostra a vista do acesso principal do edifício: a entrada pela portaria do PAF VI. É possível ver onde os fluxos se dividem no edifício - o acesso ao elevador pela passarela e o acesso direto ao ARQLAB descendo a escada no canto inferior.

fablab, maqueteria e laboratório digital 44

Inicialmente, o FABLAB, a maqueteria e o laboratório digital foram propostos como um único espaço, onde se trabalharia com tecnologia e inovação. A estante que divide os espaços surge por uma necessidade de isolar acusticamente o laboratório de computadores - espaço destinado para o desenvolvimento dos trabalhos dos alunos. A estante, além de funcionar como objeto de armazenagem para ambos os espaços, dá mais

privacidade aos ambientes sem isolá-los um do outro. O espaço também está conectado a duas salas de reunião que podem ser reservadas pelos alunos; a uma sala que abriga as fresadoras; ao espaço de lockers e aos vestiários.


45


ACESSO TÉRREO E DE VEÍCULOS

A imagem mostra a entrada do edíficio para aqueles que descem a escada externa ou para quem vem pela entrada de veículos através da Escola Politécnica. É através do portão que separa o canteiro experimental do pátio de acesso que são feitas as entregas e retiradas de materiais e resíduos.

vista da calçada da caetano moura

A imagem mostra a vista que os pedestres teriam de fora do edifício ao fazer o percurso FAUFBA - Escola Politécnica pela calçada da Caetano Moura. A retirada do muro existente atualmente e a implantação do prédio deixam o percurso mais permeável e agradável para os passantes.

46


vista interna do campus da ufba

Para os estudantes que estão dentro do Campus da UFBA, vindo das Faculdades de Farmácia e Física ou da biblioteca próxima, essa é uma imagem aproximada do que eles veriam do edifício. A cena noturna realça a permeabilidade do bloco vertical do elevador e da fachada ventilada. Na parte inferior da imagem, uma representação esquemática do projeto de praça feito pela SUMAI e que foi integrado ao projeto.

47


fachada

FACHADA SUL 0

48

1m

5m

10m


A busca por referências teve dois focos principais:

Elevadores Urbanos;

Peles e fachadas ventiladas.

O caráter estrutural da caixa do elevador e escadas não permitia uma grande quantidade de aberturas, assim como nas referências pesquisadas.. Portanto, para manter a iluminação e ventilação natural, ao invés de propôr uma parede de vedação, a face sul se transformou numa pele de venezianas, que impedem a entrada direta da chuva, mas não fecham o bloco. Para a fachada ventilada do bloco de acesso ao elevador, foi levado em consideração a lógica de paralelepípedos da edificação, propondo uma pele com retângulos de tamanhos variados. Fazendo uma correlação com outros edifícios da UFBA, que já possuem um histórico de fachadas ventiladas através de cobogós e brises - muitas vezes compostos por peças cerâmicas - o material escolhido foram placas cerâmicas de cor terra, que buscam manter o caráter original do material. Para os retângulos translúcidos, o material definido foi o policarbonato colorido.

Fonte: Universidad Siglo 21, Cordoba, Argentina

Fonte: Manchester Piccadilly Car Park, Manchester, UK

Fonte: Accessible Ribadeo, Ourense, Espanha

Fonte: Manchester Piccadilly Car Park, Manchester, UK

49


cobogós da ufba

Laje de concreto Armado 0

Placa Cerâmica Cor M15

Placa Policarbonato

Placa Cerâmica Cor M09

1m

5m

Perfil de fixação vertical

Vazio Placas cerâmicas

Perfil de fixação horizontal Placa Cerâmica Perfil de fixação vertical

Guarda corpo

Chapa de fixação na treliça Treliça parede Sugestão de Placa Cerâmica ULMA Vanguard 50

Treliça Parede 0

10 20 30 40 50cm

0

0,50m

1m


FACHADA NORTE

0

1m

5m

10m

Shaft

Shaft

instalações Shaft

Contâiner

Subestação Calhas Elétricas

O esquema mostra um pouco de como se resolvem as instalações nos dois níveis principais do edifício (aqueles com mais necessidade de energia, internet, exaustão). Da subestação (em verde) saem as instalações elétricas, se utilizando de dois shafts para ir ao andar superior - um ao lado da sala da fresadora e outro na atrás do elevador. Em marrom, um esquema de exaustão, que atende ao nível superior através de um terceiro shaft no depósito de materiais e leva os resíduos de pó para um contâiner externo.

Exaustão 51


referências bibliográficas NASCIMENTO, Amanda Campos; SILVOSO, Marcos Martinez; GONÇALVES, Jardel Pereira, O Canteiro experimental como estratégia de ensino de estruturas. Ouro Preto, 2017. RONCONI, Reginaldo. O Canteiro Experimental: 10 anos na FAUUSP. São Paulo: FAUUSP, 2018. LOPES, João Marcos de Almeida, Quando menos não é mais: tectônica e o ensino tecnológico da Arquitetura e do Urbanismo. São Paulo, 2014. EYCHENNE, Fabien e NEVES, Heloisa. Fab Lab: A Vanguarda da Nova Revolução Industrial. São Paulo: Editorial Fab Lab Brasil, 2013. LYNCH, Patrick. What Should Architecture Schools Teach Us? 2015. Disponível em: <https://www.archdaily.com/778846/what-should-architecture-schools-teachus-archdaily-readers-respond>. Acesso em: 14 fev. 2017. WOZNIAK, Michaela. How to Improve Architectural Education: Learning (and Unlearning) From the Beaux Arts Method. 2016. Disponível em: <https://www. archdaily.com/785820/how-to-improve-architectural-education-learning-and-unlearning-from-the-beaux-arts-method>. Acessado em: 14 fev. 2017. ABNT, NBR 5626: Instalação Predial de Água Fria. Rio de Janeiro, 1998. ABNT, NBR 9077: Saídas de Emergência em Edifícios. Rio de Janeiro, 2001. ABNT, NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. Sabesp, NTS 181: Dimensionamento do ramal predial de água, cavalete e hidrômetro - Primeira ligação. São Paulo, 2012.

52


53



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