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RODRIGO GUEDES DE CARVALHO
Do que sente mais falta do seu Porto, que o viu nascer? O que mudaria nesta cidade e porquê?
Tenho saudades de tanto, que não caberia aqui. Da casa grande dos meus avós, onde mais tempo passei na infância. O cheiro da relva no Outono. Por agora, mudaria a dramática situação do tráfico de droga perto de zonas residenciais.
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Porque estamos em abril, pergunto-lhe do que se recorda do 25 de abril, em que tinha 11 anos, e como viveu a revolução no durante e no depois? Nessa época ainda estava em África?
No dia de Revolução estava já no Porto. Lembro-me de ainda ter ido para escola (ia a pé) e pouco depois uma carrinha foi levar todos os alunos de volta a casa. Disseram-nos que os nossos pais nos explicariam. Posteriormente foram tempos que a mim trouxeram poucas mudanças. Penso que foi mais a quem estava no final de liceu/faculdade.
E quase a celebrar-se o cinquentenário desta data, que desafios, forças e fraquezas se colocam à nossa atual Democracia?
Não caberia tudo aqui, mais uma vez. Mas destaco uma raiz de muitos males. A falta de comparência cívica em eleições e a elevada abstenção, problema crónico.
Consegue manter-se sempre aparentemente distante face às notícias que informa enquanto pivô? Como é essa luta interior de não deixar escapar emoções expressivas perante notícias mais tristes e dramáticas?
Nunca estou distante nem sinto obrigação de frieza. O que devo é ser equidistante na apresentação das duas ou mais versões de uma polémica, por exemplo.
E desse variado tipo de notícias que não desejaria que existissem, sem que tivesse de as dar, quais aquelas que lhe causam maior angústia e amargura?

As de barbárie sobre os desprotegidos, como crianças, idosos, animais. E tenho uma particular repulsa pelos homicídios de mulheres às mãos de homens ciumentos.
Se fosse convidado a deixar de apresentar o «Jornal da Noite» para fazer um programa específico de jornalismo de investigação, qual a área que mais o atrai e em que especializar-se-ia para tal?
Não gostaria de o fazer. Gosto muito do Jornal da Noite e tenho pouca apetência para a investigação.
O ano passado, afirmou numa entrevista que “o papel do jornalismo é tentar encontrar um lugar de verdade”. De que forma lida com as verdades que se dizem ora absolutas ora relati- vas?
Sim, e o pormenor é o TENTAR encontrar esse lugar, de tal forma que vamos sendo bombardeados por meias verdades à conveniência de quem as difunde. O jornalismo deve procurar fazer uma triagem rigorosa.
Como separar o segredo de justiça com as fugas de informação por fontes seguras, propiciando - por vezes - os julgamentos na praça pública lançados pela investigação jornalística, em casos que ainda decorrem nos trâmites judiciais?
Isso é uma discussão vasta. Aceito que há momentos de precipitação, mas também acho que a ideia de segredo de justiça não pode abafar a missão do jornalismo, que é precisamente desvendar o que se tenta esconder, tantas vezes.
Infelizmente, a violência generalizada é algo que parece estar para durar.