Mineração e Violações de Direitos - PERU

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O CASO DAS EMPRESAS VALE E ODEBRECHT NO PERU

Campesinas, como destaca Milton Sanchéz Cubas: “O que temos criado são formas de poder nos defender através das Rondas Campesinas, que possuem uma lei e são reconhecidas pelo governo a partir dos anos 1980. E também com os Guardiões das Lagunas, que são pessoas das comunidades que estão constantemente indo às nossas lagunas para vigiá-las e protegê-las, impedindo que as empresas mineiras entrem com suas máquinas para destruir as nossas fontes de água. Aqui em Marañón também temos organizações, como as Rondas Campesinas e as Frentes de Defesas e os Guardiões do Rio Marañón, que vêm atuando fortemente na sensibilização da população e também tinformando do que se tratam esses projetos hidroenergéticos” (Milton Sanchéz Cubas, entrevista realizada em Mendán, em 25 de maio de 2014).

As comunidades que serão atingidas pela construção da hidrelétrica vivem basicamente da pequena agricultura, destacando-se o plantio de cacau, milho, mandioca, mangas e bananas, e da plantação de coca. O pequeno município de Chumuch, dentre os visitados, tem em sua praça principal o prédio da prefeitura, uma igreja e um grande posto de policiamento da polícia nacional. Um diferencial de Chumuch é

a ausência de impactos diretos na comunidade pela construção da represa de Chadín 2. Materiais de marketing do projeto podem ser encontrados por toda a localidade, fato este facilmente explicado pela presença de um stand de divulgação de Chadín 2 no local. Durante a visita a Chumuch, observou-se um elevado número de policiais presentes na praça principal no horário da reunião das Frentes de Defesa do Rio Marañón. Por outro lado, a população local não participou da reunião. Há relação entre estes dois fatos, já que é evidente o monitoramento da polícia sobre os participantes das reuniões. Para além da força policial, em Yágen, foi notada a presença de um homem suspeito de ter vínculos com a empresa, já que ele não era um morador local e usava vestimentas diferenciadas dos outros presentes. Utilizando um celular, ele tirou fotografias e filmou os participantes da reunião. As outras quatro localidades visitadas sofrerão impactos diretos, mas de proporções diferentes. O problema na comunidade de Yágen é que as terras cultiváveis da maioria das famílias localizam-se na parte baixa da região, perto do Rio Marañón. Por este motivo, a comunidade é assediada pela Odebrecht para a venda das mesmas. A reunião em Yágen contou com cerca de 200 pessoas entre crianças, jovens, mulheres, homens, mora37


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