TCC Leonardo Ávila

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perduram até hoje (ALSINA, 2009). Segundo JÚNIOR (2006, p. 58) “a possibilidade de uma objetividade mecânica não só é ineficaz como ofusca a individualidade do profissional”. Outras razões para rejeitarmos a adoção de uma objetividade absoluta encontram-se na própria conceituação de documentário, que não é tarefa simples e tampouco acabada em termos teóricos. Segundo Fernão Pessoa Ramos:

Tanto em sua versão de grandes produções de televisão a cabo, quanto nos formatos mais alternativos (…), a narrativa documentária possui traços estilísticos recorrentes e um nome (documentário), abrangendo a diversidade. (…) Em poucas palavras, o documentário é uma narrativa com imagens-câmera que estabalece asserções sobre o mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa narrativa como asserção sobre o mundo. (RAMOS. 2008, p. 22)

Logo, apesar de o julgarmos uma reprodução, por sua fidelidade ao original - ou capacidade de se parecer com e atuar como o original – o documentário não é uma reprodução da realidade, mas antes uma representação do mundo em que vivemos, de uma determinada visão desse mundo (NICHOLS, 2005). Entretanto, ainda que rejeitemos a possibilidade de uma objetividade completa e da reprodução precisa da realidade, isso não quer dizer que o documentarista está isento de qualquer compromisso com a busca de uma narrativa fidedigna e exatidão dos enunciados apresentados. Pequenas imprecisões factuais podem comprometer o caráter ético e o conteúdo de suas asserções. Por outro lado, um determinado posicionamento ou asserção – como mostrar um personagem de modo idealizado, por exemplo - não retira da obra o caráter de documentário. Podemos, no máximo, dizer que tal obra trabalha com uma perspectiva equivocada (RAMOS, 2008). Ainda sobre o ponto de vista no documentário, Manuela Penafria conclui:

O documentarista deve poder ser livre de fazer as suas próprias escolhas fílmicas de modo a transmitir-nos um ponto de vista (…). Experimentar o pulsar da vida das pessoas e dos acontecimentos do mundo no ecrã 8 é o que o documentário tem de mais gratificante para nos oferecer. É, sem dúvida, um modo de incentivar um conhecimento aprofundado sobre a nossa própria existência.(PENAFRIA. 2001, p. 9)

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Tela/monitor, no português de Portugal.


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