2 minute read

Carpinejar reflete sobre as relações de afeto no pós-pandemia

Mais de três mil pessoas acompanharam, de forma virtual ou presencial, a palestra que marcou o início do ano letivo na Urcamp, na noite de quinta-feira, dia 23. A Aula Magna ficou à cargo do escritor Fabrício Carpinejar, com a conversa “Transformação pelo afeto”, que lotou o ginásio do Colégio Auxiliadora.

O evento foi possibilitado através de uma parceria entre Urcamp e Sebrae/RS. Inclusive, o vice-reitor da Instituição de Ensino Superior, Guilherme Cassão Bragança, fez a acolhida do escritor no evento que marca, oficialmente, o primeiro semestre letivo da nova gestão da Urcamp. Ao público, ele relatou que a palestra de quinta-feira foi a realização de um desejo antigo, já que há seis anos falava sobre a possibilidade de trazer Carpinejar para alguma atividade da Urcamp.

Advertisement

Agora, no início da nova gestão, celebrou a noite como um marco: “Isso é pra vocês. Nós estamos com uma nova Urcamp. A nova Urcamp do afeto, que nos trouxe até a aula magna de hoje, que é Transformação pelo Afeto. E é isso que a gente deseja: educação com afeto”.

A Aula Magna contou com o apoio de Colégio Salesiano Auxiliadora; Cloud Tickets; Cema Isquierdo Eventos; Olimac Móveis; Prefeitura de Bagé; Floricultura Marta; Casa Blue; StudioLuz Bagé; LEB - Livraria e Editora Bageense; Unimed Região da Campanha.

Momento de cura coletiva através da ternura

Antes do evento, o escritor recebeu a imprensa no camarim, para falar sobre a motivação por traz do tema da palestra. Para ele, a pandemia de Covid-19 e o con- sequente distanciamento social provocado por ela, criaram cicatrizes profundas nas pessoasprincipalmente em relação a dar e receber afeto. “Nesses dois anos, ficamos desacostumados com a ternura, a gente tem medo de qualquer pessoa que se aproxima. Todo mundo está passando por uma fisioterapia coletiva, para voltar a confiar no abraço. Porque, durante dois anos, esse abraço foi foco de uma doença”, destaca.

Para Carpinejar, a ternura, demonstrações físicas de afeto, são o antídoto para a “secura” e desesperança que tomaram conta do mundo pós-pandemia. “O que você faz quando não sabe o que falar para alguém que está sofrendo? Fica mudo, se afasta? Eu abraço. Quando não tenho o que dizer, meu corpo ainda tem o que dizer. O abraço cura, cicatriza, salva”, aponta.

Através de reflexões em seus livros, em palestras ou, mais recentemente, em sua rede social, ele busca ser um agente agregador, capaz de despertar o amor-próprio nas pessoas, através das palavras. “A gente cria uma cumplicidade familiar, numa palestra, numa conversa.

Você está procurando alguma coisa aqui, não está entrando ao acaso, tem um propósito. Então eu venho sem roteiro, para sentir o ambiente, saber como posso ser agradável. Porque a gente se preocupa muito com empatia. E a auto empatia? Você se cuida, se valoriza, ou vive se desculpando por quem você é?”, questiona.

Já na palestra, dispensou o uso do palco e preferiu uma conversa informal em meio ao público. Fez conexões entre relatos pessoais e a necessidade de manutenção do afeto como forma de cura.

Autor de livros como Colo, por favor (2020) e o mais recente, Depois é Nunca (2021), Carpinejar já recebeu algumas das principais premiações da Literatura brasileira, como o Prêmio Nacional Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras, e o Prêmio Jabuti.

This article is from: