Página Zero Edição nº 1365 (11/10/2018)

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Quinta-feira, 11 de outubro de 2018

PONTO DE VISTA

PASSARAM, MAS NÃO ACABARAM Pois é, gente! As eleições passaram...mas não acabaram! Para o eleitor brasileiro haverá a necessidade de segundo turno para se decidir o próximo presidente da República, numa disputa que ficou polarizada entre o candidato de direita, Jair Bolsonaro (PSL); e o de esquerda, Fernando Haddad (PT). CONVICÇÕES DE LADO Sobre esse resultado, vamos direto ao ponto: parece ter havido uma espécie de “comoção social” da grande maioria do eleitorado que preferiu deixar suas convicções de lado e votar em Bolsonaro com a única esperança de não ver o PT de volta ao governo. PARA ONDE APONTOU Nesse sentido, quem parece ter “mandado” no pleito foram os institutos de pesquisa. Ou seja: para onde eles apontavam era – e foi – para lá que o eleitorado se dirigiu. Não é a primeira vez em que se vê este chamado “voto útil” que, óbvio, tende a ser útil para quem tem intenções nesse sentido. MAIS NO PAÍS... E é aí, onde mora a preocupação: com pesquisas divulgadas dia sim, dia não, será que esses institutos não teriam também a intenção de certa “utilidade” sabe-se lá para qual objetivo? É sempre bom tomar muito cuidado. E ao eleitor que ainda tiver um pouquinho de convicção, é melhor pensar um pouco mais no país... CHEGOU DEVAGAR Para o eleitorado paulista, em especial, além da eleição presidencial, também haverá a necessidade de segundo turno para o governo do Estado, entre o tucano João Doria e o surpreendente Márcio França, atual governador pelo PSB que vinha andando muito devagar nas pesquisas divulgadas. ACIRRAMENTO O que se percebe dessa disputa em um Estado que se diz tão superior e tão civilizado, é que os ânimos dos dois finalistas estão bastante acirrados. Doria e França começaram a campanha de segundo turno com tamanha agressividade que, esperamos, tudo fique apenas no falatório de ambos. FORA DO LUGAR COMUM Ainda sobre essa disputa ao governo do Estado, ela criou um ambiente bastante interessante aqui na região Oeste. Os sete prefeitos da região já haviam manifestado apoio a um dos dois. O único que poderia “fugir” do lugar comum seria o prefeito de Pirapora do Bom Jesus, Gregorio, que, por pertencer ao MDB, deveria apoiar o candidato derrotado Paulo Skaf, de seu mesmo partido. QUATRO POR FRANÇA Entretanto, Gregorio já tinha sido visto em cerimônia de apoio a Márcio França e chegou até a ser cobrado por isso. Agora ele não precisa mais esconder seu apoio e, ao lado dos colegas chefes de Executivo de Osasco (Rogério Lins/Pode); de Carapicuíba (Marcos Neves/PV) e de Jandira (Paulo Barufi/PTB) formam o grupo dos quatro que ajudarão o atual governador a se manter no cargo.

O vento na direção do capitão Gaudêncio Torquato

Bolsonaro

Haddad

Doria

França

Gregorio

Lins

Neves

Barufi

Furlan

Igor

Elvis

Bruna

Renata

Prascidelli

Caramez

TRÊS POR DORIA Acontece que, do outro lado, estão os outros três prefeitos da região, Rubens Furlan (Barueri/ PSDB); Igor Soares (Itapevi/Pode)

Martins

Lancaster

Cezar

Emidio

Ataide

Fábio

e Elvis Cezar (Parnaíba/ PSDB), que farão de tudo para garantir a eleição de Doria. No primeiro turno, quem levou vantagem na região, pela contagem final dos votos, foi João Doria, que venceu em seis das sete cidades da região. Como se vê, também aqui na região a disputa promete ser boa de se acompanhar. ENTRE DUAS DEPUTADAS Em relação aos eleitos pela região, já existia, desde o início das disputas, uma expectativa sobre a performance de duas candidatas a deputada federal: Bruna Furlan, apoiada pelo pai prefeito de Barueri, Rubens Furlan (ambos do PSDB), sempre foi portadora de excelente coeficiente eleitoral. Do outro lado, surgia como novidade a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, que escolheu a região para centralizar sua campanha. NINGUÉM PERDEU No final das contas, quem se saiu melhor foi Renata Abreu, que garantiu sua reeleição com 161 mil votos, quase dobrando sua votação da eleição de 2014, quando teve 86 mil votos. Bruna, apesar disso, não perdeu nada. Continuará seu mandato em Brasília, o terceiro seguido, também com a excelente apuração de 126 mil votos. Neste caso, a preocupação é a seguinte: em 2014, ela teve 178 mil votos; ou seja, de uma eleição para outra caiu quase 52 mil votos. QUASE À METADE Ainda na esfera federal, Osasco e o PT perderam a possibilidade de reeleger Valmir Prascidelli para a Câmara dos Deputados. Na eleição de 2014 ele foi eleito com 84 mil votos; neste ano reduziu quase à metade sua votação e ficará de fora com seus 43 mil votos. DANDO ADEUS Em relação aos deputados estaduais, deixam os cargos os três da região que estavam na Assembleia Legislativa e outros três assumem novos mandatos. João Caramez (PSB), Marcos Martins (PT) – que

nem foi candidato – e Gil Lancaster (PSB) dão adeus aos seus mandatos e veem outros três da região chegarem lá: Cezar (PSDB), Emidio (PT) e Ataíde Teruel (Pode). AMEAÇA ANUNCIADA Como Marcos Martins nem se candidatou à reeleição, a análise acaba recaindo sobre os outros dois derrotados: Caramez estava em seu quinto mandato como deputado estadual, mas já havia sentido a ameaça de ficar de fora na última eleição, quando somou 75 mil votos pelo PSDB e garantiu apenas a suplência. Assumiu o posto como titular no ano passado, mas agora no PSB obteve apenas 45 mil votos e amarga o revés. PARA REPENSAR Já em relação a Gil Lancaster o problema é ainda maior: quando foi eleito em 2014, teve o apoio do então prefeito de Barueri, Gil Arantes (DEM), e disparou na contagem, com mais de 107 mil votos. Foi o mais bem votado de toda a região. Agora, sem apoio e praticamente sozinho, caiu para ínfimos 22,9 mil votos, o que certamente o fará repensar os próximos passos políticos. A PRIMEIRA VEZ Contrariando esse cenário negativo, surge o ex-prefeito (cassado) de Santana de Parnaíba, Marmo Cezar (PSDB). Mostrando que ainda tem fôlego na cidade, ao lado de seu filho e prefeito Elvis Cezar (PSDB), foi o candidato mais bem votado da região (84 mil votos) e cumprirá pela primeira vez um mandato na Assembleia Legislativa. ‘CAFÉ PEQUENO’ Da mesma forma, está comemorando a vitória o ex-prefeito de Osasco por duas vezes, Emidio de Souza (PT), que já ocupou anteriormente o cargo de deputado estadual e retorna à casa. Mas, depois de ter sido eleito e reeleito prefeito sempre com votações muito expressivas, ganhar o mandato com 65 mil votos parece “café pequeno”...

isso para quem acha que 65 mil votos é algo fácil de conquistar. Emidio, no final das contas, sentiu a carga que o PT vem impondo aos seus correligionários, mas pode-se dizer que é um dos poucos que, neste momento, está dando a volta por cima... CABO ELEITORAL Por fim, o novo e quase desconhecido na região, Ataíde Teruel (Pode), completará a trinca de parlamentares na Assembleia. Se, apesar de sua história de vida em Osasco, ele ainda é pouco conhecido, não se pode dizer o mesmo de seu filho, Fábio Teruel, que atrai multidões sempre que se apresenta em sua missão de evangelizador, cantor, motivador e também radialista que é. Com um cabo eleitoral desses, Ataíde sequer precisou mandar imprimir santinhos para obter seus 58 mil votos para exercer pela primeira vez um cargo político. FALTAM DOIS ANOS O eleitor deverá ficar atento ao seguinte: este é apenas o primeiro passo na grande história que promete se desenrolar daqui por diante. Um excelente capítulo será destinado, certamente, a quem se estimulará a lançar-se candidato a prefeito em sua respectiva cidade na próxima eleição, em 2020. É só daqui a dois anos... ESPAÇO PEQUENO Por isso, já na próxima semana esta coluna começará a abordar tais temas. Também na próxima edição usaremos este espaço para avaliar um pouco as “decepções” desta campanha em termos de resultados e aqueles que, apesar de não atingirem seus objetivos, conseguiram se fortalecer para novos passos. Portanto, até a próxima semana, porque o espaço aqui é pequeno...

Meu pai, que sabia quando ia chover só em olhar para a formação de nuvens no nascente e no poente, dizia: “quando o vento vem numa direção, ninguém desvia seu rumo”. Costumei aplicar a pequena lição à política. Quando o vento corre na direção de um candidato, não há barreira que o detenha. Torna-se ele “a bola da vez”, o cara que tende a chegar ao pódio antes dos outros. E, aproveitando mais um ditado popular, a corrida do vento até se acelera quando alguém “cutuca a onça com vara curta”. A fera, quieta em seu canto, corre para abocanhar o caçador. A imagem cai bem sobre a figura do capitão Jair Bolsonaro. A ventania provocada pela atmosfera eleitoral sopra na sua cara, a mostrar que, mesmo sob muralhas construídas em sua passagem – acusações de discriminação contra mulheres, misoginia etc – o candidato da extrema direita está na posição de canalizador das correntes mais fortes que impulsionam o eleitorado brasileiro. Nem a onda feminina que, há dias, invadiu as ruas, a partir do Largo da Batata, em São Paulo, protestando contra o candidato sob o manto de um movimento batizado de #Elenão, deteve sua capacidade de aglutinação. Deu-se um bumerangue: Bolsonaro ganhou pontos no campo das mulheres e, ainda, cresceu em segmentos tradicionais do lulismo, como as margens pobres do Nordeste. O que teria ocorrido? O movimento das mulheres contra Bolsonaro abrigaria um grupo majoritariamente de esquerda e de boa renda, e o “cutucão com vara curta” nos costados do capitão teve o condão de despertar o sentimento antipetista, particularmente forte nos enclaves médios do Sudeste, com grande poder de capilaridade. O tom crítico de candidatos do centro contra o lulopetismo, nos últimos dias, correu pelas regiões, fazendo estragos na imagem do PT e de seu candidato Haddad. Evitar “a volta do PT ao poder” passou a ser grande estampa na paisagem eleitoral, abrindo os flancos de candidatos como Geraldo Alckmin, Marina Silva e até Ciro Gomes, que viram parcela de seus eleitores surfar na onda bolsonariana. O fato é que a intensa polarização que racha o país denota algo inusitado: os dois líderes dos votos são também os mais rejeitados, ambos beirando 45% de rejeição. Bolsonaro veste o figurino do cara ao lado do

eleitor, sujeito de cultura mediana, de linguagem simples, sem sofisticação, um parlamentar do baixo clero que nunca habitou o altar dos qualificados no Parlamento. Traduz o voto de protesto contra a velha política e contra a rapinagem desvendada pelas Operações Mensalão e Petrolão, simbolizando, ainda, a figura do mocinho do velho Oeste a atirar para matar (que fique claro) os bandidos. Haddad, por sua vez, é um emissário que pede aos eleitores pobres do Nordeste para desencavar a bolorenta foto de Lula no baú para recolocá-la na parede de suas casas, sob a lembrança do dinheirinho do Bolsa Família e da água do São Francisco. Para os eleitores do alto, tome promessas de recuperar o Brasil da era PT. (Haja dissonância). O bumbo sobre os caminhos tortuosos do PT, o fraseado “revolucionário” de seus pensadores - José Dirceu na vanguarda -, a palavra de ordem “Lula Livre”, a dúvida gerada por Haddad (É Lula, mas não é), acabam deixando muita gente desconfiada. Por isso, só os convictos põem fé na palavra dele. Se formos comparar os ruídos provocados pelas campanhas, podemos dizer que os decibéis bolsonarianos estão entre 80 a 100( mesmo com o capitão recolhido após a facada), faixa considerada muito alta, enquanto os decibéis de Haddad giram entre 60 a 80, faixa intermediária. O recado de Bolsonaro faz mais eco. Com agudos e graves até então desconhecidos, o candidato exerce maior poder de atração. Outro modo de comparar é dizendo que a tonalidade mais radical sai da trombeta de Bolsonaro, performance que cai mais no agrado social, em função do clima de desordem e roubalheira vivido pelo país. No segundo turno, os tons do discurso aumentarão de volume, acirrando o ânimo das duas bandas que dividem o território. O capitão continuará a se ancorar na bengala da emoção que usa desde a facada. Já o ex-prefeito Fernando Haddad tentará se equilibrar na corda bamba, ora procurando exibir voz própria, ora passando recados do tutor Luiz Inácio. Até 28 de outubro, veremos choques agudos e entreveros mais severos. Sob uma primavera muito quente. Gaudêncio Torquato é jornalista, professor titular da USP e consultor político e de comunicação

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Cadastro Nacional de Jornais do Interior periodicidade verificada em Brasília C.N.J.I. Registro N°01870


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