Saga Os Tronos da Luz : A Profecia de Hedhen - Cristina Aguiar

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Parecem imóveis! — Como um espelho – comentou Deborah. Jael apontou para a colina que margeava o lago. — Foi de lá que eu tive a visão. É um bom lugar para acampar. De qualquer forma, vamos passar a noite aqui, não é? Hulda e Deborah aprovaram a idéia. Uma fogueira foi acesa quando a noite caiu. Jael tinha experiência em usar gravetos e pedras para fazer fogo. — Quando vai se tornar civilizada? – brincou Deborah. — Não sei se quero me tornar isso que você falou – Jael admirou as primeiras chamas que subiram. – Parece muito enfadonho. Elas ficaram conversando e rindo das histórias de caça contadas por Jael. Havia algo naquele lugar que expulsava todo o medo e ansiedade. O ar parecia tornar o coração mais leve. Elas adormeceram sem sentir. Já era tarde, e a lua cheia brilhava no céu, lançando sua luz sobre o lago. Um sussurro indefinível chegou com a brisa. Deborah abriu os olhos como se tivessem chamado o seu nome. Jael também ouvira e olhou em direção ao lago. — Você está sentindo? – ela perguntou a Deborah. — Sim. Elas levantaram ao mesmo tempo. O movimento acordou Hulda. Ela não podia ouvir o sussurro, mas sentia a brisa e o aroma perfumado no ar. Deborah, sem dizer nada, começou a descer a colina em direção ao lago. Jael a seguiu. A água mexia-se em pequenas ondulações. Era como se um dedo invisível a movesse com pequenos toques. Deborah e Jael, em unidade de pensamento, despiram-se das botas e entraram na água. Hulda ficou em pé, observando em expectativa. Temia aproximar-se demais. Deborah caminhou na frente e aguardou que Jael a alcançasse no meio do lago. A profundidade não ia além da cintura de Deborah. — Sente o que temos que fazer? – Deborah estendeu a mão para Jael. — Sim – Jael sorriu e pegou a mão dela. Ambas mergulharam e Hulda viu que uma claridade que não era o reflexo da lua envolvia o lugar onde elas estavam. Sem pensar nas conseqüências, ela correu colina abaixo para ficar mais perto. O coração palpitava. Quando elas subiram, Hulda conteve um grito de assombro e caiu de joelhos diante da visão. A roupa de Jael não era mais azul, mas brilhava como prata. Era como se fosse feita de estrelas. O cabelo caía solto em cachos até o meio das costas. Não havia nenhum sinal da mecha branca. A roupa de Deborah era imaculadamente branca. Hulda achou que fosse feita de luz. O cabelo negro e brilhante também caía solto, livre da trança, até a cintura. Ambas mantinham os olhos fechados. Não havia medo em seus rostos, mas serenidade e sabedoria. Uma sabedoria que transcendia os séculos.


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