Uma História Meio Que Engraçada - Ned Vizzini

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– Teimoso que nem o pai. Sim, doutor? – Bem, a próxima questão é para o Craig. Craig, você gostaria de ficar internado? Internado. Isso provavelmente significa ir para a sala especial onde vou conversar com o doutor Mahmoud. Uma visita rápida e depois vou embora. Vai me dar a sensação de que consegui alguma coisa, que não fiquei apenas aqui largado na sala de emergência. – Sim – digo. – Boa decisão – diz a Mãe. – Senhora Gilner, precisa assinar aqui no lugar do Craig, para esse tipo de decisão – diz o médico. Ele gira a prancheta, que até então tinha ficado segurando na minha frente, e passa pra ela. Tem uma quantidade terrível de letrinhas miúdas na parte de cima da página e na parte de baixo, mais ainda; no meio, uma espécie de linha imaginária marca onde você deve assinar. – Só tem uma coisa – diz o médico. – Neste exato momento o hospital está passando por uma reforma e estamos com muito pouco espaço, por isso seu filho será internado junto com os adultos. – Desculpa, não entendi. – Ele será internado junto com nossos pacientes adultos, e não na ala só de adolescentes. Ah, então vou ficar esperando junto com os idosos para ver o doutor Mahmoud? – Isso não é problema – digo. – Muito bom. – O médico sorri. – Ele vai estar seguro? – pergunta a Mãe. – Perfeitamente. Nós temos o melhor serviço médico do Brooklyn aqui, senhora Gilner. As reformas são só uma condição temporária. – Certo. Craig, tudo bem pra você? – Claro, sem problemas. A Mãe coloca na folha a sua assinatura indecifrável, cheia de curvinhas. – Ótimo. Vamos deixar tudo pronto para você, Craig – diz o doutor Mahmoud. – Você vai se sentir bem melhor. – Tá bom. – Eu aperto a mão dele. O médico se vira e vai embora, um grande terno cumprimentando pacientes à esquerda e à direita na sala de emergência. A enfermeira coloca a mão no ombro da Mãe. – Desculpe, a senhora realmente precisa sair com o cachorro. – Posso dar uma sacola de roupas pro meu filho? – Mas pra que eu vou precisar de roupa? – pergunto. Olho na sacola: tem não só roupas, aliás, as roupas que eu mais odeio, mas também o Jordan, sentado em cima delas. – Se quiser trazer coisas pra ele, pode deixar mais tarde no hospital – responde a enfermeira. – Onde é que ele vai ficar? – pergunta a Mãe, como se eu não estivesse ali. – Na Seis Norte – responde a enfermeira. – É só perguntar por ele. Vamos. – Eu te amo, Craig. – Tchau, Mãe. Um abraço rápido, e ela toma o seu rumo – Chris observa, com as mãos nos quadris. Estou realmente curioso em relação à sua eficiência como segurança de hospital. – O que é a Seis Norte? – pergunto pra ele. – Ah... hmm... a gente não tem permissão pra ficar conversando – diz ele e volta a sentar com seu jornal. Olho pela porta pra ver se consigo ler alguma notícia, mas é tudo a mesma coisa de sempre. Sabe, esse é um lugar chato de ficar. Adoraria não estar deprimido pra não ter que ficar aqui.


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