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poá, ABRIL de 2016

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entrevista

Delcimar Ferreira

Nilo Guimarães

Delcimar Ferreira

PERFIL

Nilo Martins Guimarães

E

le é apaixonado por basquete, assim como boa parte dos mogianos. Talvez isso ajude a explicar o segredo do sucesso do Mogi das Cruzes/Helbor, time que hoje disputa as melhores competições nacionais e internacionais e voltou a levar o nome da cidade ao melhor dos mundos que é o esporte. O secretário de Esporte e Lazer de Mogi, Nilo Guimarães fala como surgiu o projeto, a importância de se investir no alto rendimento e o retorno que isso traz para patrocinadores, público e, principalmente, para a população. E ele dá um recado aos poaenses: “Vocês têm um lado muito interessante, a molecada aí vai jogar basquete que nem fosse uma pelada de futebol”, analisa. Leia a entrevista a seguir.

Jornal Plural: Quando que surgiu o novo projeto do Mogi no basquete? Nilo Guimarães: Metade de 2010 para 2011. Em seis meses a gente montou a equipe. Plural: Mas o time já estava formado? Nilo: Não. A gente formou. Lógico que Mogi já tinha um lastro, mas o projeto começou do zero, galgando degrau por degrau. Plural: De quem foi a ideia de formar o time? Nilo: Passamos um ano e meio aqui tratando de esporte comunitário com o pouco de recursos que tínhamos e dando sequência a todo o projeto de massificação e fomento ao esporte que o Estado dá que é através dos Jogos Regionais e os Jogos Abertos. Isso já é bastante coisa para tomar conta. Na verdade, é entender que o esporte tem que ter uma maior dotação orçamentária. Mas sabemos que não é fácil porque existem prioridades na saúde e na educação que têm que ser resolvidos. Plural: Você conseguiu aumentar o percentual que é destinado para o esporte? Nilo: Sim, aumentou bastante. Isso é o olhar do nosso prefeito (Marco Bertaiolli-PSD), porque se ele não quiser não vai ter. Em 2009 nós pegamos com R$ 3,8 milhões e estamos agora com 16 a 17 milhões de reais. A gente não pode mexer em tudo porque estão somadas as verbas federais, estaduais e as emendas parlamentares. É dinheiro que está entrando e existe uma contrapartida nossa.

Idade: 58 anos Biografia: Como jogador de basquete, atuou como armador em diversos clubes brasileiros, além da Seleção Brasileira, pela qual disputou a Olimpíada de 1984, em Los Angeles (EUA). Também foi técnico, comandando a equipe de Mogi das Cruzes de 1998 a 2002. Desde 2009, é secretário municipal de Esporte e Lazer da Prefeitura de Mogi.

parente. Nós queremos agradar quem está aqui. Não tem porque fazer alto rendimento se não envolver a comunidade.

Plural: O projeto do Mogi no basquete veio para ficar? Qual é a garantia que daqui a 10 anos o time vai continuar? Nilo: É um apanhado de tudo. A gente nunca tem a certeza de tudo na vida. Sabemos que em troca de comandos na administração pública é um gargalo. Sabemos que o momento econômico do Brasil não é o melhor. Mas temos a segurança e a grande garantia que o amor que a cidade nutre pelo basquete, que aconteceu naturalmente, projeta um futuro muito interessante em Mogi. Faz parte da cultura mogiana. Plural: Como conseguiram atrair patrocinadores para o time? Nilo: Hoje você tem uma associação (Associação Desportiva de Mogi das Cruzes) que capta todo o recurso, e ela é responsável civil e criminalmente por tudo o que acontece lá. A Prefeitura só dá um suporte. Você não consegue cadastrar e inscrever uma equipe de basquete pela Prefeitura. Você tem que ter uma entidade. A Federação Paulista de Basquete e a Liga Nacional exigem o CNPJ tanto de um clube quanto de uma ONG. O presidente é o Reiad Abud Arabi. A estrutura dela é bem enxuta. Tem uma secretária e o diretor Ewerton Komatsubara, que é quem acompanha o time. No primeiro ano nosso no NBB a gente tinha garantido duas participações em exibições no SporTV. No segundo ano já tivemos 11 ou 12 inserções. No terceiro e quarto ano passamos de 25 a 30 transmissões. Isso traz um retorno muito interessante para o patrocinador.

Plural: Em muitas cidades é o Poder Público quem financia boa parte das atividades esportivas competitivas e a iniciativa privada fica em segundo plano ou até inexiste. Como foi possível inverter essa lógica? Nilo: Hoje na equipe adulta não existe um centavo público. Eles treinam e jogam aqui. Isso é um próprio público (ginásio). Mais que isso não temos.

SUCESSO

Plural: O aluguel do ginásio eles não pagam? Nilo: Pagam pelo jogo porque senão eles não poderiam cobrar. Tem um regulamento de funcionamento do ginásio. Eles pagam o ISS (Imposto sobre Serviços) referente a quantos ingressos foram vendidos. Até um ano e meio atrás a gente não cobrava ingresso. Então não tinha a cobrança do aluguel por parte da associação. Cedíamos, mas dávamos o evento gratuito para a população.

Plural: Quais foram as principais dificuldades no início? Nilo: Na verdade as dificuldades ocorrem todo ano. O importante é ter esse bom relacionamento. É pré-venda, venda e pós-venda. Você tem que trazer os parceiros no dia do jogo para ele ver a marca dele, ver se eles podem fazer alguma ação, deixá-los à vontade. É uma luta diária. Mostrar que o projeto é trans-

Plural: Qual o retorno de investir em um esporte de alto rendimento para a cidade? Nilo: Eu não saberia mensurar. Nosso prefeito é feliz quando ele fala do orgulho de ver a equipe na televisão, defendendo a nossa cidade, o nosso nome. O Esporte Espetacular foi feito aqui dentro de nosso ginásio na semana passada. O Jogo das Estrelas foi um evento maravilhoso que recebemos. É legal ver tanto garoto com a camisetinha do time. O que me deixa um pouco angustiado é que a gente poderia agitar muito mais a molecada. Essa é nossa meta.

RECEITA DO

O secretário de Esporte e Lazer de Mogi das Cruzes, conta como surgiu o projeto de criar um time, que hoje disputa as melhores competições nacionais e internacionais Você pode reportar a seu parceiro o quanto ele está sendo visto. A associação tem essa vida própria. Os contratos são assinados com ela. Plural: Por exemplo, quem custeia o transporte? Nilo: Ela busca com parceiros. A associação tem parceiros que dão água, que fornecem exames médicos, até a iluminação de LED veio com um parceiro nosso.

Não tem porque fazer alto rendimento se não envolver a comunidade.”


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