Ensaios sobre a rua

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ENSAIOS SOBRE A RUA

DIRETRIZES URBANAS PARA UM PERCURSO NO MORRO DA CRUZ 27°35’40”S 48°31’56”O

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SUMÁRIO 1.MOTIVAÇÕES.........................................................................................................................................................................................................................4 1.1INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................................................................................5 2.MERGULHO NAS TEORIAS.............................................................................................................................................................................................7 2.1.DIREÇÃO > SUL................................................................................................................................................................................................................8 2.2 RECONHECENDO AS VEIAS DA HISTÓRIA.........................................................................................................................................................9 2.3.TERRITÓRIO URBANO..................................................................................................................................................................................................11 3.JUNTAR AS PEÇAS - CONSTRUIR MOSAICOS......................................................................................................................................................13 3.1.MOSAICO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS CONTEMPORÂNEOS.........................................................................................................................14 3.2.MOSAICO DA CIDADE VIVIDA.................................................................................................................................................................................16 4.CAINDO NA RUA..............................................................................................................................................................................................................22 4.1.DA CIDADE, A RUA.......................................................................................................................................................................................................23 4.2.RUAS MINHAS VIVIDAS.............................................................................................................................................................................................25 4.3.DENTRE AS RUAS, UMA RUA PARA REFLETIR...............................................................................................................................................26 5.A CARA DA RUA...............................................................................................................................................................................................................27 5.1. A ETNOGRAFIA COMO FERRAMENTA DE DESCOBERTA..........................................................................................................................28 5.2 QUE RUA É ESSA?.......................................................................................................................................................................................................29 6.DIRETRIZES URBANAS..................................................................................................................................................................................................41 6.1.A QUESTÃO VIÁRIA DA RUA...................................................................................................................................................................................42 6.2.A QUESTÃO DA PAISAGEM PRESENTE..............................................................................................................................................................47 6.3.A QUESTÃO DA PRESERVAÇÃO DO MEIO NATURAL..................................................................................................................................50 7.A RUA COMO CASA........................................................................................................................................................................................................54 7.1. 3 TRECHOS.....................................................................................................................................................................................................................55 7.2.ENTRE A RUA E A CASA...........................................................................................................................................................................................67 7.3.A RUA COMO CASA....................................................................................................................................................................................................68 7.4.1.SUJESTÕES DE DESENHO DOS PONTOS........................................................................................................................................................70 8.CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................................................................................................77 9.BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................................................................................................78

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1.MOTIVAÇÕES “Tanto a expansão quanto a percepção só podem se fazer em movimento. E esse movimento seria, digamos, uma narrativa de uma percepção.”(1) Foi em movimento que cheguei a este tema e através de algumas experiências vividas reinvento minhas próprias reflexões. A narrativa de minhas experiências tem relação direta com o envolvimento ao OUTRO, o outro como complementar ou como diferente através de algumas percepções da linguagem cultural, na tentativa de distanciar-me de definições simplistas entre opostos. Esta narrativa começa na primeira vez que saí do país e fui morar na Argentina, em Córdoba. Durante dois meses morei na casa de uma família argentina através do projeto Córdoba desenvolvido pelo Colégio de Aplicação desta instituição, UFSC. E foi a partir desse primeiro contato com o outro que percebi que o outro era na verdade muito parecido e as pequenas diferenças se faziam quando riamos de nós mesmos. Após algum tempo na busca de expandir a narrativa para além dos perímetros de duas cidades, parto das missões jesuíticas argentinas aos ventos do norte e suas cordilheiras, chegando no grandioso pacífico em território chileno, até subir as montanhas peruanas, dançar o carnaval boliviano e conhecer o Paraguai para além das muambas das fronteiras. Neste segundo momento os OUTROS diversos que aparecem também compartilham da mesma linguagem cultural, porém começo a perceber um pequeno, mas existente afastamento do Brasil em relação à cultura popular da hispano-américa, um afastamento baseado em interesses econômicos e hierarquização do território, assim como no desencontro de mídias e o acesso à cultura. Continuando esta narrativa, meu movimento então se expande à fronteiras mais distantes. Na Bélgica permaneço um ano em intercâmbio universitário, é quando o OUTRO se apresenta como diferente, o OUTRO que habita o frio, que preserva o espaço individual de cada cidadão, que vive uma realidade comportada, mas menos desigual. É nessa ambiência que percebo ainda maior proximidade com a cultura latina, e vivendo essa realidade que percebo que apesar da imensa qualidade arquitetônica e urbanística, muito do que é produzido por lá já não faz sentido do lado de cá do atlântico. E é quando olhamos ao outro que enxergamos o interior de nós mesmos. Através das diferenças se aflora a vontade de reconhecer o território de onde venho. Então construindo minha narrativa, volto com a imensa vontade de estudar a cultura constituinte e resultante das nossas cidades sul-americanas. E rever o ambiente urbano a partir de realidades e problemáticas semelhantes às nossas brasileiras, aprender com os erros e acertos que construíram nosso continente em seus longos anos de dependência, colonial e econômica. Me contextualizar como habitante deste espaço que além das fronteiras, nos limita como continente.

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1.1 INTRODUÇÃO

Das inquietudes culturais experienciadas e das vontades de compreender melhor o território sul-americano, algumas diretrizes foram traçadas e reverberaram no Morro da Cruz em Florianópolis. Através do reconhecimento do significado do território em questão e do estudo das configurações de urbanidade é identificada a importância dos espaços públicos como elemento urbano acolhedor da vida pública. E ainda maior é a importância da rua, que além de sua função conectora carrega a condição de ser um espaço intenso da vida urbana. O estudo dos espaços públicos começa através de um apanhado de referências arquitetônicas de espaços públicos localizados na américa do sul e parte à aproximação da cidade vivida, a partir do olhar de quem a habita. Então o próximo passo é habitar e perceber, para enfim adentrar nas dinâmicas culturais de um espaço, nesse caso, o espaço da rua. Porfim, um percurso é traçado e das tramas do cotidiano sugem propostas a partir dos elementos identitários observados, das referências analisadas e das condições do caminho percorrido, para lembrar da rua como uma segunda casa.

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Celebração das contradições/2 Desamarrar as vozes, dessonhar os sonhos: escrevo querendo revelar o real maravilhoso, e descubro o real maravilhoso no exato centro do real horroroso da América. Nestas terras, a cabeça do deus Elegguá leva a morte na nuca e a vida na cara. Cada promessa é uma ameaça; cada perda, um encontro. Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão. Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos. A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia. Nessa fé, fugitiva, eu creio. Para mim, é a única fé digna de confiança, porque é parecida com o bicho humano, fodido mas sagrado, e à louca aventura de viver no mundo. Livro dos Abraços - Eduardo Galeano IM.01

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2.MERGULHO NAS TEORIAS

UMA BUSCA PELA COMPREENSÃO DO TERRITÓRIO

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2.1. DIREÇÃO > SUL des-nortear

O norte usualmente carrega o significado de direção correta, direção a ser seguida, porém em 1935 o artista uruguaio Joaquim Torres García inverte a posição do mapa do continente sul-americano e com os traços ao estilo universalismo construtivo, resiginifica uma forma de representar a cartografia global e sua carga significativa, fala sobre a “escuela del sur” como uma forma de trocar a direção não apenas do mapa cartográfico, mas a direção do olhar da arte. Este gesto foi outras vezes retomado por artistas sulamericanos como o brasileiro Rubens Gerchman e o argentino Nicolas Garcia Uriburu, apontando a necessidade de se pensar a América do Sul contemporânea. Da mesma forma busco a desorientação ao que é norteado e num contra sentido, direciono o olhar ao sul e às referências sediadas na porção territorial delimitada pelo continente sul americano.

En aquel Imperio, el Arte de la Cartografía logró tal Perfección que el Mapa de una sola Provincia ocupaba toda una Ciudad, y el Mapa del Imperio, toda una Provincia. Con el tiempo, estos Mapas Desmesurados no satisficieron y los Colegios de Cartógrafos levantaron un Mapa del Imperio, que tenía el Tamaño del Imperio y coincidía puntualmente con él. Menos Adictas al Estudio de la Cartografía, las Generaciones Siguientes entendieron que ese dilatado Mapa era Inútil y no sin Impiedad lo entregaron a las Inclemencias del Sol y los Inviernos. En los Desiertos del Oeste perduran despedazadas Ruinas del Mapa, habitadas por Animales y por Mendigos; en todo el País no hay otra reliquia de las Disciplinas Geográficas.

“Esta rectificacion era necesaria; por esto ahora sabemos donde estamos” Torres Garcia, 1935.

Del rigor en la ciencia, Jorge Luis Borges

AMÉRICA INVERTIDA. 1943- TORRES GARCÍA IM.03

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2.2. RECONHECENDO AS VEIAS DA HISTÓRIA “El reconocimiento de la historia como clave para enfrentar la actualidad(...)” Rafael López Rangel / Roberto Segre

Para compreender um território é importante mergulhar na sua história, nas suas entranhas, nas suas veias, e então observar o presente. Este primeiro ato é um panorama geral sobre um entendimento amplo da história deste território em forma de espaço-tempo. Para compreender o recorte que faço sobre a América ressaltando sua porção Sul é necessário compreender como um todo o contexto latino-americano e sua territorialidade, assim entendendo que “os recortes geográficos, as regiões, são fatos humanos, são pedaços de história, magma de enfrentamentos que se cristalizaram, são ilusórios ancoradouros da lava da luta social” (Albuquerque Júnior, 2009:79)(3). É importante lembrar que o termo América Latina está sempre vinculado às centralidade européias, e principalmente aos laços colonizadores, pois sua concepção, entendimento e sua história atual é construída dentro da lógica ocidental antropológica. O termo se origina em uma construção do séc. XIX e “foi pela primeira vez mencionado pelo Eng. Político Michel Chevalier em 1836, em seu livro Cartas sobre América do Norte, no qual este termo foi usado para diferenciar o norte da América ao sul da América associando o norte da América ao norte Europeu, protestante e

anlgosaxônico e o sul da América ao sul Europeu católico e latino. Dentro desta lógica “o conceito de América Latina surge associado com a noção de “latinidade”, vinculada a demarcação do interesse dos países europeus de origem latina sobre a América. O termo configurou um projeto imperialista francês que incluía a submissão das ex-colônias ibéricas do continente americano. Esta associação da mesma forma que reforça este vínculo com as matrizes linguísticas e culturais européias, ignora a presença indígena e a matriz africana como personagens desse território. Logo se observa, que “os parâmetros de modelo civilizatório e de classificação das populações são dados por aqueles que estão em uma posição de poder para decidir onde uma cultura se localiza em relação aos próprios referenciais de mundo de quem as classificou (Mignolo, 2007).” No entanto se a expressão race latine surge de uma visão exploratória, o conceito de América Latina, propriamente dito é formulado pela primeira vez pelo jornalista e poeta colombiano, José Maria Torres de Caicedo. Em sua obra Las dos Américas (1856) defende a formação de uma confederação de repúblicas latinoamericanas e a base desta união estaria

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na herança latina comum a estes povos, se apropria do termo com criatividade ao imprimir um sentido antiimperialista à expressão e desvinculado dos interesses napoleônicos. Dentro de uma história de dominações e exploração a história da América Latina é riscada por constantes relações de extranhamento gerados pelo outro novo que está sempre a vir. Nativos, colonizadores, imigrantes e o recente cidadão global, geram em suas veias, entre estranhamentos e relacionamentos, uma terra diversa. Por dentro dessa história recontada por Galeano, nessas terras frondozas, “a pobreza do homem resultou da riqueza da terra. Foi no correr dos rios em busca de mares interiores, de Potomac ao rio da Prata, escravos edificaram casas, abriram matas, cortaram e moeram cana-de-açucar, plantaram algodão, cultivaram cacau, colheram o café e o tabaco, afogaramse nos socavãos mineiros”.(3) Diante das extrações, dos latifundios, das indústrias, da bolsa, essa história também é contada por outros heróis, heróis que mudaram de alguma forma pequenas ou grandes realidades impostas, que mostraram que a causa latino-americana é acima de tudo uma causa social. Ainda assim, o território das veias abertas, segue em constante mudança, pois mutável é a história e “na história dos homens, cada ato de destrução encontra sua resposta cedo ou tarde - num ato de criação”.(3)

ÁGUAS DO INTERIOR

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2.2.TERRITÓRIO URBANO

COMPREENDER O PRESENTE ATRAVÉS DA FORMAÇÃO DAS CIDADES Em suas diversas formas, as cidades propagam-se sobre essa terra, edificam uma conversa estática no movimento dinâmico do tempo que constrói nossas jovens cidades. As primeiras aglomerações neste território ilustraram essa história pelos povos indígenas. Segundo Gutièrrez (4) diversas foram as configurações das aglomerações indígenas sobre este território, porém uma estrutura que se repetia era a presença de um espaço da vida em comunidade, um atrio, uma praça, um espaço de encontro da população que vivia em um determinado espaço. Um segundo período foi marcado pela expansão urbana impulsionada pela colonização do continente. Tanto para os espanhóis como para os portugueses a ocupação de um território tão amplo e variado tornou-se uma aventura criativa em confluência, no princípio, às referências teóricas do renascimento e antigas tradições romanas, assim como traçados organicistas, no caso português. A cidade era então concebida por núcleos geradores que abrangiam elementos como a igreja, o castillo ou prefeitura, praça do mercado e dali espontaneamente crescia a cidade, nesse caso as ruas eram consequência da integração das casas e não os elementos

ordenadores do espaços e tinham uma grande articulação com o meio rural. Ainda nesse período expansionista muitas cidades coloniais se sobrepuseram aos traçados indígenas existentes, mesmo os mais consolidados, o que resultou em uma mistura de concepções e traçados urbanos. Dessa forma, Gutièrrez afirma que os principais elementos da paisagem urbana deste período e que dentro de uma perspectiva cultural vão acompanhar o desenrolar das ocupações neste território, são as praças e as ruas. As praças que ganham valor adivindo das ocupações indígenas e são o espaço de encontro das diversas atividades comuns, de ordem cívica, religiosa, recreativa e comercial. Nas ocupações de colonização espanhola são amplos espaços abertos e nas portuguesas eram caracterizadas pelo “rossio” espaço aberto comunitário e os largos, ruas amplas com funções comerciais e de mercado. As ruas retomam a tradição medieval de abrigar ofícios, o que tornava a casa um ponto importante para as atividades econômicas e a rua “era e es la continuidad de esas funciones y su proyección externa.”(4) No séc. XVIII houve um processo de reformulação das cidades que cresciam economicamente e em número

CIDADES ILUMINADAS así américa nos desnuda la luz de su regalo livro poema - Amereida. 1967

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populacional, Salvador, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Santiago do Chile e Caracas ultrpassavam os 40.000 habitantes. As ações imediatas foram a revisão da infraestrutura e dos equipamentos urbanos, como a canalização da água associada à limpeza coletiva da cidade, a iluminação, a pavimentação de ruas e as subdivisões das cidades em bairros. Com a densificação das cidades a dinâmica urbana baseada na vida pública gerava um uso intenso da rua, remarcando o uso do espaço externo em prolongados visuais, mesmo com a tentativa da incorporação do barroco urbano de incorporar elementos cenográficos à cidade. Os conflitos fronteiriços também estimularam uma revisão das novas ocupações que viam na idéia de uma sociedade ideal camponesa uma alternativa para o desenvolvimento econômico. Os novos desenhos eram pensados incorporando um loteamento variado de quadras que respeitavam regras de proporções baseadas no tamanho da praça central. Um exemplo claro da tentativa de controle fronteiriço, a idealização de um ideal utópico, vinculado à incorporação de uma estrtura barroca americana nesta época foram as missões jesuíticas. Nelas o uso cenográfico das praças a inserção do controle da natureza através de hortas trouxeram a capacidade de sustentabilidade. O séc. XIX foi marcado pela expansão e integração da economia mundial, e junto às grandes monoculturas, trouxeram

imigrantes que vinham gerar mão de obra e também consumo local. As novas colonias européias traziam em seus assentamentos tradições urbanas e arquitetônicas de seus países de origem. O desenvolvimento do sistema de transportes ferroviário estruturou muitas destas colonias que se catarcterizavam basicamente pela produção agrícola. Assim, as novas cidades se caracterizavam predominantemente pelas atividades do setor terciário, La Plata e Belo Horizonte seriam grandes exemplos do novo traçado, a cidade com suas quadras bem definidas e diagonais que cortavam o traçado regular, a integração de áreas de parque e a delimitações dos limites de crescimento através de avenidas. Estas características marcaram os novos desenhos urbanos na concepção de cidades para um maior número de habitantes. Tal estrutura obteve um grande exito urbano-social associado à nova idéia de urbano, no lugar das antigas alamedas foram incorporados passeios onde a vida pública se concentrava. A urbanização neste território movida pelo setor terciário extrapolou os limites de crescimento das cidades e os centro urbanos no séc.XX e passaram por um acelerado precesso de urbanização em descompasso com o desenvolvimento do pensamento teórico, eram estimulados pela especulação da terra urbana. A superpopulação urbana rompe com a continuidade de comunicação e vivência criando realidades menores em núcleos

onde os bairros traziam a identidade perdida na imagem integral de cidade, enfatizada pelas diretrizes urbanas do CIAM. Os equipamentos públicos urbanos se concentravam nas grandes avenidas que marcavam o encontro da diversidade e das grandes manifestações culturais, a concentração política e as manifestações de protesto. Em meio à este descompasso entre a teoria e o crescimento descontrolado das cidades começaram a ser organizados os SAL - Seminário de Arquitetura Latinoamericana no ano de 1987, que vinham a compartilhar pensamentos e tomar atitudes reflexivas à produção da arquitetura e do urbanismo neste território. Nas cidades se discutia e ainda se discute a necessidade de recuperar a capacidade de identificação e consolidação do orgulho urbano através dos espaços públicos ameaçados pelas ações especulativas tanto na cidade formal como na cidade informal, em alguns casos defendidos por ações da própria população são conservados fragmentos da cidade.

”la dinâmica urbana proyectada a la vida pública generava un uso intenso de la calle, remarcando la “exterioridad” de los ámbitos” (4) 12


3.JUNTAR PEÇAS, CONSTRUIR MOSAICOS

Para compreender o território real, além de sua história e teoria, busco outra forma de construí-lo e utilizo do mosaico para compreender o presente. O mosaico é uma técnica muito antiga e consiste na colagem de pequenas peças sobre uma superfície, que unidas formam uma imagem, um todo. Pode-se relacionar essa colagem, à união de partes, e através da união das partes construo mosaicos que colaboram para o meu entendimento dos espaços da vida urbana contemporânea na América do Sul. Visto a importância que os espaços públicos urbanos têm neste território, estes mosaicos se baseiam nos dois elementos citados por Gutièrrez como os elementos essenciais das cidades do território em questão, seriam eles a rua e a praça. É portanto através do meu e de outros olhares que construo meus mosaicos de referências.

DOS CERCA DE 570 MILHÕES DE HABITANTES LATINO-AMERICANOS, 80% ENCONTRA-SE NO MEIO URBANO ONU-HABITAT 2007

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3.1.MOSAICO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS CONTEMPORÂNEOS

Este primeiro mosaico é uma seleção de referências de espaços públicos de estar contemporâneos e desenhados por arquitetos sul-americanos. É importante lembrar que a seleção é um recorte pessoal de referências. Dentre eles encontram-se equipamentos como parques, praças, espaços de lazer e estar. Em cada um destes espaços procurei observar sua composição em relação à cidade, materiais e técnicas utilizadas.

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TERMAS GEOMÉTRICAS Germán del Sol PLAZA MAGALDI Y UNAMUNO Max Zolkwer, Gustavo Nielsen, Ramiro Gallardo PARQUE Y MIRADOR ARENALES Vicente lópez ESPACIO CULTURAL KONEX Clorindo Testa COSTANERA DEL PARANÁ Ruben Cabrera PLAZA 1o DE MAYO Francesco Rainieri, Comerci Bonazota PARQUE H30 M3 Arquitetura, Vazio S/A, Silvio Todeschi, Ana Assis, Alexandre Campos + MAch Arquitetos CANTINHO DO CÉU Marcos Boldarini

PRAÇA PATRIARCA Paulo Mendes da Rocha ORQUIDEORAMA Plan B + JPRCR

PLAZA CENTRAL DE MENDOZA PLAZA MAYOR MAIPÚ Mobil Arqutiectos + Tri Arquitectura CALLE CASEROS Comisión Mixta para la revitalización del centro histórico PARQUE BICENTENÁRIO INFANTIL ELEMENTAL JARDÍN DE LOS SENDEROS QUE SE BIFURCAN Ruth Alvarado, Oscar Borasino VAGÓN DEL SABER Al Borde PARQUE DE LOS DESEOS Felipe Uribe de Bedout PLAZA VÍCTOR CUESTA Javier Durán, María Augusta Hermida BIBLIOTECA SAN JAVIER Javier Vera

PAVIM. BULEVAR SAVANA GRANDE Enlace Arquitectura PARQUE DE LOS PIES DESCALZOS Felipe Uribe B., Giovanna Spera, Ana Elvira Velez e Carlos Julio Calle MAPA 01

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3.2.MOSAICO DA CIDADE VIVIDA. de la arquitectura es una imagem mediatizada que, según los recursos de la representación plana de la fotografia, nos facilita el acceso y la comprensión del objeto. Sucede lo mismo con la ciudad. También nuestra mirada ha sido construida y nuestra imaginación prefigurada a través de la fotografia.” (27) Este segundo mosaico é uma busca por uma cartografia sensível e mais próxima ao cotidiano. Atualmente as novas tecnologias através do contato com os OUTROS, auxiliam na criação de diálogos transnacionais, este acesso rompe limites fisico-geográficos, elimina barreiras de acesso, espaço e tempo e constroem relações antes inexistentes.

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O segundo mosaico, para além dos espaços públicos, chega até a rua. E como chegar à ruas tão distantes? Essa aproximação foi pensada através de correspondentes da América do Sul, que transmitiram impressões das ruas de suas cidades através de recortes fotográficos. Entre os correspondentes alguns são estudantes de arquitetura e arquitetos que conheci em minha viagens e os outros são amantes da fotografia. O contato com eles foi feito através da internet, aos conhecidos o contato aconteceu através de emails e de mídias sociais, já os desconhecidos se mobilizaram pela causa nos fóruns de fotografia do site couchsurfing. A comunicação com os correspondentes, teve enorme importância para o entendimento das cidades observadas e o comportamento de suas ruas. Apesar de a fotografia representar um olhar individual e ser apenas um recorte sobre a realidade, é um método que auxilia na observação dos hábitos e percursos da cidade. Segundo Solá-Morales a representação fotográfica é essecial na experimentação da cidade “la percepción que tenemos de la arquitectura es una percepción, estéticamente reelabolara por el ojo y la técnica fotográfica. La imagem

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MAPA DAS CIDADES

MAPA DOS CORRESPONDENTES

TRAMA DAS RELAÇÕES

TALCA PICHILEMU SANTIAGO

MONTEVIDEO FLORIANÓPOLIS

CÓRDOBA SÃO PAULO

ASUNCIÓN LA PAZ

RECIFE

LIMA

QUITO CARACAS

MEDELLÍN

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URUGUAI MONTEVIDEO 34°50’S 56°11’O

MARCELO BOLIOLI

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003A 005A

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URUGUAI MONTEVIDEO 34°50’S 56°11’O

ANN-MARIE ALMADA

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002A ANDRÉS TORRES

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CHILE SANTIAGO 33°24’S 72° 00’O

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ANDRÉS TORRES

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DANTE ARENAS

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CHILE PICHILEMU 34° 23’S 72° 00’O

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CHILE TALCA 35°26’S 71°40’O

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002H 003H

004G

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006H

PERU LIMA 12°0’S 77°0’O

ROMINA CORNEJO ESCUDERO

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DANTE ARENAS

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BOLÍVIA LA PAZ 16° 30’S 68° 9’O

002G

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ANITA VIGO AUTOR OCULTO

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PARAGUAI ASUNCIÓN 25°10’S 57°30’O

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013D FLORA GUIMARÃES

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012D ARGENTINA CÓRDOBA 31°22’S 64°15’O

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VENEZUELA CARACAS 10°30’N 66°55’O OSMAR ROMERO

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YESID OSWALDO M. JARAMILLO

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012H ANNA MANEA

COLÔMBIA MEDELLÍN 06°15’N 75°35’O

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011H COLÔMBIA MEDELLÍN 06°15’N 75°35’O

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010H MAURICIO MARIN ECHEVERRIA

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009H EQUADOR QUITO 0°15’S 78°35’O

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002N 003N

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GUILHERME L’AMOUR

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BRASIL RECIFE 08°03’S 34°52’O

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A partir das fotos que completam este mosaico, percebo que algumas situações, paisagens e formas de apropriação e comportamento se repetem, mostrando a similaridade dos hábitos urbanos no território estudado. Dentre as mais recorrentes estão o rompimento do limite entre o espaço privado da edificação e o espaço público da rua, tanto em ambiente residencial como em ambiente comercial. Outras questões como o comércio informal e o compartilhamento do espaço do automóvel com pedestres também são situações comuns neste mosaico. Assim como a presença da paisagem natural que se mostrou um importante elemento da paisagem urbana neste continente. **

004M

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BRASIL SÃO PAULO 23°32’S 46°38’O VICTOR DELAQUA

**VER ANEXO 01 001N

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4.CAINDO NA RUA

A RUA COMO OBJETO DE ESTUDO

A noite /4 Solto-me do abraço, saio às ruas. No céu, já clareando, desenha-se, finita, a lua. A lua tem duas noites de idade. Eu, uma. O livro dos Abraços. Eduardo Galeano

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4.1.DA CIDADADE, A RUA.

A partir da composição dos mosaicos completo minhas referênias sobre a atualidade dos espaços públicos urbanos na América do Sul, e direciono meu olhar à rua, que entre os espaços democráticos da cidade me mostrou ser um espaço da possibilidade, do encontro, da diversidade e o berço da vida coletiva relatada por Gutièrrez(1). Por isso, a rua é um elemento essencial para o entendimento das cidades no território estudado. Carlos Nelson completa esta importância em seu livro “Quando a Rua vira Casa(7): “Se considerarmos que as ruas representam, afinal, o mais carcterístico dos espaços comuns nas cidades, o que é mais importante que praças, bosques, parques e quaisquer outros tipos de logradouros, então teremos que a negação da rua é a negação do urbano.” Percebo que a rua neste território é mais que mero vazio, é um fator de vida nas cidades. Nela se vive sem formalidades, a rua é liberdade para alguns, labirinto para outros. Na rua as percepções são as mais diversas, cheiros, cores, texturas, e seus reais personagens criam este espaço em constante transformação construído sob os céus.

A rua que é a rua? Os dicionarios dizem rua, do latim ruga, “sulco”, espaço entre casas e as povoações por onde se anda, se passeia. (...) A rua nasce como o homem, do soluço, de espasmos. Há suor na argamassa do seu calçamento (...)a rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é mais igualitária. (...) A rua é a eterna imagem da ingenuidade. Comete crimes, desvaria a noite, treme com a febre dos delírios, para ela não há despertar triste, e quando o sol desponta e ela abre os olhos esquecida das próprias ações, é no encanto da vida renovada, no chilreaer do passaredo, no embalo nostálgico dos pregões - tão modesta, tão lavada, tão risonha, que parece papaguear com o céu e com os anjos. (...) a rua faz as celebridades e as revoltas. A rua, a rua criou o garoto. Oh! sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue. (...) Onde morre o grande caminho, começa a rua. As ruas são perecíveis como os homens. Sonho perpétuo da cidade à margem da poesia, riso e lágrima. A alma encantadora das ruas - João do Rio.(6) 23


S

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4.2.RUAS MINHAS VIVIDAS BRASIL FLORIANÓPOLIS 27°35’S 48°32’O

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Parto às ruas! E monto meu mosaico fotográfico das ruas de Florianópolis a partir do que foi observado no recorrido teórico. Procuro retratar os hábitos e as apropriações deste espaço tão rico em manifestações culturais. Nas fotos ao lado pode-se observar algumas das situações retratadas no mosaico da rua na América do Sul, como a apropriação do espaço público como extensão do espaço privado (004, 005, 013) além do compartilhamento do espaço do automóvel com o pedestre (002 e 008), o comércio informal (016), os personagens marcantes da rua (011 e 014), a rua escadaria (006) e as diversas apropriações culturais e cotidianas (001, 003, 010). Além das ruas retratadas percorro ruas que me apresentam diferentes configurações, tamanhos e estruturas, marcadas no mapa a seguir, em busca de uma rua para me aprofundar em sua realidade e que pudesse me fazer refletir as questões estudadas anteriormente e me instigar à fazer uma possível proposta. 25


4.3.DENTRE AS RUAS, UMA RUA. UMA RUA PARA REFLETIR Dentre as ruas observadas e retratadas em Florianópolis, escolho uma rua para me aprofundar e propor, algumas diretrizes apontadas por Gutièrrez e observadas no mosaico fotográfico da rua vivida nos países da América do Sul me levaram a esta escolha. A rua escolhida é na verdade um percurso reconhecido informalmente como transcaieira, um percurso que emerge da “cidade baixa” sobre o morro da Cruz. Os aspectos que direcionaram esta escolha, foram principalmente a forma como a rua é utilizada e apropriada pelos moradores, relacionada à vida pública no sentido da expansão do espaço privado ao espaço público que remonta a condição de rua mencionada por Gutièrrez como uma das características desta estrutura urbana na iberoamérica, característica também percebida através das fotos recebidas para o mosaico. Outro aspecto

foi a constante presença da paisagem natural ao longo do percurso, que segundo Gutièrrez é uma constante na arquitetura iberoamericana, e na estrutura das cidades litorâneas deste território. Além destas condições encontradas, a condição de informalidade da área que se encontra em zona especial de interesse social, enquadra esta rua em uma constante atual do território estudado, que vem enfrentando este tipo de situação de expansão do meio urbano desde o final do séc.XX e atualmente tem agido no sentido de repensar as infraestruturas urbanas públicas, devido às grandes dimensões do déficit habitacional de acordo com Emínia Maricato(15). E Por fim, na história da própria rua a importante conexão viária que foi a ela incorporada e que tem entrado em conflito com os antigos usos de duas ruas sem saída.

S

AV. MAURO RAMOS

AV. DES. VITOR LIMA

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5.A CARA DA RUA

008 27


5.1. A ETNOGRAFIA COMO FERRAMENTA DE DESCOBERTA

Para compreender melhor esta rua e finalmente propor algo para ela é preciso adentrar no seu cotidiano, minhas primeiras visitas foram expontäneos passeios de observação, seguido de uma visita com um olhar crítico importante feita em uma vivëncia coordenada pelo professor Lino Péres e a orientação do cineasta florianopolitano Pedro MC, diretor do documentário Maciço - “pra conhecer o pessoal do morro, sobe a ladeira”, assim subi a ladeira diversas vezes inclusive fazendo o percurso completo a pé ou em automóvel. A partir destas visitas começo a fazer a etnografia da rua, baseada no livro de Carlos Nelson “Quando a Rua Vira Casa”. Descrita por ele como a descrição densa de seu ambiente sócio-físico e a indentificação dos comportamentos de residentes e utentes a partir do suporte espacial.

A pesquisa parte do presuposto de que a rua é mais do que via ou caminho fundamentada pela própria experiência do espaço urbano que em nossa cultura sería “impossivel imaginar o urbano sem o recurso à noção e à imagem de ruas”. (7)

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5.2. QUE RUA É ESSA?

008 022

019

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023

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Esta rua atravessa três bairros e três comunidades, sendo eles o bairro Centro na parte oeste do morro e os bairros Saco dos Limões na direção sul e Carvoeira no leste, estes dois últimos no limite do bairro Trindade (mapas 06 a seguir) e dentro destes bairros as três comunidades são o Monte Serrat (conhecido como o morro da caixa), a Caieira (alto da Caieira) e a Serrinha (alto da Serrinha) (mapas 05 a seguir).

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Esta rua é um percurso formado pelo econtro de duas ruas, a rua General Vieira da Rosa (conhecida como general Rosinha) e a rua Marcos Aurélio Homem interligadas pela R2 ( ladeira de conexáo entre as duas ruas), finalizado por outras duas ruas em suas extremidades, a rua Major Costa e a rua Douglas Seabra Levier. O percurso conecta dois importantes pólos da cidade, o bairro Centro no ponto em que a rua Major Costa se encontra com a Avenida Mauro Ramos, e na outra extremidade no ponto onde a rua Douglas Seabra Levier se encontra com a Av. Desembargador Vitor Lima, o bairro Carvoeira onde se encontra a UFSC.

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UM POUCO DE HISTÓRIA

A expansão das ruas e a conformação do percurso . O esquema gráfico ao lado foi elaborado de acordo com os mapas disponibilizados no site do geoprocessamento de Florianópolis e mostra a expansão da s ruas a partir de 1938 até 2012, quando foram conectadas formalmente. Em amarelo o traçado da rua e os equipamentos públicos nela implantados e em cinza a ocupação em suas bordas.

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2012

2012 MAPA 03

obra do PAC 2012 conexão formal entre as ruas MAPA 04

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A RUA E SUA HISTÓRIA O início da história da rua aconteceu através de suas bordas da rua nos perímetros mais baixos. Paralelamente contarei a história da expansão através do bairro centro e do bairro carvoeira. No séc. XIX ambas extremidades do percurso tinham configuração rural com uma ou duas grandes propriedades sem ocupação. Foi no séc.XX que as primeiras ocupações começaram a existir. A partir do centro a ocupação aconteceu através do desenvolvimento das bordas da Av. Mauro Ramos, antes chamada de rua José Veiga, e a implantação do primeiro reservatório de água de Florianópolis. O traçado do caminho ao reservatório de água, finalizado em 1909, junto ao processo de êxodo rural da região do alto Biguaçu impulsionado pela abolição da escravatura anos antes, direcionaram a ocupação do morro da Cruz, na época conhecido como morro do Antão. Esta ocupação aconteceu incialmente por ex-escravos migrantes do campo que prestavam serviços à área urbana da cidade localizada na região do centro. Nesta época o percurso também foi iniciado na outra extremidade do percurso, no bairro Carvoeira, porém ainda com uma configuração mais rural de chácaras. Na década de 40 a finalização da Av. Mauro Ramos e na déc. de 50 a demanda

de trabalhadores na construção civil interferem na expansão da ocupação do morro na comunidade Monte Serrat. Em 1955 então foi fundada a escola de samba da comunidade que já tinha uma certa estabilidade, se consideravam uma grande família, já que a ocupação acontecia pela vinda de um habitante e em seguida a vinda de seus familiares. Até então, ambas as partes da rua eram marcadas pela terra. No Monte Serrat apenas uma vez ao ano a rua era revisada, no dia 8 de setembro o dia da padroeira

Nossa Senhora do Monte Serrat, quando era colocado um aterro de barro branco conhecido popularmente como o “aterro do cemitério” a as valas de escoamento de água eram limpas. Na área do Monte Serrat a situação se desenrolou dessa forma até 1955/56 quando começaram os mutirões de pavimentação da rua nesta área. Os primeiros mutirões foram na parte mais baixa onde os moradores trabalhavam na abertura das valas e a prefeitura fazia a pavimentação chegando até a igreja que ficava em frente ao reservatório de S

1. monte serrat 2. alto caieira 3. alto serrinha

2 4 3

comunidades MAPA 05

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A RUA E SUA HISTÓRIA água, a partir deste ponto os moradores tiveram que se organizar para fazer todo o processo de pavimentação com o material cedido pela prefeitura. Os mutirões configuravam uma dinâmica interessante da comunidade que reservava os fins de semana para esta função. Começou-se pela drenagem e a construção dos muros das casas e em seguida nas sextas-feiras começavam a pavimentação, do meio fio, a areia até a lajota e as cintas de fixação. Segundo a descrição do morador João Ferreira de Souza (seu Teco), os mutirões eram sempre animados com muita festa e samba. A déc. de 60 marca a história da expansão da rua com o início da implantação do campus universitário da UFSC que na déc. de 70 estimulou a ocupação da área através da demanda de serviços e da ampliação da infra-estrutura nas proximidades da rua Douglas Seabra. O contraste entre a pavimentação das ruas fazia com que os moradores trocassem seus sapatos ao sair e ao entrar na rua. A década de 80 foi marcada pela expansão do Alto da Serrinha, pela migração dos habitantes da serra, que ocuparam os terrenos com habitações simples. Foi então no ano de 1983 que foram iniciados os mutirões de pavimentação do lado leste do morro coordenados pelas famílias em uma mistura de mão de obra da prefeitura

e dos moradores. A ocupação do Alto da Caieira que sería a continuação da rua a partir do Alto da Serrinha em direção lado oeste do morro iniciou na déc. de 90 a partir da parte baixa da Caieira em direção ao topo do morro pelas migrações advindas do planalto e do oeste catarinense. Atualmente dois fatos marcaram a reconfiguração deste percurso, um deles em 2012, foi o redesenho do traçado no encontro das ruas que marcam o percurso por cima do morro. Anteriormente a conexão era feita através da servidão da Felicidade que unia a rua Marcos Aurélio Homem à rua General Vieira da Rosa, foi feito então um rasgo direto, mais íngreme e mais curto que resultou na relocação de algumas casas para a sua implantação, obra foi financiada pelo PAC de infraestrutura urbana.

O outro fato importante ocorreu em 2013. foi uma nova ocupação das mediações do traçado da rua, chamada Palmares, que ainda luta pela permanência na área.

Monte Serrat

Serrinha

Caieira

IMG.08

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déc de 80 83

início da ocupação, primeiras densificações

Nascimento Copa Lord “viver numa boa”

Livro Memórias da comunidade do Mont Serrat

início da ocupação informal

pavim. até mercado machado e inst. de luz

2012

obra do PAC transcaeira

85

migração dos hab. da serra alto da serrinha

2013

déc de 90

ocupação Palmares

mingração do Planalto e do Oeste Catarinenses

Monte Serrat Serrinha Alto da Caieira

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2014

êxodo rural migrações do Alto Biguaçu

déc de 70

1955

1992

1as pavim. com lajotas construção por mutirão

início séc. XXI

construção da Av. Hercílio Luz

déc. de 80

2000

1919

início séc. XX

déc de 60

implantação do cammigrações pus da UFSC Biguaçu e Antônio Carlos demandas da constr. civil, etc.

déc. de 90

déc. de 50

déc. de 80

1909

Abolição da construção do escravatura reservatório de água

déc. de 70

1888


SITUAÇÃO ATUAL Os mapas ao lado mostram a situação atual da rua. No primeiro os bairros oficiais segundo o reconhecimento da prefeitura, no segundo as áreas do plano diretor em vigor e no terceiro os cursos d’água ainda existentes. Segundo o plano diretor, o maior perímetro da rua encontra-se entre uma área de ZEIS - Zona Especial de Interesse Social e uma área de APP - Área de Preservação Ambiental. O restante é composto por uma pequena área de APL-E - Área de Preservação Uso Limitado (Encosta) e tanto no sentido leste como oeste seguem áreas ARP-2.5 configurando uma ocupação unifamiliar baixa. Nas duas extremidades as áreas ARP-8.5 no Centro e ARP-5.5 na Carvoeira configuram uma ocupação mais densa e mais alta. Nas duas extremidades também existem duas ACI, no lado oeste o IFSC e no lado leste a UFSC, o que pode levar este percurso a ser um elemento conector na cidade. O sentido do curso das águas nesta área junto à composição geológica do morro, fazem da área ao longo do percurso uma área sensível aos deslizamentos de terra. Atualmente existe um projeto de inclusão social do Maciço do Morro da Cruz que abrange a área de estudo, o projeto inclui obras de infra-estrutura básica, habitação e a criação do Parque do Maciço que foi inaugurado no ano de 2014.

MAPA 06

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Onde morre o grande caminho, começa a rua. A alma encantadora das ruas - João do Rio. Após compreender a história da concretização deste percurso busco através do entendimento das ações, normas e condições que orientam as práticas de apropriação do espaço pelos seus usuários a compreensão da rua. E para compreender a ordem que da sentido aos espaços desta rua, nas diversas visitas ao lugar entrevistei informalmente moradores e usuários em ritmo de conversa afiada. Essa troca de palavras solta fez com que alguns signos atribuídos ao lugar ficassem mais claros. A primeira constatação é a atribuição da rua como um lugar de passagem, esta característica a coloca não apenas como conectora, mas articuladora de encontros ao acaso ou na repetição do cotidiano que desenvolvem os ritos da sociabilidade. Neste momento é determinado o fim do caminho que leva à escola, à igreja, ao campinho de futebol, ao armazém ou ao trabalho, e o começo da rua, àquela com alma como descreve João do Rio (6). FLUXOS: Nos mapas 07 e 08 a seguir são desenhados os sentidos dos mais consideráveis fluxos de pedestres no percurso da rua, em vermelho está o fluxo predominante que mostra um fluxo predominante às bordas do morro nos inícios de turno, principalmente no início

da manhã, caracterizado principalmente pelos trabalhadores em direção à cidade formal, mas também por outras funções servidas nas áreas de borde da rua, como transporte, educação, e outros comércios e serviços. O outro fluxo assinalado é de crianças estudantes, devido à localização de uma creche, duas escolas e dois centros de

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atividades que atuam no contraturno. Esta circulação faz a rua se encher de crianças nos inícios e fins de turno, crianças que caminham e brincam pelas calçadas ou pelo meio da rua durante o trajeto. Estas crianças utilizam a rua como uma extensão ou na falta o próprio quintal de casa. Deitam-se para jogar bafo entre o fluxo de um automóvel e outro, correm de um lado ao outro da rua entre as estreitas calçadas, alinhamse em fila indiana quando não há espaço para o passeio e o automóvel e conhecem todos os escondeirijos e cantinhos que se encontram nesta rua. Segundo SANTOS (7) neste espaçotempo entre a escola e a casa acontece ao contrário da lógica de ensino das escolas uma “subversão da “ordem necessária das coisas”, pois não existiria um controle das experiências que ali acontecem. MUITOS OLHOS(7): Apesar dessa liberdade das ações , as relações sociais que acontecem na rua criam uma espécie de controle movido pela moral estabelecida, baseada na intimidade social e nas relações de confiança que poderiam ser disperdiçadas com o crescimento da diversidade dentro da comunidade. Neste sentido, Nelson(x) chamaria de mediadores da diversidade 35


os personagens representantes da comunidade, os moradores mais antigos ou até mesmo os frequentadores dos bares e comércios que se encontram na rua. Na subida do morro pelo lado leste um primeiro ponto de “controle” localiza-se no início da rua Marcos Aurélio Homem, este ponto incorpora o bar na saída da escola e a casa da Dona Maria, uma moradora antiga e envolvida com os propósitos da comunidade. No lado oeste da rua este ponto fica claro na bifurcação entre a rua Gen. Vieira da Rosa e a rua Gen. Nestor Passos. Onde está localizada a igreja junto ao Centro Cultural Escrava Anastácia, a casa do Toco, um morador antigo que aprecia as tardes observando a rua da sua varanda. No Alto da Caieira os pontos sáo mais dispersos, mas há um ponto em especial marcado por um mercado e uma espécie de ferro-velho/ consertos localizado no encontro entre a Gen. Vieira da Rosa e a R2. “O que une os olhos vigilantes da rua é esse sentimento de serem “proprietário naturais”. O espaço que supervisionam é, de certa forma, o espaço de todos. Nesse sentido, é mais do que público, ou não é apenas público. Pertence a todos em comum, um função das relações que mantêm com ele, ou dentro dele e graças a ele. “cúmplices da rua”.”(7) A SEGURANÇA E O DILEMA DO TRÁFICO DE DROGAS: Durante a noite a rua se transforma,

fica mais vazia, poucas vezes é animada por festas nas comunidades. É também durante a noite que os esquemas do tráfico são lançados à rua. O que durante o dia é discreto e silencioso, durante a noite desperta junto a uma ambientação bucólica da iluminação amarelada e dispersa. Os moradores dizem ser seguro na maior parte do tempo, e se incomodam quando o taxi não quer subir o morro no período da noite. A verdade é que o tráfico cria uma dilema nas relações da comunidade, há moradores que dizem que o tráfico traz segurança contra a opressão à população de baixa renda, e que existe um diálogo, outros dizem que seria melhor sem. Ao ouvir um jovem que deixou de se envolver com o tráfico em um desabafo falou que “não vale a pena, mas é tentador o dinheiro rápido”. Dessa forma, o dilema gerado e a presença do tráfico trazem um desconforto e uma carga de insegurança desvelada na rua.

COMÉRCIOS RELAÇÃO ENTRE TRABALHO E A FUNÇÃO RESIDENCIAL: Os comércios localizados ao longo da rua têm caráter familiar e normalmente funcionam unidos à habitação, o que reforça a confiança e a intimidade social da rua, o comerciante a todos conhece. Um grande exemplo é o Mercado Machado, ou a padaria da esquina da Major Costa, como os mesmos comércios permanecem por um longo período no local, criam clientela de gerações, muitas vezes por serem a única opção ou pelos laços criados criam um sistema de confiança entre os moradores, fazendo com que a rua deixe de ser uma ambiente de estranhos. A PAISAGEM E A PIPA E AS GRANDES INCLINAÇÕES: A maior parte deste percurso encontrase acima de 70m a cima do nível do mar, que em seu ponto máximo alcança 200m a cima do nível do mar. Partindo de margens que se encontram no nível 10, o

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percurso emerge sobre o Morro da Cruz. A rua nas alturas permite a abertura de pontos de observação que abrangem do território urbano ao mar. Estas aberturas criam espaços onde a principal cor náo é o azul do céu, mas o colorido das pipas. Um hábito constante em todo o percurso, e principalmente após o horário de saída das escolas. A brincadeira de pipa é jogada por todas as idades, mas para algumas crianças é proibida pelo fato como é manejada, com cerol e de acordo com as leis da rua. A grande elevação da rua faz com que aconteçam trajetos muito íngremes e sem acessibilidade, dificultando o deslocamento principalmente dos idosos que vivem nas comunindades há muitos anos. DAS RUAS SEM SAÍDA AO CAMINHO TRAÇADO: Da antiga configuração de 2 ruas sem saída, é implantada uma conexão direta. Para os moradores a obra trouxe a acessibilidade para diferentes regiões da área central da cidade e deu visibilidade às comunidades à margem da rua. Porém as dinâmicas de apropriação da rua unid à falta de segurança dos passeios estreitos ou não existentes, ainda estão em conflito com o automóvel, em uma das visitas pude visualizar um homem sentado com uma banqueta em uma parte do percurso em que a rua se estreita, uma automóvel chega até ele e em um diálogo gestual o homem levanta e da passagem ao

automóvel. O que demonstra um conflito entre os hábitos da rua de antes e depois da obra de infra-estrutura. Crianças tem sido atropeladas com mais frequência e já não se utiliza mais o espaço da rua para jogos de volei ou uma “pelada”como antes. A conexão traçada trouxe consigo também o aumento de fluxo nos horários de pico, pois o percurso começou a ser utilizado como uma alternativa aos engarrafamentos entre a conexão UFSC Centro. TRAMAS: Assim, este percurso é criado por tramas de atividades , recortes das apropriações dos espaços (7), que podem coexistir e redefinir o mesmo. Entre as tramas do cotidiano as relações sociais se estabelecem e estas ruas se constroem, sob. as margens da especulação que aos poucos sobe o morro. Por isso, compreender as dinâmicas das ruas estudadas ao longo deste percurso é um passo importante para o lançamento das proposições urbanas para este longo espaço público.

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este é o acesso oeste do percurso. Em frente à essa pequena praça de pouco uso encontrase a padaria que é um dos pontos de encontro da comunidade do Monte Serrat. No parede externa da padaria existe um banco coberto que é utlizado como apoio ao ponto de ônibus dos ônibus que sobem o morro.

bar existente há mais de 40 anos, é um ponto de encontro da escola de samba da Copa Lord. Em frente a este local há 60 anos foi fundada a escola de samba. E atualmente o primeiro ensaio oficial do ano sai deste mesmo lugar.

sede da escola de samba embaixada Copa Lord, expressão que significa “viver numa boa”

Casa de acolhimento Darcy Vitória de Brito e Centro Cultural Escrava Anastácia. A casa de acolhimento tem acesso para as duas ruas da bifurcação, um dos acessos fica aberto com frequência, e em conjunto com a escadaria do centro cultural que fica em frente, criam uma ambiência acolhedora para a comunidade.

Os bares e m e r c e a r i a s informais, a maioria juntos à habitação familiar, animam o as bordas da rua e criam pequenos pontos de referência e encontro.

Um dos pontos de abertura à observação da paisagem está circundado de árvores onde as crianças brincam de soltar pipa e tentam pegar pitanga das árvores dos visinhos.Além conter um ponto de ônibus, é onde está o acesso do percurso às antenas de TV e à beira mar norte.

Neste ponto encontram-se a escola social marista e a igreja católica. É nesta igreja o ponto final da caminhada dos mártires por pessoas que lutaram pela justiça social e os direitos da comunidade , outros personagens importantes como Chico Mendes também são homenageados.

Este ponto faz parte da reformulação da rua através da obra do PAC de 2012, nele se encontram “o campinho”, muito utilizado pelas crianças em seus momentos de lazer. Ao lado a obra que promete a instalação de um centro de saúde, atualmente é o canteiro de obras das obras de habitação no maciço. Este ponto tem chamado a atenção dos moradores, pois é ali onde será instalado um dos pontos do projeto do teleférico proposto pela prefeitura.

A casa de seu Acá, um dos moradores mais antigos da Serrinha cria na rua uma abertura devido à pequena praça construída por ele em frente à sua casa. A casa fica aberta durante o dia e é possível acessar também o parque construído nos fundos do terreno.

Este ponto é o limite leste do percurso, possui a via alargada e praticamente todo o espaço de entrada dominado pelos automóveis. Nele se localizam a igreja luterana e o hotel Slavieiro que da suporte principalmente à UFSC.

A escola aqui fica mascarada por uma ruela estreira que guarda um espa;o interessante, mas insuficiente à demanda do bairro, a comunidade da serrinha atualmente luta pela ampliação da escola para o terreno ao lado.

posto de saúde hospital militar esquina utilizada para depósito de lixo irregularmente.

IFSC

UFSC Becos e escadarias ao longo da rua são pontos de encontro. A feira acontece 2 vezes por semana e atende principalmente o público do centro da cidade. Poucos são os clientes do Monte Serrat. Os feirantes trazem seus produtos de Águas Mornas -SC.

O primeiro reservatório de água de Florianópolis - R0 (1910) é um espaço olhado com carinho pela comunidade do Monte Serrat. Continua em funcionamento e é utilizado como espaço de lazer para crianças e adultos que jogam bola, impinam pipa e utilizam como espaço de estar.

A escola e o centro de educação infantil são pontos geradores de fluxos, no início e fim de turnos a rua se enche de crianças que sobem e descem o morro.

Este é outro ponto de abertura à observação da paisagem natural, próximo a ele encontrase a Palmares.

Este é um trecho do percurso onde acontece o estreitamento da caixa da rua e onde se concentram pequenos comércios, o mais antigo é o Mercado Machado que mantém uma dinâmica familiar com a comunidade. A padaria e o pequeno armazém têm como principais clientes as crianças em busca de guloseimas. Ali se localizam também a Casa da Capoeira e a Casa São José que funciona no contraturno da escola.


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FLUXO DE CRIANÇAS ESTUDANTES FLUXO PREDOMINANTE MAPA 07

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S

FLUXO DE CRIANÇAS ESTUDANTES FLUXO PREDOMINANTE

MAPA 08

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6.DIRETRIZES URBANAS PROPOSTAS GERAIS PARA O PERCURSO.

As propostas gerais serão divididas em três diretrizes, a questão viária, a questão da paisagem presente e a questão da vegetação e a preservação do meio natural.

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6.1. A QUESTÃO VIÁRIA DA RUA

A diretriz da questão viária da rua está relacionada diretamente com os fluxos, sentidos das vias e o transporte público. No mapa 10 foi feita uma proposta de reestruturação dos fluxos trabalhando com o sistema binário em alguns trajetos para a possibilidade de diminuição do espaço para automóveis e a ampliação das calçadas. No mapa 12 , foi feito um levantamento das linhas de transporte público que circulam na rua ou em suas extremidades. A partir de algumas demandas de fluxo foi proposta uma nova linha (linha 01) que atravessa o percurso por completo e dois funiculares de conexão vertical relacionados aos trajeto dos ônibus juntamente ao funicular já proposto pela prefeitura na rua José Boiteaux, estruturas que viriam para contrapor a proposta da implantação do teleférico proposto pela prefeitura que teria um ponto sobre o percurso.

“Mas as ruas que não são mais do que vias de passagem estão animadas por um só tipo de vida e mortas para todo o resto.” Carlos Nelson Quando a Rua vira Casa. (7)

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SITUAÇÃO ATUAL VIÁRIA

S

ESCALA GRÁFICA 100M AVENIDA MAURO RAMOS AVENIDA DES. VITOR LIMA SENTIDO CARVOEIRA - CENTRO SENTIDO CENTRO - CARVOEIRA SENTIDO MORRO DA CRUZ - SACO DOS LIMÕES SENTIDO SACO DOS LIMÕES - MORRO DA CRUZ

MAPA 09

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PROPOSTA VIÁRIA

S

ESCALA GRÁFICA 100M SENTIDO CARVOEIRA - CENTRO SENTIDO CENTRO - CARVOEIRA SENTIDO MORRO DA CRUZ - SACO DOS LIMÕES SENTIDO SACO DOS LIMÕES - MORRO DA CRUZ

MAPA 10

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SITUAÇÃO ATUAL TRANSPORTE PÚBLICO

ESCALA GRÁFICA 100M PONTO DE ÔNIBUS LINHA DE ÔNIBUS - MONTE SERRAT LINHA DE ÔNIBUS - CAIEIRA DO SACO DOS LIMÕES LINHA DE ÔNIBUS - TRANSCAIEIRA LINHA DE ÔNIBUS - SERRINHA 4 LINHAS DE ÔNIBUS 23 LINHAS DE ÔNIBUS MAPA 11

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PROPOSTA TRANSPORTE PÚBLICO

S

ESCALA GRÁFICA 100M PONTO DE FUNICULAR PONTO DE ÔNIBUS/VAN LINHA DE ÔNIBUS - MONTE SERRAT LINHA DE ÔNIBUS - CAIEIRA DO SACO DOS LIMÕES LINHA DE ÔNIBUS - TRANSCAIEIRA LINHA DE ÔNIBUS - SERRINHA 4 LINHAS DE ÔNIBUS 23 LINHAS DE ÔNIBUS ÔNIBUS CIRCULARES PEQUENOS/ VANS LINHA 01 - NOVA LINHA FUNICULARES

MAPA 12

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6.2. A QUESTÃO DA PAISAGEM PRESENTE

A paisagem natural é um bem que deve ser preservado, pois é na beleza do horizonte que descansamos nosso olhos. Este bem natural, como visto antes, está muito presente nas cidades da América do Sul. A presença da paisagem nesta rua tem papel mais que contemplativo, pois é nas aberturas de visual ao longo do percurso que os moradores de todas as idade exibem as cores das pipas sempre que o sol permite. A partir da rua é possível visualizar toda a baía sul, o saco dos limões, a costeira e ao fundo a área continental com o parque do Cambirela e em outra direção a área urbana do centro da cidade. A visualização da paisagem para os moradores além estar reservada aos momentos de lazer está presente no

cotidiano dos caminhos percorridos na rua, e certas vezes faz com que o morador se sinta espectador da cidade formal. Foram marcados os pontos atuais abertura à visualização da paisagem. Alguns dos pontos já estão perdendo esta abertura, pois a ocupação da área continua se desenvolvendo, seja por novas habitações ou pelo aumento do número de pavimentos. Por isso, após a pontuação destes espaços foi proposto à alguns dos pontos sua preservação, o que resultaria em terrenos vazios que não poderiam ser ocupados e na limitação do número de pavimentos na área de ZEIS.

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SITUAÇÃO ATUAL DA PRESENÇA DA PAISAGEM

S PONTOS DE OBSERVAÇÃO DA PAISAGEM

MAPA 13

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PROPOSTA PRESERVAÇÃO DA PAISAGEM

S

ESCALA GRÁFICA 100M PONTOS DE OBSERVAÇÃO DA PAISAGEM NÃO PRESERVADOS PONTOS DE PRESERVAÇÃO DO ACESSO À PAISAGEM NAS MARGENS PONTOS DE PRESERVAÇÃO DO ACESSO À PAISAGEM NA RUA MÁX. 2 PAVIMENTOS ACIMA DO NÍVEL DA RUA

MAPA 14

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6.3. A QUESTÃO DA PRESERVAÇÃO DO MEIO NATURAL

Grande parte da área estudada encontrase em área de APP - Área de Preservação ambiental e APL APL-E Área de Preservação Uso Limitado (Encosta), nas mediações da rua cerca de 1/3 do perímetro inclui-se nestas áreas como mostra o mapa abaixo. A presença da vegetação deixa o ambiente mais agradável nos dias de intenso calor e serve de diversão para as crianças que saem em busca de árvores frutíferas. Para fazer uma mediação da rua com a área de preservação, propõe-se que no perímetro da rua que tangencia estas áreas de preservação seja estruturada um parque linear, ou uma rua parque que permitiria a expansão dos passeios e das áreas de estar ao longo da rua. Esta rua parque estaria relacionada com algumas áreas vegetadas fora da área de preservação, como o parque do seu Acá, na serrinha e o terreno ao lado da escola, que é uma luta da comunidade para a expansão da escola e a criação de uma horta comunitária. No Monte Serrat fariam parte deste parque linear a área do reservatório de água e o terreno que ocupa os fundos da sede da escola de samba Copa Lord.

O aspecto da geologia natural do terreno também há de ser pensado, afinal esta é uma área onde o solo é sensível. A ocupação em encostas com grande risco de deslizamento ocorre com frequência nas cidades da América do Sul, devido a busca pelo acesso à cidade muitas ocupações informais acontecem que áreas de preservação ambiental sem planejamento ou infra-estrutura. Dessa forma, tendo como base o mapa do Plano Municipal de Redução de Riscos foi elaborada uma proposta de deslocamentos de algumas das ocupações localizadas nas mediações da rua em área de risco alto e muito alto para terrenos próximos localizados em uma área mais plana e mais segura geológicamente.

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ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PLANO DIRETOR

S

ESCALA GRÁFICA 100M

ÁREA DE APP- PRESERVAÇÃO PERMANENTE ÁREA DE APL- PRESERVAÇÃO DE USO LIMITADO

MAPA 15

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PROPOSTA PARQUE LINEAR

S

ESCALA GRテ:ICA 100M PARQUE LINEAR RUA PARQUE

MAPA 16

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ÁREAS DE RISCO

S

ESCALA GRÁFICA 100M MUITO ALTO RISCO ALTO RISCO MÉDIO RISCO BAIXO RISCO EDFICAÇÕES EM ALTO RISCO NA BORDA DA RUA POSSÍVEIS ÁREAS PARA RELOCAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES EM RISCO

MAPA 17

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7. A RUA COMO CASA

A rua como casa, sería uma proposta para a rua no ato de redesenhar sua infra-estrutura, pensando nas condições de expansão do espaço privado às apropriações do espaço público. De forma que transitar/estar na rua seja seguro e agradável. Uma segunda proposta vê o percurso como um grande organismo único que funcionaria como uma casa. E seus espaços públicos seriam as partes da mesma. Partindo da ordem de intimidade que as partes da casa propõe ao seus usuários.

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8.1. 3 TRECHOS

Para trabalhar com as questões de identidade associadas à apropriação dos espaços. O percurso foi pensado em três trechos delimitados pelos limites das comunidades. 55


3 TRECHOS - 3 COMUNIDADES

S

ESCALA GRテ:ICA 100M MONTE SERRAT (MORRO DA CAIXA) ALTO DA CAIEIRA SERRINHA

MAPA 18

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TRECHO MONTE SERRAT

trecho 02

trecho 03

trecho 01

O primeiro trecho é delimitado pela comunidade do Monte Serrat, e foi redividido em três diferentes situações de desenho de acordo com as possibilidade de fluxos e largura da caixa da rua. O trecho 01 é configurado pela rua Major Costa, o trecho 02 pela rua General Nestor Passos e o trecho 03 pela primeira parte da rua General Vieira da Rosa até o limite da escola e da entrada do Parque do Maciço.

MAPA 19

57


TRECHO 01 - MONTE SERRAT

1.50 2.00

2.00

6.60

2.00

3.50 2.00

1.50

58


TRECHO 02- MONTE SERRAT

3.50

3.50 1.50

0.75

1.50

2.00

1.25

3.00 1.20 1.00 0.75

2.20

0.75 59


TRECHO 03- MONTE SERRAT Este trecho recebe fluxo nos dois sentidos que será controlado pela velocidade baixa, sinaleiras nas duas extremidades dos trechos e sinalizadores nos balizadores indicando o sentido nos pontos intermediários do trecho. Além de espaços de recuo do automóvel.

balisadores com sinalizador que indica o sentido do fluxo.

saída de garagem e espaço de recuo.

1.00 a 1.50

3.50

1.00 a 1.50 piso de concreto permeável

60


TRECHO CAIEIRA

trecho 01

O trecho do Alto da Caieira é feito apenas por um tipo de configuração, pois a caixa da rua já está bem estruturada e todo o trecho se localiza no limite das áreas de preservação sua configuração pode ser mantida do início ao fim do trecho, ocupando parte das áreas de preservação para a estruturação do parque linear.

MAPA 20

61


TRECHO 01 - CAIEIRA

2.20 1.00

1.20

6.60

3.00 2.00

2.70

0.50 1.00 0.50

1.20

1.50

62


TRECHO SERRINHA

trecho 01

trecho 03 trecho 02

O trecho localizado na comunidade da Serrinha, assim como o trecho do Monte Serrat tambĂŠm divide-se em trĂŞs diferentes trechos com diferentes escalas da caixa da rua.

MAPA 21

63


TRECHO 03 - SERRINHA

1.00 a 1.50

3.50

1.00 a 1.50

piso de concreto permeรกvel

64


TRECHO 02 - SERRINHA

1.25

4.00

2.75 a 3.00 1.00

1.00

0.75

65


TRECHO 01 - SERRINHA

3.40 1.40

2.20

6.60

2.00

2.00

1.20

1.25

0.75 66


7.2. ENTRE A RUA E A CASA DIRETRIZES PARA AS INTERFACES

Se a rua é então um espaço de expansão da casa, os elementos que separam o espaço privado do público são como membranas das relações cotidianas. Entre a rua e a casa , além da variação dos tamanhos das calçadas e a disposição dos equipamentos de serviço, existe um espaço de permanência, troca e estar, abaixo, seguem algumas sugestões de interfaces de acordo com as tipologias de “paredes da rua” encontradas no percurso de acordo com as novas dimensões propostas à estes espaços.

67


7.3. A RUA COMO CASA

S

C

D

B

A E G

H

F ESCALA GRÁFICA SALA DE ESTAR/RECEPÇÃO

100M

JARDINS JANELAS - CONEXÕES COZINHA - CENTRO COMUNITÁRIO PONTOS DE COLETA DE RESÍDUOS

MAPA 22

68


A

B

C

D

E

F

G

H

Os pontos de encontro assinalados na ‘rua como casa’ foram selecionados ao longo do percurso devido às suas características ou pontencialidades para funcionarem como espaços públicos que complementam as funções da rua. SALAS DE ESTAR Os pontos A e H funcionariam como espaços públicos de recepção, como na casa brasileira, é um espaço que serve para receber visitas de passagem. JARDINS Os pontos B e G seriam os jardins, espaço de estar externo da casa, onde existe o contato com a natureza. JANELAS Nos pontos C, D e F se encontrariam

as janelas, aberturas, os meios de comunicação direta com o exterior através dos funiculares. COZINHAS As cozinhas lugares de reunião na casa brasileira, onde as discussões são postas à mesa e a produção é compartilhada, seriam conformados pelos pontos onde seríam locados os centro comunitários. Pontos C, F e E. Baseado nestas diretrizes desenhos alguns exemplos ou sujestões de como estes pontos poderiam se conformar a partir das dinâmicas existentes.

69


7.4.1.SUGESTÕES DE DESENHO DOS PONTOS

UFSC HOTEL SLAVIERO

H O ponto H seria um exemplo de SALA DE ESTAR, pois se localiza na extremidade do percurso traçado. Localizado em frente ao campus da UFSC o espaço público é envolvido por alguns elementos de atração e concentração de pessoas, como a igreja luetarana e o hotel Slavieiro.

IGREJA LUTERANA

70


bancos e pequenos estares.

H

piso emborrachado + piso de concreto permeável variação de texturas

bicicletário hotel slaviero

UFSC hotel slaviero

SITUAÇÃO ATUAL

71


SALÃO DE BELEZA PADARIA

F O ponto F seria um exemplo de JANELA E COZINHA. Atualmente é um ponto importante de referência na comunidade. através do comércio concentrado neste espaço. Bem próximo a este ponto se encontra um espaço oscioso atualmente utilizado como estacionamento, é neste ponto que seriam locados o centro comunitário e o acesso do funicular.

MERCADO MACHADO

CASA SÃO JOSÉ CASA DA CAPOEIRA

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SITUAÇÃO ATUAL mercado machado

casa da capoeira

F VISTA 01

mercado machado

casa da capoeira

percurso

grafitti retratado neste muro V01

escadaria de conexão funicular

centro comunitário 73


C. CULTURAL ESCRAVA ANASTÁCIA

B

O ponto B, caracterizado pela bifurcação entre a rua Gen. Vieira da Rosa e a rua Gen. Nestor Passos, seria uma exemplo de JARDIM no “percurso casa”. Ali localizase o reservatório de água “R0”, o primeiro de Florianópolis, inaugurado em 1910. O ponto conta com o Centro Cultural Escrava Anastácia, a casa de acolhimento e os olhos de seu Toco o grande observador deste ponto. O R0 já funciona como um espaço público de estar e lazer da comunidade, mesmo sem uma infra-estrutura formal para tal.

BIFURCAÇÃO E GRAFITTI “A RUA É A NOSSA CARA”

PORTÃO MONUMENTAL DE ACESSO VELHA GUARDA COPA LORD PROJETO PANORÂMICA MONTE SERRAT 2011

PROJETO PANORÂMICA MONTE SERRAT GEODÉSICA CI - CEART UDESC 2011 RESERVATÓRIO R0 APÓS A REFORMA 1985

74


coleta de resíduos cobertura de concreto nivelada com a rua acima, para abrigar eventos da comunidade. sinaleira Área de árvores frutíferas R0 Bancos Hortas comunitárias Parede de escalada

V01

Ponto de ônibus

75


V01

76


8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através deste estudo percebo a importância das ruas como elemento urbano de vida nas cidades. Do ponto de vista da história das cidades a rua existe antes da presença do automóvel. Nas cidades sul-americanas a rua era o espaço público passível de apropriação mais próximo à intimidade de uma casa, e por isso, era utilizada como espaço público de estar, lazer, além da sua função primaria de conexão. Atualmente mesmo com a presença do automóvel pude perceber, através do mosaico da cidade vivida, que a rua continua sendo apropriada independente de suas dimensões, mesmo com a presença do conflito com o automóvel. Por isso as proposições feitas tem o intuito de diminuir conflitos e valorizar os espaços de estar e passagem na ambiência da rua. Este estudo, além de me fazer compreender a complexidade do ambiente urbano, mostrou-me a complexidade que uma rua que cruza a cidade ilegal pode ter através das tramas do cotidiano, traçadas pelas ações, atividades e diálogos dos personagens que a habitam. Ao adentrar na dinâmica de um percurso composto por ruas de grande personalidade, a primeira vista todo cuidado é pouco para que as relações

estabelecidas não evaporem com o calor do asfalto, por isso as proposições são discretas, mas sensíveis e tinham o intuito de apenas estimular que as dinâmicas da sociabilidade pudessem continuar acontecendo de forma segura, confortável, agradável. Como a rua que está por trás do vai e vem desta cronica de Galeano: Júlio César Puppo, conhecido como Lenhador, e Alfredo Gravina se encontraram ao anoitecer, num café do bairro de Villa Dolores. Assim, por acaso, descobriram que eram vizinhos: — Tão pertinho, e sem saber. Ofereceramse uma bebida, e outra. — Você está muito bem. — Qual o quê... E passaram umas poucas horas e uns muitos copos falando do tempo enlouquecido e de como a vida andava custando os olhos da cara, dos amigos perdidos e dos lugares que já não são, memórias dos anos moços: — Você lembra? — E se lembro... Quando finalmente o café fechou, Gravina acompanhou o Lenhador até a porta de sua casa. Mas depois o Lenhador quis retribuir:

— Te acompanho. — Ora, não se incomode. — Mas se é um prazer... E nesse vai-e-vem passaram a noite inteira. Às vezes paravam, por causa de alguma recordação súbita ou porque a estabilidade deixava muito a desejar, mas em seguida continuavam na ida e volta de esquina a esquina, da casa de um à casa do outro, de uma porta à outra, como que trazidos e levados por um pêndulo invisível, acarinhando-se sem dizer nada e abraçando-se sem se tocar. O livro dos Abraços. Eduardo Galeano

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. GUTIÉRREZ, Ramón. Arquitectura y urabnismo en iberoamérica. 6a ed. Madrid: CLM, artes gráficas. 2010. 2. GALEANO, Eduardo. Las venas abiertas de América Latina - 23a ed. 5a reimp. - Buenos Aires: Catálogos, 2007. 3. GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. tradução de Eric Nepomuceno. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2002. 4. BORTHAGARAY, Andrés, org.CONQUISTAR A RUA! Compartilhar sem dividir. São Paulo: Romano Guerra, 2010. 5. 30-60, Cuaderno latino-americano de arquitectura. Atlas de Arquitectura latinoamericana 1 e 2 6. RIO, João do; ANTELO, Raúl, org. A alma encantadora das ruas: crônicas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 7. SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos, coord; VOGEL, Arno, coord. Quando a rua vira casa: a apropriação de espaços de uso coletivo. 3a ed. São Paulo: Projeto, 1985. 8. DAMATTA, Roberto. A casa & a rua: espaço cidadania, mulher e morte no Brasil. 6a ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. 9. TEIXEIRA, Oswaldo. SOBRE O VAZIO EM DEZ DE ABBAS KIAROSTAMI. 2007 ed.UFMG, in: O comum e a experiência da linguagem. 10. ANTELO, Raul (ed) - Confluencia. Literatura argentina por brasileños; literatura brasileña por argentinos. Buenos Aires, Centro de Estudios Brasileños, 1982 (Col. Iracema, 7). 11. Carlos Walter Porto-Gonçalves e Pedro de Araújo Quental. Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina. 2011. http://polis.revues.org/3749?lang=pt 12. Vários autores. AMEREIDA. 1 ed. Santiago : Editorial Cooperativa Lambda, 1967 13. LARA, Fernando. Cartografias imprecisas, mapeando arquiteturas contemporâneas na América Latina. revista vitruvius. http:// www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.150/4507/pt 14. WAISMAN, Marina.O INTERIOR DA HISTÓRIA, Historiografia Arquitetônica para uso de latino-americanos; tradução de Anita Di Marco. - São Paulo: Perspectiva, 2013. 15. Conhecer para resolver a cidade ilegal. In: Leonardo Basci Castriota (org.). Urbanização Brasileira - Redescobertas. Belo Horizonte: Ed. C/Arte, 2003, v.1, p.173-179. 16. WOLF, José. SER (OU NÃO SER) AMÉRICA LATINA. ESPAÇO E CRÍTICA, revista AU out/nov 17. Alva Martínez, Ernesto. (1990)Hacia una arquitectura Latinoamericana. Nueva arquitectura en América latina: presente y futuro.. Ed Gustavo Gili,México 18. ENCONTROS.AR++QUITETURA E ESPAÇO URBANO: MEMÓRIAS DO FUTURO. Seminário de Arquitetura Latino-americana em Bogotá. POR LOUISE NOELLE. SUMMA+.2014. 19. ATLAS AMBULANTE Renata Marquez e Wellington Cançado (Orgs.) Ed. ICC, 2011. 20. BARBOSA, M D. Comunidade, identidade e exclusão: uma abordagem da luta dos moradores de comunidade Monte Serrat. 21. CASAGRANDE, E. Protagonismo popular e necessidades humanas: um estudo com mulheres da comunidade Monte Serrat Florianópolis/SC. 2010. 22. LONARDONI, F M. Aluguel, informalidade e pobreza: O acesso à moradia em Florianópolis. 2007 23. PIMENTA, Margareth de Castro Afeche; PIMENTA, Luís Fugazzola. Processos de ocupação e serviços urbanos no maciço 78 central de Florianópolis: serrinha e alto da caieira – EXTENSIO - Revista Eletrônica de Extensão.Número 4, ano 2006.UFSC, 2006.


24. PORTO, Carlos Walter; QUENTAL, Pedro Araújo.Colonialidade do poder e os desafios da integração regional na América Latina. Revista Polis - revista eletrônica, 2012. 25. COSTA, Maria Luiza Calim de Carvalho. América Latina: Cartografias Poéticas. VIII EHA - Encontro de História da Arte - 2012 26. RANGEL, Rafael Lopés; SEGRE, Roberto. Tendencias arquitectónicas y caos urbano en Latinoamérica. 1986. 27. SOLA-MORALES (1995), Terrain Vague, em Territórios, Editorial Gustavo Gili, SA, Barcelona, 2002 Kraus, Rosalind, The originality of Avant-Garde and Other Modernist Myths, MIT Press 1985 28. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

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