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Sábado, 14 a 16 de Junho de 2014

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TRIGO

Região vai aumentar área plantada 'Vazio Sanitário da Soja' começa a ser fiscalizado na próxima segunda-feira

Em toda a região, a produção deve receber incremento de 200 mil toneladas, segundo DERAL

Estima-se que plantio em Castro tenha aumento de 20% em relação à 2013 Carla Ticiane Com a chegada do frio inicia no campo o plantio das culturas de inverno como aveia, cevada, centeio e o trigo, que predomina na região dos Campos Gerais. Na maioria das cidades de abrangência do Departamento de Economia Rural – DERAL, compreendido por 18 municípios, o período de zoneamento agrícola vai do dia primeiro de junho até 10 de julho. Mas por questões de cautela, os produtores esperam a primeira quinzena para começar a plantar as sementes. A previsão é para que, a partir de segunda-feira (16), Castro, Ponta Grossa, Ipiranga e Palmeira iniciem este processo da safra. “O pessoal prefere começar na segunda quinzena e levaram sorte porque a chuva que caiu nos últimos dias iria prejudicar o plantio. O excesso de águas causa erosão no solo, apodrecimento de sementes entre outros problemas”, destacou Luiz Alberto Vantroba, economista do Deral de Ponta Grossa. Já o período de zoneamento no norte de abrangência do núcleo regional como Arapoti, Sengés, Ventania e Tibagi começa mais cedo. Nestas regiões os produtores já começaram a plantar em meados do dia 21 de maio e devem concluir esta fase no final deste mês. “Mas lá o clima é outro. Ligamos para a Emater de Sengés, e a chuva que caiu lá não se compara a enchente que devastou a cidade em 2010. Desta vez, os prejuízos naquelas localidades não foram consideráveis”, relatou. De acordo com a estimativa do Deral, a previsão deste ano é de que a área de plantio em toda região dos Campos Gerais chegue a 187 mil hectares, com variação de 680 mil toneladas na colheita. No ano passado, a área do plantio foi de 162 mil hectares e a produção ficou em 474 mil toneladas. “A área perdida foi de 12 mil hectares devido às geadas de 31 de julho e 31 de agosto”, lembrou. Este ano a estimativa é muito maior em relação ao ano passado. Serão aproximadamente 200 mil toneladas a mais. “Esta é a estimativa inicial esperada pelos produtores, considerando o clima normal. Se houver diversidade, durante o percurso, dai é diferente”, avaliou. Vantroba explicou que este aumento se deve ao preço de venda para os produtores que está mais alto, ou, na pior das hipóteses, permanece o mesmo, o que acaba estimulando

o plantio. “Hoje o valor do quilo da saca está variando entre R$45 e R$47 reais. Em janeiro estava variando de R$44 a R$47 reais. O preço veio se mantendo”, contou. Outro fator que justifique o aumento do plantio é o fato das cooperativas também estimularem os produtores. Um exemplo foi o moinho de trigo inaugurado recentemente na região, construído pelas Cooperativas Batavo, Castrolanda e Capal. A atual estrutura vai possibilitar a moagem de 400 toneladas/dia de trigo e 120 mil toneladas por ano. O moinho vai processar farinhas industriais para a produção de massa, panificação e biscoito e a matéria-prima necessária virá, essencialmente, dos cooperados das três cooperativas parceiras. De acordo com o Alcebíades Cruz, da coordenação de produção agrícola da Castrolanda, a previsão de aumento de plantio em Castro é de 20% em relação ao ano passado. “O produtor acaba vendo a nova estrutura como estimulo, pois sempre ficavam nas mãos dos mesmos moinhos. E isto é ótimo, porque é uma cultura de risco na questão da venda. Agora há uma perspectiva muito melhor, pois a facilidade é maior de colocar o produto no mercado”, considera. O coordenador explica que, desde que o produto tenha a qualidade exigida, os produtores já podem contar com 70% de venda para o novo moinho. A área de plantio da matriz em Castro é de aproximadamente 12 mil hectares, e 25 mil hectares em Castro, Ventania e Piraí do Sul. “Se 70% deste trigo já for comercializado, com nosso moinho, a previsão seria de 120 mil toneladas de colheita. Ou seja, 70 mil toneladas já teriam comércio destinado”, explica. O que pode facilitar ainda mais futuramente é de que existe a possibilidade de industrialização em nível de varejo, considerando que a venda atual é no atacado. Isto agregaria mais valor ao produto. “Hoje já se planta com qualidade superior. E se isto acontecer, a comercialização da farinha branca será feita direta com o moinho”, esclarece. Sobre preços para esta cultura, o coordenador acredita que ainda é cedo para precisar. “Quem vai mandar mesmo é o mercado internacional. É necessário saber se a Argentina vai colher bem, pois nós dependemos de comprar trigo. O Brasil está sujeito a intempéries de preço”, conclui.

A partir de segunda-feira (16), o Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária- Adapar vai iniciar as fiscalizações no município para verificar se não há soja viva nas lavouras. O trabalho, que será finalizado em 15 de setembro, deve abranger aproximadamente 40 propriedades de Castro. O Engenheiro Agrônomo, Christian Reichmann Sassi, explica que é o chamado “vazio sanitário da soja”, adotado em 12 estados do país, através do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja. O intuito de reduzir os uredosporos (esporos que aparecem na fase epidêmica da doença), desta forma, diminuindo a incidência precoce da ferrugem asiática. “Neste período de três meses não

deve existir plantas vivias nas lavouras, seja da colheita ou do plantio que ficaram. Por isto, vamos fiscalizar nas lavouras, nas estradas e nas transportadoras, verificar se não há caminhões transportando grãos de soja porque também não é permitido”, relatou. Reichmann ainda conta que o programa já existe desde 2008 e que todos os agricultores já estão cientes das medidas, por isto se alguma propriedade for pega com soja não será notificada, mas sim autuada, e a penalidade pode variar entre uma advertência ou até multa, dependendo das justificativas. A cada ano a presença do grão diminui, mas os funcionários da ADAPAR sempre encontram alguma irregularidade. “Às vezes os agricultores

esperam geada, dai começa chover e alegam que não podem entrar na propriedade. Ou então os agricultores eliminam, mas acaba nascendo de novo. Se encontrarmos poucas plantinhas não vamos autuá-los, mas tem lugares em que existe bastante daí não dá para deixar passar”, destaca. O engenheiro agrônomo explica que a planta verde de soja serve como hospedeiro para os fungos, que sobrevivem em media 60 dias e, se houver alguma planta, ele vai sobreviver e se multiplicar. “E vai ter muito mais doenças na propriedade quando a safra começar. Quanto mais precaução, menos inóculo vai haver no plantio, e menos agrotóxico para ser usado na lavoura”, conclui.


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