Peixes de Águas Interiores

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Neste processo, alterações nos ecossistemas aquáticos continentais mostram-se particularmente conspícuos. Considerando apenas este século, verifica-se que grandes processos de dragagem e retificações foram desenvolvidos nas baixadas fluminenses, englobando área que GOES (1934), com todo o ufanismo que caracterizou este período, ressaltou ser equivalente a distância entre Washington e São Francisco (Figura 125).

Fonte: GÓES (1934)

Figura 125 - Áreas de concentração dos esforços de "saneamento das baixadas fluminenses" e uma comparação quanto a área na qual os rios foram "desobstruídos" Barragens foram implantadas em diversos cursos de água, enquanto o desmatamento reduziu a cobertura de florestas ombrófilas e estacionais a menos de 20,24% da área do Estado (CIDE, 1997). Alteração física e química na qualidade das águas, introdução de espécies exóticas e de perda de habitats encontram-se bem documentados (e.g., AMADOR, 1997; BIZERRIL et al., 1998; BIZERRIL & LIMA, no prelo). Neste processo, perdas bióticas são eventos de ocorrência esperada. Como mencionado por LIMA & CASTRO (2000), MAGALHÃES (1931), profeticamente previa o progressivo desaparecimento de Brycon do Rio Paraíba do Sul dada a combinação de desmatamentos, lançamentos de efluentes e sobre-pesca. Uma ferramenta que permite aproximação do estado de comprometimento da biota de determinada região é a lista oficial de espécies locais ameaçadas de extinção. Este instrumento indica, mediante critérios preestabelecidos, quais grupos bióticos encontramse em perigo, vulneráveis ou criticamente ameaçados, bem como aqueles extintos ou provavelmente extintos. Existem diversas limitações quanto ao emprego das listas (como será discutido) contudo, estes instrumentos servem como uma base, de caráter oficial, para uma primeira discussão acerca das magnitudes e tendências dos processos impactantes estabelecidos em determinadas unidades geográficas. A primeira lista oficial de espécies ameaçadas de extinção do Brasil (IBDF, 1973) não continha nenhuma espécie de peixe na relação apresentada, enquanto listagens internacionais de animais ameaçados (MILLER, 1977; IUCN, 1988, 1990) incluíram 9 espécies de peixes de água doce. O IBAMA (1992) publicou portaria regulamentando a captura e comercialização de peixes ornamentais de água doce, permitidas exclusivamente para as 177 espécies que constam na portaria. ROSA & MENEZES (1996) apresentaram relação preliminar de peixes ameaçadas no Brasil.

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