Le goff, jacques o apogeu da cidade medieval

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barões." As cidades e os principados territoriais Entre a infinidade de senhores, há alguns que pela extensão de seu feudo estão acima dos demais e que, no século XIV, embora suas terras não tenham sido absorvidas pelo domínio real, como a Champagne e o condado de Toulouse, tendem a tornar-se, com base no modelo real, os chefes de principados territoriais. Infelizmente, não dispomos de estudos sobre as suas relações com as cidades de seu território. O caso da França do Oeste, da Normandia à Aquitânia, é particular, uma vez que o rei da Inglaterra, a título feudal, obviamente, é senhor da maior parte dessas regiões, da Normandia, do Anjou, do Maine e da Touraine, de fato, até 1203-1205 (de direito até 1258), e da Aquitânia durante todo o período. Até o fim do século XII, o movimento político urbano assinala nessas regiões um atraso bastante [pág. 131] nítido, como na Inglaterra, com exceção de Rouen, cujos Estabelecimentos, sob sua forma primitiva, datam, como vimos, de cerca de 1170. Depois de 1175, porém, "as comunas começam a multiplicar-se e as cidades tornam-se cada vez mais autônomas (J. Boussard). Para Bordeaux, João sem Terra aceita em 1206 uma comuna de fato e 14 dos 84 artigos dos Estabelecimentos de Bordeaux inspiram-se mais ou menos nos Estabelecimentos de Rouen, que tinham sido concedidos a Saintes (1199), a SaintJean-dAngély, a Cog-nac, a Poitiers, a Angoulême (1204), a Oléron (1205) e que o seriam a Bayonne em 1215. Em 1224, Henrique III aceitou oficialmente que Bordeaux tivesse uma comuna e um prefeito eleito. Em 1235 ele confirmou: "O rei concede aos burgueses, perpetuamente o direito de ter e de fazer entre eles um prefeito, de ter igualmente uma comuna, com todas as liberdades e livres costumes pertencentes ao mestre e à comuna." (Ch. Bémont) Em meados do século XIII o Roole de la vila, redigido em gascão, especifica que o prefeito é eleito pelos cinqüenta jurados, equivalentes dos escabinos. Bordeaux está nas mãos de uma oligarquia que se confunde até certo ponto com os ricos negociantes da cidade. Em 1261, Eduardo I promulga estatutos pelos quais ele se reserva a designação do prefeito. A partir de 1276 o rei da França entra em cena. Aceita e suscita cada vez mais os apelos dos bordeleses ao parlamento de Paris. Em 1294, o senescal de Filipe, o Belo, que arrancou Bordeaux ao rei da Inglaterra, confirma o foral de comuna de 1235, mas ao cabo de uma dezena de anos Filipe, o Belo, restitui a Guyenne e Bordeaux ao rei da Inglaterra. A partir de 1323 instaurou-se o costume de confiar em geral a prefeitura a ingleses e sob o reinado de Eduardo III (1327-1377) as relações entre Bordeaux e a coroa inglesa tornaram-se cada vez mais estreitas. Na França do Norte e do Leste, nos grandes feudos de Flandres e da Champagne, a


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