Geologia de Alta Floresta-CPRM

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SC.21-X-C (Alta Floresta)

os de quartzo apresentam-se xenomórficos, amebóides e com golfos de corrosão pela matriz. A matriz é essencialmente quartzo-feldspática, tipicamente granofírica, com pertitas graficamente intercrescidas com quartzo. A biotita verde aparece em agregados lamelares parcialmente cloritizada. Nota-se a freqüente disseminação de sulfetos (pirita e calcopirita) nesse litótipo. Entre os termos subvulcânicos, posicionados geralmente em zonas apicais, cúpulas de stocks ou batólitos graníticos dessa unidade, destacam-se monzonitos finos porfiríticos granofíricos (CC-67G), monzogranitos microporfiríticos (CC-67F) com sulfetos disseminados, como ocorrem nas cercanias do garimpo Trairão, localmente alterados para greisen. Ao longo do perfil realizado no rio Teles Pires, partindo do porto da vicinal F1 (Carlinda) em direção à foz com o rio Cristalino, foram detectadas 3 faixas de rochas subvulcânicas: a primeira, na ilha Altair (CC-332), com largura aproximada de 2km, em contato com granito grosso ineqüigranular, é constituída de micromonzodiorito com textura subofítica fina, formado dominantemente de plagioclásio, clinopiroxênio, hornblenda e feldspato potássico afetado de intensa alteração hidrotermal, com acentuada quantidade de sulfetos e magnetita (10%). As outras duas faixas ocorrem a noroeste do porto da F13 (Carlinda) e na ilha da Ilusão (CC-337), ambas compostas por granitos finos porfiríticos localizados nas bordas dos corpos batolíticos do Granito Nhandu. Os enclaves ocorrem na forma de pequenos corpos oblatos centimétricos, inseridos em contato nítido nos granitóides, apresentando trend composicional de diorito, quartzo-diorito até monzodiorito, ricos em plagioclásio, hornblenda e biotita (foto 2.16).

Foto 2.16 – Enclave de quartzo-diorito no granito Nhandu, próximo da Ilha Regina, leito do rio Teles Pires (CC-330). Plano horizontal.

As condições de posicionamento, forma e estilo estrutural indicam tratar-se de corpos intrusivos, de forma elipsoidal a alongada, subconcordantes às estruturas regionais. A ocorrência de biotita verde sugere uma temperatura de cristalização baixa ou diminuição na concentração de Ti, associada a níveis crustais superiores. A fácies subvulcânica aliada às outras evidências ratificam o desenvolvimento de um evento magmático marcado por condições epizonais de estilo permissivo. Os estudos desses litótipos evidenciaram padrão de série magmática calcioalcalina alto potássio com tendência shoshonítica, metaluminosa a peraluminosa, pós-colisional, com características textural e estrutural compatíveis com os granitos de arcos vulcânicos, assemelhados às intrusões calcioalcalinas de margens continentais ativas e modernas. A série shoshonítica sugerida por Joplin (1968) engloba rochas com alto teor de K2O. Para Wilmot (1972) citado em Hughes (1982) a definição química de shoshonitos refere-se essencialmente a rochas alcalinas com razão K2O/Na2O próxima ou maior que 1, além de baixos valores de TiO2. Morrison (1980) restringiu este termo para séries de rochas saturadas em SiO2 e suas características químicas. Os resultados químicos desses litótipos (Tabela 2.10) evidenciaram alto conteúdo de SiO2 (~69%) e enriquecimento em K2O (3,92-6,16%), que aliados às suas características mineralógicas levaram a classificá-los como granitóides subsolvus e associação potássica, com tendência shoshonítica evidenciada pelos seus principais parâmetros químicos, entre os quais sobressaem: altos conteúdos de K2O + Na2O > 5% e Al2O3 > 9%; alta razão K2O/Na2O > 1%; baixos teores de TiO2<1,3% e enriquecimento em Ba, Rb, Sr, P e terras-raras leves. Esses parâmetros preenchem os requisitos necessários à caracterização de séries magmáticas shoshoníticas, propostas por Joplin (1968); Hughes (1982) e Nardi (1986). A tendência shoshonítica é realçada ainda pela análise dos diagramas SiO2 versus K2O (figura 2.30) de Rickwood (1989) e Ce/Yb versus Ta/Yb (figura 2.31) de Pearce (1982). A partir do diagrama de Harris et al. (1986), tendo como parâmetros Hf x Rb/30 x 3Ta (figura 2.32), esses granitóides plotaram o campo de arco vulcânico, com uma amostra situando no limite pós-colisional. Harris et al. (1996) consideraram a colisão de placas um evento dinâmico, razão pela qual as assinaturas geoquímicas entre terrenos de arco vulcânico e o magmatismo pós-colisional são parecidas, gerando entidades calcioalcalinas assemelhadas.

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