422 Caderno de Festas

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maiahoje INICIATIVA

sexta-feira 7 de Julho de 2017

Especial

VII

“Arte Pública na Maia”

Património edificado na Maia conhecido em percurso

“Arte Pública na Maia” foi o tema de mais uma iniciativa que se concretizou, no passado dia 1 de julho, pelo Clube UNESCO da Maia. Conscientes que na Maia existe um património edificado, sob a forma de arte pública, capaz de traduzir uma história de gentes e costumes digno de divulgação, o Clube UNESCO da Maia reuniu, associados

CONFERÊNCIA

e amigos, para um percurso de valorização e divulgação deste mesmo património. “Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja…” foram palavras proferidas pelo presidente do Clube, Raúl da Cunha e Silva, relembrando e salientando a importância da pedra na edificação de um património, não

só material como imaterial. Pelas 9.30 horas, e tendo como ponto de encontro a Câmara Municipal da Maia, deu-se início a esta atividade, com as boas-vindas do vice-presidente do Clube, Adalberto Costa, e com as preciosas e pertinentes intervenções de Mário Aguiar, Daniela Alves e Hélder Barbosa, sobre as personalidade e gentes da Maia, Cátia da Hora e Silva, sobre as obras de arte edificadas, e de Ana Almeida, com alusão ao tipo e características da pedra usada. Com isto foi possível dar a conhecer alguma da arte pública que existe na freguesia da Cidade da Maia. Neste percurso, depois de abordada a obra de arte “Os Dados estão lançados”, seguiram-se as visitas às estátuas em homenagem, não só a diversas personalidades, como a Estátua Dr. Vieira de Carvalho, a Estátua Visconde de Barreiros, e a Estátua “O Lidador”, mas também à gente maiata, como a Estátua ao Lavrador da Maia, a Homenagem a An-

tónio Santos Leite, o Monumento à Comunidade Maiata e à Árvore de S. Francisco, esta última edificada em propriedade de gentes da Maia - a família Gramaxo. Também foi visitado o monumento “A Nossa Mãe”, obra de um escultor maiato, José Lamas, criada em 1985. Foram visitadas ainda duas obras edificadas após os vários Simpósios de Arte, já decorridos nesta cidade, e que traduzem expressões de vida - “O Grito” e “Janela para o Céu”. Mais uma vez, o Clube UNESCO da Maia uniu-se numa agradável e interessante iniciativa, à volta de um património que urge preservar e divulgar. «Acabámos de visitar estátuas em homenagem a diversas personalidades e à gente maiata, bem como obras de arte pública edificadas na cidade. Tivemos oportunidade de verificar a sua relevância, tendo presente que a sua prática, valor e significado se identificam com a cultura dos povos. As estátuas são re-

presentações simbólicas e ou imagéticas de reis, de antepassados muito importantes, de valores ideias e crenças. Neste caso, as esculturas são designadas por imagens. De uma maneira geral, a estátua tem como objectivos tornar presentes realidades ausentes, mas que importa recordar, ou seja, aqueles que por obras valerosas se foram de lei da morte libertando, como diz Camões. É do nosso conhecimento que nem todos os que se dedicam aos outros são constituídos modelos porque a construção da modelagem é uma operação muito complicada. No entanto, a sociedade precisa de ícones», disse a terminar o presidente do clube que, em fim de discurso, agradecer aos associados e amigos, bem como aqueles que ao longo de sete anos vão dando o seu esforço e dedicação para se construir na Maia um grande clube Unesco. Com a colaboração de Ana Almeida

Nas Festas da Maia

A Mulher Maiata – contributos para a economia familiar

No passado dia 2 de julho, integrada na programação das Festas da Maia, o Clube UNESCO da Maia, em colaboração com a Comissão de Festas de Nossa Senhora do Bom Despacho, levou a cabo uma conferência intitulada «A Mulher Maiata – contributos para a economia familiar». O local escolhido para acolher esta conferência foi a Casa da Eira, propriedade da Fundação Gramaxo, espaço aprazível, datado de meados do século XIX, que em tudo combinou com o tema explanado. A sessão que se iniciou a meio da tarde ficou marcada pela interação entre os palestrantes e o numeroso público presente em vários momentos de partilha de conhecimento e recordações de várias ocupações maiatas de outrora. Os trabalhos iniciaram-se com uma breve nota de abertura por parte do associado José António Ferreira e

Silva, dirigindo saudações ao público e aos representantes das instituições presentes. Teve também a palavra, na abertura desta sessão, o Vice-Presidente da Câmara Municipal da Maia, António da Silva Tiago, que expressou o seu reconhecimento pelo trabalho meritório que o Clube UNESCO da Maia tem vindo a desenvolver, em prol da cultura maiata, ao longo dos seus sete anos de existência. Seguiu-se um momento de poesia com a leitura de um texto da autoria de Fernando Pedroso. A primeira intervenção da conferência, moderada por Adriano Silva Carvalho, foi proferida pelos associados Daniela Alves e Hélder Barbosa. «As ocupações femininas da Maia entre 1870 e 1911» foi o tema dessa comunicação, a qual partiu de uma investigação levada a cabo pelos autores que se centrou no levantamento das ocupações femininas que

constam nos assentos de casamento de todas as freguesias do concelho da Maia, entre 1870 e 1911. Esta intervenção serviu de mote para os temas seguintes que foram apresentados. Intercalando as diferentes apresentações, foram lidos poemas e excertos de textos sobre as ocupações retratadas. O painel referente às diferentes ocupações femininas do concelho da Maia iniciou-se com a figura da «Leiteira», apresentada por Lourdes Graça da Cunha e Silva, numa ligação ao passado rural e agrícola do concelho da Maia e através da explicação do árduo quotidiano inerente a esta ocupação feminina. Seguidamente teve a palavra o associado José Gabriel Gonçalves que retratou a ocupação da «Pinheireira», fazendo uma pequena alusão, em termos gerais, à ocupação em si, ao processo da apanha da pinha e à sua

comercialização, partindo, num segundo momento, para o caso concreto das pinheireiras de Vila Nova da Telha. A última apresentação, partilhada, incidiu sobre a investigação realizada sobre «A Lavadeira: gentes e locais». Recorrendo a várias entrevistas realizadas a lavadeiras do concelho da Maia, a associada Liliana Aguiar deu a conhecer toda a faina inerente à lavagem da roupa e a difícil jornada que envolvia longas deslocações ao Porto, inicialmente a pé, num diálogo constante com a cidade em busca das suas freguesas. Dando continuidade a este tema, as associadas Adorinda Carvalho e Ana Almeida expuseram o seu trabalho de investigação sobre os caneiros, as pedras do lavar e os lavadouros, que ainda hoje compõem a paisagem do território maiato, e que, durante largas décadas, fizeram parte do quotidiano de muitas mulheres da Maia. Na parte final da sessão teve a palavra Paulo Ramalho, vereador com o Pelouro das Relações Internacionais da Câmara Municipal da Maia, que enalteceu todo o trabalho de investigação que tem vindo a ser realizado pelo Clube UNESCO da Maia. No encerramento da conferência, Raúl da Cunha e Silva, presidente do Clube UNESCO da Maia, sublinhou e valorizou o papel ativo que as Mulheres da Maia desempenham na sociedade, numa emancipação que se perde no tempo. Afirma que se assistiu a uma belíssima conferência feita por numeroso grupo de associados do Clube Unesco da Maia sobre alguns dos trabalhos de mulheres da Maia. Conside-

rou ainda que tem sido árduo o caminho para estabelecer a igualdade entre homem e a mulher. É que, como diz Aristóteles, «nada mais difícil do que tornar iguais as coisas desiguais». As mulheres tradicionalmente cuidavam da casa, davam à luz e criavam os filhos, eram enfermeiras, mães, esposas, vizinhas, amigas e professoras. O trabalho não-doméstico aqui analisado mostra o caminho para a igualdade. As mudanças vieram nos séculos 19 e 20; por exemplo, foi dado às mulheres o direito a remuneração igual por lei. Durante os períodos de guerra, as mulheres foram convocadas para o mercado de trabalho para realizar trabalhos que tinham sido tradicionalmente restritos aos homens. Após as guerras, elas invariavelmente perderam os seus empregos na indústria e tiveram que voltar para papéis domésticos e de serviço. Em Portugal a guerra do ultramar, a emigração maciça para a França impuseram às mulheres o trabalho não-doméstico. Houve diplomas a nível mundial a impor a igualdade entre homem e mulher como a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) e A igualdade de género, os direitos da Criança (1959) que são marcos históricos, rumo a essa igualdade. Ficou a promessa de uma futura publicação que reunirá vários temas relacionados com a Mulher da Maia, tendo por base toda a investigação desenvolvida até à data. Com a colaboração de Daniela Alves e Hélder Barbosa


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