ALPHA MAN MAGAZINE

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EXPEDIENTE Aparecido Domingos Erreira Lopes Diretor Geral Elza Korneiczuk Meller Diretora Academica Célio Raniero Diretor de Ensino Me. Anderson Rocha Coordenador do Curso de Jornalismo

João Paulo Fiorenza Editor Chefe Fabio Dias Coordenação de Fotografia Ronaldo Nezo Coordenação do Projeto


Participação: Matheus Gomes Benício Junior Pedro França Rodrigo Araújo Gilson Ferreira Vitor Hugo Arrabal Evandro Oliveira Silvio Rocha Igor Mateus Lima Caique Apolônio Walter Quevedo Alunos do 6º semestre do curso de Jornalismo, da Faculdade Maringá, responsáveis pelas reportagens, correções textuais, matérias e fotografias.

DISTRIBUIÇÃO ONLINE E GRATUITA Faculdade Maringá Av. Prudente de Moraes, 815 Maringá - PR Fone: (44) 3027-1100 www.faculdadesmaringa.com.br


TABU

O PRECONCEITO NOSSO DE CADA DIA Muito além dos estereótipos machistas e do imaginário popular, a dança é, na verdade, uma forma de expressão artística singular. CAIQUE APOLÔNIO Viver a arte, sem ideias preconceituosas. Essa é a vibe de homens e garotos que escolheram o balé como forma de adentrar no universo artístico. “A gente tá dentro desse mundo, onde o sentimento da emoção parece que existe só para mulher. Não existe o homem emocional, o homem que é assim já é taxado de gay, ele não tem opção de ser emocional. É aquela velha história de que homem não chora”, destaca o bailarino Joel Paiva Lopes Júnior, de 23 anos, em relação à inserção masculina nas atividades de balé. Júnior, como prefere ser chamado, também é diretor artístico e professor. Ele iniciou a carreira artística aos oito anos de idade. Começou no desenho, foi para o teatro e com o passar dos anos, percebeu um interesse maior na dança: “Quando tive contato com a parte do Balé Contemporâneo, não houve problema, mas quando surgiu a necessidade para que essa área se tornasse um campo de trabalho, houve sim um estranhamento dentro de minha família. Foi um choque para eles. Um susto!” indagou. O artista é dono do “Espaço Artístico Júnior Paiva”. Nele, concentra o ensino técnico e teórico voltado para diversas idades, entre

crianças, jovens e adultos. Mesmo a maioria sendo do sexo feminino, Júnior questiona rótulos. “É algo muito engraçado, pois o balé se inicia com o homem, e depois que a mulher se adentra na atividade, se transforma em um meio feminino. Essa resistência vem muito da delicadeza e do trato que o balé demanda. Não tem como você dançar se não se entende com o próprio corpo e trabalhar na área emocional”, defende. Não há como negar que o balé é visto por boa parte da população, equivocadamente, como uma ocupação limitada ao gênero feminino. Aos homens, o futebol e outras atividades “brutas”, são mais condizentes com o perfil de “macho”. É um processo cultural enraizado na sociedade brasileira, onde muitos concordam que a sexualidade de uma pessoa está relacionada à ação que ela realiza. Mas o professor ressalta que muitos pais que levam suas crianças para a escola, ainda possuem receios acerca disto. “Primeiro vem a homofobia, depois o machismo. Porque a preocupação paterna ou materna não é de que o menino vai abusar de uma menina, é mais do relacionamento de alguma forma com um homossexual, com temores de que isso possa influenciar o comportamento dele ou


dela”, revela. Apesar da capacitação e formação na área, a posição de Júnior como homem e dançarino ainda é enfrentada sob olhares desconfiados por aqueles que assistem. “Já ouvi muito do tipo: ‘Mas é um menino?’ ‘Mas você não é só dono?’ ‘É você que tá dando aula?’ ‘Você faz balé?’ ‘Mas você vai relar na minha filha?’. Não é a desconfiança de que o homem não possui a mesma delicadeza que a mulher, mas é que o homem não pode. Não querem que você a transmita” aponta. A desconfiança contudo, não ocorre somente do lado de fora, mas também no de dentro. O professor relembra um episódio curioso. Enquanto ele procurava um local para estudar o balé, até mesmo as responsáveis pelo ensino reproduziam falas preconceituosas: “Teve uma vez, quando estávamos eu e minha Mãe em uma academia para escolher onde iniciar os estudos e aplicar a didática que eu queria, e durante a entrevista, após minha mãe ter feito diversas perguntas sobre o ensino da dança, a responsável disse: ‘Pode ficar tranqüila que o seu filho não vai usar saia, nem um tutu (parte do vestuário do balé), pode colocar ele aqui”. Para o professor, a escolha do balé não é de forma alguma, determinante à hora de eleger a opção sexual. Isso, segundo ele, independe das ideias disseminadas preconceituosamente. A dança é uma coisa linda e a arte sempre está por em cima dos convencionalismos da sociedade. “Como se eu fosse mudar o meu gênero”, finaliza o bailarino.

JOEL PAIVA LOPES JÚNIOR

ARTISTA DURANTE O TREINAMENTO 5


Época de economizar até na lavagem do carro Estamos tendo que economizar tudo em todos os instantes, agora chegou a hora de aprender a economizar na agua para lavar o seu carro EVANDRO OLIVEIRA

A

realidade o Brasil vem fazendo com que as pessoas mudem os seus hábitos, as maneiras de cuidar de casa, lavar roupa, calçadas e tudo mais. Isso tudo por conta do medo de faltar agua e agora por medo de que a conta de energia extrapole o orçamento da família. E nesse tempo de crise vale tudo, desde economizar para cavar uma calçada, coletar a agua da chuva e até mesmo lavar o carro a seco, isso mesmo, utilizando o mínimo possível de agua para deixar o carro limpo. Não precisa de muito para lavar o carro, apenas de alguns cuidados especiais com produtos e como utilizar os mesmos. Para lavar o carro é preciso um pouco mais de paciência do que simplesmente chegar jogando agua no carro, é preciso ter um pano de microfibra que seja indicado para esse processo. É necessário também um produto para lavar o carro a seco, que pode ser encontrado em mercado ou lojas especifica por aproximadamente R$ 25,00. O processo deve começar sempre pelo

teto, passando pelo capô e, por último, lateral e partes baixas da lataria. Nesses locais, o indicado é utilizar um pouco mais da mistura no tecido para retirar a sujeira que fica grudada nessa parte do veiculo. Para Lavar a Seco é simples é só aplicar o produto no pano e fazer movimentos circulares na lataria. Antes que seque, outro pano limpo é usado para remover o produto. O produto pode ser utilizado em todos veículos, em todas as cores, a única recomendação é que o carro esteja numa sombra e com a lataria fria. Há diversos sites que vendem produtos para limpeza a seco. A dica antes de comprar é verificar se possuem certificação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caso contrário, podem causar danos não só à lataria carro, mas também à saúde de quem os aplica. É possível remover qualquer tipo de sujeira com a lavagem a seco, mas em carros com muito barro, que voltaram de um rali, por exemplo, a recomendação é levar para algum lava-rápido que tenha elevador para que o chassi seja lavado.


Entenda o passo a passo para a lavagem a seco em casa:

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Depois de comprar um kit de limpeza a seco, certifique-se que o carro está à sombra e com a lataria fria.

3 Utilize um pano de microfibra para aplicar o produto na lataria e outros dois (ou mais, dependendo do tamanho do automóvel) para remover a solução.

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Aplique o produto no pano de microfibra - não direto na lataria. Com movimentos circulares, limpe as partes desejadas e, antes de secar, remova-o com o outro pano de microfibra, limpo e seco.

Caso o produto seque na lataria, aplique novamente o produto e repita o processo.

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Agite bem o produto antes de usar e durante a aplicação.

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Dobre um dos panos de microfibra por duas vezes de forma a obter oito faces de limpeza. Mude a face e desdobre sempre que estiver muito sujo.

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Limpe pequenas áreas de cada vez. Limpe o veículo sempre de cima para baixo.

8 Ao final, utilize outro

pano para dar brilho e acabamento 7


INSPIRAÇÃO

Igor Mateus Lima

Viúvo, três filhos e uma v IGOR MATHEUS LIMA

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os dias de hoje encontramos vários pais que participam da vida ativa dos filhos e outros que cuidam deles sem a presença da mãe, por questão de separação ou por morte. Neste texto você vai conhecer um pouco da história do José Nilton, um homem que é pai e mãe, e tem enfrentado muitos desafios para dar uma boa educação para os filhos. José Nilton sai cedinho para o trabalho e só retorna para casa no final da tarde. Pedreiro de profissão, ele perdeu a mulher que lutava contra uma doença auto imune e ficou sozinho para criar os três filhos: Mateus,

Dandara e João Vitor. A esposa do “Zé” – como é chamado -, Leonice, morreu há quase dois anos, por causa de uma doença chamada Lupús. 90% dos casos ocorrem em mulheres e é provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, podendo afetar o organismo. O tratamento é lento e precisa ser desenvolvido por médicos especialistas na área. “Minha esposa já fazia o tratamento de Lupús, há um tempo. Nos últimos dias de vida, o meu filho mais velho (Mateus) cuidava dela. Lembro-me que na última vez que ela


vida de luta e superação foi internada, ela falou – “Zé” Nilton, se eu morrer o que vai acontecer com essas crianças? -. Eu disse, o obvio: não tenha dúvidas que eu vou lutar pra cuidar deles sozinho”, comenta. Sendo pai e mãe, José Nilton se viu obrigado a ensinar as tarefas de casa ao filho mais velho para poder trabalhar e ajudar nas coisas básicas de casa. Os dois filhos menores (Dandara e João Vitor) estudam em período integral. O filho mais velho, o Mateus, terminou o ensino médio no ano passado, e como o pai precisava

dele pra ajudar nas tarefas de casa, ensinoulhe a fazer o almoço, limpar a casa, levar e buscar as crianças na escola, entre outras tarefas que antes, eram de responsabilidade da mãe. A vida é corriqueira. O pedreiro levanta cedo pra ir trabalhar, e como a localização do serviço é longe de sua casa, na maioria das vezes, acaba levando uma marmita, e só retorna para casa depois das 18h. Ainda assim, quando chega, procura fazer o papel que era da esposa. Faz questão de olhar e cobrar as tarefas da escola. 9


pedreiro ganha em torno de mil reais O por mês. O dinheiro quase não dá para todas as necessidades. Com um aluguel de

No começo do mês de agosto, a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Paranavaí fez uma matéria com o Zé. R$ 350,00, o esforço econômico é contato Um VT que contou sua história e que foi moeda por moeda. ao ar no domingo de dia dos As vezes, o Zé acaba pais. Depois da reportagem, recebendo ajuda de cestas a família do José Nilton “Peço a Deus básicas pelos vizinhos. recebeu 8 cestas básicas, que me de muita Outra dificuldade que saúde pra eu poder e várias outras formas de ele vê, é em relação viver, porque eles ajuda. à aproximação com Aos 50 anos, José Nilton dependem 100% pensa a filha Dandara. “As muito no futuro e de mim. O dia necessidades são que eu for embora em deixar um legado de diferentes, e os assuntos honestidade e perseverança desta vida, que devem ser abordados de para seus filhos. “Peço a Deus eles já estejam forma mais cautelosa”, que me de muita saúde pra numa idade que afirma. consigam viver eu poder viver, porque eles Uma pesquisa sozinhos. Esse é o dependem 100% de mim. O realizada pelo IPEA dia que eu for embora desta meu desejo” (Instituto de Pesquisas vida, que eles já estejam Econômicas), divulgada numa idade que consigam em 2008, apontou que viver sozinhos. Esse é o meu a porcentagem de pais que criam filhos desejo”, finaliza. sozinhos chegou a 28% em pouco mais de uma década. Segundo o estudo, as maiores dificuldades encontradas pelos homens é em acompanhar os estudos, tarefas diárias das crianças, questões de higiene, além de não saber lidar com as filhas mulheres. “Eu sei que o amor de uma mãe, e o carinho que ela pode proporcionar aos filhos é completamente diferente do pai, mas hoje, eu procuro fazer o meu máximo pra dar esse carinho, pra poder preencher essa lacuna que foi deixada por ela. Hoje tenho que fazer o papel dos dois, e confesso que não é fácil, até porque não tenho tempo suficiente pra poder estar junto a eles. O horário que sobra, é quando chego do serviço. E mesmo assim, a pessoa tem que ter um psicológico muito forte, porque o meu serviço é pesado e debaixo de sol o dia inteiro. Quando chego só penso em descansar, mas sei que tenho que lutar contra a canseira e dar o mínimo de atenção a eles”, declara. E as crianças respeitam e reconhecem no pai o seu herói de todos os dias. “Meu pai é um exemplo de luta e superação. Mesmo com todos os problemas enfrentados, vejo


ANABOL

A PICADA DA VAIDADE Como e, principalmente, por quais motivos jovens arriscam a saúde por meio de agulhas e seringas com fórmulas mágicas que prometem muitos quilos em poucos meses

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MATHEUS GOMES

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onvenhamos, não tem homem que não goste de praia, dinheiro na mão e tempo sobrando. Resumindo, não tem homem que não goste das tão sonhadas férias de fim de ano. Para a parcela pós adolescente da sociedade, no auge dos 20 anos, principalmente, é unanimidade. A soma de festas, bebidas, amizades e muita azaração é a equação perfeita para um jovem que possui poucas responsabilidades. Porém, para uma grande porcentagem, nada disso adianta se o corpo não está em forma. Por conta da ditadura da estética, para muitos garotos nesta idade, festinhas a beira da piscina ou em apartamentos de frente ao mar perdem o brilho por conta das pernas finas, da barriga lisa e dos braços sem músculos. Juntamente com biotipo, surge a comparação com outros garotos da mesma idade de braços mais volumosos. Com toda a ingenuidade que é aflorada ao completar duas décadas de existências, o resultado é conhecido: a criação de uma falsa sensação de que para ser feliz bastará apenas preencher o corpo com fibras musculares. Eis que começa a saga rumo ao “corpo monstrão”. Este jovem, classe média padrão, que ainda não sabe muito bem o que quer da vida, inicia

a sua viagem de encontro com a felicidade: refeições ricas em proteínas, horas de exercícios, dezenas de frases motivadoras e centenas de fotos em frente ao espelho da academia. Com o passar dos meses e uma nova aproximação das férias de dezembro, o desespero bate a porta. Todo o dinheiro investido em suplementos, em camisas regatas e em mensalidades foram para o ralo. As frases nas redes sociais não preencheram os bíceps e as selfies não trouxeram


a tão sonhada barriga de tanquinho. O “Projeto Verão” deste ano parece que terá de aguardar outra volta completa da terra ao redor do sol. Aos 45 do segundo tempo, quando o sonho de ostentar o “Shape perfeito” estava quase destruído, os famosos “amigos” apresentam uma fórmula mágica e em estado líquido. Com nomes difíceis de serem pronunciados e aplicada em pequenas doses é salvação das férias. Este mesmo jovem, no desespero, não hesita ter seu

corpo furado todos os dias no mesmo horário. Tudo em nome da vaidade. Foi o que aconteceu com o paranavaiense Alexandre Leal de 20 anos. Aos 18, no último ano de ensino médio, Alexandre media 1,75m e pesava 60 quilos. Entre os colegas de sala, era conhecido como “frango”. Entre as meninas, apenas risos e desprezo. Ao sentir que algo precisava ser feito por conta daquela falsa sensação de felicidade ao ganhar alguns músculos pelo corpo, um ano de indas e vindas da academia não surtiram efeito algum. A depressão foi inevitável. “Você se esforça um monte puxando peso, tomando tudo certinho e cuidando da alimentação. Quando você vê que aquilo lá só foi tempo perdido, nem deu pra crescer, você desiste de tudo”. Já na faculdade, mas com o corpo pouco mudado, Leal ouve de um amigo sobre o chamado Deca Durabolin, um esteroide anabolizante muito conhecido no mundo fitness. Por conta do pensamento imediatista e dos anos de gozação e baixa autoestima, aceitou o desafio e comprou o “Kit maromba”: agulhas, seringas e ampolas com diversas doses da “Deca”. “ Que que eram algumas agulhadas pra para quem conviveu todos os dias com as humilhações dos outros? Tava nem aí não”.

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B

asicamente, a droga tem como efeito a hipertrofia muscular, isto é, o crescimento das fibras musculares do usuário. Somada ao baixo custo, a substância ganhou notoriedade na academia onde o jovem treina. “A maioria que treina comigo já ciclou pelo menos uma vez”. Na gíria marombeira, ciclar significa fazer o uso da substância por um período curto. Em pouco mais de três semanas de uso, resultados consideráveis foram obtidos, trazendo consigo outra falsa sensação: a de que somente através das agulhadas é possível alcançar o corpo perfeito. “Fiquei inchado e ganhei três quilos. Meu braço cresceu muito. Fiquei feliz”. Ao final do primeiro ciclo, o jovem tinha outra certeza: não seria a última vez. Em poucos meses voltou a “ciclar” e a novamente observar ganhos em centímetros e em quilos. A “Deca” realmente funcionou. “Treinava melhor e cresci bastante. Achava que aquele papinho de que fazia mal era mentira”. Somente a partir de um uso frequênte das drogas, após mais de 15 quilos ganhos em um período consideravelmente baixo, juntamente de inúmeras noites de festas regadas a álcool, Alexandre percebeu que aquele mundo não era para ele. “Bebia um pouco e já ficava bêbado. De manhã sentia muita ressaca. Ficava com dor de cabeça a semana toda. Nunca ficava assim”. Por conta da confiança que havia adquirido,

cuidados com o fígado e rins foram deixados de lado. A terapia pós ciclo (TPC), onde com o uso de outros medicamentos o organismo é normalizado, extremamente recomendado por usuários de esteróides, não foi realizado. Porém, até agora, quase dois anos sem uso, nenhum efeito colateral mais grave foi sentido. “Por causa que ganhei muita massa, deu muitas estrias no corpo todo, mas comparado com alguns amigos meus que usaram, eu to no lucro. Uns amigos meus tiveram problemas no rim. Tem um que toma remédio faz tempo e não pode beber (bebidas alcoólicas). Tomara que quando eu ficar mais velho eu não tenha nada por causa disso”. A história que teve início por conta de quilos a menos e gozações demais não foi a primeira e não será a última. Mesmo hoje com 20 quilos a mais e camisas apertadas, Alexandre garante que apenas mantém o corpo por meio de suplementos e alimentação balanceada, por meio de nutricionista. Além disso, não recomenda o uso de anabolizantes para ninguém. “Hoje com mais consciência eu vejo que cometi um erro. Não recomendo não. Coloquei minha vida em risco ao comprar um negócio feito por aí”. Este mercado de anabolizantes que movimenta milhões de reais anualmente não fica restrito a especialistas no assunto. Com vídeos aula no youtube, diversos artigos e inúmeras dicas em sites de musculação, cada vez mais


PRODUÇÃO MENSAL DE DIANABOL DE “X”. Crédito:Arquivo pessoal

marombeiros sem especialização alguma se arriscam na produção destas fórmulas mágicas da felicidade. NEGÓCIO DA CHINA Para fornecer a outros incontáveis jovens que buscam melhorar o shape e, quem sabe assim, alcançar a felicidade por meio de músculos, “químicos” sem formação adquirem a matériaprima oriunda da China e o produzem nas cozinhas das próprias casas. Este “Breaking Bad” para marombas além de arriscado e feito sem qualquer tipo de controle, pode ser classificado como tráfico de drogas de acordo com a lei de drogas de 2006. Para o maringaense de 20 anos que não quis se identificar, apesar de nunca ter estudado

química ou algum outro curso da área, produzir anabolizantes é “fácil” e os produtos dão resultados. O jovem “alqumista” também sofria humilhações por conta do corpo fora dos padrões estabelecidos pela sociedade. Após três anos de muito ferro puxado e muitas doses de esteróides, pode dizer, orgulhosos, que chegou ao corpo ideal. Agora, menos ambicioso, desejando apenas manter as fibras já adquiridas, “X” possui “visões empreendedoras” sobre o mundo fitness. “Comecei a produzir porque queria ganhar dinheiro com isso. Eu ia pro Paraguai todo mês e comprava suplementos mais baratos para revender aqui em Maringá. Mas só suplemento não dava tanta coisa assim”, conta. 15


P

esquisando na internet sobre produção de anabolizantes, as famosas bombas, descobriu um fórum fechado com vídeos e documentos com explicações detalhadas sobre o processo de fabricação. Percendo a lucrabilidade, mergulhou de cabeça no mundo de substâncias químicas e nomes complicados. “Ví vários vídeos. Tinha certeza que também conseguia fazer. Comprei o sal (matéria prima para a produção de esteróides) da China e fiz as ‘parada’ aqui em casa mesmo. Demorou uns 40 dias pra chegar da China, mas deu tudo certo”. Com a matéria em mãos e os conhecimentos na cabeça, “X” produziu Enentato de Testosterona, Cipionato de Boldenona e Decanoato de Nandrolona. Testou inicialmente no próprio corpo e, apesar de sentir uma grande quantidade de retenção líquida, afirma que foi um lote de exelente qualidade. Logo em seguida, passou a vender para amigos próximos e colegas de academia através de um grupo fechado em uma rede social. Vendendo mais barato para os conhecidos, em troca cobrava relatos dos usuários nos grupos, para convencer outros marombeiros de que aqueles produtos feitos em uma cozinha qualquer realmente trazia resultados.

Após a comprovação dos demais membros de que quem havia usado, constatou crescimento muscular, os negócios de “X” aumentaram. Consequentemente, o maringaense passou a realizar mais pedidos e de outras matérias primas chinesas, produzindo sete tipos diferentes de anabolizantes. “Fiquei com medo. Passei a fazer as coisas mais escondido. O bagui (volume de vendas) tava ficando grande demais”. Em um ano e meio de vendas, o número de entregas poderia ser muito acima do que é atualmente. Segundo “X”, a produção compensa financeiramente, mas a demora e dificuldades de obtenção do sal de qualidade na China, além dos riscos de ser enquadrado como traficante no Brasil, fizeram com que mante-se em poucas quantidades. “Mandei para pessoas de vários estados, mas não quero fazer muito não. Neste ritmo tá bom. Prefiro não arriscar”. Entre sites chineses, academias, panelas, ampolas, seringas e, principalmente, muitos músculos, nenhuma palavra pode definir melhor este universo do que a vaidade. Para quem está estabelecido dentro dos padrões ou não se importa, os gritos desta tal vaidade são silenciosos. Porém, para outros milhares de Alexandres e “químicos” não identificados, a vaidade é algo que além de ensurdecer, causa “cegueira” momentânea ou, até em outros casos, permanente. Independente dos riscos já conhecidos, braços maiores e pernas mais grossas estão acima de qualquer dano à saúde.


GRUPOS NO FACEBOOK VENDEM DIVERSOS TIPOS DE ANABOLIZANTES PRODUZIDOS EM CASA SEM QUALQUER TIPO DE FISCALIZAÇÃO

AMPOLA DE APLICAÇÃO

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LAZER

CERVEJA FEITA EM CASA Silvio Rocha fabricação caseira da boa e velha “loura de litros anuais só perdem em quantidade para o A gelada” conquista cada vez mais entusiastas, café e a água. gente que está trocando quantidade por qualidade Não é à toa que tramita na assembleia legislativa e ainda aproveita para estreitar laços de união ou sonhar com aquilo de “trabalhar só por prazer, fazendo o que mais gosta”. Foi assim que alguns amigos de Maringá se reuniram, há alguns meses, para montar uma minifábrica cervejeira. A cada 20 dias, eles produzem 80 litros. E toda reunião é uma festa, com comida, produção de mais estoque e regada justo com a “colheita” anterior. “A gente achou que não ia ficar bom e, quando experimentamos, vimos que tinha dado certo e que não era tão difícil”, conta o empresário Francis Geraldi Baylão. Ele é o mestre cuca do grupo, formado ainda pelos amigos Carlos Eduardo Boso, Alekssandro Boso, Juliano Pellegrini Dambros e Rogério Mocchi. Todos são profissionais de diferentes áreas que têm em comum a paixão pelo Rock, pelas motos e, claro, pelo líquido que é uma das preferências nacionais. Afinal, o brasileiro é um dos maiores consumidores de cerveja do mundo. Os 12 bilhões

paranaense a ideia da criação de um novo roteiro turístico. Seria a rota da cerveja artesanal. Mas, voltando aos amigos rockeiros, o grupo já batizou a cerveja como “Valkíria” e inclusive criou um rótulo bem cheio de estilo. Quem pensa que o nome é uma alusão à mitologia nórdica, está enganado. É uma homenagem a uma motocicleta de mesmo nome, “que bebe muito”, dizem os amigos entre gargalhadas. E o sonho de colocar no mercado o que hoje é pura alegria? “Olha, cervejeiro artesanal é igual banda de garagem. Vai se divertindo, tocando e, se o sucesso bater na porta, tudo bem”, resume Rogério. “Fortinho”, ele ainda brinca que é o “burro de carga” da turma, porque passa uma hora e meia mexendo o mosto inicial A ideia, de acordo com Alekssandro, sempre foi a de reunir amigos. Ele conta que o mesmo pessoal já se via com frequência em jogos de basquete aos domingos pela manhã, o que acontece há 5 anos. Agora, sem esquecer as jogadas ao estilo


NBA, eles produzem a própria cerveja. “De subsistência”, brinca Francis. Todos eles concordam em uma coisa. A maioria das pessoas que começam a fabricar a própria cerveja é formada por gente despretensiosa e pouco dada a comas alcoólicos. “Nós consumimos de maneira mais moderada. É menos com mais”, dizem, concordando com aquilo que falamos no começo. O lance, aqui, é trocar quantidade por qualidade e sabor.

COMO FAZER A PRÓPRIA BEER?

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primeiro passo para produzir a própria cerveja é conhecer uma fábrica caseira. As informações e tutoriais são abundantes na internet e na literatura. A estrutura básica (panelas, fogões, serpentinas e moedor) vai depender de quanto se quer produzir, o que

por, sua vez, depende dos potenciais consumidores. “Em primeiro lugar, é preciso lembrar que toda receita é única, formada por uma combinação de quantidades de tipos de malte e preparação, que influenciam diretamente no sabor e no aroma”, explica Juliano Pellegrini. 19


RECEITA DA VALKIRIA

16 kg de Malte (cevada) Pilsen Argentino 4 kg de Malte Munich 1 kg de Malte Caramelo 100 gramas de lúpulo Magnum 70 gramas de lúpulo Sidra 4 pacotes de fermento S-04 Os ingredientes são comprados em lojas especializadas. O malte nada mais é do que a cevada. Antes de colocá-lo na água, é preciso passar o grão por um processo de moagem. Na verdade, a cevada é mais “quebrada” do que pulverizada. Na cozinha artesanal dos amigos roqueiros, o moedor é caseiro mesmo. Ele se constitui de metade de uma garrafa pet e dois cilindros acoplados a uma furadeira e montados sobre um suporte.


FAZENDO A CERVA

Para produzir 80 litros de Valkíria, o grupo usa um fogão industrial pequeno, onde coloca duas panelas, cada uma com 40 litros de água. Uma delas é só para “lavar” o mosto, feito na outra a partir da fervura dos maltes (cevada). E aí que entra o “burro de carga” da brincadeira do Rogério. Enquanto a temperatura é mantida o mais próximo possível dos 75 graus, ele passa uma hora e meia mexendo o caldo, sempre no sentido anti-horário, como manda a tradição. Vale lembrar que a o malte só é colocado quando a

água atinge essa fervura. Depois, é feito um teste em um pequeno prato. Algumas gotas de iodo e da “sopa” da primeira panela. Se o resultado estiver claro e uniforme é hora de passar ao seguinte processo. Aí é que entra a água da outra panela, para filtrar o resto do líquido ou, em outras palavras, “lavar” o mosto, retirando todos os açúcares da cevada. Esgotada uma das panelas, agora é o momento de elevar a temperatura para os 100 graus centígrados e começar a adicionar os lúpulos, que dão gosto e cheiro. Até então, o líquido era apenas água, com sabores e açúcar. Mas para surgir a cerveja é preciso passar mais uma hora mexendo o caldo. Depois disso, chegou a vez de resfriar o líquido. Isso é feito através de serpentinas de gelo que reduzem a temperatura para um valor entre 20 e 25 graus. Aí se coloca o fermento que consome o açúcar e cria o álcool. O processo de fermentação é feito em equipamentos especiais com uma válvula. Ela deixa o gás carbônico sair e impede a entra de ar. O líquido vai para um freezer ou geladeira em seguida, onde passa de 7 a 15 dias, dependendo da eficácia de cada um dos procedimentos anteriores. Só então a cerveja pode ser engarrafada. Mas não se apresse, no mínimo você vai ter que esperar outros 15 dias para poder pedir uma gelada. 21


BEM ESTAR

BARBA, CABELO E BIGODE


Vitor Arrabal

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á algum tempo os homens que tinham barba eram mal vistos e até mesmo chamados de desleixados. Já nos dias de hoje, essa realidade é bem diferente. Seja ela baixa, média ou alta, manter a barba é uma forma de estilo. Na moda, ou não, para deixar a barba com uma boa aparência é preciso muitos cuidados e requer paciência para aparar, acertar as pontas e manter sempre os pelos limpos e macios. Hoje, a barba vai além do visual e para muitos é uma questão de identidade, como é o caso de João Pedro, 25, que diz se sentir bem e não pensa em tirar. Segundo ele, cuidar da barba é muito trabalhoso, mas vale a pena. “Tem que ficar aparando para estar sempre simétrica, eu aparo tanto na máquina quanto na tesoura e lavo com shampoo e uso um óleo para manter o brilho, e pelo menos duas vezes ao mês vou à barbearia para ter um cuidado maior com um profissional”, conta. Com tantos homens cultivando e aderindo ao uso da barba, estão surgindo muitos lugares especializados e voltados exclusivamente para o público masculino, como é o caso dos sócios Wellington Carlos e Guilherme Maia, que trouxeram para Maringá um novo conceito de barbearia. A Sir. Mustache Pub Barbearia foi arquitetada com um estilo clássico e moderno e trazendo as características de um tradicional Pub inglês. Ali a espera para fazer a barba e cortar o cabelo é diferenciada, os clientes podem apreciar cervejas artesanais, encontrar os amigos, e até mesmo jogar vídeo game, tudo isso enquanto espera o atendimento. Esse espaço foi criado exclusivamente para o público masculino, esse que se sente bem mais confortável com um lugar só deles.

Para adotar o visual, é preciso levar em conta que o estilo exige manutenção. O recomendado é ir à barbearia pelo menos a cada 15 dias e, quando houver necessidade, fazer a barba em casa, até por que, apará-la periodicamente deixa os fios mais disciplinados e com crescimento controlado. Segundo o barbeiro Wellington Carlos, o cuidado é de extrema importância. “A higienização é essencial, é necessário lavar bem com produtos específicos para que não acumule bactérias.” Comenta. O advogado Rodrigo de Souza, 28, é mais um dos que aderiram ao estilo e ficou satisfeito com a mudança. “Eu nunca havia deixado a barba, sempre tirei por completo, porém uma amiga me pediu para deixar crescer, então decidi fazer a experiência, no final gostei e não quero tirar mais, porém dá um pouco de trabalho, além da higiene eu passo hidratante quatro vezes na semana e procuro sempre ir à barbearia para que um profissional faça o desenho com a navalha! ”

Para alguns, adotar a barba é sinônimo de virilidade e segurança, para outros, é questão de vaidade e identidade. Mas o importante é sempre cuidar bem da barba. Dentro ou fora da moda, praticar a higiene, e acima de tudo fazer a manutenção periódica, é essencial para conservar uma aparência saudável.

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DANONE

bate-bola com o

“CHULA”

Atacante campeão do mundo pelo São Paulo se diz apaixonado por Maringá e quer permanecer na cidade por pelo menos mais um ano RODRIGO ARAÚJO

C

ampeão mundial interclubes, tricampeão brasileiro, campeão paranaense, carioca e alagoano, esses são alguns dos principais títulos de Aloísio José da Silva, mais conhecido como Aloísio Chulapa, a nova estrela do Grêmio Maringá. Em um projeto de reestruturação do clube maringaense, a nova diretoria liderada pelo presidente David Marcelo Ferreira, apostou na contratação do experiente jogador para divulgar a marca do Grêmio Maringá e conseguir o acesso para a segunda divisão do campeonato estadual de 2016. Aos 40 anos, o atacante que defendeu grandes clubes nacionais e internacionais, mas que se destacou principalmente com a camisa do São Paulo, conversou com a equipe da Alpha Magazine. Com seu jeito simples e descontraído, o “Chula”, como gosta de ser chamado, falou sobre seu novo desafio em Maringá, provavelmente o último como atleta profissional, sobre sua carreira, histórias e títulos que conquistou.


Alpha Magazine: Porque você aceitou essa proposta para jogar pelo Grêmio Maringá na terceira divisão do estado aos 40 anos? Bom, primeiramente quero agradecer o convite da Alpha Magazine em estar participando dessa entrevista. Eu recebi o convite da diretoria do Grêmio Maringá para vir jogar a terceirona do paranaense. A princípio vim conhecer Maringá e a cidade foi um dos pontos fortes para eu permanecer aqui. O carinho que eu recebi dos torcedores, não só do São Paulo, mas de todas as equipes como Palmeiras, Corinthians, Santos, também foi muito grande e isso é muito bom. No período que eu estive no hotel, mais de cem torcedores foram lá para tirar foto comigo, então esse carinho foi fundamental, inclusive vou morar aqui por pelo menos um ano.

Alpha Magazine: E antes de vir para o Grêmio Aloísio, você estava jogando por qual time? Eu estava no Ipanema, lá de Santana do Ipanema no Alagoas, disputei o alagoano desse ano no primeiro semestre, tanto eu quanto o Palhinha que eu trouxe também aqui para o Grêmio, um meio campo experiente que nos ajudou bastante para ficar em quinto lugar lá no campeonato. Depois recebi um convite do marketing do São Paulo para participar de um evento ao lado do “patrão” Rogério Ceni para jogar seis jogos no Morumbi ao lado dos torcedores, então isso me deu uma motivação muito grande e me falavam que eu ainda tinha condições de jogar mais um pouquinho. Então eu coloquei na cabeça, “rapaz, se pintar alguma coisa ainda dá para trombar com os zagueiros novinhos por aí!” (risos). Foi quando

Vamos subir, mas se caso acontecer de não subirmos, eu vou querer ficar aqui por pelo menos mais um ano curtindo essa cidade e os novos amigos. Alpha Magazine: Independente do Grêmio conquistar o título e a vaga para a segunda divisão você vai ficar em Maringá? Vamos subir, mas se caso acontecer de não subirmos, eu vou querer ficar aqui por pelo menos mais um ano curtindo essa cidade e os novos amigos. Mas com certeza seria melhor estar jogando a segunda divisão pelo Grêmio né, com toda a humildade e respeito com as outras equipes que também estão tentando o acesso, mas vamos fazer o nosso melhor esse ano para que se Deus quiser ano que vem estaremos na segundona.

recebi o convite da diretoria do Grêmio Maringá e estou aqui muito feliz e o que eu mais quero é dentro de campo honrar essa camisa. Amo meu “danone”, que ninguém me atrapalha de tomar, principalmente nas horas de folgas, porque eu tomo mesmo, mas na hora dos treinamentos, na hora dos jogos eu honro muito a camisa que estou vestindo. Alpha Magazine: Você falou muito bem da cidade, do carinho que recebeu dos torcedores, mas como foi o contato dos diretores do Grêmio Maringá, você já conhece a história do time?

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DANONE Sim, todo mundo fala no carinho que o povo tem pelo Grêmio Maringá, que é enorme, principalmente porque já foi campeão até brasileiro né, há muitos anos atrás. Tem muitos ídolos aqui na cidade, eu até cheguei a conhecer o Itamar (Bellasalma) e alguns outros ex jogadores. Isso me motiva mais para poder levar o Grêmio ao topo e fazer parte da história do time o que seria muito legal. Alpha Magazine: Sobre sua carreira Aloísio, onde você começou e como foi o caminho até o seu auge no futebol? Eu comecei na base do CRB de Alagoas e depois fui para o Flamengo. Como profissional joguei em vários clubes, mas onde eu arrebentei mesmo e fiquei conhecido no mundo todo foi no São Paulo, mas quem me deu essa oportunidade de chegar nesse auge foi o Atlético Paranaense. Eu estava sumido no campeonato russo jogando pelo Rubin Kazan e tive uma lesão grave no joelho ai vim tratar no Brasil. Eu tinha mais um ano e meio de contrato lá e pedi a eles para ficar por um ano no Brasil, eles nem precisavam me pagar, se eu arrumasse algum clube eles apenas me cederiam como um empréstimo por um ano e depois retornava ainda com seis meses de contrato para a Rússia. Eles aceitaram e entrou o Atlético Paranaense na parada. O presidente Petraglia, uma pessoa maravilhosa, não tenho o que reclamar, acertou comigo por um ano de empréstimo e foi onde eu decolei. Fui campeão paranaense com aquela arena lotada, nunca vou esquecer isso e depois cheguei à final da Libertadores contra o São Paulo, fui bem e o “patrão” Rogério Ceni já pediu para me contratar para ir ao mundial. (risos) Ali o Aloísio decolou! Um Mundial, três Brasileiros, acho que poucos jogadores têm essa marca né.

FOTO: Matheus Gomes / Atacante demonstra o

Alpha Magazine: Como foi disputar e ganhar o Mundial de Clubes em cima do Liverpool? Ali ficou para a história né, o mundo todo para pra assistir esse jogo. Meus amigos de infância e todos que me veem falam daquela final. Me lembro que em 1992 e 1993 contra o Barcelona e o Milan, eu trabalhava de garçom e parei para assistir aos jogos no trabalho mesmo, então é um jogo que o mundo todo vê. O título foi muito especial e está na memória dos torcedores que até hoje todos falam daquele passe, daquele passe, virou febre! Ninguém se lembra do gol do Mineiro que foi o mais importante né! (risos) Mas falar do passe e daquela bola que o Rogério tirou na falta do Gerrard, pra mim é muito bom e está na história para o resto da vida. Eu sempre fui sãopaulino des-


partida e foi cumprimentar o Gerrard, dar a mão pra ele, ele virou a cara com vergonha pelo que tinha falado antes do jogo para os jornais. Aqui é São Paulo meu amigo, tem que respeitar o nosso tricolor! (risos) O tricolor, clube bem amado, as tuas glórias vem do passado! “Eita” coisa linda, até arrepia! (risos)

grande carinho que tem pelo clube do Morumbi

sde criança e de repente eu já estar ali vestindo a camisa do São Paulo no mundial é demais. Eu só agradeço ao papai do céu por tudo que aconteceu na minha vida. Alpha Magazine: E qual era o clima do time do São Paulo para aquele jogo, vocês tinham confiança que poderiam ganhar? Sim, quando chegamos ao Japão, todos os jornais diziam que o Liverpool era imbatível, que estava 13 jogos sem tomar gol, 13 jogos sem perder e você vê o Gerrard falando ali, que traduziram para nós, “nós somos imbatíveis mesmo e esse mundial é nosso”. Então isso foi uma motivação extra para todos os jogadores e quando acabou o jogo que o Rogério foi receber o prêmio de melhor jogador da

Alpha Magazine: Aloísio, e tem alguma história engraçada ou curiosa que você passou durante sua carreira? Tem muitas, mas uma foi bem engraçada, quando eu fui jogar na França. Na época estava jogando pelo Goiás e eu e o Alex Dias fomos contratados pelo Saint-Étienne. Eu peguei minha esposa e minha filha, o Alex a esposa dele e o irmão dele e contratamos uma “mucama”, uma empregada né, pra cozinhar pra gente, porque na França a comida é diferente. Pegamos o avião, chegamos ao aeroporto em Saint-Étienne, todos com fome e o tradutor não veio nos recepcionar no aeroporto, aí fomos para o hotel e todo mundo com fome. Resolvemos ir por conta própria a um restaurante. E que jeito que a gente ia pedir? Ninguém falava francês. Ai a gente chegava para o garçom e falava, “a gente quer comer, estamos com fome”, o garçom ficava olhando para nós sem entender nada, e a gente insistia, “fome, estamos com fome” (risos) Ai nessas alturas o restaurante lotado e todo mundo olhando para nós e nada do tradutor chegar, ai passou uma bandeja com uns pedaços de frango, arroz e batata frita e o Alex dias falou “agora a gente vai comer”. Assim que o garçom passou ele gritou “queremos esse frango, có có có” e começou a imitar um frango no meio do restaurante e todo mundo olhando para nós e dando risada! (risos) Aí o garçom entendeu e trouxe uma bandeja daquela pra gente. Foi muito engraçado!

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DANONE

FOTO: Matheus Gomes / O “Chula” apromora a parte física com o fisioterapeuta Kleber Barbão

Alpha Magazine: E como foi sua passagem pela França? Foi muito boa graças a Deus, fiquei duas temporadas no Saint-Étienne e logo fui para o Paris Saint Germain, fui ídolo lá também, joguei com o Ronaldinho Gaúcho, o Alex Dias, o Paulo Cesar, fomos campeões da Copa Intertoto em cima do Brescia da Itália e eu fiz o gol do título. Eu já dei um título ao Paris Saint Germain, fui

ídolo lá também, joguei com o Ronaldinho Gaúcho, o Alex Dias, o Paulo Cesar, fomos campeões da Copa Intertoto em cima do Brescia da Itália e eu fiz o gol do título. Eu já dei um título ao Paris Saint Germain pra quem não sabe disso viu? (risos) Alpha Magazine: Você é conhecido como o rei do danone né, como começou essa história? Começou com o Adriano Imperador né? Nós joga-

Vamos subir, mas se caso acontecer de não subirmos, eu vou querer ficar aqui por pelo menos mais um ano curtindo essa cidade e os novos amigos.


mos juntos na categoria de base do Flamengo durante três anos, depois ele acabou indo para a Itália, eu também fui pra fora e nos reencontramos no São Paulo em 2008. Aí depois de um treino lá ele virou pra mim e falou “Aloísio, vamos tomar um Danoninho?” eu achei que era um danone mesmo né, de criança. (risos) Ai eu falei “Você me chamou para tomar danone, imperador? Vamos tomar uma cerveja né?” ai ele disse “é isso mesmo, é o danone com colarinho” e aí ficou, (risos). Uma história e uma época muito boa. Infelizmente o imperador não está jogando, mas eu torço muito por ele e sei que ainda dá pra recuperar, colocar a cabecinha dele no lugar porque ele é meu irmão do coração. Alpha Magazine: E você tem contato com ele ainda? Sim, sempre falo com ele, inclusive quero leválo pra Ipanema no meu clube para fazer um jogo beneficente com a criançada e tomar um danone lá em casa. Só Deus sabe ali o que está se passando na vida pessoal dele, então deixa ele resolver e quem sabe uma hora ele não pega nós de surpresa e volta aos gramados. Ai eu já trago ele aqui pro Grêmio para fazer uma dupla de ataque com o Chula! (risos) Alpha Magazine: Aloísio, boa sorte nesse novo desafio, agora com a camisa do Grêmio. Opa, obrigado e gostaria de agradecer também todos meus seguidores nas redes sociais, todos os grupos que me acompanham na internet e todas as pessoas que demonstram um carinho enorme por mim. Agora é treinar bastante para fazer o dever dentro de campo e depois tomar aquele danone duplo até o outro dia! (risos)

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INSPIRAÇÃO

HOMENS DE PULSO FIRME Vôlei sentado: A inclusão social através do esporte Walter Quevedo Fundada em 1994, a Associação dos Deficientes por Amputação de Maringá surgiu com o objetivo de proporcionar uma opção esportiva para aqueles que, por algum motivo, adquiriram um tipo de limitação física. O vôlei foi a modalidade escolhida para reinserir na sociedade pessoas com deficiência física congênita ou adquirida, ou seja, tanto aqueles que nasceram com alguma má formação de membros, como aqueles que sofreram algum acidente, como é o caso do Tiago Noda, de 25 anos. Em 2011 ele se acidentou quando conduzia uma moto e perdeu a perna direita. “Logo após o acidente, enquanto eu estava no chão esperando o socorro, eu já sabia que ia perder a perna. Mas mesmo assim eu não tinha motivo pra ficar sofrendo. A vontade de viver é maior.”, disse o jovem, que lida tranquilamente com o assunto. No time, Tiago está há três anos e ocupa o posto de levantador. Foi um vizinho, ex-jogador do time, que contou sobre a modalidade e o incentivou a participar dos treinos. “Eu acredito muito no potencial da equipe. Não tenho dúvida que podemos ser o melhor time da categoria”, garante o atleta. A associação que começou com três integrantes, hoje conta 16 atletas, um treinador e um assistente

técnico. Quem dirige o time é Antônio Jacinto dos Santos, 40 anos, mais conhecido como “Professor Tony”. “Independente da idade e do tipo de deficiência física, qualquer pessoa pode participar. Hoje na equipe, a variedade de limitações é bem abrangente, desde homens que nasceram com mãos atrofiadas ou aqueles que perderam os movimentos após ter sofrido um acidente. Cerca de 80% dos participantes se encontram na atual situação após terem sofrido acidentes de moto.”, afirma Tony. Os treinos acontecem três vezes por semana, em uma quadra do ginásio Valdir Pinheiro, na Vila Olímpica de Maringá.


Tiago Noda

Antônio Jacinto dos Santos “Tony”

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ocal que foi cedido gratuitamente para a pra cair a ficha e eu acabei entrando em depressão. associação. Para se manter, a ASSAMA Só melhorei depois que minha irmã me incentivou conta com o apoio de duas organizações, a a fazer fisioterapia através de aulas de natação. Eu Secretaria de Esportes de Maringá e a UNIFIL melhorei bastante, deixei a cadeira de rodas e hoje (Centro Universitário Filadélfia), de Londrina – uso apenas uma bengala.”, conta. Como ponteiro PR. Da prefeitura vem uma verba anual de 17 no time, José está frequentando os treinos desde mil reais dividida para os doze meses do ano. 2013. Apesar de já terem se passado dez anos do Já a UNIFIL mantém um contrato com cada um dia do ocorrido, o jogador ainda sente muitas dores dos atletas, pagando um salário a eles todo mês. e por isso não pode ter um emprego fixo paralelo O investimento ainda não é o suficiente, mas ao esporte. Para ajudar a manter a casa em que o time tem conseguido se manter mês a mês e mora com outros seis membros da família, além também participar das competições pelo estado do salário que recebe como atleta, sempre que a fora, como o campeonato pode, ele atua como flanelinha paranaense e brasileiro de “Não foi uma coisa fácil. em uma avenida de Maringá. Demorou pra cair a ficha O pedido de aposentadoria está voleibol sentado. e eu acabei entrando em Em quadra o esporte segue em andamento, o que pode depressão. Só melhorei as diretrizes da Federação comprometer a carreira no depois que minha irmã Internacional da categoria, esporte. “Só depois da perícia me incentivou a fazer que preza por algumas que vou saber se posso ou não fisioterapia através de aulas adaptações nas regras do continuar jogando. Se eu tiver de natação. Eu melhorei esporte convencional, como por que sair, será por questões de bastante, deixei a cadeira exemplo, a invasão dos limites de rodas e hoje uso apenas saúde. É uma pena. Enquanto da quadra, que só acontece isso, pretendo continuar uma bengala.” quando o atleta ultrapassa as treinando”. linhas com as nádegas, se os pés A associação hoje vive um bom ou a perna ultrapassarem, não tem problema. momento, sempre garantindo a participação em Outra regra é quanto a validade no contato campeonatos estaduais e nacionais. Mas a falta com a bola. Toda vez que o jogador estiver de procura pela modalidade preocupa o treinador com a bola nas mãos, deve estar sentado, caso da equipe. “Mantemos contato com clínicas de contrário, é dado como falta. Dentre outras próteses da cidade e com a ANPR (Associação regras específicas para o vôlei de amputados. Norte Paranaense de Recuperação). A ideia é que Há dois anos na ASSAMA, José Luiz dos Santos, quando um amputado vá até esses lugares, ele de 38 anos, é o integrante que tem a história seja direcionado a procurar a associação caso se mais singular. Em 2005, ele se envolveu em interesse em praticar um esporte. Esse público, uma briga no bairro em que morava. O tumulto precisa entender que é possível ter uma vida terminou em tiroteio e ele foi atingido por uma normal, praticar um esporte e ainda minimizar o bala na coluna. José Luiz perdeu o movimento máximo possível os traumas vividos.”, conta o das pernas e ficou em uma cadeira de rodas por professor Tony. dois anos. “Não foi uma coisa fácil. Demorou


José Luiz dos Santos

Equipe ASSAMA 33


PLAY

Se liga homens, aqui vai uma dica! Além da melhora do condicionamento, o Squash queima em torno de 500 calorias por jogo IGOR MATEUS LIMA

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ocê conhece aquele esporte que usa raquetes, uma bolinha branca, e é jogado numa quadra com uma rede dividindo a área de cada jogador? Se pensou no Tênis, acertou! Mas, não é dele que vamos falar, e sim, do Squash. Um esporte que é derivado do Tênis, e que está ganhando adeptos a cada dia. O esporte é jogado numa quadra fechada de vidros com marcações dividindo a área de cada jogador no mo-

mento de cada ponto. Ele pode ser jogado entre dois ou quatro (se for de dupla) competidores. O jogo funciona assim: no momento do saque a bolinha precisa acertar a parede frontal e no momento que cair no chão, só pode quicar uma vez. Enquanto isso, o outro jogador precisa rebatê-la novamente na parede, e vice e versa. Se um jogador deixar a bolinha quicar duas vezes ou mais, a vez de sacar passa para o


outro jogador que terá em sua vantagem o direito de marcar pontos. É necessário 9 pontos para ganhar o jogo, caso há empate em 8 a 8 só ganha quem pra jogar fazer 10 pontos, ou seja, dois a mais que o outro (muito também, principalmente aquelas pessoas que está passando por um momento parecido com o que acontece com o Vôlei). Há quem diga que esse esporte surgiu nas prisões da difícil. O Squash muda a pessoa pra melhor”, declara. Inglaterra no século XIX. Onde os presos improvisavam O esporte preferido de Wall Street. É assim que a nas próprias celas, jogando a bolinha com as mãos, sem as raquetes. Outros relatos dão conta que é um esporte derivado revista Forbes descreve o squash, pelo fato de só do tênis. executivos jogarem. Realidade que está mudando com o Por ser jogado em quadra fechada e de vidros, o Squash tempo, e ficando mais acessível para todos de diferentes chama atenção das pessoas. Em uma academia em Paranavaí, por exemplo, depois que a quadra foi instalada cresceu o classes sócia. Numa pesquisa realizada pela revista, a número de pessoas interessadas em praticar o esporte. modalidade conquistou o primeiro lugar no ranking dos Roger Wessler é Engenheiro de Alimentos, e há um ano 10 melhores exercícios para as pessoas praticarem. pratica o esporte. “O meu condicionamento físico melhorou 100% depois que eu comecei a praticar. Hoje jogo três vezes O squash conquistou esse posto, por obter notas altas na semana, e sempre procuro chamar os amigos e familiares em todos os quesitos analisados pela Forbes. Com ape-


nas 30 minutos de prática, o jogador pode queimar 500 calorias, ou mais. Resultado do ranking de queima de calorias: 1º Squash, 2º Remo, 3º Escalada, 4º Natação, 5º Esqui cross country, 6º Basquete, 7º Ciclismo, 8º Corrida, 9º Pentatlo e em 10º o Boxe. “O squash está ganhando cada vez mais adeptos pelo fato de ser considerado entre todos os esportes, o que mais queima calorias. Ele também exige bastante coordenação motora. Acaba com qualquer problema, principalmente a depressão. As pessoas que começam a praticar ficam superempolgados e felizes, por misturar trabalho aeróbico e anaeróbico, sempre tedesafiando ao limite”, comenta o professor Celso Lima.

Além de trabalhar pernas e glúteos o squash também é ótimo para adquirir condicionamento físico, com baixo risco de lesões. Agilidade, preparo físico e muito folego, também são essenciais para uma competição bem acirrada. Fica aqui então, a dica da Revista Alpha Magazine para você que deseja sair do comodismo, colocar no seu dia-dia uma dose de adrenalina. Medidas como esta da pratica esportiva, é extremamente importante se você visa ter uma qualidade de vida melhor. Claro que, para isso, é importante separar um tempo para si, aumentando sua autoestima e investindo num futuro sem complicações relacionadas à saúde.

O squash está ganhando cada vez mais adeptos pelo fato de ser considerado entre todos os esportes, o que mais queima calorias.

Foto: Igor Mateus Lima


POEMAGAZINE A TODO MOMENTO EXISTE GENTE ENSINANDO A GENTE EXISTE GENTE MORRENDO PELA GENTE EXISTE SORRISO DE MISERICÓRDIA E AÇOITE SEM CONCÓRDIA A TODO MOMENTO A VIDA CEIFA O QUE HÁ DE BELO A MORTE LEVA ATÉ O VERDE QUE NÃO DEVERIA LEVAR E NASCE UM NOVO MOMENTO MAS SE SOU HUMANO E VEJO CALOR ATÉ EM GOTAS NEUTRAS NÃO HÁ PORQUE DEIXAR DE IR BUSCAR ÁGUA SE VEJO HUMANOS CONGELANDO SEM NEM LUGAR DE MORAR É FODA VER AS PARADAS E NÃO PARAR A MENTE NO CHOQUE DE REALIDADE É FODA SABER QUE NINGUÉM LIGA TENDO NA MENTE O QUE AMANHÃ COMER E TENDO NO ESCURO SONS DE CONFORTO QUE A PRÓXIMA GERAÇÃO CONSUMIRÁ JOÃO PAULO FIORENZA

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Bolívia, Peru e Chile: a mochila

A

ntes de começar, leitor, é importante deixar claro que o objetivo deste relato não é apenas dar dicas de lugares ou do que fazer ou não fazer em cada cidade, mas sim encorajar você, que sempre sonhou em colocar a mochila nas costas e viajar. Você, que assistiu ao filme “Into The Wild”, conheceu a história do Supertramp, e desde então vive planejando quando vai fazer algo parecido.Você que acredita no poder da vivência e quer tocar os mais diversos lugares com as próprias mãos, sentir – nem que seja por pouco tempo - um pouquinho de cada pedaço desse mundo, está no lugar certo. Este relato, leitor, foi feito para você!

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: 31 dias com a nas costas

Gilson Ferreira

S

ão muitas coisas para pensar e organizar antes de colocar o pé na estrada e começar o mochilão. Fomos em cinco na viagem, eu e mais quatro amigas. Definimos um roteiro prévio para seguirmos, mas que poderia ser alterado – e foi – no decorrer da viagem. Lemos muito, e aqui vai uma primeira dica: o site www.mochileiros.com, proporciona uma troca de experiências enorme por conta dos inúmeros relatos de viagens postados, e é quase item obrigatório de leitura. Muita coisa pode ser evitada lendo a história dos mochilões de outras pessoas, alguns detalhes podem fazer toda diferença. É muito importante que você saiba para onde está indo, então leia sobre o país, sobre

a cultura, sobre os costumes, converse com pessoas que já foram para lá e acumule o maior número de informações possíveis. Decidimos sair do Brasil por Corumbá- MS que faz fronteira com a Bolívia pela cidade de Puerto Quijarro. Fique sempre atento as promoções aéreas e compre antecipadamente as passagens. A travessia da fronteira Brasil – Bolívia é um ponto importante, pois você pode perder muito tempo dependendo da hora que chegar. O atendimento na imigração começa às 7 horas (às 6 horas no horário do Brasil). Caso chegue após o meio dia, você terá que passar uma tarde na cidade de Puerto Quijarro, e desembolsar por voltar de R$ 50,00 em uma diária de hotel. Caso passe à noite, procure ir para fila da imigração por volta das cinco da manhã. Fomos às quatro e saímos às dez horas.

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O

ptamos por ir de ônibus para Cochabamba, a primeira cidade do nosso roteiro. A passagem até lá custou 150 bolivianos (Bs) (R$ 83,00) e todos os ônibus saem à noite, sem exceção. Foram aproximadamente 25 horas de estrada até chegarmos

COCH

VALLE DE LA LUNA


ao primeiro destino. Aqui pagamos a diária com o menor custo benefício, 70Bs (R$39,00). Apesar de ser uma das cidades mais “ricas” da Bolívia, a pobreza ainda salta aos olhos e causa espanto. É comum ver crianças muito pequenas e pessoas idosas sentadas nas ruas pedindo dinheiro, é desesperador. O sentimento de impotência é a primeira impressão que você leva do país como um todo. Passamos dois dias na cidade para nos ambientarmos ao ar rarefeito, aproveitamos e conhecemos a culinária do país e andamos pela cidade toda.

HABAMBA

Depois de ambientados a altitude partimos para La Paz, a primeira grande cidade do mochilão. A passagem custou 70Bs (R$ 39,00). A estrada até lá é indescritivelmente linda e diferente de tudo que já tinha visto. Cercada pelas montanhas da Cordilheira dos Andes, muitas delas nevada e com mais de 4 mil metros de altitude. Elas deixam todo caminho mais atrativo. Em La Paz você vai pagar, em média, 15Bs (R$ 8,30) em um táxi. O transito é extremamente caótico, a maioria dos carros tem sinais de batida, são quebrados e a frota como um todo é bem antiga. A cidade é imensa, cheia de morros, por todos os lados. Ao chegar você já pode comprar folhas de coca para mastigar, ajuda muito com possíveis tonturas e faltas de ar, afinal, a cidade fica a aproximadamente 3.600 metros de altitude, o que torna qualquer caminhada longa muito mais cansativa, e subir escadas, por exemplo, é um desafio muito impressionante. Ficamos 5 dias no LOKI Hostel de La Paz, que merece uma indicação direta por ser o melhor hostel que ficamos durante toda a viagem. A diária em um quarto coletivo é em média 40Bs (R$ 22,00), quanto menos pessoas no quarto mais cara a diária. No hostel você conhece gente de toda parte do mundo, todos mochileiros, todo mundo na mesma “vibe”. A troca de experiências a cada conversa é incrível. Todas as noites tem festa no bar e muitas delas são temáticas. Não deixe de experimentar, caso passar por lá, uma bebida chamada “Blood Boomb” que é tradição do hostel, e tem até “grito de guerra”. A cidade de La Paz é cheia de pontos e passeios interessantes, que vão desde o mais cult, com diversos museus, até o mais aventureiro, com trilhas e montanhas.Optamos por fazer Downrill na estrada da morte, visitamos o Valle de La Luna, subimos o Chacaltaya e fomos à Luta das Chollitas. 41


A estrada da morte já foi considerada a mais perigosa do planeta. Por lá, morriam cerca de 250 pessoas por ano. Hoje ela é ponto turístico da Bolívia e você pode descê-la de bicicleta, estando em um grupo com um “guia”, que não aparenta ser um guia, afinal, você desce o percurso inteiro, que dura cerca de 5 horas, a maior parte do tempo sozinho, sem nem ao menos avistar alguém, o que em minha opinião, deixa tudo ainda mais legal. São horas do mais puro contato com a natureza, inúmeras cachoeiras e mirantes fazem parte do cenário, assim como muitas cruzes

por toda parte. A estrada tem de dois a três metros de largura e fica ao lado de precipícios com até 900 metros de altura, sem nenhum tipo de proteção para evitar cair caso perca o controle da bicicleta. Ao todo são 64 km, começando a 4.700 m de altitude e descendo 3.500m. Pagamos 390Bs (R$ 216,00) em um pacote com o Downrill e a luta das Chollitas. Somente a descida de bike sairia 350Bs (R$ 194,00). As Chollitas fazem parte da cultura boliviana, são mulheres que se vestem de uma maneira bem específica, sempre com vestidos rodados e cabelos

LUTA DAS CHOLLITAS

ISLA DEL SOL


trançados. A Luta das Cholitas é uma espécie de luta mexicana, com movimentos combinados, personagens no ringue e ginásios, quase sempre, cheios. É um tanto quanto peculiar assistir a “luta”, mas vale a experiência. Um dia inteiro tem que ser reservado para ir ao Chacaltaya, o monte nevado, e ao Valle de La Luna. O Chacaltaya é um pico com aproximadamente 5.700m e neva o ano inteiro. A subida é extremamente cansativa, a altitude dificulta cada passo. Mas para quem assim como eu nunca havia visto neve, valeu cada segundo de cansaço. No mesmo dia, no período da tarde, visitamos o Valle de La Luna, que, como o nome indica, se parece muito com a superfície da lua. É um lugar absolutamente único. Os dois passeios, juntos, custaram 90Bs (R$ 50,00). O nosso próximo destino no mochilão era a Isla del Sol. Para chegar até lá, pegamos uma van que sai do cemitério de La Paz e custou 12Bs (R$7,00),

depois uma balsa que foi 1Bs (R$ 0,55) e um táxi por 10Bs (R$ 5,50), isso tudo para chegar até a cidade de Copacabana, onde passamos a noite e pela manha encaramos mais duas horas de barco, 30Bs (R$ 17,00), até, finalmente, chegar a Isla del Sol. A ilha é cercada pelo lago Titicaca, que tem o título de lago mais alto do mundo e maior em extensão da América Latina. O ideal é passar pelo menos dois dias na ilha para que você conheça tanto o lado norte quanto o lado sul caminhando. Mesmo que esteja sol quando sair para conhecer a ilha leve uma blusa, por que quando o sol começa a se pôr a temperatura cai bruscamente. Carregue sempre a câmera com você, afinal a ilha é cheia de paisagens inesquecíveis e ruínas históricas, que podem lhe render vários cliques. Não deixe de experimentar o prato típico da ilha, a Truta, que além de ser muito gostosa é também barata.

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AREQUIPA

ISLA DEL SOL 43


MACHU PICCHU

OLLANTAYTAMBO

OLLANTAYTAMBO


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osso roteiro agora seguia para o Peru, mais precisamente Cusco. Voltamos de barco à Copacabana e pegamos um ônibus que custou 90Bs (R$ 50). A viagem até a fronteira leva uma hora, mais uma hora e meia de fila na imigração e por fim nove horas de estrada. A cidade de Cusco é linda em cada detalhe, as construções são clássicas e conservadas, a cidade é limpa e extremamente turística. Assim como em La Paz, ao caminhar pela cidade é mais fácil você ouvir alguém falando inglês do que espanhol. Aproveite para treiná-lo. A impressão que eu tive, é que mesmo o seu inglês sendo mediano, é mais fácil você se comunicar através dele do que pelo espanhol. Os nativos falam muito rápido e com muito sotaque, o que dificulta muito a compreensão. Lembre-se que agora você está no Peru e as coisas não são mais baratas como na Bolívia, fique atento para não gastar mais do que pode. Em Cusco ficamos no LOKI hostel novamente, e pagamos S/24 (R$ 29,00) a diária em quarto coletivo. A Plaza de Armas é o ponto central da cidade, rodeada por restaurantes para os mais diversos bolsos. Para o mochileiro o que vale é ir ao mercadão, onde uma refeição sai em torno de S8 (R$ 10,00). Além de conhecer a cidade, que tem muito a mostrar, fizemos os passeios clássicos de todo mochileiro que passa pelo Peru: o Vale Sagrado e a visita ao Machu Picchu. O Vale Sagrado dos Incas passa pelas ruínas de Pisaq, Ollantaytambo e Chinchero. É necessário comprar o boleto “Tour do Vale Sagrado” no Escritório de informações turísticas, próximo à Plaza de Armas, que custa S/70 (R$ 84) e pagar mais uma taxa de S/25 (R$ 29) que inclui guia e almoço. Considere levar uma blusa e uma capa de chuva, além de algum lanche na mochila. As ruinas

de Pisaq e Ollantaytambo são imensas, e o guia é essencial para você entender a história de cada parte das “cidades” e toda genialidade do povo Inca. Os sistemas utilizados por essa civilização realizar as construções são impressionantes e surpreendentes a cada detalhe das ruínas. Em Chinchero você pode conhecer como é o processo artesanal para se fazer as lãs típicas da região, produzidas de pele de alpaca. O passeio leva o dia todo. Para ir até Machu Picchu você deve reservar três dias. O pacote custa US$90 (R$ 346,00) e inclui transporte de van até a hidroelétrica – depois você caminha pela linha do trem por volta de três horas até Aguas Calientes - pernoite na cidade e a entrada em Machu Picchu acompanhado de um guia. O parque abre as 6 horas da manhã, então acorde por volta das 4 horas e encare a subida de uma hora mais difícil da sua vida. É extremamente íngreme. Mas caso ache desnecessária essa experiência, pague US$10 (R$ 38,4) em um ônibus que te deixa na porta do parque. Atenção, fiquei atento ao seu número de passaporte no bilhete de entrada, caso tenha algum erro sua entrada não será permitida. Não se tem muito tempo no parque, então aproveite cada segundo e cada explicação do guia. Particularmente, achei tudo muito artificial por lá, diferente de Ollantaytambo ou Pisaq, as ruínas são extremamente polidas e cuidadas. O parque tem muitos funcionários que ficam cuidando da manutenção, limpeza e segurança. Em muitas áreas não se pode ter acesso, o que acaba causando um distanciamento, diferente do que acontece nas ruinas do Vale Sagrado. Mas de forma geral, é incrível você ver a grandiosidade, a estrutura e a complexidade da cidade construída no século XV. A magia presente naquele lugar é inexplicável. 45


LAGUNA VERDE

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a cidade de Cusco fomos para Arequipa, pagamos S/50 (R$ 60) no ônibus e passamos dois dias na cidade. Além de conhecer a parte urbana fizemos rafting pelo rio que corta a cidade, o que custou S/55 (R$ 64) com todo equipamento e guia incluso. Quanto à segurança: Fiquem sempre atentos às instruções de segurança e nenhum acidente deve

ocorrer. Nesse ponto o mochilão rumou para o Chile. Entramos por Arica e seguimos para Iquique, no litoral norte do país, onde passamos três dias na praia. Pagamos 12.500 Pesos (R$ 70) na diária do hostel. A cidade parece um oásis por ficar localizada entre o deserto de Atacama e o Oceano Pacífico, o que cria um cenário e uma atmosfera muito única. Por lá fizemos um voo incrível de Parapente por US$ 70 (R$ 270). Neste valor, as fotos

GEISERS DEL TATIO


AREQUIPA do voo estão inclusas e são disponibilizadas em um cartão de memória. Imagina pular de um deserto e pousar na praia? Então, é assim. Conhecemos diversas lagunas, entre elas a Laguna Colorada, e alguns vulcões, além de várias formações rochosas, como a famosa Árbol del Piedra. Também fomos ao deserto de Dalí, que leva esse nome por lembrar quadros do famoso pintor. No terceiro dia, logo pela manhã, saímos para conhecer os Geysers

del Tatio. O fenômeno começa bem cedo, mais ou menos às 6h da manhã. Fumaças escapam através de buracos e fendas no solo. Lençóis subterrâneos de água entram em contato com rochas quentes, provocando pequenas explosões. Alguns jatos chegam a 10 metros de altura, a quase 80ºC e o cheiro é quase insuportável. É, de longe, uma das coisas mais curiosas que já vi na vida.

IQUIQUE

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o Chile voltamos para Bolívia para nos deslocarmos ao tão esperado Salar de Uyuni, o sonho de grande parte dos mochileiros, e o meu ponto preferido da viagem. Depois de muitas horas de ônibus e muitas cidades pelo caminho, chegamos na cidade de Uyuni, que, basicamente, vive em função dos turistas que vão conhecer o Salar. Optamos pelo pacote de três dias no deserto. O pacote inclui: um guia, um carro 4x4, alimentação e onde dormir, e custa 690Bs (R$ 384). É preciso dizer que você tem que estar

bem-disposto a encarar perrengues nesses três dias. Tudo é muito limitado, não se toma banho e você tem que ter boa vontade com a comida, que é fria e sem gosto. As bebidas são quentes, o que mantém o corpo aquecido no “frio sustentável”. Provavelmente você será membro de uma excursão, e, portanto, existirá um roteiro que será seguido um tanto quanto à risca, inclusive no que se refere aos horários, do que ver e fazer por lá. Não veja isso como um coisa ruim. Acredito que grande parte dos SALAR DE UYUNI

DESERTO DE UYUNI

DESERTO DE UYUNI


mochileiros gosta de fazer as coisas de forma independente, mas aqui isso não é possível. O Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo com quase 11 mil km². A paisagem é, de longe, a mais bonita do mochilão todo. Quando chove pouco, cria-se uma pequena camada de água sobre o sal, que reflete o céu, juntando céu e sal na linha do horizonte. É inacreditável. Óculos escuros é item obrigatório por conta do branco gritante da paisagem. O passeio é todo feito em um 4x4, e em

muitos momentos você pode ir no teto do carro. O guia vai parando de tempo em tempo e explicando cada detalhe da imensidão do deserto. Neste primeiro dia dormimos em um hotel construído de sal. As camas, paredes, chão, tudo feito de sal. O céu no deserto a noite é uma coisa única, então, se você gosta de fotografia, considere levar um pequeno tripé para fazer longa exposição por lá. Na volta para uyuni, passamos também pelo cemitério de trens, lugar que todo mochileiro que se prese tem uma foto.

CEMITÉRIO DE TRENS

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Tenha em mente que isso acontecerá. Lidar com essas situações fará parte do seu aprendizado na viagem. Tenha em mente que as rodoviárias serão sua segunda casa, e às vezes, você terá que dormir por lá. Não exagere no tamanho da mochila: lembre-se que você vai carrega-la grande parte do tempo, então, repense cada peça de roupa antes de

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lgo que deve ser destacado é a importância das experiências que você terá se permitir conhecer i maior número de pessoas possíveis. Tão importante quanto os lugares que você conhecerá, são as pessoas que farão

parte deste caminho. Seja por algumas horas ou por alguns dias, cada uma vai contribuir para sua viagem de uma maneira única, então, seja simpático e aberto as possiblidades que o mochilão irá criar. Não esquente a cabeça quando as coisas não saírem como planejadas.

resolver levar. Cada mochilão que fizer será uma experiência completamente nova, e, acredite, quando estiver chegando ao final do primeiro, você já estará planejando o próximo. A vontade de viajar só cresce. Experiência própria.

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bs: Os valores que coloquei são referentes a janeiro/ fevereiro de 2015. Enquanto a conversão para real é em relação a setembro de 2015.


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ESPORTE

Airsoft: Os cuidados e os benefícios dessa prática

As pessoas estão aderindo com mais frequência à prática aventureira da modalidade Pedro França

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prática do Airsoft está cada vez mais ganhando espaço nas cidades. Antigamente considerado uma brincadeira perigosa, capaz de machucar alguma pessoa, hoje a atividade virou moda entre várias pessoas. O jogador Robson da Rosa, 37, morador de Paranavaí explica que a prática ainda é pouco vista na cidade, mas tende a aumentar. “Sempre jogamos em Maringá, daí pensamos: por que não começamos a jogar aqui em Paranavaí? Daí foi onde tudo começou. Começamos com a brincadeira do nada e hoje já temos 35 integrantes no grupo”. Para quem pretende começar a dar os seus primeiros tiros, lembrando que os disparos são dados através de esferas plásticas, o preço médio de uma arma é de 1500 reais. Outros acessórios como coletes de segurança saem mais em conta, em torno de 150 reais. Depois de estar com os requisitos básicos em mãos, basta entrar no contexto da história que é criado pelos jogadores para a aventura de fato começar. Rosa explica que para quem está começando a conhecer o universo do Airsoft é preciso estar atento com algumas regras. “O que nós somente alertamos é que a pessoa esteja com o equipamento em dia, nota fiscal da arma em mãos, a ponta da arma tem que ser laranja, para representar que é uma arma pra outros fins, no caso diversão”. Importante estar ciente de que apenas pessoas acima dos 18 anos podem desfrutar da brincadeira. A duração de uma prova costuma ser em média entre 2 a 4 horas, dependendo do número de participantes e do tamanho do terreno. Nas provas existem várias tipos de provas, entre eles os mais disputados são: a prova do refém, mata-mata e galão. A etapa do refém se caracteriza basicamente na busca da captura de um integrante que está nas mãos da equipe adversária, o objetivo é trazê-lo para a base vivo. O mata-mata é o preferido pela maioria das pessoas, pois o jogo é individual, assim quem ficar vivo por último é o vencedor. O galão entra na mesma temática do refém, é preciso capturar dois galões e coloca-los em seu campo, a equipe que conseguir o feito automaticamente será a vencedora. Reginaldo de Oliveira, 34, outro jogador de Airsoft diz que no começo o custeio dos equipamentos são caros, mas com o decorrer do tempo, a manutenção costuma ficar mais acessível. “No começo as coisas são mais difíceis, tudo muito caro, mas depois de certo tempo você só tem que manter o seu equipamento, na média gasto 10 reais por semana. É um investimento que vale a pena”. Nesse jogo de pura agilidade e reflexo a consciência e a honestidade são também fundamentais para o bem estar de todos. Oliveira explica

como isso deve ser aplicado na partida. “Além dos óculos, camisa longa e máscara, a pessoa tem que ser honesta. Por exemplo, quando ela for atingida por alguém, tem que se entregar. Quando percebemos que alguma pessoa está trapaceando somos obrigados a não convidala mais para jogar conosco”. O terreno onde é praticado as provas do Airsoft tem a permissão do dono para a entrada, e o aviso também passa com antecedência a polícia, para não haver problemas ou conflitos com vizinhos. No final, nada de troféu ou medalha, a confraternização e solidariedade entre os amigos é o que conta. Oliveira frisa o quanto o Airsoft o ajudou a sair da enjoativa rotina. “Graças aos encontros com a rapaziada consegui esquecer pelo menos um pouco dos problemas pessoais. Mudou a minha vida pra melhor, tira todo o meu stress acumulado durante a semana”. A satisfação de estar em grupo e praticar algo que nos faz bem tanto por dentro quanto por fora nos ajuda a enfrentar de cabeça erguida nosso dia a dia, que na maioria das vezes costuma ser cansativo e entediante. Dar chance de descontrair seja lá com quem for, é dar atenção também a nosso bem estar, portanto, não vamos ficar em casa aos finais de semana, programas como o Airsoft estão aí, disponíveis para quem quiser fazer, basta corrermos atrás. A iniciativa e a busca do bem-estar é de cada um


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Foto: Igor Mateus Lima

Foto: Igor Mateus Lima Foto: Igor Mateus Lima


GAMES

A MÁGICA RIVALIDADE ENTRE PRO EVOLUTION SOCCER E FIFA Dois dos principais jogos esportivos do planeta estão em destaque para iniciar mais uma batalha anual PEDRO FRANÇA

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uando colocamos a palavra rivalidade em destaque, podemos fazer referências a questões pessoais, culturais ou esportivas. A última é a mais vista entre nós brasileiros, por se tratar do amor que cada indivíduo obtém de seu time de coração. Porém, nos últimos anos com o advento abrangente e tecnológico das produtoras de jogos, uma rivalidade tem se destacado e ganhando olhares tanto por finalidade esportiva ou pessoal por parte dos jogadores de games. Estamos falando da acirradíssima rivalidade entre os jogadores de Pro Evolution Soccer (PES) e Fifa. Antes de mais nada, precisamos fazer uma introdução dos dois jogos. O Pro Evolution Soccer, popularmente conhecido como PES, é um jogo desenvolvido pela produtora japonesa Konami e está no mercado desde 1995. Por outro lado, o concorrente Fifa tem os seus direitos ligados a EA Sports, empresa canadense que é a produtora oficial do game, que desde 1993 dá segmento e suporte ao jogo.

A polêmica entre os dois jogos é criada devidamente pelos próprios usuários dos games, que numa proposta de proteger e enaltecer o seu game preferido se submetem a discussões e exposições às vezes desnecessárias. O quesito gráfico, jogabilidade e as licenças adquiridas pelos jogos são os motivos que mais simbolizam as discussões e debates entre os gamers. A rivalidade é tão intensa visto em sites e nas redes sociais que muitos a comparam com o espírito de pertence visto na política e no futebol. Segundo uma pesquisa realizada pelo site MCV, o Fifa 15 foi o título mais vendido no ano de 2014. A contabilização se refere à quantidade vendida em mídia física, não incluindo as vendas digitais. Mas isso não parece desmotivar o vendedor Samuel André, 21, simpatizante do PES, que diz o motivo de não ter conseguido se adaptar ao Fifa. “Nunca fui muito fã de Fifa, acho o jogo muito robótico, gols completamente irreais, por isso não me adaptei”. André ainda explica como vê essa batalha entre os


dois games. “Jogo PES desde 2007 e o jogo me agrada muito, tanto graficamente quanto pela jogabilidade. O debate do pessoal é legal pela visibilidade, mas o lado ruim são os insultos que são vistos perante aos outros”, diz. Perguntado se é um fã fervoroso do PES, André diz ser contido e evita discutir na web. “Ah, procuro evitar esses tipos de provocações ou desentendimentos nas redes sociais. Na minha visão, a jogabilidade e o gráfico do PES são incomparáveis com o do FIFA”, enaltece. 55


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m ponto de muita discussão para saber qual jogo é superior ao outro é o fato das licenças de equipes e ligas. A negociação da compra dos direitos funciona da seguinte maneira: a produtora, seja lá qual for ela, negocia a compra dos direitos diretamente com o clube para exibir o nome dos jogadores, nome do clube, e também o nome do estádio pertencente ao time. Em alguns casos, a negociação é individual com os próprios atletas para exibi-los no jogo. As compras dos direitos reservados das ligas nacionais também funcionam da mesma forma, só que dialogadas com as confederações responsáveis. Atualmente, essa fatia de direitos fica a mercê da soberania do Fifa na Europa, que trás consigo jogadores, equipes e estádios

totalmente licenciados das principais ligas da Europa, bem como a Premier League (Inglaterra); Liga BBVA (Espanha); Série A Tim (Itália); Bundesliga (Alemanha); Primeira Liga (Português); Ligue 1 (França); Eredivisie (Holanda), entre outras. Lembrando que as segundas divisões das ligas citadas anteriormente também estão integradas ao jogo, ou seja, o foco da EA Sports na Europa é intenso. Nas equipes sulamericanas a foco é pequeno, sendo que na última versão do game, o Fifa 15, nenhum clube brasileiro participou da composição do jogo. Do outro lado, o Pro Evolution Soccer não desfruta dos mesmos direitos das ligas européias como o Fifa, mas isso não significa que o jogo da Konami não tenha


suas exclusividades. O principal torneio continental do mundo, a Champions League é de total responsabilidade do PES, sendo um trunfo na manga contra o concorrente, que também possui o torneio, mas devido a não exclusividade o nome se dá de forma genérica: “European Champions Cup”. A Europa League, segundo principal torneio europeu também é de exclusividade da Konami. Os clubes brasileiros e outros sulamericanos ganham uma visibilidade maior no jogo da Konami. Isso se deve também a exclusividade que o game dispõe com os principais torneios da América, como: Taça Libertadores da América, Copa SulAmericana e Recopa. Com esse acervo de opções encontrado nos dois jogos, o crescimento de críticas e elogios direcionados a esses jogos possibilitaram uma amplitude maior para as produtoras nas criações e elaborações dos games. A popularidade do embate entre os jogos nos últimos anos vem angariando cada vez mais novos jogadores aficcionados pelo modo de futebol virtual. Prova disso é a quantidade absurda de comentários que tanto PES quanto Fifa recebem nas redes sociais. De acordo com uma pesquisa realizada pelo site

AirStrip em 2014, foram registrados cerca de 45 mil comentários no Twitter, Facebook e Instagram sobre os jogos entre os dias 1 a 23 de novembro. Com pouco mais de 35 mil registros o PES foi o game que recebeu mais atenção por parte do público nas redes sociais, que discutiam assuntos como bugs (defeitos encontrados no jogo), gráficos e jogabilidade. Para aqueles que acham que podem jogar em alto nível, a variedade de torneios existentes no Brasil é imensa. Torneios em shoppings, casas de jogos e campeonatos on-line através de um console são as opções procuradas por muitos jovens e adultos que respiram o hábito frenético de jogar. Coincidência ou não, no Brasil a maioria dos torneios encontrados são jogados Pro Evolution Soccer. Em comparação, o Fifa possui uma tradição bem inferior em nível de realizações de torneios. Para enfatizar melhor a questão, o estudante de Letras e atleta virtual Sérgio Caldeira, 26, explica há quanto tempo joga e como é separar a vida acadêmica das competições. “Jogo PES já faz uns 10 anos. É muito complicado essa rotina. 57


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e considero um cara privilegiado por saber dosar a hora de estudar e separar uma hora pra treinar (risos)”. Sobre os torneios que disputa, Caldeira diz que sonha um dia viver somente da carreira digital, mas lembra que é uma batalha árdua para essa conquista. “Seria um sonho viver jogando videogame, quem não queria né?! (risos) Mas é difícil, temos que ter patrocínio pra arcarmos com todas as despesas de torneios que desejamos ir”. O atleta fala sobre os lugares que podem ser encontrados o maior número de torneios e da competitividade que tem com seus amigos. “Geralmente os torneios mais aglomerados se encontram no interior de SP, Sorocaba, Ribeirão Preto a galera de todo país comparece lá em peso. Ah, meus amigos não passam de fregueses, têm que comer muito arroz e feijão ainda pra me superar (risos). O engraçado de tudo isso é que nesses anos todos de competições jamais vi alguém falar que gosta de Fifa (risos). Por fim, Caldeira fala do quanto costuma gastar em épocas de competições. “Depende, todo mês disputo pelo menos dois campeonatos, todos em SP. Em média gasto uns 300 reais com combustível, pedágio, alimento e moradia. Mas no final vale a pena, afinal, estou fazendo apenas o que eu amo, que é jogar!”. O fascínio pelo hábito de jogar reflete na rotina de muitas pessoas que desejem serem jogadores virtuais, mas nem todas conseguem ter condições de custear com

todas as despesas. E como descrito por Caldeira, o PES é o jogo predominante em torneios por todo país, sendo o mais popular entre os gamers. A preferência para aqueles que optam pelo Pro Evolution Soccer também reflete na pesquisa do site Americanas.com, realizada no início de 2015 até o dia (20/8), em que mostra a liderança do jogo da Konami na lista dos jogos esportivos mais vendidos atualmente. E neste ano já estão programadas as estreias das edições 2016 de PES e Fifa. No jogo da EA Sports a novidade fica por conta da inserção das seleções femininas, com intuito de cativar o público feminino que se identifica pelo tema do game. Outra novidade é a colocação do spray nas cobranças de faltas, deixando o jogo mais real e dinâmico de se jogar. Na edição 2016 mais uma vez o público alvo será a Europa, com as ligas cada vez mais recheadas de detalhes incríveis possibilitando uma dimensão real do que é jogar um jogo de futebol. Mas uma novidade já está prevista: a volta dos clubes brasileiros. Por enquanto, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, AtléticoPR, Coritiba, Vitória, Criciúma, Santos, São Paulo, Fluminense, Vasco, Grêmio, Internacional, Ponte Preta, Ceará, Náutico, Goiás e Palmeiras estão confirmados. Do outro lado, o Pro Evolution Soccer contará com uma verdadeira remodelação em seus quadros de menus, deixando o aspecto de interação bem mais dinâmico para os jogadores.


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s goleiros ganharão uma atenção especial, o recurso IA (Inteligência Artificial) possibilitará ao goleiro ser bem mais intransponível durante a partida. O número de faltas também vai ser reduzido, graças ao aperfeiçoamento que os jogadores ganharão em trombadas contra os adversários, a promessa é de que o jogo da Konami venha forte com essas novas tendências. E com as exclusividades dos campeonatos sul-americanos, claro que os times brasileiros estarão presentes. Os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro estarão presentes, com destaque para Corinthians e Flamengo, que devido a não concordância nas negociações, abriram mão de estarem no Fifa para serem exclusivos no PES, com direito a integração de estádios (Arena Corinthians e Maracanã, respectivamente). Além deles, quatro clubes da Série B participarão do jogo, são eles: Botafogo, Vitória, Bahia e Criciúma. Pro Evolution Soccer está previsto para lançamento no dia 15 de setembro, enquanto o Fifa saíra para o mercado a partir do dia 22 do mesmo mês. A expectativa é de tensão entre os dois jogos, que investiram pesado para se unificar no topo dos jogos esportivos mais vendidos do mundo. Não sabemos quem vai ganhar essa batalha “versão 2016”, mas de uma coisa os fãs de ambos podem esperar: um show de interatividade e realismo com

certeza estará garantido. A importância do debate saudável entre os jogadores de PES e Fifa influencia na atenção que as respectivas produtoras podem ter perante aos seus públicos, pois dessa maneira novas perspectivas sempre serão criadas, resultando em inovação e aperfeiçoamento das franquias. Logo, possibilitando às pessoas uma maior qualidade com o decorrer dos anos. Para os fãs de Pro Evolution Soccer e Fifa fica a dica: A união faz a força. E todos sairão ganhando. Por mais que isso pareça inimaginável se tratando de “pezeiros” e “fifeiros”.


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Cozinha também é lugar para homem! Rodrigo Araújo

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revista Alpha Magazine traz para você a coluna “Gastronomia Masculina” para incrementar seus dotes culinários. O professor universitário e consultor gastronômico, Vinícius Pires Martins, conversou com nossa equipe e trouxe algumas dicas essenciais para você fazer um bom churrasco.

Primeiro passo A CARNE Para a aquisição de uma boa carne, prefira compra-la em um açougue de confiança (desconfie sempre de preços muito baixos, pois podem ser decorrentes de produtos no limite de validade ou de má procedência). Evite carnes de “bandejinha” com aparência mais escura. Os cortes mais usados para churrasco são: Picanha, Contra-filé, Costela, Alcatra, Linguiça toscana e coxa e sobre coxa de frango.

Segundo passo QUANTIDADE Para calcular a quantidade de carne a ser comprada, leve em consideração se haverá outras opções de comida além da carne, como pão, arroz, maionese, salada, etc. A quantidade padrão é aproximadamente 400g por pessoa. Este valor é uma média, que vai depender se terão mulheres ou homens bons de garfo.


Terceiro Passo TEMPERO Na hora de temperar a carne, o sal deve ser colocado somente poucos momentos antes da carne ir ao fogo. Já temperos como ervas, pimentas, cheiro verde, alho ou outros condimentos, podem ser acrescentados horas antes, a fim de marinar a carne e agregar o sabor do tempero.

Quarto passo FOGO E PONTO Brasa é melhor do que fogo alto, pois o fogo muito forte pode tostar a carne por fora e deixa-la crua por dentro. Nunca coloque muita quantidade de carne para assar de uma só vez, pois a carne deve ser degustada quente e enquanto está suculenta. Procure servir a carne ao ponto, quanto está avermelhada por dentro, para garantir o máximo de suculência e maciez. O melhor é ir assando aos poucos, conforme os convidados forem consumindo.

#DicadoChef Sirva o seu churrasco com um molho argentino de “Chimi-Churri” é um composto de ervas, algo, pimentão, salsinha e pimenta desidratados que você encontra já pronto na seção de temperos nos mercados. Basta misturar com um pouco de azeite e vinagre e deixar descansar por 30 min para ficar pronto. É simplesmente delicioso, um ótimo acompanhamento para carnes assadas!

Colunista: Vinícius Pires Martins Professor Universitário e consultor gastronômico teve sua graduação em Maringá e se especializou em cozinha italiana internacional e cozinha japonesa durante 3 anos em que viveu na Itália.


Jornalista para ser ético, precisa sentar em uma sala de aula e aprender como é que se faz jornalismo. CASO CONTRÁRIO, NÃO EXISTIRÁ CREDIBILIDADE.


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