Jornal 25 de fevereiro

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Sabado, 25 de fevereiro de 2017

A VISITA HONROSA Pois, no primeiro ano de funcionamento, a Escola Normal Annes Dias teve como sede o casarão do Dr. Catharino Azambuja na Gen Cãmara, entre a casa antiga do seu Janguinho Carvalho e o palacete do fazendeiro Rodolpho Amado. O seu Rodolpho era consorciado com dona Pitina e desse casamento resultou uma filha, de nome Circe, que, seguindo seus pendores artísticos, foi para a então Capital Federal, onde dedicou-se a dança clássima, integrando o corpo e baile do famoso Theatro Municipal. Prosseguindo em sua carreira, integrou equipe que passou a atuar em teatros de países europeus, sempre com grande repercussão. No entanto, Circe teve sua carreira interrompida por um acidente no palco, ficando, por isso, impedida de continuar suas apresentações. O que a deixou desolada. Com a morte do pai, herdou apreciável patrimônio representado com vasta áreas de campos povoados com gado de raça. Fixou residência no Rio, onde montou luxuoso palacete, cenário de encontros de figuras de relevo na arte da dança e intelecutais. Certa feita o saudoso Cel Luzo Ramos da Cunha Lopes, a visitou em sua bela mansão, onde ficou abismado com coleção de cães de raça, cercados de cuiados e cuidadores especiais. Faleceu no Rio, já com idade, e suas cinzas foram trazidas para a Necropole Municipal, onde foram depositadas no jazigo da família. Assim terminou a vida da bailarina Circe. Sec transite gloria mundi. A respeito da família, o seu Rodolpho tinha um capataz de extrema confiança, que cuidava de suas vastas extensões de campos e matos e gado de alta categoria. Quando da sucumbencia do fazendeiro, o administrador entrou com uma ação alegando ser filho espúrio do falecido. E teve ganho de causa. Assim, dona Circe teve que dividir espólio com o irmão espúrio. Isso ocorreu há mais de meio século. O feito foi proposto pelo saudoso advogado Dr. Pedro Nunes, que, inclusive, representou Cruz Alta no Parlamento Riograndense. Viram o que é o estudo?

VOLTANDO AO INÍCIO A Escola Normal Annes Dias foi fruto da persistência e trabalho da notável educadora, Prof, Maria Zolá Bandarra Wetphalen que foi incansável na luta para criação da Escola. E a primeira sede foi no imponente casarão do Dr. Catharino Azambuja, na Gen Câmara. Era um prédio de grandes salas, e, inclusive, a parte do porão, por suas dimensões, também sediou salas de aula, e, também o gabinete dentário, com

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O EXPRESSO

CARNAVAL DAS TAMPINHAS equipamento instalado junto com o educandário. O ingresso se dava por imponente portão de ferro, num bonito muro de forma artística. O portão dava acesso ao jardim amplo e bonito. Para ingresso no piso superior, havia uma bonita escadaria de mármore com gradis de ferro esculturado. Era uma entrada soberba, de rara beleza. Mas do prédio e sua escadaria nada sobrou e, hoje, no local, ergue-se uma construção moderna, toda de vidro, ocupada por uma instituição financeira. “São coisas...” como dizia o Maj Marciano.

A VISITA Então, no primeiro ano de funcionamento da Escola Annes Dias, foi anunciada a visita do escritor Érico Veríssimo já nacionalmente conhecido por sua obra. Foi preparado um programa especial para receber o ilustre visitante. Havia,na escola, o Cantor Orfeônico, ministrado e dirigido pela saudosa Profa. Maria das Dores. E a professora resolveu compor uma saudação em canto para o visitante. Com letra e musica de sua autoria o canto foi exaustivamente ensaiado e dizia assim: “Recebamos por entre alegrias/Tão honrosa e tão grata visita/Ela vem nos trazer incentivos/Animar nossa luta bendita/ Legionários da luz contra as trevas/Saberemos vitórias colher/Essa honra também saberemos/Na memória para sempre reter.“ O coral ficou tinindo e o escriba era um dos cantores. A visita foi marcada para a tarde. E, na hora aprazada estavam todas na escadira para recepção e canto. Ocorre que, por motivos outros, a visita foi antecipada para a manhã. E, na hora aprazada, o coral ficou a ver navios. Para desolação da Profa. Maria das Dores e dos jovens cantores que havia ensaiado ao máximo para homenagear a ilustre visita. E muitos choraram.

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s carnavais da Aldeia do Divino tem muitas e muitas histórias, de uma época em que a festa era realizada, in tutum, sem o mínimo auxilio da Prefeitura. Para realizar os festejos momescos, era organizada uma Comissão Organizadora do Carnaval, composta por quem entendia do assunto e se dispunha a organizar a festa sem proveito algum, a não ser dar aos cruzaltenses um bonito e animado carnaval. Isso com referencia ao Carnaval de Rua, de vez que os clubes, tanto do centro como de bairros e vilas, propiciavam a seus associados grandes festas em honra ao Senhor da Folia. E todas com sucesso durante as quatro noites momescas. No ano de 1964, portanto passados 52 anos, foi organizada uma Comissão do Carnaval composta por Albery Pedroso, Antoninho Carvalho, Mário Sessegolo, Zalmon Ricachenevsky e o colunista. Na reunião preliminar tratou-se de conseguir recursos para movimentar o tríduo que virou quarteto. Nessa reunião, o colunista teve uma ideia que aprovada, se transformou num grande sucesso e que deu brilho e recursos ao carnaval daquele ano. Surgiu, nessa reunião, o “Carnaval das Tampinhas.” Na época o industrial Mario Lese havia adquirido dos Irmãos Bastolla o titulo do refrigerante fabricado e os equipamentos. E a ideia foi promover o refrigerante “Tupy” com a festa carnavalesca. Exposta a ideia o Mario Lese, dono da firma, este concordou. O plano consistia em eleger a rainha através e votos que seriam dados em retribuição as tampinhas do refrigerante. Cada tampinha podia ser trocada por um voto que seria dado a candidata de preferência do eleitor. O plano foi um sucesso, e, desde o lançamento conquistou os foliões. Então, os cabos eleitorais das candidatas andavam pela cidade catando tampinhas para conquistar votos para sua candidata. Em poucos dias o “Carnaval das Tampinhas” virou assunto na cidade e a produção do refrigerante começou a aumentar, tal a repercussão do concurso. Bares, restaurantes e clubes do centro e interior viraram alvo dos cabos eleitorais que andavam juntando tampinhas para trocar por votos. Um posto de troca de tampinhas foi instalado na Rádio C. Alta e o movimento eram intensos. Quando se aproximou o dia da contagem final as tampinhas chegavam em sacos e sacolas. Teve que ser montada uma turma extra para receber as tampinhas e troca-las por votos.

O MOVIMENTO

O movimento em busca das tampinhas do refrigerante empolgou todas as áreas. E os cabos eleitorais vasculhavam toda a parte em busca das preciosas tampinhas. O industrial Mario Lese teve que ampliar o horário de trabalho da fabrica tal o volume de vendas dos produtos “Tupy”, tanto o médio como o pequeno, denominado “Tupysinho”. Os cabos eleitorais da candidata do Gremio dos Sub-Tenentes e Sargentos aplicaram várias estratégias. Uma delas foi fornecer aos praças nos refeitórios dos quartéis um refrigerante pequeno no almoço. O volume de tampinhas foi especial, de vez que, na época, os dois regimentos aqui sediados tinham expressivos contingentes. Esse expediente provocou mais ação dos cabos eleitorais das demais candidatas que buscaram em todos os bares e armazéns as preciosas tampinhas. E, queriam os que desejavam somente adquirir as tampinhas, o que não era permitido. Certa feita um cidadão chegou na fabrica e disse que queriam comprar tampinhas de tantas caixas de refrigerantes. O que não foi concedido por só a tampinha não era vendida. Somente a garrafa com o liquido. Então, numa atitude extrema, comprou dois engradados do refrigerante, e, no meio da rua despejou o conteúdo, ficando com as preciosas tampinhas, o que não pode ser considerado fora o concurso, o que valia era a tampinha. A ultima apuração, na Rádio Cruz Alta, foi até madrugada, quando a eleita foi a candidata do Grêmio dos Sub-Tens e Sargentos. A comemoração foi com desfile pela rua principal ao espocar dos foguetes. Belos tempos aqueles 52 anos atrás...


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