Quinta-feira Santa - In Coena Domini

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Quinta-feira Santa

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Quinta-feira Santa Culto Divino Este culto na Quinta-feira Santa é o primeiro culto da celebração dos três dias santos da Páscoa de Cristo, geralmente conhecido como o Tríduo. O culto encerra o período quaresmal de preparação para a Paixão e Ressurreição de Cristo, conduzindo-nos ao seu sacrifício em nosso favor. Sendo assim, o culto apresenta um clima de alegria contida, tal como na Sexta-feira Santa. O culto consiste de quatro partes: Ofício de Confissão e Absolvição, Ofício da Palavra, Ofício da Santa Ceia e Desnudamento do Altar. O Ofício de Confissão e Absolvição marca o fim dos preparativos da Quaresma com a absolvição e a paz de Cristo que estão no centro do Tríduo. O Ofício da Palavra enfoca o espírito de humilde serviço que Cristo demonstrou lavando os pés de seus discípulos – uma condição de servo que é revelada sobretudo através da sua morte na cruz. O momento culminante do culto é o ministério do Senhor para o seu povo na atualidade, quando os benefícios de sua cruz são concedidos através do Sacramento do Altar. A intensidade da condição de servo de Cristo é demonstrada no momento em que o altar é reverentemente desnudado em preparação à observância da morte de Jesus. Neste culto, a Igreja e seus catecúmenos iniciam a jornada da morte para a vida e do cativeiro para a liberdade, através do Tríduo Pascal de Cristo

De pé Voltado para o altar e diante dos degraus do presbitério, o pastor diz:

P C P C P C

Em nome do Pai e do T Filho e do Espírito Santo. Amém. Irei ao altar de Deus, do Deus que é a minha grande alegria. O nosso socorro está em o nome do Senhor, que fez o céu e a terra.

Mateus 28.19b; [18.20]

Salmo 43.4 Salmo 124.8


Sentado A seguinte ALOCUÇÃO CONFESSIONAL é lida.

P Durante este período da Quaresma, ouvimos o chamado de nosso Senhor para intensificar nossa luta contra o pecado, a morte e o diabo tudo o que nos impede de confiar em Deus e amar uns aos outros. Visto que é nossa intenção receber a Santa Ceia de nosso Senhor Jesus Cristo nesta noite, quando ele instituiu bendito banquete para nossa salvação, é apropriado que completemos nossa disciplina quaresmal, examinando-nos diligentemente, como São Paulo nos exorta a fazermos. Este santo Sacramento foi instituído para especial conforto daqueles que estão perturbados por causa de seus pecados, que humildemente os confessam, e têm fome e sede de justiça. Mas quando examinamos nossos corações e consciências, não encontramos nada em nós senão pecado e morte, dos quais somos incapazes de nos livrarmos. Por isso, nosso Senhor Jesus Cristo teve misericórdia de nós. Para nosso benefício, ele se tornou homem para que pudesse cumprir para nós toda a vontade e a lei de Deus e, para nos livrar, tomou sobre si a nossa natureza pecaminosa e a punição que merecemos. Para que pudéssemos crer nisto com mais confiança e sermos fortalecidos na fé e encorajados a uma vida santa, o nosso Senhor Jesus Cristo tomou o pão, partiu-o e deu aos seus discípulos, dizendo: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é dado por vós”. É como se dissesse: “Tornei-me homem, e tudo o que faço e sofro é para o vosso bem. Como garantia disso, vos dou o meu corpo para comer”. E semelhantemente, também, tomou o cálice e, tendo dado graças, o entregou, dizendo: “Bebei todos deste; este cálice é o Novo Testamento no meu sangue que é derramado por vós para remissão dos pecados”. Novamente, é como se dissesse: “Tive misericórdia de vós tomando sobre mim todas as vossas iniquidades. Eu me entrego à morte, derramando meu sangue para obter a graça e perdão dos pecados, para confortar e estabelecer o novo testamento, que concede perdão e salvação eterna. Como garantia disso, vos dou o meu sangue para beber”. Portanto, quem come este pão e bebe este cálice, crendo confiantemente nesta Palavra e promessa de Cristo, habita em Cristo, e Cristo nele, e tem a vida eterna.


Devemos também fazer isso em memória dele, recordando sua morte que ele foi entregue por nossas ofensas e ressuscitado para nossa justificação. Dando a ele nossa mais sincera gratidão, tomamos a nossa cruz e o seguimos e, de acordo com seu mandamento, amamos uns aos outros assim como ele nos amou. Assim como nosso Senhor nesta noite exemplificou esse amor lavando os pés de seus discípulos, assim também nós, através de nossas palavras e ações, servimos uns aos outros em amor. Pois todos somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão e bebemos do mesmo cálice. Pois assim como o cálice único é enchido com o vinho de muitas uvas e o pão único é feito de numerosos grãos, assim também nós, sendo muitos, somos um só corpo em Cristo. Por causa dele, nós amamos uns aos outros, não apenas em palavras, mas em ação e em verdade. Que o Todo-poderoso e Misericordioso Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, através do seu Espírito Santo, realize isto em nós. C Amém. Sentado / De pé

C Onipotente Deus e misericordioso Pai, eu, pobre e miserável pecador, te confesso todos os meus pecados e iniquidades com que provoquei a tua ira, merecendo mui justamente o teu castigo temporal e eterno. Deploro de todo o coração estas minhas culpas e arrependome sinceramente. Suplico-te, mediante a tua profunda misericórdia e a santa, inocente e amarga paixão e morte de teu amado Filho Jesus Cristo, que tenhas piedade e misericórdia de mim, pobre pecador. P C P C P

Deus seja misericordioso para contigo e fortaleça a tua fé. Amém. Crês que a minha absolvição é a de Deus? Sim. Como crês, assim seja contigo. Catecismo Menor (Ofício das Chaves e Confissão)

O pastor absolve os penitentes individualmente diante do altar, colocando a mão sobre a cabeça de cada um e pronunciando a absolvição seguinte, ou pode também absolver todos os penitentes comunitariamente a partir do altar.

P Da parte e por ordem de Jesus Cristo, meu Senhor, vos perdoo todos os vossos pecados, em nome do Pai e do T Filho e do Espírito Santo. C Amém.


Após todos retornarem a seus assentos, o pastor profere esta bênção.

P E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. 24 Fiel é o que vos chama, o qual também o fará. Vão em T Paz. (1 Tessalonicenses 5.23-24) C Amém. Após a proclamação de perdão e paz, o povo pode saudar uns aos outros em nome do Senhor, dizendo: “Paz seja contigo”. O pastor conclui o momento com a SAUDAÇÃO e COLETA DO DIA:

P O Senhor seja convosco. 2 Timóteo 4.22 C E com o teu espírito. P Ó Senhor, que neste maravilhoso sacramento nos deixaste uma lembrança do teu sofrimento, concede que possamos receber o sagrado mistério do teu corpo e sangue para que os frutos da tua redenção possam continuamente ser manifestos em nós; pois tu vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. C Amém. Após a COLETA DO DIA, o culto continua com o Ofício da Palavra de uma das ordens de culto disponíveis. O CREDO, RECOLHIMENTO DAS OFERTAS e OFERTÓRIO podem ser omitidos.

O Ofício da Santa Ceia inicia com o Prefácio e termina, após a DESPEDIDA dos comungantes, com a COLETA PÓS-COMUNHÃO (AÇÃO DE GRAÇAS). Para reforçar a unidade dos cultos do Tríduo Pascal, a BÊNÇÃO (BENEDICAMUS) é omitida neste dia.

Imediatamente após a COLETA PÓS-COMUNHÃO (AÇÃO DE GRAÇAS), os vasos da comunhão (cálice, cibório, patena, etc.) são retirados do altar com reverência. O altar é desnudado e o presbitério é limpado em preparação aos ofícios solenes da Sexta-feira Santa. Enquanto isto é feito, o Salmo 22 pode ser cantado ou lido. O GLORIA PATRI é omitido. Após o Desnudamento do Altar, todos saem da igreja em silêncio.


Notas 1. Apesar deste culto ser a opção preferida para a Quinta-feira Santa, não é a única opção. Em consonância com padrões medievais, no passado os luteranos celebravam neste dia o Culto Divino em sua forma tradicional e completa (incluindo o Gloria in Excelsis, por exemplo). Assim, pode-se decidir usar o Serviço Divino tradicional em sua forma completa. 2. Visto que a Quinta-feira Santa serve como ponto de transição do período da Quaresma para o Tríduo, a alegria contida é característica deste culto. É uma celebração simplificada e reflexiva do Culto Divino. Por isso, vários aspectos do Culto Divino podem ser omitidos para refletir esta natureza simplificada: Hino de Invocação: nenhum hino deve preceder este culto, a fim de destacar a simplicidade do mesmo. Introito / Hino de Abertura / Kyrie / Gloria in Excelsis: o rito de entrada é substituído pelo Ofício de Confissão e Absolvição Comuitária, destacando assim a mudança do período penitencial da Quaresma para o mistério pascal do Tríduo. As partes tradicionais do rito de entrada podem ser omitidas, passando-se diretamente do Ofício de Confissão e Absolvição Comunitária para a Coleta do Dia. Verso: o VERSO PARA A QUARESMA (Joel 2.13) é omitido devido ao fato do culto marcar a transição da Quaresma para o Tríduo. O Verso próprio para a Quinta-feira Santa pode ser usado. Credo: a confissão do Credo Niceno pode ser omitida devido ao caráter simplificado e contido deste culto. Recolhimento das Ofertas / Ofertório: a oferta pode ser recolhida na porta da nave antes do culto e não durante o mesmo. Se não houver recolhimento de oferta, o ofertório também pode ser omitido. Cântico pós-comunhão: o Cântico Pós-Comunhão é suprimido para que o serviço termine de forma simples. 3. Devido à unidade dos cultos do Tríduo, nenhuma bênção é pronunciada ao final do culto da Quinta-Feira Santa. A Bênção (Benedicamus) falada na Vigília Pascal ou no Culto Principal do Domingo de Páscoa conclui todos os ofícios dos três dias. 4. Em muitas tradições cristãs um rito de lava-pés está associado ao culto da Quinta-Feira Santa, o que não acontece historicamente entre os luteranos. A história do lava-pés revela que variadas práticas foram utilizadas ao longo dos séculos. As seguintes rubricas servem para orientar as congregações que desejam incluir um rito de lava-pés: • •

Se for realizado o rito de lava-pés, o Santo Evangelho é João 13. O rito é apropriadamente celebrado após o sermão.


A introdução seguinte pode ser lida antes do rito de lava-pés, a fim de indicar o significado da ação simbólica: Conservos de nosso Senhor Jesus Cristo: Cristo, nosso Senhor, sabendo que estava prestes a ser humilhado na morte, lavou os pés de seus discípulos e lhes ordenou que amassem uns aos outros, seguindo seu exemplo e servindo uns aos outros com humildade (João 13.13-15, 3435). O lava-pés é uma demonstração da condição de servo que nosso Senhor revelou em grande medida na Sexta-Feira Santa, quando se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. O lavapés nos revela tanto visualmente quanto fisicamente a vida de servo que Cristo ainda vive em favor nós, e que ele demonstrará mais uma vez esta noite quando vier a nós em sua Santa Ceia para nos alimentar com seu corpo e sangue. O rito pode ser conduzido da seguinte forma: De preferência, o pastor lavará os pés de todos os que se apresentarem para o lava-pés. Outras opções possibilitam que o pastor lave os pés de doze representantes da congregação ou dos chefes de famílias, possibilitando que o chefe de família, por sua vez, lave os pés dos membros de sua família. O rito pode ser planejado desta maneira: bacias grandes, um jarro, uma toalha e cadeiras são colocadas próximas do altar. O ministro derrama a água sobre os pés de cada pessoa, lavando-os e secando em seguida. Nenhuma palavra é dita durante o lava-pés. Acólitos podem ajudar a descartar a água das bacias ao longo do rito de lava-pés. Todo o rito do lava-pés pode ser realizado em silêncio, mas normalmente, alguns hinos são cantados. A antífona latina do séc. IX, “Ubi caritas et amor” (“Where Charity and Love Prevail”, Lutheran Service Book, 845; “Onde o amor e a caridade”, Missal Romano/Ney Brasil Pereira), é o hino adequado para o lava-pés. Outros hinos, música coral ou de órgão, apropriados ao ato do lava-pés, também podem ser usados. Depois que o lava-pés for concluído, e os vasos e utensílios forem devolvidos à sacristia, o culto continua com as orações.

5. É costume que o pastor faça o desnudamento do altar com o auxílio de acólitos ou outras pessoas preparadas para tal. 6. Os vasos da comunhão são removidos primeiro, seguidos da cruz do altar, estante do livro de culto, velas do altar, paramentos do altar, paramentos do púlpito e ambão, demais velas do presbitério e candelabros, estandartes, flores e quaisquer outros itens de uso ou adorno litúrgico restante no presbitério. 7. Se o Salmo 22 terminar antes que o desnudamento do altar tenha acabado, a ação pode ser concluída em silêncio. Fonte: Lutheran Service Book: Altar Book (St Louis: Concordia Publishing House, 2006)


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