Material Cordel

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E todos entrincheirados Começam a se arrepiar Depois do segundo uivo Sentiram a alma gelar Ouvindo um brado assassino Junto um grito feminino Vindo da sala de estar. Quando o coronel, naquela tensão Da voz de Maria o grito escutou Percebeu que a fera se aproximou Furtando o tesouro do seu coração. Mas o coronel de rifle na mão Pede a cabroeira pra casa cercar E se por ventura o monstro encontrar Não é pra temer o grande conflito E sim apontar para o bruto maldito Puxar o gatilho e a bala cantar. Benedito ao entrar na casa grande Ouviu gritos dos homens lá de fora Sons de ossos quebrados e ganidos E os cabras morrendo sem demora Escutando o uivar do anticristo E só o lobo sobrou naquela hora. Benedito assombrou-se, pois sentia Que era ele, o capeta e mais ninguém Parecendo ansioso como quem Viu que a morte de perto o perseguia Na pisada do monstro, o chão rangia No momento um trovão do céu caiu Lampião se apagou, fera grunhiu As canelas do velho amoleceram Quando os olhos de fogo apareceram A mandíbula mortífera se abriu.

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Se o final dessa história Vocês quiserem saber Pergunte ao cego que a luz Dos olhos não pode ver Mas que ouviu da cadela Numa conversa com ela Que a tudo pôde ver.

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Essa é a minha sina Viver sofrendo na vida De não ter nenhum dos olhos Mas ter a língua comprida.

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Não tenho cobiça nem falo mentira Só digo a verdade, não sou cego bobo O homem é do lobo o que o lobo é do homem É que o homem é do homem o mais terrível lobo.

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João fez um bucho em Maria Com nove meses e um dia Numa noite de luar Quando a criança nasceu O sertão estremeceu Pôs-se o inferno a chorar.

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Até nos dias de hoje É possível se avistar Nas noites de lua cheia Uma cadela a ladrar E um cego andando sem guia Filho de João e Maria Com o rabo a balançar.

Fonte: http:// tokdehistoria.wordpress.com, acesso em 15/05/2012

O lobisomem e o coronel em outras mídias

Fonte: http://sebodomessia s.com.br, acesso em 15/05/2012

Em 1964, o escritor José Cândido de Carvalho lançou o seu segundo livro, “O Coronel e o Lobisomem”. Nele, acompanhamos a história e as histórias do coronel Ponciano de Azeredo Furtado, membro da Guarda Nacional, em meio a aventuras divertidas e inusitadas – com direito a onças, sereias e, claro, um lobisomem – pela região de Campos de Goitacazes. O romance é bem diferente do cordel – que é de autoria anônima -, mas foi inspirado em seus elementos. Em 2005, o diretor Maurício Freitas lançou um filme baseado no romance, protagonizado por Diogo Vilela, Selton Mello e Ana Paula Arósio.

Fonte: http://meucinema brasileiro.com, acesso em 15/05/2012


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