Entrelinhas 02 - Onde Está Você - Tammara Webber

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Hoje à noite, vou sair e me acabar com o John e, amanhã à noite, com o Quinton. Em algum momento da próxima semana, vou me livrar do Lotus, comprar um Porsche novo e espremer uma reunião com meu relações-públicas e meu empresário entre ressacas e obrigações sociais. E, antes de começar a filmar no outono, Tadd e eu vamos nos deixar levar num tour exaustivo pelas boates de Chicago. — Não, eu não acredito nisso. É claro que existe algo mais do que você sabe, também. Eu me jogo na ponta da cama e esfrego a palma da mão na coxa, como se tirasse uma mancha. — Bom. Não conta pra ninguém. Tenho uma reputação pra manter, sabe? Ela ri com leveza, e eu a imagino revirando os olhos e sorrindo devagar. — É aqui que eu digo, de brincadeira, que você não tem jeito. Mas você tem. — Sua voz fica travada, e minha mão forma um punho sobre a minha perna. — Espero que você esteja feliz, Emma. Que ele seja bom pra você. — Minha voz está rouca, repleta de emoções conflitantes, mas não me importo se ela perceber. — Estou. — Ela suspira. — E ele é. — Ah, lá está aquele traço de satisfação em sua voz de novo. Um pouco de tortura que ela não sabe que está infligindo. — Que bom — murmuro, preso em algum lugar entre ser verdade e não ser. — O que eu disse sobre voltar, se você precisar... isso não expirou na noite passada. — Assim como Brooke estava certa de que era a pessoa certa para Graham, estou mais do que convencido de que não sou a pessoa certa para Emma. Mas essa consciência não me impediria de pegá-la, se ela aparecesse na minha porta. Não sou tão nobre quanto ela pensa. — Tchau, Emma. — Tchau, Reid.

*** — E aí? — John atende quando ligo para o seu celular. — Não vai rolar. E não quero falar nisso. — Ainda não são nem cinco da tarde, e já bebi um Jack Daniels com Coca-Cola. Talvez exista um lugar de reabilitação de luxo com opção para mãe e filho. Mas a reabilitação nunca funcionaria; eu teria que parar de beber de verdade enquanto estivesse lá. — Beleza, cara. Sem problemas. E o Porsche? Você ainda vai trocar de carro? — Com certeza. Assim que possível. — Meu pai já sacou o dinheiro de um dos meus investimentos; está parado na minha conta. Tudo que tenho que fazer é escolher um carro. — Relaxa, cara. A gente vai sair hoje à noite. Hora de voltar pra sua vida sem sentido e cheia de prazer. — Isso resume bem. De volta às boates, às festas, às transas sem compromisso. Carro novo. Projeto novo para ensaiar no verão e gravar no outono. — Isso é tudo que existe: uma vida sem sentido e voltada para o prazer? Ele suspira. — Que merda, Reid. Não sei. Se você tiver sorte. É isso ou aspirar a ser um babaca tipo Lorde das Trevas como o meu pai, com uma esposa-troféu chata-pra-caralho como a Elise, que não faz nada além de malhar, fazer plástica e trepar com o meu pai. Eu me mataria, se fosse ela. Meus pais: meu pai trabalha, minha mãe bebe. Além disso, o que mais? Acho que não sou nada parecido com eles — como se minha carreira de celebridade tornasse minha existência mais significativa,


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