Poemas e antipoemas

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Minha poesia pode perfeitamente não conduzir a nenhuma parte “Os risos deste livro são falsos”, argumentarão meus detratores “Suas lágrimas, artificiais!” “Em vez de suspirar, nessas páginas se boceja!” “Esperneia-se como uma criança de colo” “O autor se faz entender aos espirros” Conforme: convido todos a se lançarem com tudo, Como os fenícios, pretendo formar meu próprio alfabeto. “Para que incomodar o público então?”, perguntarão os amigos leitores: “Se o próprio autor começa a desprestigiar seus escritos, O que se poderá esperar deles?” Cuidado, eu não desprestigio nada Ou, melhor dizendo, eu exalto meu ponto de vista Me vanglorio de minhas limitações Exalto minhas criações. Os pássaros de Aristófanes Enterravam em suas próprias cabeças Os cadáveres de seus pais. (Cada pássaro era um cemitério ambulante) Ao meu modo de ver É chegada a hora de modernizar essa cerimônia E eu enterro minhas penas na cabeça dos senhores leitores!

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