CIDADE DOM BOSCO 50° Anniversario - 2011

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Desde o início, conforme explica Lindivalda, hoje integrante da Assistência Social, setor que coordena a execução do programa em Corumbá, padre Ernesto tirava fotos das crianças necessitadas e mostrava-as às pessoas que encontrava nos países europeus, a quem pedia ajuda financeira. “Eles nos escolhiam pelas fotos e passavam a mandar recursos regularmente. E nós, quando ganhávamos madrinhas, passávamos a escrever cartinhas contanto sobre nossa vida. Os recursos enviados nos eram repassados como alimento, roupas, material escolar e presentes no aniversário e no natal”, conta, destacando que tudo o que era pedido em troca era a dedicação aos estudos.

O alívio certo, na dose e na hora exatas

No topo, campanha do Programa de Adoção à Distância na Itália, com o nome de La Cidade Bambini di Padre Ernesto Sassida (A Cidade dos Meninos); abaixo, alunos de Dornberk, na Eslovênia, ajudam a divulgar o programa

Ainda hoje, tantos anos passados, as adoções por madrinhas e padrinhos continuam sendo a base do trabalho da Cidade Dom Bosco, da qual mais de 1 mil crianças e adolescentes pobres tiram a condição de estudar e têm alegrias que não teriam de outra forma. Uma delas é Suellen Moreno de Lima, 17 anos e aluna do 9º ano na Escola Dom Bosco, onde sempre estudou. “Desde a primeira vez que vim para a escola a cavalo, juntamente com meus três irmãos, o padre Ernesto tirou foto de nós quatro e arrumou madrinhas para todos nós na Itália. Elas nos ajudam com material escolar, alimentação,

vale-transporte, remédios e consultas médicas. Graças a essa ajuda, também consegui estudar no Centro Profissional”, conta a estudante. Para muitos que já deixaram o programa, os reflexos perduram e a expressão de gratidão muitas vezes não encontra parâmetros, como é o caso da lavadeira e ex-afilhada Cassiana Ferreira Mendes, 45 anos. Ela conta que tudo começou quando o padre um dia visitou sua casa, quando tinha ainda dois anos, e a encontrou juntamente com a mãe, viúva e epiléptica, a irmã mais velha e a avó, alcoólatra. “Ele levou a única foto minha que minha mãe tinha, por meio da qual a minha madrinha me escolheu assim que a viu. Ela me ajudou muito financeiramente, e ainda mais com amor e carinho. Por isso, amo-a como à minha própria mãe, um amor tão grande que chega a doer o meu coração de saudade”, emociona-se. Do outro lado do Oceano Atlântico, as histórias de amor e dedicação são igualmente carregadas de significado, como descreve a madrinha Jolanda Ruggeri, (de Gênova-Itália), em carta ao padre: “Hoje recebi a agradável cartinha do Silas (Conceição Rodrigues, hoje com 15 anos), com lindas e carinhosas palavras. Lendo-as, revivi em parte a sua vida tão empenhada e cheia de amor e coragem por essas crianças e suas famílias. Agradeço por ter-me dado a oportunidade de ajudá-lo e o faço de todo o coração”, diz, enquanto a madrinha Anna Sorentino, de Veneza, na Itália, acrescenta: “Acabo de receber uma carta do Antonio (Santana de Oliveira, hoje com 20 anos), que precisa de mim. Ele será agora o meu afilhado e receberá todo o meu empenho e compromisso de amor”. Enquanto de lá as madrinhas expressam todo amor e satisfação em contribuir com o futuro das crianças, em Corumbá predomina o reconhe-

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Cidade Dom Bosco – 50 anos

cimento das mães ao valor da ajuda financeira e afetiva aos filhos. “Não tínhamos condições de tratar da nossa filha, Roseane do Nascimento Maciel, que sofre de anemia falciforme. Foi então que apareceu a Cidade Dom Bosco e deu a ela uma madrinha”, conta a dona de casa Rosa do Nascimento, 44 anos. “A Cidade Dom Bosco nos ajudou muito na luta contra o câncer, buscando recursos para que fizéssemos o tratamento de nossa filha”, acrescenta a também dona de casa Luzinete Benedita da Silva, 50 anos, mãe de Valdilene Maria da Silva, portadora de leucemia.


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