Antologia de Contos - TELE versão 2

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Apresentação

Na edição de estreia da antologia “Cada Conto um Encanto” reunimos os trabalhos dos estudantes da segunda fase do curso Integrado de Telecomunicações do Instituto Federal de Santa Catarina, campus São José. Aqui segue os trabalhos produzidos pelos alunos a partir do que foi estudado durante o semestre nas aulas de Língua Portuguesa sobre a produção de uma narrativa, e utilizando como mote a letra da canção “Geografia Sentimental” de Calderoni, Vinicius e Bianchini, Leo, da banda. Os contos, escritos por leitores e leitoras que deixaram de ser “comuns”, adotando a visão crítica enquanto instrumento de leitura literária. Eis aqui o trabalho de potenciais críticos literários em formação. Boa Leitura! Aluna: Laura Macedo (2ª fase de Telecomunicações) Organização: Profa. Dra. Juliana R. Kickhöfel Impressão: Gráfica do Instituto Federal de Santa Catarina – IFSC – SJ Imagem da capa: “Produção do Aluno Artur Filomeno de Souza”

ÍNDI

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Letra da música utilizada como mote para a produção. A partir da letra imaginar uma situação em que teria levado o eu lírico a expressar esses sentimentos: ciúme, inquietude, desamparo. A flecha chamada "ciúme" Cravada no bonde chamado "desejo" Correndo no trilho chamado "paúra" Que fica na rua do "desassossego" Esquina com a praça da "ilusão perdida" Distante do bairro de nome "aconchego" Onde fica a casa chamada "carinho" Vizinha da marginal do "desapego" Que corre ao lado do rio "melodia" Sobre o qual um barco chamado "passado" Navega para o porto chamado "destino" Com seu marinheiro chamado, "chamado" Com mastro que alguém batizou "desatino" Com a vela que alguém nomeou "desamparo" Sob a tempestade que chama o desejo Que também é o nome do bonde que pego E dentro do bonde num banco vazio Repousa uma caixa Que é toda mistério, mas há uma etiqueta Em letra de forma escrito A flecha chamada "ciúme" Cravada no bonde chamado "desejo" Correndo no trilho chamado "paúra" Que fica na rua do "desassossego" Esquina com a praça da "ilusão perdida" Distante do bairro de nome "aconchego"


Onde fica a casa chamada "carinho" Vizinha da marginal do "desapego" Que corre ao lado do rio "melodia" Sobre o qual um barco chamado "passado" Navega para o porto chamado "destino" Com seu marinheiro chamado, "chamado" Com mastro que alguém batizou "desatino" Com a vela que alguém nomeou "desamparo" Sob a tempestade que chama o desejo Que também é o nome do bonde que pego E dentro do bonde num banco vazio Repousa uma caixa Que é toda mistério, mas há uma etiqueta Em letra de forma escrito: amor!


Conto “Cui Bono? ” Por Cecílio P., Leonardo O., Gelso F.


Era um dia muito calmo, como qualquer outro naquele pequeno terreno, tudo por lá era calmo e cheirava a paz, uma das casas humildes que se situavam neste local era da família Kenway. Edward era um camponês comum naquela região, junto de seus pais e de seu talentoso irmão, que mesmo sendo apenas pouco mais velho era muito mais habilidoso, também era conhecido por sua bravura ao ter defendido sua casa de bandidos utilizando as próprias mãos, Edward só estava seguindo as tradições da família e queria participar da guerra ,porém ainda era muito jovem, seus pais viviam elogiando a bravura de seu filho durante os conflitos, fazendo com que Edward, ao mesmo tempo que admirava seu irmão, também morria de inveja pelas suas conquistas, tanto seu pai quanto sua mãe também ajudaram a pátria, entretanto durante a guerra que se estendia por séculos, ambos faleceram enquanto participavam dos conflitos junto de seu primogênito. Deixando Edward desolado e sozinho, tendo que continuar sua vida de forma solitária, Edward sempre colocando em sua cabeça que sua família morreu lutando por um motivo nobre e justo, agora Edward apenas aguardava a hora de ser chamado para ter o mesmo destino, sendo assim cumprindo seu objetivo de vida. Após um bom tempo seguindo sua vida como fazendeiro para apenas garantir sua sobrevivência, um dos soldados do rei bateu em sua porta, exclamando que o rei desejava mais soldados para a grande guerra com seu inimigo que batalhava por gerações pai, filho e filha tinham o mesmo destino. Edward aceitou o convite, ansioso para que finalmente pudesse honrar sua família, ajudando a pátria, tanto quanto eles ajudaram, então ele se preparava para partir para sua nova forma de vida, buscando honrar o nome de sua família que havia sido morta por soldados inimigos, como acabará de ser escolhido no exército não esperavam muito de Edward, porém ele fez com que os homens ao seu redor engolissem o que pensavam quando foi a guerra. Após várias batalhas consecutivas, Edward já estava ficando sem esperança, quase chegando a esquecer do por que fazia aquilo, e por que era necessário que estes homens lutassem, qual era o real motivo, e se algum deles ainda lembrava sua motivação. Parecia um eterno pesadelo, onde


Edward não tinha escapatória, a não ser enfrentar as hordas de inimigos que nunca paravam de chegar. Edward estava pensando em como sua vida estava arruinada. Em como tudo isso não faz mais sentido, que na verdade ele nem ao menos gostaria de lutar, e lembra de sua família, a família que o amou, consolou, ajudou e protegeu, mas tudo isso não fazia mais sentido a ele. Por que lutar? Qual era o sentido de tudo isso? Para no fim, morrer como uma peça de xadrez. Porém, lembrou-se do seu objetivo, honrar sua família, sua mãe, seu pai, seu irmão, que mesmo sentindo ciúmes de não ser tão habilidoso como tal, o amava. Edward estava com medo, mas mesmo assim. Sabia que tinha que continuar em frente, sabia que queria uma família, que queria uma esposa, e filhos para amar. Não poderia desistir de tudo assim. Ele queria a paz, não a guerra, quem sabe apenas tentar resolver os problemas pacificamente com os "inimigos" seria a solução, é como se gerações inteiras de animais se odiassem apenas por que um de seus antepassados roubou o alimento de outra espécie, erros são cometidos, e cabe a nós repararmos. Após longos dias na guerra, já era inverno e, Edward já sonhava acordado após tantas guerras e destruição, mal sabia quem era em meio a tanto sangue derramado sem sentido, depois de uma semana na guerra, nenhum soldado tem um nome. Ele ponderou sobre seu futuro, uma família, iria acordar de manhã, ver sua esposa a seu lado, abraçar seus filhos, ter sua vida, não sobreviver mais, mas sim começar a realmente ver o lado bom de toda a vida novamente, iria enfrentar seus medos da guerra, para voltar e constituir sua família, encontrando assim seu amor e viver vagueando aos mistérios das esquinas da felicidade, Edward então parte com bravura mais uma vez em direção à frente de guerra, esperando logo acabar com isso e conseguir realizar seus desejos, Edward avista o General inimigo e instantaneamente Edward parte desesperadamente para dar um fim a todo aquele massacre sem sentido, enquanto Edward recobre a consciência, logo se arrepende de seu ato sem controle, percebendo que uma lança havia perfurado seu estômago, Edward estava determinado a cumprir seu


objetivo e com garra ele quebra a lança em sua barriga e continua a ir em direção ao general inimigo, o general já sabia deque era um alvo e estava preparado, arqueiros atiravam flechas em Edward, mesmo sofrendo muito com o seu ferimento Edward desvia das flechas instintivamente até que consegue chegar perto do General, apenas pela presença de Edward, o General se sente ameaçado e parte para cima de Edward, os dois acabam cravando suas lâminas um no outro, ambos foram golpes fatais e enquanto Edward ia caindo lentamente no chão, ele sorria , enquanto olhava ao rosto do General que estava pasmo com a situação. Então Edward finalmente consegue conquistar seus desejos, e conhece o amor de verdade, mesmo que este, seja na morte.


Conto “Verdadeiro Sonho: Pedro e Catarina� Por Gabrielly, Francine e Filipe


Era noite, Pedro e Catarina observavam as estrelas no céu, quando Pedro toma a iniciativa de contar para Catarina a oportunidade que lhe fora dada. Teria que fazer uma viagem para fora do país, porém não poderia levá-la consigo. Enfim, falou: Meu amor, tenho que te contar uma coisa. Você sabe o quanto eu te amo, e sabemos que ambos se dedicaram muito nesse relacionamento, mas tenho que ir para o exterior para seguir o meu verdadeiro sonho. Catarina o olhou de uma forma que ele jamais havia visto. Com a respiração desacelerada e com a face entristecida, ela disse: Pedro, você é uma das pessoas mais especiais que tenho na minha vida, e queria ficar para sempre ao seu lado, mas se você tem um sonho, você deve segui-lo, então eu te desejo toda a felicidade, mesmo estando longe de mim. O relacionamento dos dois ia se esfriando com o tempo, porém, Pedro Ainda se pegava pensando em momentos que passara junto a Catarina, esses pensamentos lhe causavam uma dor que tirava toda sua disposição e felicidade. Pedro estava fora do país de origem há duas semanas, e em uma noite, foi até um bar para tentar esquecer dos problemas. Embebedou-se e foi para casa. Pela manhã, já sóbrio, percebe que cometeu um terrível erro ao deixar Catarina para trás e ao pensar que ela não era o seu maior sonho. Logo, decidiu voltar para ela, com esperanças de que ela o perdoaria pelo que ele fez. Pedro chegou da viagem e pegou um táxi direto até a casa de Catarina. Ele se aproximava da porta da casa, e quando ia bater nela, a porta se abre e quem estava do outro lado era Catarina, com os olhos brilhando e cheios de lágrimas ela disse: Obrigada por não desistir de nós!


Conto “O Segredo” Por Bruna Silveira e Noêmia Lazzarotto

Emílio e Leopoldo eram amigos desde o ensino médio, faziam tudo juntos, até para a mesma faculdade foram, Emílio sempre foi mais extrovertido, com seus longos cabelos loiros, olhos azuis e o bronzeado em dia, era o sonho das garotas do campus. Leopoldo não, ele preferia ficar mais na dele, era mais baixo que Emílio, mais magro, tinha o cabelo mais curto e escuro, sua pele era mais clara e seus olhos eram castanhos. Emílio havia se assumido há um ano, mas, até então, não havia namorado nenhum garoto, Leopoldo tinha sentimentos secretos pelo amigo e este segredo ia lhe custar caro.


O Tinder era nova tendência e Emílio já estava conectado. No mesmo dia em que baixou o aplicativo, encontrou um perfil que lhe chamou atenção e, para sua surpresa, deu ''match''. No fim da última aula sobre artes plásticas, Emílio dirigiu-se para o dormitório, animado para contar a novidade ao amigo que, para seu espanto, demonstrou desinteresse no assunto e, até mesmo, um certo aborrecimento. Emílio, estranhando a atitude de Leopoldo, foi se deitar. Após alguns minutos conversando com uma amiga pelo WhatsApp, recebe uma mensagem no Tinder, era o garoto do qual ele ia falar para Leopoldo. O garoto se chamava Frederico, tinha pele morena e olhos castanhos. Nas informações do seu perfil ele dizia estar no terceiro ano do ensino médio, pretendia estudar design na faculdade e morava na mesma cidade que Emílio. Passavam a noite toda conversando, era surpreendente a quantidade de interesses que eles tinham em comum. Todos os dias, que se sucederam àquela noite, eles conversavam, chegavam a trocar número de telefone e passavam a fazer ligações de voz e, também, de vídeo. Emílio mal via Leopoldo, no dormitório mal se falavam, se afastavam mais e mais a cada dia que se passava. Numa tarde ensolarada de primavera, Emílio convida Frederico para ir a uma choperia, seria o primeiro encontro dos dois e, como era de se esperar, foram pontuais, chegando a mesa no mesmo momento. Riram, dividiram histórias e trocaram olhares a tarde inteira, perderam totalmente a noção do tempo. Leopoldo estava indo à padaria quando passa em frente ao local e se depara com os dois de mãos dadas em cima da mesa. Sem pensar duas vezes entra no local, tira Emílio pelo braço para fora e começa a falar: Você realmente não faz ideia, Emílio? Eu te amo, eu te amo muito mais do que eu gostaria. Vendo o amigo de uma maneira que nunca havia visto, Emílio responde: Diversas vezes tentei me aproximar de você, mas acabei desistindo por conta da sua resistência. Somos grandes amigos, Leo, e admito já ter sentido algo a mais por você, mas agora encontrei alguém que quero, alguém que também me quer.


Frederico surge atrás de Emílio e o abraça, Leopoldo, transtornado com a situação vai embora com o coração partido, sem ao menos se despedir. Algumas semanas após o ocorrido, Leopoldo decidiu viajar de navio a Manhattan, para visitar seus pais, mas acabou ficando o resto do semestre por lá. Emílio nunca mais teve notícias do amigo, casou-se com Frederico na primavera que se sucedeu àquela e expôs suas obras de arte ao redor do mundo.


Conto �Pensamentos Expressos� Por Laura Alaide Macedo, Mariana Korb, Viviane Valentina Stupp Martins, Tiago Correa Damiani


A cafeteria ainda se encontrava vazia, era cedo, as pessoas normalmente começavam a chegar um pouco mais tarde. Era interessante observar os contrastes do ambiente em seus diferentes horários do dia. Nessa hora o lugar passava uma sensação de tranquilidade, com suas cores escuras e móveis rústicos. Mas eu sabia que logo esse clima mudaria, as pessoas começariam a chegar e teria o momento onde o movimento ficaria frenético. As manhãs sempre eram as mais agitadas. Sentia minha mente dormente, fazia tempo que não lidava com aquela correria, de certa forma essa sensação me agradava, me fazendo lembrar os velhos tempos. Dentro da cafeteria só se encontravam as pessoas em suas mesas, sem pressa, aproveitando suas manhãs tranquilamente. De vez em quando algumas pessoas ainda passavam pela porta, fazendo seus pedidos e logo saindo rapidamente, provavelmente atrasadas. Apesar de ser tão observadora como é nossa protagonista, havia um detalhe que sempre passou despercebido pela mesma. Aquele homem, que todas as manhãs parava do outro lado da rua e a observava, o mesmo que em pouco tempo logo chegaria. Ele ficava lá, parecendo travar uma batalha consigo mesmo, mas no fim sempre ia embora depois de poucos minutos, mesmo que relutante. Estava perdida em pensamentos enquanto observava o movimento dos carros e pessoas na rua quando o som do sininho da porta acompanhado de gargalhadas me tirou de meus devaneios. As duas meninas entraram afobadas, caminhando direto para as mesas, ainda em meio a risadas, deixei que se acalmassem antes de ir atendê-las. Ainda assim, quando fui até lá elas fizeram seus pedidos, ainda risonhas, no entanto quando voltei para entregá-los elas já se encontravam em meio a uma conversa tranquila. Voltando para o balcão comecei a observá-las, pareciam felizes, de vez em quando suas vozes se elevavam, atraindo alguns olhares em sua direção. Eu não me incomodava com o barulho, me alegrava ver relações daquele tipo, elas pareciam tão tranquilas e despreocupadas. Observando aquelas meninas era inevitável pensar em minha própria juventude. Quando tudo que eu mais gostaria era poder ser daquele jeito, não ter as preocupações que tanto me afligiam naquela época, que foi quando percebi os tantos obstáculos que teria de enfrentar. O que eu deveria pensar de mim mesma quando, o que deveria ser uma das pessoas mais importantes de minha vida, parecia não


acreditar muito menos apoiar a mim. Era na verdade como se fosse indiferente a tudo, nada era bom o bastante. Mas no fim, eu apenas tive que aprender a conviver com toda a situação que me rondava onde eu devia estar segura e protegida, conviver com as palavras grosseiras, conviver com a indiferença, e tudo que me deixava mal dentro daquele lugar. Mas toda a situação não durou muito tempo, enquanto crescia percebi o quanto aquele ambiente me deixava mal, e sabia o que deveria fazer assim que tivesse a oportunidade, e foi o que eu fiz, e apesar de todas dificuldades iniciais, eu não voltei atrás, cortando toda e qualquer relação. E acredite, a independência me fez muito bem. Depois disso eu comecei a me sentir mais leve, feliz, apesar de claro, continuar convivendo com tudo que sempre estive em contato, todos os olhares tortos, olhares desaprovadores para meu cabelo, expressões desgostosas nos momentos que expressava minhas opiniões ou falava de minha religião. Mas essas situações não eram do tipo que me afetavam, com o tempo aprendi que todas essas são ações que ainda demorarão muito tempo para que acabem. E principalmente aprendi a conservar perto de mim somente aqueles me fazem sentir bem, que, no fim, me deixam da mesma forma com aquelas meninas, leve, despreocupada e, claro, feliz. A risada das garotas novamente me tira de meus pensamentos, fazendo com que um sutil sorriso surja em meus lábios, volto a observar a minha volta, tudo parece normal. Mas meu corpo tenciona levemente quando meu olhar chega à rua e eu vejo uma figura estranhamente familiar se distanciando. O barulho da porta me distrai antes que possa pensar mais sobre aquilo, desvio minha atenção para entrada, onde duas pessoas acabam de entrar, ambas fazem com que eu sorria. A primeira está descabelada, parece ter corrido uma maratona para chegar aqui. “Me desculpe, foi uma emergência, tentei ser a mais rápida que conseguia, juro que não acontecerá novamente, e…”. Interrompo sua nervosa explicação com uma leve risada, a tranquilizando, dizendo que não há problema. “Obrigada, chefe. Você é a melhor” Fala de um jeito que me faz rir, logo assumindo seu posto atrás do balcão. Saio de lá e sigo em direção da outra pessoa que havia entrado, que sorri enquanto sigo em sua direção. Quando chego perto o bastante recebo um delicado beijo e um aconchegante abraço. “Não tenho muito tempo, acabei de deixar as crianças na escola” Fala, fazendo com que eu solte um leve suspiro, nos afastamos um


pouco, permitindo que eu veja seu divertido sorriso. “Mas que eu saiba você também tem um dia cheio hoje, soube do problema que deu na filial, parece que hoje haverá muita coisa para resolver, não é mesmo senhora empresária? ” Sua fala faz com que eu bufe, já consigo imaginar a dor de cabeça, isso que dar resolver ampliar os negócios. Minha ação faz com que a pessoa solte uma risada divertida, logo se despedindo com outro beijo. Observo seu caminho até a porta, sorrindo, ato que logo se desfaz quando outra pessoa passa esbaforida pela porta. Alguns minutos antes o homem do outro lado da rua havia, como sempre, seguido seu caminho, mas nesse dia seu conflito era maior, não conseguia parar de pensar no quanto de tempo já havia perdido e o quanto ainda perderá se não tomar alguma decisão. Pensamento que o faz dar meia volta rapidamente e andar apressado até o lugar que ele tanto observa diariamente, quase esbarrando na entrada com uma pessoa que acabava de sair de lá. Agora de frente de quem ele vem fugindo a muito tempo, sua certeza parecia um pouco abalada, sabia o que havia feito, o que havia causado em sua vida, e se arrependia amargamente de tudo que seus atos impensados e tempos confusos haviam causado. Em seu olhar era perceptível agora o arrependimento, o medo e a esperança. -Pai?


Conto “Escolhas” Por Arthur Cadore, Sabrina Garcia e Thiago Paim

Em um típico feriado, Leonardo e seu namorado Marcos caminhavam sobre a areia em um entardecer esplêndido. Leonardo só se permitia recordar sobre como sua vida, havia tomado rumos inusitados e em meio a tantas mudanças, pela primeira vez ele se sentia seguro, e o mais importante, amado. Há cerca de um ano, ele abandonou sua cidade e sua família na busca de poder vivenciar um relacionamento tranquilo, livre de preconceitos e imposições da sociedade. Ele vivia com Marcos em um pequeno apartamento em Florianópolis, sua rotina era repleta de amor, desde o acordar até o anoitecer onde se aninhava nos braços de Marcos e dormia tranquilamente. Havia conseguido um emprego bom em uma agência de turismo, onde recepcionava e trocava experiências com os demais viajantes.


No ápice da temporada de verão, ao recepcionar uma grande turma de viajantes, Leonardo foi surpreendido com uma lembrança do passado, estava ali em sua frente... Renata, a mulher que por muito tempo foi responsável por causar-lhe muitas noites de insônia. No entanto, a surpresa não veio só de sua parte, em um breve encontro de olhares foi como se todos os momentos e olhares estivessem ali, mais vivos do q nunca, e Renata em um ato imprudente correu em direção a Leonardo e o chamou: Leonardo?! Meu Deus, você era a última pessoa que eu esperava encontrar! Renata!? Pois é, as coisas para mim mudaram de uma forma drástica… Eu imagino!! Você está ótimo! Então você será meu guia? Não, eu só recepciono no momento da chegada dos viajantes. Respondeu Leonardo; soando um pouco aliviado por não ter que revê-la. É uma pena, gostaria de passar um tempo com você... Pois é! Uma pena mesmo. Um período de silêncio tomou conta e um certo clima surgiu, mas de maneira rápida Renata deu um fim ao clima e retrucou: Não seja por isso, sexta feira estamos com a programação para um luau na praia de fora, fica com meu número, talvez você possa vir, só me ligar antes. Tudo bem, caso eu possa ir eu te ligo, vou voltar ao trabalho. Então Leonardo se despediu de Renata com um beijo no rosto. Ambos saíram abalados, Leonardo se torturava com a dúvida cruel entre dar uma chance ao passado ou apenas seguir tranquilamente a sua rotina que tanto apreciava.


Quatro dias se passaram, incomodado com a chance de nunca mais ter a oportunidade de descobrir o que viria acontecer, caso não fosse ao encontro, Leonardo se rendeu e ligou para Renata: Oi, quem fala? Oi Renata, aqui é o Leonardo, estou te ligando para confirmar. Irei ao luau hoje à noite! Ah, que notícia boa! Vai ser ótimo te encontrar lá, beijo vou me arrumar. O tempo passou rápido e quando se deparou, Leonardo já caminhava pela areia em busca de Renata, incerto de suas decisões mais tomado pela emoção e ansiedade ele nem sequer lembrava de Marcos que havia viajado a trabalho e felizmente não o cercaria de perguntas. Após cinco minutos de caminhada, Leonardo já se encontrava com Renata e se mantinha ali encantado com o a naturalidade que ela conseguia dar para qualquer situação. Passando ali poucas horas, Leonardo já se recordava do porque havia se apaixonado por aquela mulher, ela tinha uma espontaneidade que era só sua, e um olhar penetrante que o mantinha ali a todo momento, incapaz de controlar seus atos. A noite se passou, e não mais que uma boa conversa ele trouxe para si, no entanto, ao chegar em casa, foi surpreendido… O carro de Marcos estava guardado na garagem, o que indicavam que ao acordar ele teria muito para explicar, mas não sabia como. Logo amanheceu e para surpresa de Leonardo, Marcos havia acordado mais cedo que o normal e apenas saído sem explicação alguma, até Marcos voltar passaram se ali duas horas, onde Leonardo tentava encaixar suas mentiras, que tentariam amenizar o fato de ter encontrado sua Ex enquanto seu companheiro estava fora, no entanto era um péssimo mentiroso, e ao notar a chegada de Marcos decidiu contar a verdade.


Marcos passou pela porta e parou quando o viu, aparentemente estava calmo, mas Leonardo sabia que quando ele contasse o que havia feito naquela noite, sua feição mudaria completamente. Bom dia, vi que andou aprontando essa noite não foi? Disse Marcos Fui até um luau na praia. Ah que legal, quem o acompanhou? Na verdade, fui sozinho… Preocupado com a reação de Léo, Marcos perguntou: Você tem certeza que estava sozinho? Ao perceber que não conseguiria manter a mentira, Leonardo confessou: Acabei me encontrando com o Renata em uma das turmas que recepcionei, mas não foi nada demais, acabei indo somente para sair casa. A claro, não devo me preocupar com você tentando mentir para mim sobre sua Ex? Pelo amor de Deus Leonardo, que tipo de consideração você tem por mim? Me desculpa, não sabia como contar isso sem essa reação. Leonardo respondeu aflito... Podia me contar a verdade, você sempre foi sincero sobre seus sentimentos por ela, mas depois de um ano pensei que tivesse mais respeito por nossa união. Mas eu tenho Marcos! Você acha que eu briguei com minha família, me isolei, para continuar mantendo uma relação com a Renata?! Para ser sincero, as vezes acho que sou só uma distração para você...


Então tenho uma completa a certeza de que mesmo estando do meu lado você não me conhece. Leonardo abriu a porta e saiu sem destino. Na caminhada recebeu uma mensagem de Renata "adorei a noite com você, topa uma praia hoje?!" Sem pensar muito disse "Sim". Ele se encontrou com Renata e percebia que ela jogava seu olhar minucioso e fatal sobre ele, e então decidiu contar a ela sobre sua situação. Ele se abriu sobre seu relacionamento, os conflitos com a família e como sua aparição havia causado tumulto. Ela escutou tudo e soltou um suspiro ao fim da história. É, de fato Leonardo que sua vida teve mais mudanças que imaginei, mas desde que te vi, alguns sentimentos em mim voltaram à tona, desde que terminamos não fui capaz de me envolver com mais ninguém, você deixou um espaço em minha vida que só pode ser preenchido por você, e eu ainda te desejo agora mais do que nunca! Eu sei que pedir agora que se separe do seu companheiro é um ato de egoísmo, mas estou me dando a chance de ser egoísta uma vez na vida, eu vou embora no próximo domingo caso você queira dar uma chance para nós dois me procura... A semana passou rápido, nada de se reconciliar com Marcos, o domingo se aproximando e o seu relacionamento só parecia se afundar, e Leonardo só sabia se questionar: "como foi que eu deixei tudo isso acontecer?". O domingo chegou, o peito apertado, o coração como se fosse pular para fora de si, e nada de Marcos voltar, nenhuma conversa com Renata, até que o seu celular tocou: Você já se decidiu Léo?! Falou Renata. Aquelas palavras ecoaram sobre sua mente e palavra alguma saia de sua boca, ela desligou o telefone.


Sem reação ele se jogou sobre o sofá, ele havia se decidido, mas no fundo sabia que seu coração magoado, em algum momento, viria impedir seu relacionamento com Renata, ao mesmo tempo que no fundo, seu relacionamento com o Marcos não era mais que um puro disfarce. Tomando por uma decepção tão grande, pegou um papel e uma caneta e passou a escrever. " Querido Marcos, sinto que a época que nos conhecemos não era a melhor, reconheço e o agradeço por muito tempo ter sido minha base. O que fiz de maneira alguma foi certo, derrubar sobre você inseguranças, sentimentos e dar somente a você a função de me tirar desse buraco no qual eu vinha me enfiado foi egoísta, e por isso lhe peço imensas desculpas. Tenho em mente que para cada sentimento que tenho sobre você nele existe uma pitada de mentira. E por isso não acho justo dar sequências ao nosso relacionamento, espero ter a oportunidade de um dia me sentar em algum bar ao seu lado, em um momento onde minha vida esteja mais tranquila e conversar sem ressentimentos sobre o tempo que estivemos juntos. Tudo o que vivemos foi um grande aprendizado para mim, obrigado por me ensinar a olhar as situações de uma maneira sensata e inteligente, por de certa forma me ajudar a controlar minhas emoções e agir com mais frieza nos momentos de necessidade. A partir de agora sigo sozinho, até estar bem resolvido com todos os meus sentimentos e inseguranças. Obrigado por tudo.

Com carinho, Léo "


Conto “O amor é uma caixa de surpresas” Por Matheus Pires Salazar e Yasmin Alves Ludgerio

Sábado, numa noite chuvosa, João aguardava inquieto a chegada de sua namorada, sentado no banco da praça de alimentação do shopping. Meia hora depois, eis que surge no alto da escada rolante um rosto familiar. Lá estava ela, aparência impecável, nariz em pé e uma fisionomia desanimada. Quando os olhares se encontram, João sente o coração disparar, embora Carol pareça continuar indiferente. João rapidamente dirige-se em direção a ela e cumprimenta-a com um beijo caloroso que ela interrompe de imediato. “Aqui não! ”


Ele sente a frieza incomum nas palavras da namorada e começa a se perguntar o que se passa na cabeça dela. Ela pega em sua mão e os dois seguem juntos para o cinema. “O que você acha desse aqui? Romântico demais? ” João pergunta inseguro. “Você que sabe. ” Automaticamente, ele percebe que Carol não está lá pelo filme. Ele arca com todos os gastos enquanto ela escolhe as poltronas, no canto mais escuro do cinema. João toma a frente logo na primeira cena do filme, beijando o pescoço de Carol, que permanece fissurada na tela. Depois de algumas tentativas, ela vira-se estressada: “Pagou para ver o filme ou ficar me enchendo o saco? ” “Desculpa. ” Ele reclina-se na cadeira e olha para a tela sem atenção, pensando no que havia feito de errado para ela tratá-lo assim. Domingo à tarde, deitada na cadeira de praia, Carol está pegando um bronzeado quando decidi entrar na água. “Vem comigo! ” Ela diz sorridente, dá um beijo em João e caminha rumo ao mar. “Vou depois! ” Ela se molha, fazendo graça para o seu namorado, que a observa da areia. Até que depois de um mergulho, ela vê a atenção dele voltada em outra direção. Cinco garotas esbeltas jogando frescobol ao lado. Carol passa a acreditar que o desinteresse de João essa tarde possa ser não um desinteresse momentâneo, mas sim um desinteresse nela. As nuvens tomam conta do céu assim como as paranoias tomam conta de sua mente. O céu desmorona em chuva e Carol desmorona em incertezas.


Deixando o carro ao mesmo tempo, eles entram de mãos dadas no ambiente iluminado pelo jogo de luzes e vibrando com o som alto. A festa promete. João diz que vai cumprimentar os amigos enquanto Carol faz um copo. Ela encosta-se ao lado da bancada do som e espera por ele. Por conta de sua demora, ela une-se a mais duas garotas e vai dançar. Levemente alterada e dançando freneticamente, num relance ela olha para frente e vê João conversando entretido com uma garota que ela nunca havia visto. Seu primeiro impulso foi parar e respirar, ele não seria capaz de fazer algo desse tipo com ela, não ele. Era o João, o seu João. Mas a gota d’água foi vê-lo dançando com a desconhecida. Carol fingiu estar passando mal e pegou carona para a casa com o primeiro que apareceu. Assim que dá falta de sua namorada, ele a procura em todos os lugares. Quando passa a perguntar por ela, muitos dizem não saber e outros dizem que ela foi embora sem se despedir. Ele corre para o carro e toca em direção a casa dela, já imaginando o que possa ter acontecido: ela claramente entendeu tudo errado. A porta se abre e Carol está completamente desarrumada. Não dá tempo e João já começa a se desculpar, ele explica quem era a loira, sua amiga de longa data. Enquanto ela apenas o observa, sem expressão. “Então, me desculpa? Eu te amo. ” Nesse momento, um rapaz surge por trás de Carol, sem camisa e pergunta quem está na porta. João olha incrédulo. O amor é uma caixa de surpresas.


Conto “P de Problema” Por Paulo Bruno e Júlia


Pedro, um jovem garoto de uma típica escola de fundamental. Paula, uma garota desejada e amada por todos. Bruno, amigo de Paulo, um garoto recatado e estudioso. Esses são os ingredientes de uma conturbada história de amor. Pedro desde pequeno tinha o hábito de se socializar com seus colegas, tendo um destaque já na época quando se tratava de garotas. Paula mesmo tão desejada, se mantinha por fora dos recémcriados rolos protagonizados por Pedro. “Um caso perdido, já dizia ela”. Bruno, o tímido Bruno, não continha opiniões adversas a figura de Pedro ou de qualquer outra pessoa. Viu apenas em Paula seu único refúgio. Pedro crescera sempre popular, já no ensino médio tinha suas listinhas de “ficantes” da qual considerava sua maior conquista. Paula, a bela Paula, continuará a priorizar suas para o desconsolo dos rapazes. Já Bruno também não mudara muito, manteve-se tímido, recluso, porém temia que fora longe demais em seus pensamentos sobre Paula, que agora em sua mente vacilava entre uma simpática garota e uma crescente paixão. Tal desenvolvimento viria por mudar o rumo da história deste trio. Pedro agora tem 17 anos, um início de juventude conturbada como toda sua vida e passou seus últimos anos sofrendo dar um jeito de matar aula para arranjar tempo de estudo na reta final de provas. Pernas para que te quero? Pedro, com seus cabelos ondulados e pele bronzeada tentava inutilmente escapar da rigorosa representante de classe, uma garota de cabelos lisos escuros e uma pele que aparenta nunca ter entrado em contato com os raios solares.


A representante, a dedicada Paula, viu em Pedro seu maior incomodo. Contando com Bruno para ajudá-la nesses momentos. Situações como essa fizeram Pedro e Bruno criarem uma má relação. Tendo Pedro ridicularizando constantemente Bruno, um garoto alto e forte, de que mesmo tendo toda aquela aparência, era um mero cãozinho de Paula. Bruno de fato já não se importava com isso. Vivia, sorria e brigava por Paula, em uma relação que para ele era uma tempestade de amor e falta de reciprocidade. Com o passar do tempo a situação entre Pedro e Paulo, após um maior amadurecimento, melhorou e o profundo amor de Bruno a se mostrar cada vez uma inesgotável fonte de sofrimento. Pedro passara com o tempo a chegar no tempo que para muitos sempre foi o inevitável: se apaixonar por Paula. Paula, mais uma de muitas na vida de Pedro, não tardara a receber uma proposta do mesmo, em um belo dia de primavera. […] O dia amanhecera feliz para Bruno, após mais uma noite de discussões mentais sobre sua falta de coragem em assumir seus sentimentos a Paula, ele decidira de forma relutante encarar o problema de uma vez por todas. Vivia a se vestir e almoçar com velocidade, chegar mais cedo da escola e encontrar Paula era algo que seu coração não apenas pedia, como também implorava. O relógio marcava 12:35 daquele belo dia de primavera e Bruno sabia exatamente onde encontrar Paula. Seu coração que antes palpitava agora pulava para fora, os passos dados no caminho para os fundos da escola pareciam uma eternidade. Logo Bruno chegou, e começou a ouvir uma conversa de cortar seu coração. Pedro estava se declarando a seu maior e único amor.


Bruno não conseguia se mover, seu acelerado coração havia se tornado algo à beira de parar totalmente e seu rosto cheio e tornara pálido num instante. Paula se mostrou confusa, apreensiva e relutante sobre a situação. Pedro já era experiente com isso e logo se adiantou: Você sabe que isso não é algo que dá para fugir para sempre. Ele está longe de querer qualquer coisa com você, e sabes disso. Paula ainda conturbada fora atingida em seu ponto fraco e Pedro aproveitou para desferir outros golpes em seu coração. Bruno nesse momento viu seu chão se ir, fora incapaz de se levantar e lutar por seu sonho. Paula estava no ápice de sua juventude, sempre pensou que deveria aproveitar momentos como esse, e Bruno sua paixão de infância nunca havia dado um único passo à frente. Paula era tímida e inexperiente e quando se tratava do assunto, nunca arranjara coragem de se confessar e sabia que este era o momento de dividir de uma vez por todas isso. Paula naquele belo dia de primavera começou a namorar um garoto. Paula aceitou a proposta de Pedro.


Conto “Um amor de primavera” Por Thainá e Rayane

Lá estava eu, em uma noite de primavera, indo para o parque de diversões no rio das ostras, com meus amigos. Ao chegar meus amigos queriam ir direto para a montanha russa, mas, como eu tinha medo de altura fiquei por ali mesmo, enquanto eles foram para o brinquedo mais assustador do parque. Enquanto observava algumas crianças rindo, alguém me chamou atenção. Era uma garota alta, cabelos escuros, uma pele clara, que reluzia à luz da lua, seus olhos eram azuis, como a imensidão do oceano. Ela usava um delicado vestido branco com flores, parecia um anjo. Fiquei encantado. Só de pensar em me levantar e falar com ela, meu coração acelerava, mas, eu não podia deixar ela simplesmente ir. —Oi…- eu disse timidamente – Eu sou Samuel. —Eu sou Jessie – disse ela estendendo a mão - Prazer em conhece-lo. —Você é daqui? Eu tentei puxar assunto, e acabamos conversando por inacreditavelmente duas horas. Cada pergunta que eu fazia, recebia uma resposta inimaginável, ela era realmente uma caixinha de surpresas.


—Nossa, já são dez horas – eu disse checando o relógio. Aparentemente, meus amigos me viram conversando, e provavelmente não queriam atrapalhar, pois quando olhei em volta não os encontrei. — É mesmo, eu nem notei. — Você tem carona? — Não, eu vim com umas amigas, mas, acho que elas já foram. — Eu posso te dar uma carona, se você quiser - Disse pegando as chaves que estavam em meu bolso. — Claro, se não for incômodo. Nós mal sabíamos, mas este simples ato, mudaria nossas vidas para sempre. Depois de um tempo acabamos estudando na mesma escola, ficamos muito próximos. Um ajudava o outro sempre que possível. Essa amizade foi evoluindo, e quando menos percebemos, estávamos namorando. Foi um momento da minha vida que jamais esquecerei. Como ela sorria de coisas idiotas e sem sentido, como ela ficava linda com aquela calça jeans surrada pelo tempo, mas que tanto gostava. Jamais esquecerei de seus últimos momentos naquela cama fria de hospital. Eu sempre lembrarei dela com amor e algumas lagrimas, mas, sempre lembrarei.


Conto “Um tempo atrás” Por Tiago Vieira Ramos, Arthur e Iohan M.A. dos Reis “Se você está lendo isso, significa que nós não coexistimos mais nesse mundo e você seguiu minhas instruções e o seu coração, então, deixo aqui minha mensagem. Para ser honesto, eu não me recordo à última vez em que estava satisfeito com a minha existência. Quero dizer, nesses últimos anos sempre estive criando maneiras de evitar com que o tédio e o aborrecimento tomassem conta da minha vida, mas, de alguma forma, isso sempre ocorreu, não importava o que eu fizesse, eu sempre acabava caindo no cúmulo da monotonia. Mas, foi então que tudo mudou, foi naquele trem que eu percebi que poderia ter não algo e sim alguém com quem eu poderia me livrar de todo esse fardo que me atormentava até então, alguém que eu poderia tomar todo o meu tempo e mesmo assim valer a pena. Porém, eu fui tomado pelas minhas vontades ao longo do tempo e ignorando as suas. Como eu pude ficar tão cego a ponto de não perceber isso? Com todos esses acontecimentos, eu acabei extinguindo todos os meus problemas, enquanto você comprimia-os e selava-os os seus dentro de si, secretamente, de modo que eu perceberia mesmo não sendo sua vontade. Os tempos foram se passando e após conhecer as pessoas que ficaram com você em todos os minutos da sua vida, eu fui “agraciado” com uma informação que jamais esperei receber, a informação de alguém, que assim como eu, a tempos atrás, não via razão para sua própria existência, a informação de alguém que inúmeras vezes tentou ceifar a própria vida, buscando a libertação dessa prisão amargurante. Todavia, quem poderia acreditar que acabaríamos com o sofrimento do outro, que do momento que nos falamos pela primeira vez em diante, estaríamos trilhando um caminho turbulento, porém satisfatório. Todos esses 57 anos que passamos juntos foram únicos, tendo o prazer de ter conhecido alguém que viria a ser não apenas o amor da minha vida, mas também o da minha existência. Lembre-se, procure no meu armário, dentro da roupa que nos conhecemos pela primeira vez, terá a passagem para um trem, ou


melhor, nosso trem, embaixo dos assentos 21 e 20 terá uma caixa, apanhe-a e leia o folheto dentro da mesma. Eu suplico que você não tenha pressa, quando chegar a hora, estaremos juntos novamente.

Amor”


Conto “Linearmente assimétrico” Por João Vitor Clasen e Gabriel Luiz Enquanto subia o Vale da Angústia, Casio apenas pensava em um nome; Letícia. De fato, o cupido acertara seu coração novamente, mas desta vez com uma flecha atípica, a do ciúme, a qual foi cravada em seu peito. A cada momento de do que a ciumenta flecha lhe sangrava, sua inquietude lhe fazia subir mais e mais a vasta montanha que lhe enfrentava. Na subida infinitamente angustiante, Casio encontra um atalho entre as árvores. Este atalho o levava à Planície do Desejo. Nela, os rios Desapego e Carinho se cruzavam de forma harmoniosa e sucinta. Casio admira a plenitude daquela fauna e flora, tão bem organizadas. Nunca imaginou que iria encontrar tanta paz. No fim da passagem arborizada e exuberante dos rios, encontrava-se uma pequena casa construída de pequenos e perfeitamente encaixáveis tijolos. Encontra uma pequena canoa de madeira entalhado o nome “Esperança”. Resolve seguir seu caminho. Ao navegar naqueles rios, Casio sente seu corpo relaxar. Consegue sentir a brisa agradável vinda da floresta, o confortável barulho da madeira da canoa chocando-se com o rio, os pássaros à cantar. Tudo isso o fez reparar na indescritível beleza minimalista daquele lugar. Novamente sente que nunca mais irá viver isso novamente. Depois de algumas horas, Casio chega na pequena ilha em que a casa se encontrava. A chaminé esfumaçava. Os tijolos brilhavam, assim como as telhas no topo da casa. Faminto, resolve entrar. Entrando, o calor da lareira o aconchega. A Lua lá fora ilumina a casa por dentro. O pequeno, porém, aconchegante espaço o acolhe com uma estofada poltrona. Nas paredes azuladas, diversos quadros decoram-na. Nas imagens, belas e formidáveis paisagens; em muitas delas, Casio já havia viajado e experimentado aventuras: Planalto do Afeto, Montanha do Desamparo, entre outras. As molduras davam um tom clássico às paisagens. No teto, a madeira


rangia por conta do vento, fazendo um grande lustre de centro pendurado balançar. As velas hesitavam. Perto à lareira, encontra uma farta refeição anseia por ser devorada. Enquanto saciava sua fome no aconchego do lar, Casio sente novamente que nunca mais irá viver isso novamente. A estante empoeirada e bem organizada chama atenção de Casio. Ao chegar perto, um livro de capa vermelha cai de verso ao chão. As letras douradas na capa mostravam: “A Tempestade com Ela” como o título. Leva o livro para a cama arrumada de forma disposta para um viajante cansado. Enquanto corre seus olhos pelas palavras no livro, o pensamento de Casio se substitui por imagens de Letícia. A história lhe remetia aos seus momentos difíceis com Letícia. Lhe remetia às dificuldades que passaram juntos e como resolveram os problemas. Naquela noite, não conseguiu dormir. Casio, outrora destemido, agora sentia medo do que enfrentaria pela frente. Seus devaneios, outrora imaginativos, agora eram tenebrosos. Não se sentia mais confortável naquele atalho. Em sua mente imaginou-se voltando ao Vale e procurando outros atalhos que não lhe dariam mais más lembranças. Contudo, não se via mais voltando ao Vale e sofrendo novamente aquela angústia. Decidiu, então, não esperar pela Névoa da Esperança. Decidiu, então, não buscar mais o rio do Amor. Decidiu, então, finalizar sua dor. Foi-se sem navegar no mar da Plenitude. Seu último contato com o rio foi o último de sua vida.

FIM.


Alunos

Arthur Cadore

Leonardo Dias

Arthur Cesconetto

Mariana Korb

Artur Filomeno

Matheus Salazar

Bruna Silveira

Noemia Lazzarotto

Cecílio Vieira Faber Bernardo Júnior Fillipe de Souza Francine Duarte Gabriel Luiz Espindola Gabrielly de Sousa Gelso Fagundes Junior Hellen Caroline de Souza Iohan Dos Reis João Vitor de Andrades Júlia Silveira Larissa Correa Laura Macedo

Paulo Bruno Cora Rayan Custodio Rayane de Souza Sabrina Garcia Villela Thainá de Souza Thiago Alflen Tiago Damiani Tiago Vieira Ramos Viviane Martins Yasmin Ludgerio


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