Jornal O reporter

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SÁBADO, 26 de junho de 2010

O REPÓRTER

O REPÓRTER

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Da Redação

Projeto para a ampliação da energia elétrica leva prefeito ao Rio de Janeiro

Alunos da EFA visitam Cascata das Andorinhas

Na chamada “cidade maravilhosa”, o prefeito Fiorante Ballin discutiu, na última quinta-feira, a ampliação da captação e geração de energia elétrica da Usina do Passo de Ajuricaba. Na mesma entrevista, concedida à Repórter, ele fala sobre a subestação e energia eólica. Confira! Que assunto levou o senhor ao Rio de Janeiro, na última quinta-feira? Eu, acompanhado do diretor-presidente do Demei, Carlos Alberto Dahmer, e do encarregado das usinas, Fernando Lucchese, viajamos ao Rio de Janeiro para participarmos de uma audiência na Eletrobrás. O objetivo do encontro foi pleitear recursos do Governo Federal para que seja possível ampliarmos a Usina do Passo de Ajuricaba e construirmos a subestação do Demei. Estes dois empreendimentos trarão que benefícios à cidade? Atualmente, em Ijuí, temos a geração de 20% do consumo de energia e o nosso desejo, com a ampliação da Usina, é de dobrarmos a produção. Pela nossa esti-

mativa, chegaremos a 35% de geração de energia em nosso município. Mas, claro, para que possamos idealizar esse projeto, precisamos de um financiamento, no valor de, aproximadamente, R$15 bilhões. E nós temos todas as condições legais para buscar estes recursos. Com a subestação, ampliaremos a quantidade e a qualidade de energia produzida e disponibilizada para a região. Nós queremos, futuramente, atender as necessidades a nível residencial e em nível de empresas, potencializando o desenvolvimento e a geração de renda, com quali-

dade de energia. Foi por isso que a Administração decidiu se integrar à questão da subestação, junto às concessionárias. Ampliar a geração de energia, lembrando, significa mais investimentos e mais desenvolvimento para Ijuí e região. Há, também, o interesse do município produzir energia eólica, correto? Sim, é outro investimento no qual estamos envolvidos. Assim como a ampliação da Usina e a construção da subestação, a energia eólica nos dará mais possibilidade de desenvolvimento.

Prefeitura atenderá em turno único na segunda-feira

O Executivo atenderá em turno único, das 7h30 às 13h30, nesta segunda feira. A mudança se dá devido ao jogo

da Seleção Brasileira, nas oitavas de final da Copa do Mundo na África do Sul, às 15h30.

A TOCA DA ONÇA Elogio da imperfeição Parca e escassa, para dizer o mínimo, a repercussão entre nós da morte do escritor José Saramago. Pior, a maioria ficou na linha do “perdemos nosso Nobel...” ou, como em Veja, burocracia com alfinetadas na simpatia de Saramago por Fidel e Hugo Chávez. E só. Parte disso talvez até se justifique. O escritor de fato, já havia se tornado um feijão com arroz literário. Saramago é mais um caso de autor vitimado pela aura do prêmio Nobel e de sua caretice e oficialidade. Sartre recusou-o. Saramago, que teria todos os motivos para fazer o mesmo, aceitou. Sua obra, praticamente, acabou aí. A Caverna, primeiro livro de Saramago pós Nobel é ruim de doer. O último Caim dá pistas claras sobre a intenção do autor de

Na segunda-feira os alunos do 1º ano do Ensino Médio realizaram uma visita a Cascata das Andorinhas no interior de Ijuí como forma de aprofundamento dos estudos na disciplina de Geografia. O objetivo foi conhecer o ambiente natural de Ijuí e despertar aos alunos a consciência ambiental através da experiência. Os professores Gilmar Antonio Walker, de Geografia, e Sandra Gelati Pascoal, de Biologia, abordaram conceitos que vão desde a visão do local como ponto turístico, mata ciliar, vegetação, formação da queda d’água, tipos de solo e rochas, até o reconhecimento da importância do local para o bem estar e qualidade de vida da população.

Produtores podem se inscrever até dia 01 de julho no Concurso de Vinho O Concurso Municipal de Vinho de Boa Vista do Cadeado (Comuvi) está com inscrições abertas até o dia 01 de julho para os produtores rurais do estado realizarem gratuitamente sua inscrição. Os melhores nas categorias Branco e Tinto serão selecionados por uma banca de jurados na noite do dia 03 de julho. Paralelamente ao concurso, com início marcado para às 19h30, haverá um jantar para cerca de mil pessoas no Ginásio Municipal de Esportes, com ingressos a venda antecipada-

mente e no local do evento. O município produz anualmente mais de 10 mil litros de vinho colonial, atividade que ocupa 20 hectares e envolve cerca de 240 famílias de pequenos produtores rurais. As inscrições para o Comuvi podem ser feitas junto ao escritório da Emater/RS-Ascar de Boa Vista do Cadeado, localizado na Avenida Cinco Irmãos, 1130, centro. Informações podem ser obtidas através do telefone 55 3643-1030. Os três primeiros classificados no concurso receberão troféus.

Larry Antonio Wizniewsky fazer uma “cerimônia do adeus” literária. É um livro irregular, com momentos excepcionais. A literatura é o enfrentamento, sem tréguas, da morte simbólica ou concreta. Destas, Saramago saiu-se bem. O verdadeiro romance de José Saramago, diga-se de passagem, foi sua própria vida. Egresso de uma condição de vida miserável, desde cedo o autor rebelou-se contra a materialidade do mundo, de um modo peculiar. Tornou-se mais materialista que a materialidade, mais realista que a realidade, e armou-se de uma carapaça para enfrentar o mundo. Estudou para ser torneiro mecânico e, na biblioteca da escola técnica, descobriu a literatura. Seu primeiro livro, A Cidade do Pecado, é um caso muito estranho na literatura de Portugal. É tão ruim, que chega

a ser bom. Saramago, autor iniciante, traumatizou-se com o resultado e ficou 30 anos sem publicar mais nada. Escrever, é claro, escreveu. Mas, como jornalista, profissão na qual desempenhou todas as funções, de copy desk até editor. Agarrado ao seu rancor e a um marxismo para lá de ortodoxo, Saramago colocou-se na linha de frente da esquerda portuguesa. Nessa condição, enfrentou o de sempre. Foi perseguido, perdeu empregos e a utopia que defendia revelouse fajuta e comum. Desiludido, Saramago enfiou-se nos cafundós de Portugal para repensar seu projeto de vida, vivendo entre humildes camponeses analfabetos, mas cheios de experiência de vida. Saiu de lá com Levantado do Chão, obra realista, mas com traços formais inusitados como mai-

úsculas sem ponto, sintaxe advinda diretamente da oralidade e outros recursos autorais. Seguiram-se depois do sucesso deste livro uma longa lista de obras. Todas serão marcadas pelo mesmo padrão de oralidade traduzida do primeiro livro. No volume geral, a obra de José Saramago é um balaio de gatos. Há desde obras-primas absolutas até uns troços horríveis, como é o caso de A Caverna. O balanço geral é amplamente favorável ao autor. De todos, a meu juízo, o melhor é O Ano da Morte de Ricardo Reis. Despido de formalismos, Saramago rende-se a Fernando Pessoa e seu jogo de heterônimos. O marxista renitente acolhe o monarquista e, para gáudio da literatura, deixa-se dominar pelo primeiro. Ricardo Reis, o epicurista, suplanta de forma ampla o teimoso e birrento José

Saramago da vida real. Esta sim é a verdadeira obra-prima do autor. É muito bom, aliás que seja pouco conhecida. Conhecê-la é uma oportunidade de render-se às possibilidades que a prosa e a poesia possuem e que potencializam-se quando unidos pela alquimia de algum mestre literário. Aliás, é desta imperfeição assumida e aspiração constante às formas expressivas superiores, que Saramago alimentou-se ao longo de sua trajetória. Sua obra é um vasto elogio à imperfeição, fato que faz dela (a imperfeição) o motivo de humanização do escritor no mundo contemporâneo. Pena que o prêmio Nobel tenha entrado neste universo como um catalisador de mundanidades, frescuras e rapapés. A obra de José Saramago, perfeita na sua imperfeição, é superior a isso tudo. Ainda bem.


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