TCC arqurbuvv Arquitetura com alternativas projetuais para edificação litorânea em Guarapari, ES.

Page 1

UNIVERSIDADE VILA VELHA - UVV

ARQUITETURA COM ALTERNATIVAS PROJETUAIS PARA EDIFICAÇÃO LITORÂNEA EM GUARAPARI, ES

JOÃO VICTOR HENRIQUES COTTA VILA VELHA 2020


JOÃO VICTOR HENRIQUES COTTA

ARQUITETURA COM ALTERNATIVAS PROJETUAIS PARA EDIFICAÇÃO LITORÂNEA EM GUARAPARI, ES

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, apresentado à Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Professor orientador: Prof. Me. Geraldo Benicio da Fonseca.

VILA VELHA 2020


JOÃO VICTOR HENRIQUES COTTA

ARQUITETURA COM ALTERNATIVAS PROJETUAIS PARA EDIFICAÇÃO LITORÂNEA EM GUARAPARI, ES

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau em Arquitetura e Urbanismo.

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________

Geraldo Benicio da Fonseca Universidade Vila Velha Orientador

___________________________________

Augusto Cesar Gomes Braga Universidade Vila Velha Avaliador

___________________________________

Julia Da Ros Carvalho Universidade Vila Velha Avaliadora


Primeiramente a Deus; Aos meus pais, Marcia e Geraldo; A minha namorada.


AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me concedido a oportunidade de cursar uma graduação, por sempre ter atendido as minhas preces e sempre ter caminhado comigo ao longo destes cincos anos de curso, apoiando minhas decisões, me protegendo e cuidando para que eu pudesse chegar até esta etapa final do curso. A minha mãe Marcia Henriques Motta por nunca ter me deixado pensar em desistir dos meus sonhos e por ter apoiado quando tomei a decisão de cursar Arquitetura e Urbanismo. Ao meu pai Geraldo Henriques Cotta que apesar de ver toda dificuldade de custo em cursar uma graduação em uma cidade vizinha nunca deixou faltar qualquer recurso necessário, me fazendo sempre querer vencer os obstáculos do curso. A minha namorada Hellena Maia Manfredo por partilhar de inúmeras madrugadas viradas em chamada de voz, buscando sempre me acalmar e apoiar em meio aos momentos de desespero. A toda minha família por sempre estar ao meu lado nos momentos fáceis e difíceis, sempre me proporcionando o suporte necessário para crescer, portanto, contribuindo para realização deste sonho. Agradeço muitíssimo aos professores Geraldo Benicio da Fonseca (orientador) e Ana Diuzeide Santos Souza por toda paciência e conteúdo transmitidos para realização deste trabalho.


RESUMO

Os efeitos causados às edificações pelo ambiente litorâneo prejudicam e reduzem o tempo de vida das mesmas. Um dos componentes que caracteriza este ambiente é a névoa salina (maresia), que proporciona a degradação prematura das estruturas por meio da alta umidade e presença de sais em sua composição, o que exige maior planejamento das edificações nessas localidades. Neste cenário, surge a necessidade de estudar a durabilidade das edificações, abordando as etapas de projeto responsáveis pelo surgimento dos problemas de degradação, a importância do investimento nas etapas iniciais de criação do projeto, e como ela reduz futuros gastos, e os períodos de manutenção, para que assim possa ser evitada a concepção de edificações que já nasceriam com seu desempenho comprometido. Para preservação dessas edificações são apresentados dois sistemas estruturantes, suas vantagens e desvantagens, assim como sua degradação e o uso de alternativas preventivas contra a maresia. Com a finalidade de tolerar a agressividade ambiental, deve-se investir em elementos com maior durabilidade na composição da edificação, e em sua proteção estrutural. A importância do planejamento vai desde a fase projetual até a escolha dos materiais, uma vez que a estrutura da edificação e seus elementos perdem qualidade com o tempo. Portanto, este trabalho tem como objetivo desenvolver um estudo preliminar de um projeto arquitetônico de uma edificação de uso residencial unifamiliar que apresente arquitetura litorânea associada ao uso de alternativas que minimizem os impactos causados pela névoa salina, ampliando o tempo de vida útil da edificação.

Palavras-chave: Ambiente litorâneo. Névoa salina. Edificações litorâneas.


ABSTRACT

The effects caused to buildings by the coastal environment impair and reduce their life span. One of the components that characterizes this environment is the salt mist (salt air), which provides premature degradation of structures through high humidity and the presence of salts in their composition, which requires greater planning of buildings in these locations. In this scenario, there is a need to study the durability of buildings, addressing the design stages responsible for the emergence of degradation problems, the importance of investment in the initial stages of project creation, and how it reduces future expenses, and maintenance periods , so that the conception of buildings that would be born with their compromised performance can be avoided. To preserve these buildings, two structuring systems are presented, their advantages and disadvantages, as well as their degradation and the use of preventive alternatives against the salt air. In order to tolerate environmental aggressiveness, one must invest in elements with greater durability in the composition of the building, and in its structural protection. The importance of planning goes from the design phase to the choice of materials, since the building structure and its elements lose quality over time. Therefore, this work aims to develop a preliminary study of an architectural project for a single-family residential building that presents coastal architecture associated with the use of alternatives that minimize the impacts caused by salt spray, extending the life span of the building.

Keywords: Coastal environment. Salt mist. Coastal buildings.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Número de habitantes em zonas costeiras conforme quantidade populacional dos municípios - Brasil – 2010. ............................................................ 15 Figura 2: Rebentação das ondas contra a costa. ...................................................... 19 Figura 3: Classes de agressividade ambiental (CAA). ............................................. 21 Figura 4: Fenômeno da névoa salina (maresia). ....................................................... 22 Figura 5: Ciclo de vida das edificações. .................................................................... 24 Figura 6: Ligações de uma edificação com estrutura de madeira. ............................ 31 Figura 7: Aplicação do verniz. ................................................................................... 33 Figura 8: Diferença de conceito entre verniz e stain. ................................................ 34 Figura 9: a) Lixiviação decorrente do processo de degradação. b) Corrosão de armadura. .................................................................................................................. 36 Figura 10: Edificação sobre pilotis ............................................................................. 44 Figura 11: Mapa de localização do terreno. .............................................................. 47 Figura 12: Hotel Porto do Sol, vista do terreno.......................................................... 48 Figura 13: Estátua de São Pedro, vista do terreno. ................................................... 48 Figura 14: Localização da edificação existente. ........................................................ 49 Figura 15: Localização dos escombros existentes. ................................................... 50 Figura 16: Localização da edificação existente e escombros, vista da rua. .............. 50 Figura 17: Fenômeno de ressaca do mar atingindo a varanda da edificação existente. ................................................................................................................... 51 Figura 18: Mar de ressaca, vista da varanda da edificação existente. ...................... 51 Figura 19: Costões rochosos suscetíveis a processo de erosão............................... 52 Figura 20: Desnível do terreno em relação ao nível da rua. ...................................... 53 Figura 21:Corte esquemático do terreno. .................................................................. 53 Figura 22: Mapa físico ambiental. ............................................................................. 54 Figura 23: Faixa de areia........................................................................................... 55 Figura 24: Acesso ao nível da rua/garagem. ............................................................. 56 Figura 25: Escadaria que corta o terreno até a edificação existente. ........................ 56 Figura 26: Área de acesso aos costões rochosos. .................................................... 57 Figura 27: Acesso localizado próximo ao nível do mar. ............................................ 57


Figura 28: Costões Rochosos. .................................................................................. 58 Figura 29: Restaurante Katakas. ............................................................................... 59 Figura 30: Pousada Blue Marina. .............................................................................. 59 Figura 31: Mapa de gabarito das edificações do entorno. ......................................... 60 Figura 32: Alternativas pavimento subsolo dois. ....................................................... 63 Figura 33: Alternativas pavimento subsolo um. ......................................................... 64 Figura 34: Alternativas pavimento térreo. .................................................................. 64 Figura 35: Moodboard. .............................................................................................. 68 Figura 36: Setorização pavimento térreo. ................................................................. 69 Figura 37: Setorização pavimento subsolo um.......................................................... 70 Figura 38: Setorização pavimento subsolo dois. ....................................................... 71 Figura 39: Entrada ao nível da rua, vista muro.......................................................... 72 Figura 40: Entrada principal e garagem. ................................................................... 72 Figura 41: Vista sala de estar com varanda. ............................................................. 73 Figura 42: Vista sala de estar e átrio com parede verde. .......................................... 73 Figura 43: Vista cozinha e sala de jantar. ................................................................. 74 Figura 44: Vista Sala de jantar. ................................................................................. 74 Figura 45: Vista suíte master com varanda. .............................................................. 75 Figura 46: Vista pátio externo.................................................................................... 75 Figura 47: Vista varanda. .......................................................................................... 76 Figura 48: Fachada frontal vista dos costões rochosos. ........................................... 76

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Alternativas para prevenção de danos causados pelo ambiente litorâneo a partir do uso de produtos........................................................................................... 40 Quadro 2: Elementos indicados para o ambiente litorâneo a partir de sua materialidade. ............................................................................................................ 42 Quadro 3: Índices Urbanísticos para a zona ZUR_02/01. ......................................... 61 Quadro 4: Alternativas a serem utilizadas na edificação. .......................................... 62 Quadro 5: Programa de necessidades, edificação unifamiliar................................... 66


LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Desempenho ao longo do tempo. ............................................................. 23 Gráfico 2: Origem dos problemas patológicos........................................................... 26 Gráfico 3: Representação da evolução dos custos em função da fase da vida da estrutura em que a intervenção é feita. ..................................................................... 28

LISTA DE ABREVIAÇÕES

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas CIRM – Comissão Interministerial para os Recursos do Mar VUP – Vida útil de projeto BIM – Building Information Modeling – Modelagem de Informações da Construção IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia NBR – Norma Técnica ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas PDM – Plano Diretor Municipal CP III – Cimento Portland de alto forno SPU – Secretaria de Patrimônio da União


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14 1.1.

OBJETIVOS ................................................................................................. 16

1.1.1.

OBJETIVO GERAL ................................................................................ 16

1.1.2.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 16

1.2.

METODOLOGIA .......................................................................................... 17

2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 19 2.1.

EFEITOS DA NÉVOA SALINA (MARESIA) NAS EDIFICAÇÕES

LITORÂNEAS ........................................................................................................ 19 2.1.1 DURABILIDADE DAS EDIFICAÇÕES LITORÂNEAS ............................... 22 2.2.

INFLUÊNCIA DA FASE PROJETUAL.......................................................... 25

2.2.1. 2.3.

MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES ................... 27

ESTRUTURAS DE MADEIRA ...................................................................... 29

2.3.1.

VERNIZ ................................................................................................. 32

2.3.2.

STAIN .................................................................................................... 34

2.3 ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO ..................................................... 34 2.3.1 ADITIVOS .................................................................................................. 37 3. AÇÕES MITIGADORAS DA AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE LITORÂNEO (NÉVOA SALINA)...................................................................................................... 39 3.1.

ALTERNATIVAS E RECOMENDAÇÕES PARA PRESERVAÇÃO E

PREVENÇÃO DE PROBLEMAS ........................................................................... 39 4. O PROJETO ....................................................................................................... 47 4.1.

DIAGNÓSTICO DO SÍTIO ........................................................................... 47

4.2.

CONTEXTO FÍSICO E AMBIENTAL ............................................................ 52

4.3.

CONTEXTO SOCIAL E ECONÔMICO ........................................................ 58

4.4.

CONTEXTO JURÍDICO E LEGAL ............................................................... 60

4.5.

DIRETRIZES PROJETUAIS ........................................................................ 62


4.6.

PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................. 65

4.7.

CONCEITO E PARTIDO .............................................................................. 66

4.8.

SETORIZAÇÃO ........................................................................................... 69

4.9.

PROPOSTA ................................................................................................. 71

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 78 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 80 7. APÊNDICE ............................................................................................................ 81


CAPÍTULO 01: INTRODUÇÃO

13


1. INTRODUÇÃO No Brasil, em sua ocupação territorial histórica, tivemos um grande desenvolvimento dos assentamentos litorâneos, adventos da colonização europeia. Devido a isto, estes espaços territoriais localizados no litoral, e que possuíam função de entrepostos, logo receberam o status de cidades. Estes entrepostos armazenavam a produção agrícola para exportação pelo oceano Atlântico e realizavam mercados de distribuição dos produtos manufaturados. A cultura da cana-de-açúcar, juntamente com a implantação dos engenhos foram fatores que contribuíram para o crescimento econômico regional, de forma que quanto maior a proximidade dessas atividades com o litoral, mais fácil era realizado o transporte dos produtos e menor eram os gastos (ATLAS..., 2011). De acordo com o Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil (2011), a atual centralidade econômica das áreas litorâneas é considerada uma das consequências do processo histórico de desenvolvimento das atividades econômicas: o perfil extrativista e de produção agropecuária, associado à precariedade de outros modais de transporte, levou à predominância da navegação comercial, com o subsequente fortalecimento dos estabelecimentos urbanos situados junto aos portos naturais. Segundo Decicino (2013) a linha costeira brasileira possui 7.367 km, o que categoriza 32% de toda extensão fronteiriça do país, e este fato provavelmente contribui para que estas sejam regiões convenientes ao desenvolvimento econômico. O desenvolvimento destas regiões à beira-mar favoreceu também seu aumento demográfico, característica até hoje vista no país. Segundo os dados levantados no Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil (2011), divulgados pelo IBGE em parceria com CIRM, observa-se a relação entre a quantidade populacional dos municípios brasileiros. De acordo com a figura 1, inserida abaixo, é possível observar o número de habitantes total dos municípios, identificados em azul, e também o número de habitantes localizados em zonas costeiras, identificados em laranja, com objetivo de comparar a quantidade populacional dos municípios no Brasil. É possível analisar um comparativo entre o número total de habitantes e o número de habitantes residentes em zona costeiras de municípios de vinte mil habitantes até um milhão, estes município estão definidos pela linha horizontal do gráfico desta figura 14


um. A partir desta imagem, pode-se concluir que o número de habitantes localizados em zonas costeiras, quando somados, chegam a representar mais de um quarto da população brasileira, somando mais de cinquenta milhões de pessoas vivendo nos municípios da zona costeira brasileira.

Figura 1: Número de habitantes em zonas costeiras conforme quantidade populacional dos municípios - Brasil – 2010.

Fonte: Atlas Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas do Brasil, 2011.

Entende-se que devido ao aumento do número de pessoas há também um aumento do número de edificações nas áreas litorâneas: “os 463 municípios da zona costeira possuem 17,4 milhões de domicílios, dos quais 9,2% são de uso ocasional [...]. Esse percentual nos outros municípios é de apenas 4,6% (IBGE, 2011)”. Este crescimento torna mais relevante a preocupação com a vida útil das edificações, uma vez que estas, ao se tornarem mais numerosas, acabam duplamente expostas: à agressividade da névoa salina, soma-se a brutalidade atmosférica do meio urbano. De acordo com estudos realizados pela Câmara de Inspeção Predial do IBAPE/SP, cerca de 66% das possíveis causas de acidentes em edificações com mais de dez anos se vinculam à falta de manutenção, perda precoce de desempenho e deterioração intensa (XV COBREAP, 2009). A realização de investimentos em 15


planejamento, manutenções e reparo de construções em atmosfera marinha é, portanto, uma necessidade. Quando não tomados os devidos cuidados e medidas de prevenção, a maresia afeta a durabilidade e o tempo de vida das estruturas. Um dos fatores que contribui para o crescente número de construções que apresentam características de deterioração é a exposição às ações do meio ambiente. Observa que, no Brasil, a manifestação patológica que mais preocupa é a corrosão de armaduras, pelo fato de as principais cidades estarem localizadas em regiões costeiras, onde existe uma quantidade muito grande de íons cloreto provenientes do mar. E mesmo outras cidades mais afastadas da costa, que tenham um alto índice de poluição, oferecem ambientes agressivos (CASCUDO, 1997, p. 6 apud MARQUES, 2015 p. 11).

Perante este contexto, é indispensável o cuidado com a durabilidade das edificações localizadas nestas regiões, analisando os mecanismos de deterioração provocados pela névoa salina, levando em conta fatores como manutenções e reparos e a devida escolha dos elementos e alternativas de projeto para construções em ambientes litorâneos. Portanto, este trabalho tem como desafio desenvolver um estudo preliminar de projeto arquitetônico de uma edificação unifamiliar, localizada de frente para o mar na área urbana do Município de Guarapari – ES. O projeto tem como proposta utilizar o sistema construtivo de concreto armado, usando alternativas que proporcionem o aumento do tempo de vida útil da edificação, minimizando as interferências causadas pela névoa salina. Pretende-se assim conceber de um projeto que obedeça aos cumprimentos da legislação, que garanta maior conforto e segurança. 1.1.

OBJETIVOS

Os objetivos estão divididos em geral e específico. 1.1.1. OBJETIVO GERAL Apresentar um projeto de edificação unifamiliar litorânea que utilize o sistema construtivo de concreto armado, associado a alternativas que prolonguem o tempo de vida útil da edificação, a fim de minimizar os impactos ocasionados pela névoa salina. 1.1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS •

Verificar as condições necessárias para maior durabilidade de construções em

regiões litorâneas; 16


Identificar alternativas de preservação e prevenção para construções de

edificações litorâneas; •

Averiguar alternativas que contribuam para aumento do tempo de vida útil da

edificação. •

Elaborar um projeto arquitetônico de habitação unifamiliar utilizando recursos

arquitetônicos que atendam às implicações geradas pela névoa salina. 1.2.

METODOLOGIA

Buscando prolongar o tempo de vida útil das construções em ambiente litorâneo, a metodologia neste trabalho está apoiada em artigos, livros, revistas e sites que abordam conteúdos relevantes ao tema. A primeira etapa do trabalho constituiu um estudo a fim de reunir qualquer informação pertinente ao tema, desde a durabilidade das edificações, até implicações da névoa salina nas edificações. Posteriormente a pesquisa possibilitou a concretização das informações acerca da influência da névoa salina, sendo ela um dos elementos que compõem o ambiente marinho. Logo após, foi proposta uma análise geral do conceito de durabilidade, voltado para as estruturas, relatando os fatores que amparam o conceito de vida útil das edificações. Esta análise buscou evidenciar quais cuidados podem ser tomados para prolongar o tempo de vida útil das construções como a realização das manutenções periódicas. Em seguida, foi proposta uma análise geral sobre as edificações de concreto armado e estruturas de madeira. O estudo buscou revelar as vantagens e desvantagens e apresentar algumas alternativas que podem ser utilizadas a fim de contribuir para proteção estrutural. Para este, foram apresentados os possíveis danos às estruturas abordadas, relatando brevemente os diferentes meios de degradação de cada material. Por fim, aborda-se alternativas mais adequadas para construção em regiões afetadas pela névoa salina, e é feito o desenvolvimento de um projeto arquitetônico adequado ao ambiente marinho, que tire partido das principais alternativas minimizadoras dos danos causados pela névoa salina estudadas.

17


CAPÍTULO 02: REFERENCIAL TEÓRICO

18


2. REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo apresenta os efeitos ocasionados pela névoa salina nas edificações litorâneas, define o conceito de “Vida Útil” das edificações e segue dissertando sobre como a fase projetual influencia no desempenho da edificação uma vez que grande parte da origem dos problemas patológicos ocorre nela. Por fim, aborda-se a falta de manutenção e conservação presente das estruturas brasileiras, sistemas estruturais e métodos para preservá-los, e instrui a escolha de materiais e elementos que podem ser utilizados com eficiência na concepção de uma edificação no litoral.

2.1.

EFEITOS DA NÉVOA SALINA (MARESIA) NAS EDIFICAÇÕES LITORÂNEAS

A névoa salina (maresia) é criada a partir do movimento das ondas, que quando rebentam sobre a linha da costa, lançam gotículas de água do mar para o ar (fig. 2). Dessa forma as gotículas, por sua vez, são transportadas com a ajuda dos ventos até o continente (SERRA, 2012).

Figura 2: Rebentação das ondas contra a costa.

Fonte: Google, 2020.

Segundo Serra (2012), a quantidade de sal presente na atmosfera litorânea é influenciada por fatores como os ventos e a evaporação. Conforme Miranda (2018), 19


apesar de necessária uma análise mais elaborada, a influência da névoa salina é usualmente considerada em até 5 km de distância do mar, porém, este alcance varia conforme a localização e as condições geográficas particulares. Quando se lida com estruturas de concreto armado, a hostilidade do ambiente marinho pode ser ligada a duas questões: uma quanto à ação agressiva dos sais; e outra gerada pela alta umidade no ambiente e a presença de íons cloreto (SILVA, 2017). Lima e Morelli (2004) ressaltam que os estudos sobre as estruturas de concreto localizadas em atmosfera marinha confirmam que a durabilidade das estruturas se relaciona com temas como a corrosão de armaduras ou ataques por sulfatos. Os autores ainda completam afirmando que este tema é um dos mais preocupantes para edificação, tanto do ponto de vista estrutural como do econômico. Portanto, a exposição das estruturas à maresia mostra-se perigosa, uma vez que a presença de sais em sua composição contribui para o ataque às estruturas das edificações, podendo comprometer sua integridade estrutural. Já do ponto de vista técnico, no caso das estruturas de concreto, a norma técnica (NBR 6118) mostra no item 6.4.1: “A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que atuam sobre as estruturas de concreto[...]” (ABNT, 2014, p. 16). A norma ainda cita, no item 6.4.2, que a agressividade ambiental pode ser avaliada conforme as condições de exposição da estrutura ou de suas partes, e que pode ser classificada de fraca a muito forte, conforme a figura 3.

20


Figura 3: Classes de agressividade ambiental (CAA).

Fonte: NBR 6118, 2014.

Assim, o ambiente marinho é considerado como de agressividade ambiental “forte” apresentando um risco de deterioração da estrutura “grande”. A zona de respingos de maré, onde geralmente ocorre arrebentação, está exposta diretamente à névoa salina, apresentando segundo esta norma, classe de agressividade ambiental “muito forte” e risco de deterioração “elevado”. A figura 4 mostra um píer recebendo influência da maresia e localizado em uma área de respingos de maré.

21


Figura 4: Fenômeno da névoa salina (maresia).

Fonte: Google, 2020.

2.1.1 DURABILIDADE DAS EDIFICAÇÕES LITORÂNEAS Do mesmo modo que qualquer outro produto, toda edificação possui uma vida útil, ou seja, um prazo de validez. Segundo a NBR 15575-1 (ABNT, 2013), o conceito de durabilidade está relacionado com a capacidade da edificação e de seus sistemas de realizar suas funções, submetido aos serviços de uso e manutenção específicos. Já a vida útil pode-se classificar como o período no qual uma edificação e seus sistemas exercem os serviços no qual foram projetados e construídos, levando em conta as etapas de manutenção e sua correta execução. Complementando, de acordo com a ISO 13823 (2008, p. 3), pode-se compreender o conceito de “vida útil” tal como: “o período efetivo de tempo durante o qual uma estrutura ou qualquer de seus componentes satisfazem os requisitos de desempenho do projeto, sem ações imprevistas de manutenção ou reparo”. No geral a vida útil das edificações está diretamente ligada à sua durabilidade. Segundo Mehta e Monteiro (2008, p. 122), “uma vida útil longa é considerada sinônimo de durabilidade”. Alguns fatores influenciam no tempo de vida útil das edificações, como por exemplo a qualidade dos materiais utilizados na construção, as condições no qual elas estão expostas, e suas manutenções periódicas (SCHEIDEGGER; CALEZANI, 2019). Por isso quando o rendimento da durabilidade da edificação não é 22


o esperado, seu ciclo de vida útil pode ser comprometido. De acordo com Larry Masters “Nenhum material é por si próprio durável; é a interação entre o material e o ambiente a que está exposto que determina a sua durabilidade” (GAMBHIR, 2004, p. 656). Portanto um dos motivos que também pode afetar o ciclo de vida da edificação é, por exemplo, a exposição ao meio ambiente, que pode se mostrar perigosa dependendo da hostilidade encontrada, ocasionando necessidade de maiores cuidados com planejamento. Como citado, a manutenção periódica é de suma importância. O gráfico 1 apresenta o desempenho de uma edificação ao longo do tempo. Assim, pode-se analisar a influência que as manutenções exercem sobre o tempo de vida útil das edificações. É possível verificar a influência das ações de manutenção em uma edificação e o baixo desempenho das edificações que não receberam a mesma influência, as quais seriam necessárias para estender o tempo de vida útil de projeto (VUP).

Gráfico 1: Desempenho ao longo do tempo.

Fonte: NBR 15575-1, 2013.

Contudo, mesmo sob condições de uso e manutenção específicas, a edificação ainda possui um prazo de validade. Dessa forma, sempre haverá a necessidade do edifício 23


ou parte dele sofrer um restauro, demolição ou reabilitação (GROSSI, 2018). A Figura 5 ilustra o ciclo de vida das edificações, sua análise confirma que é indispensável ao projetista planejar tanto as fases de manutenção como as de reabilitação e restauro. Em vista disso, é de grande importância a utilização de elementos como o manual do usuário, em que devem estar citadas as atividades e o período de manutenções essenciais para cumprimento da VUP esperada para a edificação (GROSSI, 2018).

Figura 5: Ciclo de vida das edificações.

Fonte: Grossi, 2018.

Já que o ambiente litorâneo influencia significativamente na durabilidade das edificações, afeta também em seu ciclo de vida. Como já mencionado, apresenta características agressivas às edificações, podendo, portanto, proporcionar acelerada degradação dos materiais de construção, a qual por sua vez pode causar danos à estrutura da edificação. Como referência, pode-se dizer que a velocidade de corrosão em atmosfera marinha pode ser da ordem de 30 a 40 vezes superior à que ocorre em atmosfera rural (pura). Daí o fato de processos construtivos apresentarem-se adequados para obras localizadas no interior – quando uma eventual corrosão só será notável após 8 anos – enquanto que em regiões litorâneas não se mostram convenientes, apresentando sinais acentuados de corrosão

24


em apenas 2 a 3 meses, algumas vezes antes mesmo de concluídas as obras (HELENE, 1986, p. 19).

Dessa forma, a influência exercida pelo ambiente sobre a estrutura se torna um fator determinante para prolongar a vida útil do projeto nestas regiões. A preocupação com o incremento do tempo de vida útil de uma construção influencia fatores como a escolha de revestimentos, materiais, sistemas estruturantes, período de manutenções e as técnicas de reparo e manutenção mais adequadas.

2.2.

INFLUÊNCIA DA FASE PROJETUAL

A NBR 15575-1 (2013) ressalta que na fase projetual, ou etapa de ideias, devem ser previstas ações sobre as condições de agressividade do meio nas estruturas, assim como devem ser propostas proteções aos sistemas estruturantes e seus componentes. Scheidegger e Calezani (2019) afirmam que, para que sejam atingidos resultados satisfatórios nas futuras etapas, o projetista, como responsável pela concepção detalhada da estrutura do projeto, deve deixar claras as informações necessárias para sua realização. Portanto, é necessário que o projetista leve em consideração as condições às quais a edificação está sujeita, como por exemplo a hostilidade do ambiente local. Para isto, existem fatores como o item 25.3 da norma NBR 6118 (ABNT, 2014), que indica a necessidade de prever o “Manual de utilização, inspeção e manutenção”. Este manual abordará de forma clara, os critérios básicos para o uso e a manutenção preventiva, os quais se fazem necessários para atingir a vida útil prevista para a edificação. Segundo Helene (1988), grande parte das manifestações patológicas de uma edificação originam-se na fase de execução e projeto, conforme o gráfico 2.

25


Gráfico 2: Origem dos problemas patológicos.

Fonte: Adaptada de Helene, 1988.

Como observa-se no gráfico 2, o maior número de patologias de uma edificação tem origem em decisões tomadas durante as fases de projeto. O bom desenvolvimento das demais fases de uma obra, por sua vez, depende de um projeto bem concebido. Helene (1988) ainda afirma que sempre deveria ser preferível investir mais tempo nas fases iniciais de detalhamento do projeto, que tomar decisões apressadas, uma vez que as falhas no planejamento geram complicações mais graves que as de execução e qualidade dos materiais. Diante da necessidade de maior atenção a etapa de concepção do projeto, existem algumas tecnologias como o sistema BIM (Building Information Modeling – Modelagem de Informações da Construção), que na fase de projeto atua não só como ferramenta de desenho, mas também permite ao arquiteto visualizar as características físicas da edificação, quantificar e qualificar o material aplicado e facilitar a comunicação entre os profissionais (SOUZA; AMORIM; LYRIO, 2009). Da mesma maneira, JUNIOR (2018) afirma que o BIM proporciona uma prematura visão das prováveis interferências e cenários de manutenção comuns durante o ciclo de vida da obra, aprimorando seu desempenho. 26


Dessa forma, fica clara a relevância de uma etapa de projeto bem concebida e sua influência sobre a preservação e conservação da edificação. O uso de artifícios como o “Manual de utilização, inspeção e manutenção” são relevantes, principalmente ao lidar com construções em ambientes agressivos, como acontece no litoral, onde na fase projetual já deve ser pensada em uma maneira minimizar os efeitos da névoa salina nas edificações.

2.2.1. MANUTENÇÃO E CONSERVAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES Segundo Possan e Demoliner (2013) um problema comum em todo o mundo é a degradação precoce das edificações e de seus componentes, uma vez que esta contribui de forma significativa na perda de desempenho do edifício, afetando sua “vida útil”. Os autores ainda afirmam que alguns fatores percursores do envelhecimento prematuro das edificações são: especificação de materiais de baixa qualidade, complicações projetuais, falta de manutenções periódicas e problemas de execução. Há um maior gasto com manutenções e reparos de edicações, que dependendo do tempo pode aumentar. Um estudo citado por Helene (1997), conhecido como “Lei dos 5”, procura demonstrar como o custo cresce em relação ao tempo de espera para realizar as intervenções em estruturas de concreto.

27


Gráfico 3: Representação da evolução dos custos em função da fase da vida da estrutura em que a intervenção é feita.

Fonte: Helene, 1997.

De acordo com o gráfico 3, pode-se observar que o custo da intervenção cresce à medida que decorre o tempo de espera para realização da intervenção. Tem-se a representação de um aumento de custo de progressão geométrica de razão 5, em função da demora na correção de um problema, da degradação de mais áreas, e do subsequente aumento do número de intervenções. Vale ainda enfatizar que, o custo das intervenções é relativamente muito baixo quando os problemas são abordados ainda na fase de projeto. Uma pesquisa de análise dos custos realizada no Brasil por Meira e Padaratz (2002) em uma estrutura com alto índice de deterioração, constata o crescimento do custo em relação à realização de intervenções de manutenção. Observou-se que os gastos com intervenções podem atingir até cerca de 40% do custo de construção da parte degradada. Mehta e Monteiro (2008) citam que em países industrialmente desenvolvidos estima-se que 40% do total de recursos da indústria de construção são destinados a intervenções de estruturas já existentes e menos de 60% em novas instalações. Segundo os autores o crescimento dos custos envolvendo a reposição de estruturas e a crescente ênfase no custo do ciclo de vida, mais do que no custo inicial, está forçando os engenheiros a darem mais atenção

28


às questões de durabilidade (MEHTA E MONTEIRO, 2008, p. 202 apud POSSAN, 2013, p. 14).

Do ponto de vista legal, existem normas de desempenho brasileiras como a NBR 15575 (ABNT, 2013), que é voltada para o desempenho e qualidade da edificação, dedicando-se a atender o usuário ao longo dos anos. A falta de manutenção nas edificações já tem chamado a atenção da população brasileira voltada para a construção civil. Assim, têm ocorrido alguns debates como “Lições de Areia Branca: acidentes, responsabilidades e segurança das obras civis”1, que propôs medidas e soluções no sentido de garantir a segurança das estruturas. Em vista disso, destaca-se a necessidade de uma melhoria geral na qualidade das edificações brasileiras, no quesito da realização das manutenções periódicas, uma vez que, além de prolongar o tempo de vida das edificações garantem também segurança ao usuário.

2.3.

ESTRUTURAS DE MADEIRA

A madeira nos últimos anos tem sido cada vez mais utilizada no ramo da construção civil como material estruturante. Um dos principais motivos para este crescimento é seu menor impacto ambiental, devido a ser um material reutilizável, originado de matéria prima renovável. Uma série de avanços tecnológicos recentes permitiram que novos produtos à base de madeira fossem concebidos; este fato ajudou no seu desenvolvimento, ampliando assim seu campo de aplicação (PADRÃO, 2004). A seguir, evidenciam-se algumas das vantagens e desvantagens da utilização da madeira como material estruturante (GRAEFF, 1995; ALMEIDA, 2012). Vantagens:

1

Lições do Areia Branca - Acidentes, Responsabilidades e Segurança das Obras, promovido pelo

IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto), ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) e ocorrido em 8 de dezembro de 2004, no Novotel Center Norte (São Paulo-SP).

29


Boa trabalhabilidade;

Recurso material de fonte renovável;

Baixo consumo energético para sua produção;

Boa relação resistência peso;

Não sofre corrosão por influência da névoa salina;

Esteticamente agradável;

Baixa condutibilidade térmica;

Bom isolante elétrico;

Possui uma grande diversidade de tipos, texturas e cores;

Encontra-se em abundância e pode ser obtido a partir de diversos climas e solos.

Desvantagens: •

Combustibilidade;

Susceptibilidade à deterioração biológica;

Limitação quanto a forma e dimensão (tamanhos padronizados);

Material higroscópico (perde e ganha umidade em função do ambiente);

Suscetível a variações de volume.

30


Figura 6: Ligações de uma edificação com estrutura de madeira.

Fonte: Google, 2020.

Devido a sua composição, as estruturas de madeira estão sujeitas à decomposição da sua estrutura molecular, que pode inclusive levar à desintegração estrutural e posteriormente, à sua destruição. Esta pode ocorrer de forma simultânea, ou não, por conta de agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos (PADRÃO, 2004). A fim de prevenir esta deterioração, é necessário preservar a madeira e aumentar sua resistência, utilizando estratégias como o uso de produtos químicos. De acordo com Sgai (2000), um produto químico tem de cumprir uma série de requisitos para ser utilizado como preservativo de madeira: a) Eficiência: É o requisito básico de todo o preservativo. Deve apresentarse tóxico à gama mais ampla possível de organismos xilófagos. A medida da eficiência é feita, preliminarmente, por meio de ensaios de laboratório e depois por ensaios de campo. Deve ainda, para ser eficiente, permitir penetração profunda e uniforme na madeira. Esta característica está correlacionada com o método de tratamento empregado. b) Segurança: Deve apresentar toxidez baixa em relação a seres humanos e animais domésticos, além de não aumentar as características

31


de combustibilidade inerentes à madeira Complementando, a solução preservativa não deve ser corrosiva a metais e plásticos com que são confeccionados recipientes e equipamentos, uma vez que em caso afirmativo podem ocorrer vazamentos que podem, por seu turno, dar origem à poluição. c) Permanência ou resistência à lixiviação: depende das propriedades físicas e químicas do preservativo e a maneira pela qual se fixa na madeira: para ser resistente à lixiviação deve ser insolúvel em água ou formar complexos insolúveis por meio de reação química com os componentes da parede celular da madeira. d) Custo: é sem dúvida o fator que viabiliza o uso de um produto que apresente todas as potencialidades anteriormente mencionadas. A madeira tem de, em termos de custo anual, apresentar competitividade com outros materiais. Hoje em dia, os preservativos têm um peso considerável na composição de custos, que sem dúvida, deve ser uma preocupação permanente na pesquisa de novas alternativas, impostas pelas restrições de natureza ecológica cada vez mais rigorosas. e) Outras características: além das anteriormente mencionadas, existem outras que poderíamos denominar facultativas e que são impostas pelas peculiaridades de cada situação de uso. Por exemplo, madeira para habitação e para certos tipos de embalagens deve deixar a superfície limpa e isenta de odores residuais. Para dormentes ferroviários a condutividade elétrica é um fator relevante devido ao sistema de sinalização (Sgai, 2000, p. 15).

O autor ainda conclui dizendo que a escolha do produto partirá de fatores relacionados a especificações existentes e deve ser orientada pelo bom senso, uma vez que é muito difícil que um produto atenda a todos os critérios citados. Produtos como o verniz e o stain evitam a degradação das estruturas de madeira, protegendo a integridade do material, prolongando sua vida útil e, portanto, mostrando-se uma alternativa quando utilizados em ambientes litorâneos.

2.3.1. VERNIZ O verniz é um produto utilizado para revestimento de variados tipos de madeiras, com objetivo de protegê-las mantendo a integridade do material. Seu campo de aplicação é bem vasto, podendo ser usado em portas, esquadrias, forros e móveis de madeira, decks ou pallets. Com relação à vida útil, segundo Merlin (2020), uma peça no qual foi aplicado o verniz pode apresentar um aumento de até quatro vezes em sua durabilidade, quando comparada a uma peça sem acabamento. O verniz também atua 32


dando diferentes tipos de acabamento na peça, devido à película que, ao ser criada, altera sua aparência, textura e brilho fazendo com que uma mesma peça possa apresentar tanto o aspecto rústico natural, como uma aparência de superfície lisa (MERLIN, 2020).

Figura 7: Aplicação do verniz.

Fonte: Google, 2020.

O tipo de verniz utilizado varia de acordo com o uso a que se destina a peça, sendo a principal diferença relacionada ao uso em ambientes internos e externos. Merlin (2020) afirma que em ambientes como o litorâneo, convém o uso do verniz marítimo, que possui resistência ao atrito e às intempéries, podendo ser aplicado tanto em peças internas quanto em peças instaladas no exterior da edificação. Sua aplicação é bem simples, e pode ser feita por meio de pistola de aplicação, rolo de espuma ou pincel de cerdas. O autor ainda dá ênfase na importância em seguir as instruções no rótulo do produto para sua eficiência com correta aplicação. Dentre alguns tipos de verniz temos: o verniz tingidor, marítimo, copal e premium.

33


2.3.2. STAIN O stain apesar de ter a mesma finalidade do verniz, parte de um conceito diferente, fazendo com que o material apresente um acabamento com características diferentes. Enquanto o verniz reveste criando uma película de proteção, o stain impregna-se nas fendas da madeira penetrando nas fibras e nutrindo-as, sem ocasionar alteração da textura da peça (FERREIRA, 2012). Vale ainda ressaltar a diferença apresentada no processo de manutenção destes produtos, dependendo do estado da peça, quando deseja-se utilizar o verniz é necessário um lixamento da superfície antes da aplicação ou reaplicação do produto. Já para aplicação do stain basta realizar apenas uma limpeza na superfície da peça antes de sua reaplicação (FERREIRA, 2012).

Figura 8: Diferença de conceito entre verniz e stain.

Fonte: Montana, 2019

2.3 ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO O uso do concreto armado nas edificações levanta diversas questões quanto à sua durabilidade, devido aos fatores que favorecem sua degradação. Basicamente nas 34


últimas décadas foi dada ênfase a questões como o tratamento do concreto armado por agentes secundários, como aditivos, em detrimento de fatores que intervêm na construção civil (PADRÃO, 2004). Com os avanços tecnológicos e o progressivo aumento do conhecimento sobre o desempenho do concreto armado, foi permitida a progressiva redução de seções e de espessuras de recobrimento.

Este fato contribuiu para que as edificações mais

recentes permanecessem mais expostas ao surgimento de patologias relacionadas às armaduras (SERRA, 2012). A seguir são descritas diversas vantagens e desvantagens da utilização do concreto armado como material estruturante (PADRÃO, 2004). Vantagens: •

Trabalhabilidade e flexibilidade: assume as mais diversas formas, podendo ser usado em funções estruturais ou arquitetônicas;

Economia de materiais e custos de execução;

Rigidez;

Baixo custo de manutenção;

Resistencia ao fogo: resiste, sem qualquer proteção específica, a uma exposição de, pelo menos, uma a três horas;

Resiste a esforços de tração/compressão;

Durabilidade;

Mão de obra tradicional de construção civil;

Desvantagens: •

Peso específico alto;

Reduzida proteção térmica;

Vários materiais envolvidos na sua produção;

Dificuldade na execução de reformas e reparações; 35


Baixo índice de resistência por unidade de volume: o que implica estruturas de maiores dimensões.

Os principais danos relacionados às estruturas de concreto armado têm relação com a capacidade resistente das estruturas, como por exemplo: a deformação excessiva, assentamentos de apoio, acabamentos defeituosos, ausência de proteção contra agentes agressivos, falta de manutenção durante o período de vida útil da estrutura (PADRÃO, 2004). Nota-se a importância do uso de elementos que auxiliam na redução dos danos estruturais e, portanto, no aumento da vida útil do concreto armado. Para isto, primeiramente deve-se compreender quais são os processos de degradação que mais influenciam nos danos gerados. Os principais ataques ocasionados pelo ambiente marinho ao concreto armado podem ser divididos em: corrosão das armaduras e degradação do concreto (LIMA; MORELLI, 2004). Portanto faz-se necessário o uso de alternativas que auxiliem na redução dos danos ocasionados pelo ambiente marinho como por exemplo a incorporação de aditivos na composição do concreto e cimento.

Figura 9: a) Lixiviação decorrente do processo de degradação. b) Corrosão de armadura. a) b)

Fonte: Google, 2020.

36


2.3.1 ADITIVOS Segundo Junior (2013), aditivos podem ser considerados como produtos agregados ao concreto e argamassas de cimento, com finalidade de alterar as características do material, fresco ou endurecido. O uso de aditivos possui como objetivo aumentar as qualidades e reduzir as desvantagens da mistura. Existe vários tipos de aditivos, que devem ser escolhidos conforme cada necessidade específica, o que possibilita como por exemplo, a concepção de um concreto armado com atributos mais indicados para ambientes hostis. Alguns dos tipos de aditivos são: •

Aditivos incorporadores de ar plastificante;

Aditivos plastificantes ou redutores de água;

Aditivos super plastificantes;

Aditivos modificadores de pega;

Aditivos modificadores de viscosidade;

Aditivos para concreto usinado.

Para situações de atmosferas agressivas, onde há presença de cloretos e deseja-se maior proteção das armaduras, os mais indicados são os aditivos plastificantes, por proporcionarem um concreto de maior durabilidade, sendo responsáveis por revestir os grãos do cimento e proporcionar repulsão entre eles (SILVA, 2004). Este fenômeno permite à mistura a mesma fluidez, mas com menor quantidade de água, e a menor relação de água na mistura possibilita um concreto de melhores características, devido ao fato de a água ser responsável pela obtenção de um concreto com maior porosidade, logo menor resistência (SILVA, 2004).

37


CAPÍTULO 03: AÇÕES MITIGADORAS DA AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE LITORÂNEO (NÉVOA SALINA)

38


3. AÇÕES MITIGADORAS DA AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE LITORÂNEO (NÉVOA SALINA) O capítulo a seguir tem como objetivo recomendar, por meio de quadros, alternativas que minimizem os danos causados pela névoa salina. As ações propostas levaram em conta fatores como o bem-estar das pessoas e a preservação da edificação. Os quadros apresentam uma série de produtos e elementos, que visam prolongar o tempo de vida útil das edificações. A divisão dos quadros ficou representada em: alternativas para prevenção de danos causados pelo ambiente litorâneo a partir do uso de produtos, e elementos indicados para o ambiente litorâneo a partir de sua materialidade.

3.1.

ALTERNATIVAS E RECOMENDAÇÕES PARA PRESERVAÇÃO E PREVENÇÃO DE PROBLEMAS

Para preservação de edificações e com finalidade de prevenção de problemas relacionados a durabilidade, existem algumas alternativas que podem ser utilizadas com finalidade de aumentar o tempo de vida da edificação, minimizando os impactos causados pela névoa salina. Na construção de edificações de concreto armado por exemplo existem diferentes tipos de cimento, sendo que cada um apresenta uma formação diferente, oferecendo ao concreto características distintas de resistência, durabilidade e trabalhabilidade (PEREIRA, 2019). O CP III – Cimento Portland de alto forno – possui cerca de 35% a 70% de adição de escoria de alto forno, o que proporciona ao concreto maior resistência a sulfatos, com uso preferencialmente em elementos estruturais como sapatas, fundações, peças estruturais e baldrames (PEREIRA, 2019). De acordo com Nakamura (2016), outro fator que pode auxiliar na construção de uma edificação de concreto com maior durabilidade é o uso de espaçadores plásticos, que trabalham garantindo maior proteção física e química para o os vergalhões de aço encontrados nas armaduras, portanto, minimizando as agressões do meio ambiente que induzem a corrosão do material.

39


Para evitar a corrosão nas estruturas, a pintura ou métodos de revestimentos são as primeiras medidas que devem ser tomadas (Padrão, 2004). Em vista disso, a pintura de superfícies com tintas em geral contribui para cobrimento, e portanto, proteção das estruturas. Um exemplo é o uso das tintas acrílicas, que possuem maior durabilidade e resistência as intempéries, ao aparecimento de fungos e ao descascamento, possuem alta impermeabilidade, e são indicadas tanto para ambientes externos quanto para internos (ANGHINETTI, 2012). Outro tipo de tinta é a epóxi, que também possui uma alta impermeabilidade e é indicada para revestimento de áreas suscetíveis a umidade como cozinhas, lavabos e banheiros (ANGHINETTI, 2012). Já as tintas emborrachadas também são indicadas para ambientes externos como fachadas e muros, por criarem uma espécie de película com características elástica e impermeabilizante (ANGHINETTI, 2012). Portanto, em fachadas, as sugestões de revestimento com tintas resumem-se no uso de tintas emborrachadas e acrílicas e, nos ambientes internos, o uso de tintas acrílicas.

O quadro 1 exibe uma síntese das alternativas de preservação baseadas no uso de produtos citados, sendo alguns destes utilizados na fase de concepção da edificação. O quadro conta com exemplo de cada um dos produtos, além de locais e elementos onde os produtos podem ser aplicados.

Quadro 1: Alternativas para prevenção de danos causados pelo ambiente litorâneo a partir do uso de produtos.

QUADRO DE PRODUTOS PRODUTO

APLICAÇÃO

IMAGEM

- Concreto armado, lajes, Cimento CP III Todas as Obras 50kg Votoran

Verniz Premium Natural Natural Extra Marítimo 3,6 Litros Sparlack Stain Osmocolor Acetinado Transparente 3,6L Montana

reboco

- Estruturas de madeira

- Estruturas de madeira

40


Aditivo Plastificante Vedalit 18L Vedacit

Espaçador Cadeirinha - CP e CPL

Tinta Acrílica Semi Brilho Suvinil Maresia 18Lts

Primer Epóxi wandepoxy branco - parte A 3,6L

- Concreto, argamassa

- Incorporados as peças de concreto armado - Ambientes externos/internos

- Cozinhas, banheiros, lavabos

Coral

Tinta Emborrachada Suvinil Cajá 18lts

- Fachadas, muros

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

No quadro 1, todos os produtos apresentados possuem todos uma característica em comum, que é proporcionar a ação impermeabilizante. Ao proporcionar melhor impermeabilidade, por sua vez, contribuem para melhor proteção contra ambientes que possuem umidade elevada. Por serem inertes a corrosão, há recomendações pelo uso de peças de plástico, logo possuem alta resistência a maresia; sua instalação não necessita de um processo de tratamento especial da superfície, o que facilita o uso das peças; além disso, sua manutenção resume-se basicamente à limpeza da peça (HOMETEKA, 2016). Observa-se seu uso em reservatórios (caixa de água), forros, telhas, portas e esquadrias. Já as peças de alumínio como portas, portões, calhas, esquadrias e grades, quando devidamente protegidas, também são alternativas indicadas quando deseja-se utilizar peças de metal, podendo sua proteção ocorrer por meio de pinturas (HOMETEKA, 2016). Para os pisos, os mais recomendados são os porcelanatos e cerâmicos, por possuírem excelente impermeabilidade e alta resistência; a estratégia do uso de pisos com acabamento fosco com tons manchados contribui disfarçando a presença de poeira e areia acumulada (POINTER, 2018).

41


Para a cobertura, o recomendado é o uso de telhas cerâmicas (tratadas com aplicação de acabamento impermeabilizante, para garantir a redução do efeito da cristalização dos sais da areia), telhas de PVC, lajes impermeabilizadas e telhas de fibrocimento, por conta de sua alta durabilidade, resistência e fácil limpeza (HOMETEKA, 2016). O quadro 2, a seguir, apresenta uma série de alternativas com elementos para construção no litoral. Tendo em vista as informações apresentadas, este quadro visa orientar o usuário quanto à escolha de elementos mais indicados de serem utilizados para construção no litoral devido a sua materialidade.

Quadro 2: Elementos indicados para o ambiente litorâneo a partir de sua materialidade.

SOLUÇÕES ARQUITETÔNICAS ELEMENTOS

MATERIAL Pvc

Esquadrias Alumínio

EXEMPLO IMAGEM Janela de Correr Integrada 2 Folhas Móveis PVC 120x120 Brimak Janela de Correr Lisa Alumínio Branco Lado Esquerdo 1,00x1,20m 3A Alumínio

Pvc

Porta sanfonada 80x210cm cinza Araforros

Alumínio

Porta de Alumínio Lambri Project MGM 210cmx80cm Branco

Portas

Portões

Alumínio

Cerâmica com impermeabilizante Telhas

Pvc

Fibrocimento

Forros

Pvc

Portão de Garagem Búzios Grade Branco 200x240 Abe. Centro Telha Cerâmica 0x23,3cm Romana Resinada Vermelha Barrobello Telhas de pvc Preconvc trapezoidal | Precon Telha Fibrocimento 2,44mx1,10mx5mm Brasilit Forro PVC frisado 0,20m x 4m | TWB

42


Calhas

Alumínio

Calha Alumínio Marrom 95x130x3000mm BellaCalha

Grades

Alumínio

Grade Para Janela de Alumínio Branco 150x120cm 3A Alumínio

Cerâmicos Pisos Porcelanatos

Reservatório

Piso Cerâmico Interno Mármore Esmaltado Borda Arredondada VSP004 43,5x43,5cm Viva Cerâmica Porcelanato Interno Cor Única Polido Borda Reta Bianco 84x84cm Elizabeth

Plástico (polietileno)

Caixa d’água polietileno 500L azul Fortlev

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Uma alternativa para o combater a umidade nas fundações é o isolamento da casa do contato direto com o solo, por este ser uma das principais causas da entrada de umidade para o interior (SANTOS, 2017). A utilização de pilotis, torna-se uma solução eficaz quando deseja-se isolar a edificação do contato com o solo; outra sugestão que contribui para estancar a construção é a impermeabilização das vigas, baldrames e piso no pavimento térreo (SANTOS, 2017).

43


Figura 10: Edificação sobre pilotis

Fonte: Google, 2020.

Na disposição dos cômodos, há preferência pelo uso de aberturas voltadas para o leste, por receber incidência solar matinal, o que contribui reduzindo a umidade, e portanto, evitando fungos (SANTOS, 2017). Outra técnica é o uso de ambientes avarandados, por proporcionarem áreas de descanso ou apenas circulação que agregam beleza estética, favorecerem a ventilação natural e possibilitam uma proteção física aos ambientes mais íntimos da edificação, onde geralmente estão localizados eletrodomésticos que são suscetíveis a ação da maresia (REZENDE, 2018). Para as coberturas indica-se o uso de beirais generosos, por contribuírem para o aumento da durabilidade da edificação e maior proteção de seus elementos (pilares, vigas e alvenarias), protegendo-os da incidência solar e das chuvas, e possibilitando também a criação de ambientes avarandados (REZENDE, 2018). Indica-se também o uso de uma boa ventilação sob o telhado, pois contribui para preservação da edificação, ao dificultar o surgimento de mofo nas peças e seu escurecimento (COBERTURA..., 2020). 44


Uma alternativa para regiões litorâneas é o uso da ventilação natural. Segundo Rezende (2018), a ventilação natural, além de proporcionar conforto térmico e economia de energia, evitando o uso de sistemas de resfriamento, ainda atua tornando os ambientes internos menos úmidos, evitando o acúmulo de umidade por meio da constante renovação do ar e evitando sua condensação. O autor ainda enfatiza que, ao evitar a condensação do ar, que favorece à junção da água com os componentes da maresia (sais e demais agentes), os ambientes internos tornam-se mais preservados, por desfavorecer a deterioração dos materiais presentes. Nesse sentido, temos algumas alternativas para ventilação natural, como a ventilação cruzada, efeito chaminé, ou a execução de pé direito mais elevado. Além disso, algumas alternativas projetuais que contribuem para ventilação natural são: o uso de aberturas na cobertura (como shafts e pérgulas), ou o emprego de janelas basculantes, cobogós, além de portas e janelas com venezianas. (REZENDE, 2018). Entretanto, a maresia é um fenômeno que ocorre vinte e quatro horas por dia, com níveis de intensidade diferentes; devido a isto, conforme a ocasião é importante manter os ambientes fechados por determinado período do dia, para evitar com que recebam partículas de água salgada, enfatiza o professor de Geografia da UFF (Universidade Federal Fluminense) Eduardo Manuel (VANINI, 2017). Na concepção dos mobiliários indica-se o uso de compensados com alta densidade e resistência a umidade, por proporcionarem maior durabilidade aos móveis; um exemplo é a utilização do compensado naval, podendo ser utilizado em ambientes molhados e com alta umidade (HAL, 2016). Por fim, uma alternativa para o excesso de umidade é a utilização de vegetação: optar pelo uso de plantas especialistas em captar a umidade e toxinas suspensas no ar, tornando a atmosfera menos úmida e proporcionando o bem-estar. Alguns exemplos são: lírios-da-paz, hedera helix, samambaia ou palmeiras (PLANTAS, 2019).

45


CAPÍTULO 04: O PROJETO

46


4. O PROJETO Este trabalho tem como propósito a realização de um projeto de uma edificação com alternativas que minimizem os danos ocasionados pela névoa salina, prolongando seu tempo de vida útil, tais como: uso de materiais com maior durabilidade , aplicação de alternativas de ventilação e iluminação natural, e redução do excesso de umidade dentro da edificação.

4.1.

DIAGNÓSTICO DO SÍTIO

O terreno escolhido para realização do projeto está localizado na região do Morro do Atalaia, bairro Centro, no município de Guarapari – ES (fig. 11). Com área total de 331,41m², o terreno está posicionado na extremidade do morro e seu acesso é feito através da Rua Álvaro de Freitas Dantas. Já na frente do terreno, encontra-se o popularmente conhecido Canal de Guarapari, com vista para a estátua de São Pedro e o Hotel Porto do Sol (fig. 12 e 13).

Figura 11: Mapa de localização do terreno.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

47


Figura 12: Hotel Porto do Sol, vista do terreno.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 13: EstĂĄtua de SĂŁo Pedro, vista do terreno.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

48


Atualmente existe no terreno uma edificação unifamiliar de 86,70m², localizada na frente do terreno (fig. 14). Já ao fundo do terreno, encontram-se escombros abandonados de uma edificação não finalizada (fig. 15 e 16), e uma garagem que dá acesso a edificação existente. Estes, por sua vez, serão desconsiderados para a implantação do produto deste trabalho, sendo considerado então apenas o terreno vazio.

Figura 14: Localização da edificação existente.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

49


Figura 15: Localização dos escombros existentes.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 16: Localização da edificação existente e escombros, vista da rua.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

50


Na extremidade superior do terreno, onde está localizada a atual edificação unifamiliar com testada para o canal, vale enfatizar que quando ocorrem ressacas, respingos de maré chegam a atingir a varanda da edificação (fig. 17 e 18).

Figura 17: Fenômeno de ressaca do mar atingindo a varanda da edificação existente.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 18: Mar de ressaca, vista da varanda da edificação existente.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

51


4.2.

CONTEXTO FÍSICO E AMBIENTAL

A proximidade com o mar e o fato de parte do terreno ser voltada para ele, são aspectos que influenciarão em certos cuidados a serem considerados. Por exemplo: apesar do terreno encontrar-se acima do nível do mar, quando a maré sobe, a água chega a atingir os costões rochosos presentes na extremidade do terreno. Portanto, deve-se tomar cuidado quanto à possibilidade de ocorrer erosão costeira, ocasionada pela água do mar, atuando sobre os costões rochosos presentes no terreno (fig. 19). O terreno conta com um desnível em declive de aproximadamente 6,22 metros (fig. 20). Possui uma acentuada declividade formando uma encosta íngreme que mostrase um problema em dias chuvosos, devido ao aumento do peso, pelo acúmulo de água, proporcionar desabamentos. Para melhor representação do desnível, é apresentado um corte esquemático do terreno onde é possível observar a grande diferença de nível entre a rua e o terreno (fig. 21).

Figura 19: Costões rochosos suscetíveis a processo de erosão.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

52


Figura 20: Desnível do terreno em relação ao nível da rua.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 21:Corte esquemático do terreno.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

53


Apesar de desconsideradas as edificações presentes no terreno (edificação existente, escombros e garagem) ele ainda possui duas edificações vizinhas (fig. 24). Além disso, há presença de ruído no terreno, que deve-se à sua proximidade com o mar: o quebrar das ondas nos costões rochosos, o marulho produzido pela agitação da água do mar, além da constante passagem de barcos pesqueiros e escunas no canal são os principais geradores de ruído no local (fig. 22). Os ventos predominantes no terreno são em sentido nordeste e sua incidência é constante (fig. 22). A vegetação encontrada dentro do terreno é de pequeno e médio porte e será desconsiderada devida à declividade encontrada no terreno. Há ainda próximo ao terreno uma faixa de areia que fica visível apenas quando a maré está seca (fig. 23). Embora o terreno esteja acima do nível onde se encontra a faixa de areia, a constante incidência de vento no local é o principal percursor do transporte de areia e maresia para dentro da edificação existente localizada no terreno.

Figura 22: Mapa físico ambiental.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

54


Figura 23: Faixa de areia.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

O terreno conta com dois acessos: um localizado no nível da rua, e outro mais abaixo, próximo ao nível do mar. O acesso ao nível da rua, ocorre por meio de uma garagem que conduz a uma escadaria que corta o terreno, levando até a edificação existente (fig. 24 e 25). O acesso próximo ao mar, conta com um lance de escada que liga o interior do terreno a uma área que direciona aos costões rochosos, localizados próximos a edificação (fig. 26, 27 e 28).

55


Figura 24: Acesso ao nível da rua/garagem.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 25: Escadaria que corta o terreno até a edificação existente.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

56


Figura 26: Área de acesso aos costões rochosos.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 27: Acesso localizado próximo ao nível do mar.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

57


Figura 28: Costões Rochosos.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

4.3.

CONTEXTO SOCIAL E ECONÔMICO

O terreno está localizado em uma área onde o uso é predominantemente residencial, os únicos comércios presentes no Morro do Atalaia são o restaurante Katakas e a Pousada Blue Marina (fig. 29 e 30). O uso residencial predominante evidencia a carência de serviços, comércio, áreas de lazer, espaços públicos e equipamentos urbanos.

58


Figura 29: Restaurante Katakas.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 30: Pousada Blue Marina.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Existem também atividades econômicas que refletem no terreno, como o passeio de escuna e o comércio pesqueiro local. Ambas atividades utilizam como rota o Canal de Guarapari, de modo que as embarcações navegam nas proximidades da costa

59


produzindo poluição sonora, em especial os ruídos dos motores dos barcos pesqueiros e a música alta emitida nas escunas para entreter os turistas (fig. 22).

Figura 31: Mapa de gabarito das edificações do entorno.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

O Morro do Atalaia possui edifícios com gabaritos variados entre um a três pavimentos (fig. 31). O terreno conta com duas edificações laterais que o envolvem, sendo uma de dois pavimentos e outra de três, esta de três pavimentos, encontra-se praticamente colada ao terreno, não existindo muro dividindo-as, apenas as paredes de alvenaria do edifício vizinho.

4.4.

CONTEXTO JURÍDICO E LEGAL

O Plano Diretor Municipal (PDM) é considerado um instrumento de desenvolvimento da cidade que atua guiando a construção de espaços rurais e urbanos. O Plano Diretor Municipal de Guarapari (PDM), relaciona diferentes índices urbanísticos para as zonas definidas em seu zoneamento urbanístico. Conforme o PDM, o terreno está localizado 60


na Zona de uso residencial 02/01 (ZUR_02/01). O quadro 3, abaixo, apresenta resumidamente os índices urbanísticos referentes à zona à qual o terreno pertence.

Quadro 3: Índices Urbanísticos para a zona ZUR_02/01.

ZONA ZUR_02/01 ÍNDICES URBANÍSTICOS Coeficiente de Aproveitamento Básico (CA)

VALORES 1,0

Taxa de Ocupação (TO)

60%

Taxa de Permeabilidade (TP)

10%

Gabarito

4 pav.

Altura Máxima

12,00m

Afastamentos Mínimo Frontal

3,00m

Afastamentos Mínimo Lateral (sem abertura)

1,75m

Afastamentos Mínimo Fundos (sem abertura)

3,15m

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

A ZONA ZUR_02/01 (Quadro 3), dita que o terreno poderá contar com uma edificação de até no máximo quatro pavimentos, desde que possua altura máxima de até doze metros. Os Índices urbanísticos ainda exigem que o terreno deverá ter um coeficiente de aproveitamento de 1, taxa de ocupação de 60%, taxa de permeabilidade de 10% e afastamentos mínimos sendo 1,75 metros para lateral, 3,00 metros para frontal e 3,15 metros para fundos. Como o terreno está localizado próximo à costa, deve-se ter o cuidado para que a construção não ultrapasse seus limites legais, uma vez que os costões rochosos mais à frente do terreno são considerados como zonas de proteção ambiental, de acordo com o zoneamento urbanístico apresentado no Plano Diretor Municipal de Guarapari. O terreno está localizado em uma área de marinha, demarcada pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU), estes imóveis localizados em área de marinha, mesmo com documentação em dia, perdem seu domínio para a União, tornando-se ocupantes e pagando taxas (impostos). Em relação ao dinheiro arrecadado, 20% é direcionado para o município e o restante é encaminhado para o caixa da União (UNIÃO..., 2016).

61


4.5.

DIRETRIZES PROJETUAIS

Para concepção da edificação residencial, foram tomadas decisões projetuais que permitissem minimizar os impactos ocasionados pela névoa salina, visando prolongar o tempo de vida útil da edificação. Para isto, aspectos como decisões projetuais até a escolha de materiais foram levadas em consideração, como destaca o quadro 4, que enfatiza as alternativas utilizadas no projeto.

Quadro 4: Alternativas a serem utilizadas na edificação.

ALTERNATIVAS DE PROJETO UTILIZADAS DIRETRIZES

ALTERNATIVAS Concepção de ambientes avarandados servindo de “proteção” aos ambientes mais íntimos a edificação. Uso de materiais como madeira e cores neutras.

Arquitetura litorânea

Considerar grades aberturas para valorização da vista. Atender as necessidades da família proporcionando ambientes que promovem a interação (conjugados), porém respeitando os espaços íntimos. Valorização do contato com a natureza (fechamentos em vidro para contemplação da vista, uso de parede verde) Átrio coberto contribuindo para ventilação da cobertura e iluminação

Ventilação e iluminação natural

zenital. Grandes aberturas possibilitando constante renovação do ar e proporcionando iluminação natural. Utilização do efeito chaminé. Utilização de artigos de alumínio e PVC (portões, esquadrias, caixa de água, calhas).

Maior

Uso de compensados com alta densidade como compensado naval.

durabilidade dos

Utilização de telhas de fibrocimento e beirais generosos.

materiais

Revestimentos com alta impermeabilidade: porcelanatos. Uso de aditivos plastificantes, espaçadores plásticos e cimento CP-III na composição da edificação.

62


Pintura de deck e alvenarias (verniz, tinta emborrachada, tinta acrílica). Uso de vegetação que capte umidade do ar (parede verde de Lírio da

Redução de umidade.

paz). Grandes aberturas voltadas para o leste evitando a proliferação de fungos e redução da umidade. Fachada com fechamentos em vidro. Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

A seguir, são indicadas em plantas baixas o local de aplicação de algumas alternativas citadas no quadro 6 (fig.32, fig. 33, fig.34).

Figura 32: Alternativas pavimento subsolo dois.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

63


Figura 33: Alternativas pavimento subsolo um.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 34: Alternativas pavimento tĂŠrreo.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

64


O projeto ainda levou em conta a possibilidade da ocorrência de erosão costeira nos costões rochosos mais à frente da edificação, o que contribuiu para locação do setor de lazer neste local, mantendo a edificação mais distante desta área. Há ainda a proposta de um muro de arrimo com objetivo de conter e suportar a terra da encosta íngreme presente no terreno.

4.6.

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades proposto (Quadro 5), visa atender às necessidades de uma família composta por 4 pessoas, sendo um casal e dois filhos próximos à fase adulta. Devido aos dois acessos ao terreno, o projeto contará com três entradas, sendo uma entrada principal e outra de serviço onde ambas estão localizadas ao nível da rua, e outra próxima ao nível do mar, dando acesso aos costões rochosos presentes na região. A edificação de aproximadamente 436,50 m² de área construída será dividida em três pavimentos: o térreo, subsolo um e subsolo dois. O pavimento térreo contará com um hall de entrada principal que direciona para a circulação vertical por meio de escada, sala de estar com varanda e lavabo. Haverá ainda um segundo acesso, de serviço, que leva à área de serviço, despensa, cozinha e sala de jantar. Os espaços da sala de estar, cozinha e sala de jantar são conjugados. Ainda no pavimento térreo encontra-se uma das suítes, destinada a um dos filhos do casal. O pavimento do subsolo um é acessado por meio da escada, e será composto pela suíte master com varanda, a qual o casal ocupará; também haverá um escritório utilizado como ambiente de estudo, e uma suíte com varanda destinada a um dos filhos. O pavimento do subsolo dois, tem acesso pela escada e pelos costões rochosos próximos ao terreno; nele temos uma suíte destinada a visitantes, sala de estar, copa com banheiro e área técnica aos fundos para locação do reservatório (caixa de água). No subsolo dois ainda haverá todo setor de lazer do projeto, com uma edícula localizada aos fundos do pavimento, um pátio externo acessado através da sala de estar e um deck de madeira que direciona à piscina da edificação. 65


Quadro 5: Programa de necessidades, edificação unifamiliar.

PROGRAMA DE NECESSIDADES SETORES

SOCIAL

ÍNTIMO

SERVIÇO

LAZER

OUTROS

AMBIENTE

QUANT.

ÁREA.

SALA DE ESTAR

2

25,00 m²

SALA DE JANTAR

1

10,20 m²

ESCRITÓRIO

1

12,73 m²

LAVABO

1

2,20 m²

HALL

1

9,79 m²

COPA COM WC

1

9,31 m²

SUÍTE 01

1

14,82 m²

SUÍTE 02

1

18,91 m²

SUÍTE 03

1

19,26 m²

SUÍTE MASTER COM CLOSET

1

29,82 m²

COZINHA

1

17,48 m²

DESPENSA

1

3,52 m²

ÁREA DE SERVIÇO

1

4,17 m²

PISCINA

1

25,16 m²

EDÍCULA

1

16,72 m²

PÁTIO EXTERNO

1

38,84 m²

DECK

1

33,07 m²

GARAGEM

1

23,27 m²

ÁTRIO

1

4,93 m²

CIRCULAÇÃO VERTICAL

-

23,15 m²

CIRCULAÇÃO HORIZONTAL

-

34,41 m²

VARANDA

-

25,12

ÁREA TÉCNICA

1

9,62

TOTAL

TOTAL

94,23 m²

82,81 m²

25,17 m²

113,79 m²

120,50 m²

436,50 m² Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

4.7.

CONCEITO E PARTIDO

A finalidade do projeto é atender às necessidades da família, buscando sempre os atributos de aconchego, tranquilidade e o refúgio acolhedor do litoral proporcionados pelas casas de praia, através da valorização do contato com a natureza, estratégias 66


de conforto térmico, criação de espaços de lazer e apreciação do entorno. Outros fatores fundamentais são a utilização de alternativas que visem minimizar os impactos ocasionados pela névoa salina na composição da edificação, aproveitando as condicionantes climáticas com o uso de ventilação natural, prolongando assim o tempo de vida útil da edificação. O conceito proposto traz para a arquitetura um estilo de arquitetura litorânea, voltada para aconchego e tranquilidade, utilizando materiais como a madeira, tons neutros, grandes aberturas valorizando a ventilação, interação com a natureza e vista do entorno. A natureza está representada na conexão entre externo e interno, relacionando a natureza do entorno com a interna a edificação, como por exemplo, a parede do átrio, que corta os três pavimentos da edificação criando um paredão verde, a criação de ambientes avarandados e grandes aberturas com fechamentos em vidro, que permitem a contemplação da natureza ao redor e contribui para ventilação e iluminação natural. O contexto contemporâneo retratado no projeto está presente na fachada voltada para o mar com a forma de seus elementos, na utilização de grandes fechamentos em vidro e nos modernos mobiliários presentes na edificação. A interação está representada na criação de ambientes que conversam entre si, como a utilização de cozinha e sala de jantar conjugadas, criação de um átrio coberto que conecta todos os andares do edifício e espaços abertos proporcionando maior diversidade de uso e interação. A seguir é apresentado um moodboard representando a essência do projeto (fig. 35).

67


Figura 35: Moodboard.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

68


4.8.

SETORIZAÇÃO

A edificação está dividida em três pavimentos: térreo, subsolo um e subsolo dois. Vale ressaltar que a valorização do entorno foi um fator determinante na setorização, uma vez que, direcionou ambientes como quartos e salas para a frente da edificação, local este privilegiado com a vista do mar. O pavimento térreo é composto por usos mistos, nele pode-se encontrar ambientes do setor íntimo, como uma das suítes, setor social com a sala de estar, sala de jantar e lavabo e de serviço com a cozinha, despensa e área de serviço. (fig. 36)

Figura 36: Setorização pavimento térreo.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Já o pavimento subsolo um é um bloco formado por usos mais íntimos, é composto por duas das suítes, sendo uma delas a suíte master com closet, e um escritório destinado a servir de local de estudo para a família (fig. 37).

69


Figura 37: Setorização pavimento subsolo um.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Por fim, o pavimento subsolo dois, é composto, em sua maioria, por usos mistos, com presença da sala de estar e pátio externo no setor social, copa com banheiro no setor de serviço e apenas uma suíte no setor íntimo. Encontra-se ainda, do lado externo à edificação, um setor de lazer composto por um deck de madeira, piscina e edícula (fig. 38).

70


Figura 38: Setorização pavimento subsolo dois.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

4.9.

PROPOSTA

A finalidade desta proposta é o desenvolvimento de um projeto de uma edificação litorânea de uso residencial unifamiliar, no município de Guarapari– ES, que utilize de alternativas que visem minimizar o impacto ocasionado pela névoa salina, que além de atender a todas às necessidades da família, ofereça conforto, valorize o entorno e traga uma arquitetura acolhedora de casa de praia (fig. 39, fig. 40, fig. 41, fig. 42, fig. 43, fig. 44, fig. 45, fig. 46, fig. 47, fig. 48).

71


Figura 39: Entrada ao nĂ­vel da rua, vista muro.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 40: Entrada principal e garagem.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

72


Figura 41: Vista sala de estar com varanda.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 42: Vista sala de estar e รกtrio com parede verde.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

73


Figura 43: Vista cozinha e sala de jantar.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 44: Vista Sala de jantar.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

74


Figura 45: Vista suĂ­te master com varanda.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 46: Vista pĂĄtio externo.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

75


Figura 47: Vista varanda.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

Figura 48: Fachada frontal vista dos costĂľes rochosos.

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2020.

76


CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

77


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em regiões com ambientes agressivos como o litorâneo, critérios cuidadosos na concepção de uma edificação; como a escolha de matérias com maior durabilidade, a elaboração de um projeto coeso com o ambiente o qual a edificação é exposta e o uso de produtos com finalidade preservativa, são alternativas cada vez mais procuradas para aumento da vida útil da edificação Através desta pesquisa foi possível analisar a importância dos cuidados, presentes desde a fase de projeto até a escolha dos materiais, na preservação das edificações litorâneas. Abordaram-se alternativas que minimizassem os danos causados às edificações pelo ambiente litorâneo (névoa salina), citando por exemplo estratégias projetuais, produtos indicados para a preservação da edificação e materiais que possuem maior durabilidade quando expostos à névoa salina. À vista disso, o principal foco deste trabalho partiu da elaboração de projeto, a nível de estudo preliminar, de uma edificação unifamiliar na região litorânea de GuarapariES, que utilize o sistema construtivo de concreto armado. Implementaram-se alternativas como: Uso de materiais com maior durabilidade, preferência pelo uso da ventilação natural, redução da umidade e a proposta de um projeto que atendesse as necessidades da família.

78


CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPÍTULO 06:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPÍTULO 06:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 06: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPÍTULO 06:

79


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Felipe André Leitão de. A madeira como material estrutural – projeto da estrutura da cobertura de um edifício. 2012. Dissertação (Mestrado em engenharia civil). Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2012. ANGHINETTI,Izabel Cristina Barbosa. Tintas, suas propriedades e aplicações imobiliárias. 2012.. Monografia. Escola de Engenharia da UFMG, Minas Gerais, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1: Edificações Habitacionais — Desempenho Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014. ATLAS GEOGRÁFICO DAS ZONAS COSTEIRAS E OCEÂNICAS DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. COBERTURA DE CASAS DE PRAIA EXIGE ESTUDO. Revista digital: EACweb, 1999 - 2020. Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/revista/materias/coberturade-casas-de-praia-exige-estudo/9820>. Acesso em: 17 de junho de 2020. CORTEZ, Lucas Azevedo da Rocha; MACIEL, Carlos Alberto dos Santos; SANTOS, Poliane Borges; LIMA, Rodrigo Teixeira; SANTOS, Thaynara Maria Ferreira dos; NASCIMENTO, Monica Melo Gomes do. Uso das estruturas de aço no Brasil. Ciências exatas e tecnológicas, Alagoas, v.4, n.2, p.217-228, novembro 2017. DECICINO, Ronaldo. Fronteiras brasileiras – Os limites do nosso território. 2013. Disponível

em:

<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/fronteiras-

brasileiras-os-limites-do-nosso-territorio.htm>. Acesso em: 12 de abril de 2020. FERREIRA, Rafael. Entre verniz e stain. Montana, 2012. Disponível em: <https://www.montana.com.br/noticias/Entre-verniz-e-stain>. Acesso em: 30 de maio de 2020.

80


GAMBHIR, Murari. Lal. Concrete Technology Theory and Practice. Índia: Tata McGraw-Hill, 2004. GRAEFF, André. Estudo da madeira laminada-colada com emendas de topo reforçadas com fibra de vidro. 1995. Dissertação (Mestrado em engenharia civil). Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 1995. GROSSI, Marcus Vinícius Fernandes. Ciclo de vida de edificações habitacionais: Um

guia

aos

síndicos.

2018.

Disponível

em:

<https://www.direcionalcondominios.com.br/sindicos/marcus-vinicius-fernandesgrossi/item/3446-ciclo-de-vida-de-edificacoes-habitacionais-um-guia-aossindicos.html>. Acesso em: 10 de maio de 2020. HAL DESIGN MARCENARIA. Haldesignmarcenaria, c2016. Disponível em: <http://www.haldesignmarcenaria.com.br/moveis-planejados/mdf-ecompensado#:~:text=M%C3%B3veis%20planejados%20com%20madeira%20MDF %20ultra>. Acesso em 20 de jun. de 2020. HELENE, Paulo R.L. Corrosão em armaduras para concreto armado. São Paulo: PINI, 1986. HELENE, Paulo R.L. Manual prático para reparo e reforço de estruturas de concreto. São Paulo: PINI, 1988.l HELENE, Paulo. A NOVA NB 1/2003 (NBR 6118) E A VIDA ÚTIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO. In: II Seminario de Patologia das Edificações do LEME/UFRGS, 2004, Porto ALEGRE. Anais. 24 p. 1 CD-ROM. HOMETEKA. 11 Dicas e os melhores produtos para resistir à maresia. 2016. Disponível

em:

<https://www.hometeka.com.br/aprenda/11-dicas-e-os-melhores-

produtos-para-resistir-a-maresia/>. Acesso em: 11 de junho de 2020. https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-cimento/ IBGE. IBGE em parceria com a marinha do brasil lança o atlas geográfico das zonas

costeiras

e

oceânicas.

2011.

Disponível

em:

<

https://censo2010.ibge.gov.br/noticias81


censo.html?busca=1&id=1&idnoticia=2036&t=ibge-parceria-marinha-brasil-lancaatlas-geografico-zonas-costeiras-oceanicas&view=noticia>. Acesso em: 23 de abril de 2020. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDZATION. ISO 13823: General Principles on the Design of Structures for Durability. Geneva, ISO/TC, 2008. JUNIOR, Francisco Gonçalves. Bm: tudo o que você precisa saber sobre esta metodologia.

2018.

Disponível

em:

<http://maisengenharia.altoqi.com.br/bim/tudo-o-que-voce-precisa-saber/>. Acesso em: 23 de maio de 2020. JUNIOR, José de Almendra Freitas. Materiais de Construção. Aditivos para concreto. Ed. 02. Produção de textos. São PAULO, 2013. LIMA,

Maryangela.

Geimba.

de;

MORELLI,

Fabiano.

Caracterização

da

agressividade do ambiente marinho às estruturas de concreto. São José dos Campos: Divisão de Infra-Estrutura Aeronáutica - ITA, 2004. MARQUES, Vinicius Silveira. Recuperação de estruturas submetidas à corrosão de armaduras: Definição das variáveis que interferem no custo. 2015. 92 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. São Paulo: IBRACON, 2008. MEIRA, G. R.; PADARATZ, Ivo J. Custos de recuperação e prevenção em estruturas de concreto armado: uma análise comparativa. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, IX, 2002, Foz do Iguaçu. Anais... Porto Alegre: 2002, p. 1425-1432. MERLIN,

Leroy.

VERNIZES.

2020.

Disponível

em:

<https://www.leroymerlin.com.br/vernizes>. Acesso em: 31 de maio de 2020. MIRANDA, Pedro. MARESIA: ENTENDA O QUE É E COMO PROTEGER AS CONSTRUÇÕES DO SEU EFEITO.

2018. Disponível em: <https://grupopizzinatto.com.br/maresia-entenda-o82


que-e-e-como-proteger-as-construcoes-do-seu-efeito/>. Acesso em: 30 de abriu de 2020. NAKAMURA, Juliana. Cobrimento de armaduras determina durabilidade de estruturas

de

concreto.

2016.

Disponível

em:

<https://www.aecweb.com.br/revista/materias/cobrimento-de-armaduras-determinadurabilidade-de-estruturas-de-concreto/14548>. Acesso em: 12 de junho de 2020. PADRÃO, José Avelino Loureiro Moreira. Técnicas de Inspeção e Diagnóstico em Estruturas. 2004. Dissertação (Mestrado, Faculdade de Engenharia Civil). Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2004. PANNONI, Fábio Domingos. Princípios da proteção de estruturas metálicas em situação de corrosão e incêndio. 2. Ed. Gerdau, 2004. PEREIRA, Caio. Tipos de cimento: Características e especificações. 2019. Disponível em: <https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-cimento/>. Acesso em: 17 de junho de 2020. PLANTAS, que reduzem o excesso de umidade dentro de casa. Bonde, 2019. Disponível em: <https://www.bonde.com.br/casa-e-decoracao/plantas-que-reduzemo-excesso-de-umidade-dentro-de-casa-508221.html>. Acesso em 18 de jun. de 2020. POINTER. Casa de praia: descubra qual é o piso ideal para esse imóvel. 2018. Disponível em: <https://pointer.com.br/blog/casa-de-praia/>. Acesso em: 15 de junho de 2020. POSSAN, Edna; DEMOLINER, Alberto. DESEMPENHO, DURABILIDADE E VIDA ÚTIL DAS EDIFICAÇÕES: ABORDAGEM GERAL. 2013. 2 p. Revista TécnicoCientífica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 - 1ª edição – outubro de 2013. Disponível em: < http://creaprw16.creapr.org.br/revista/Sistema/index.php/revista/article/download/14/10 >. Acesso em: 15 maio. 2020. REZENDE, Joana. Os 5 cuidados que arquitetos devem ter ao projetar uma casa no

litoral

com

foco

na

durabilidade.

2018.

Disponível

em: 83


<https://www.joanarezende.com.br/post-unico/2018/07/02/Os-5-cuidados-essenciaisque-arquitetos-devem-ter-ao-projetar-uma-Casa-no-Litoral-com-o-foco-nadurabilidade>. Acesso em: 15 de junho de 2020. SANTOS, Tony. 8 Soluções para combater a umidade dentro de casa. 2017. Disponível

em:

<https://www.homify.com.br/livros_de_ideias/4072279/8-solucoes-

para-combater-a-umidade-dentro-de-casa>. Acesso em: 15 de junho de 2020. SCHEIDEGGER, Guilherme Marchiori,;CALENZANI, Carla Lorencini. Patologia, recuperação

e

reparo

das

estruturas

de

concreto. Revista

Científica

Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 03, Vol. 05, pp. 68-92. Março de 2019. ISSN: 2448-0959. SERRA, Armindo Henrique Garrido Ferreira. Análise de patologias em estruturas construídas em ambiente marítimo. 2012. Dissertação (Mestrado, Faculdade de Engenharia Civil). Universidade do Porto, Porto, 2009. SGAI, Rosemary Diogo. Fatores que afetam o tratamento para preservação de madeiras.

2000.

Dissertação

(Mestrado,

Faculdade

de

Engenharia

Civil).

Universidade Estadual de Campinas: UNICAMP, São Paulo, 2000. SILVA, Luiz Carlos Thiers. Dicas de construção – Aditivos. 2004. Disponível em: <http://www.sitengenharia.com.br/diversosaditivos.htm> Acesso em: 29 maio de 2020. SILVA, Sarah Santos. Diagnóstico de Estruturas de Concreto em Ambientes Marinhos: Estudo de Caso de uma Plataforma de Pesca. 2017. 87 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil). Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2017. SOUZA, Livia L. Alves de; AMORIM Sérgio R. Leusin; LYRIO Arnaldo de Magalhães. Impactos do uso do BIM em escritórios de arquitetura: oportunidades no mercado imobiliário. Gestão & Tecnologia de Projetos, v. 4, n. 2, nov. 2009. Disponível em:<http://www.revistas.usp.br/gestaodeprojetos/article/download/50958/55043

>.

Acesso em: 20 de maio 2020. 84


UNIÃO VAI DEFINIR TERRENOS DE MARINHA EM MAIS DE 14 CIDADES DO ES. Revista

digital:

A

Gazeta,

2016.

Disponível

em:

<https://www.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2016/11/uniao-vai-definirterrenos-de-marinha-em-mais-14-cidades-do-es1013998788.html#:~:text=Uni%C3%A3o%20vai%20definir%20terrenos%20de%20m arinha%20em%20mais%2014%20cidades,Estado%20at%C3%A9%20o%20ano%20 2020&text=Al%C3%A9m%20de%20Vila%20Velha%2C%20outras,Patrim%C3%B4ni o%20da%20Uni%C3%A3o%20(SPU).>. Acesso em: 21 de junho de 2020. VANINI, Eduardo. Cuidados minimizam prejuízos causados pela maresia. 2017. Disponível

em:

<https://oglobo.globo.com/rio/cuidados-minimizam-prejuizos-

causados-pela-maresia-21207056>. Acesso em: 20 de junho de 2020. Veja como proteger a casa de praia contra a ação da maresia. Revista digital: ZAP em casa, 2015. Disponível em: <https://revista.zapimoveis.com.br/xo-maresia-vejaquais-sao-os-acabamentos-mais-indicados-para-a-casa-da-praia-3919381-sc/>. Acesso em: 17 de junho de 2020. XIV COBREAP – Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícia. Realizado em São Paulo – Palestra da Câmara de Inspeção predial: Acidentes Prediais e a Incidência de Falhas e Anomalias em Edificações, 2009.

85


CAPÍTULO 07: APÊNDICE CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO 05: CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAPÍTULO 05:

86


4


4


4


ESCALA1/ 100

F ACHADAFRONT AL

4 4


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.