leiaogazeta.com.br
CIDADES | 5
| GAZETA REGIONAL | 09 a 15 de abril de 2022 |
TRAGÉDIA HOMEM CHEGA NA PORTA DA UNIDADE E MORRE APÓS VIOLENTA DISCUSSÃO PARA RECEBER ATENDIMENTO
Morte em pronto-atendimento de Poá devasta família, que busca por justiça
Apesar do estado grave do paciente, unidade demorou a atendê-lo O tumulto, que durou cerca de 20 minutos e alongou o sofrimento de Guedes, encurtando o seu tempo de vida, foi registrado por câmeras de celulares e as imagens se espalharam pelas redes sociais, provocando indignação. Vítima de
O CASO
Familiares de Genivaldo Guedes reclamam de suposta negligência
um AVC, ele foi socorrido pelo comerciante Marcelo Mirando da Silva, 42 anos, após passar mal no mercado do mesmo.
Na entrada da unidade de saúde, desesperado pela demora no atendimento, Silva se exaltou com o segurança, já que ele impediu a entra-
Antigo hospital foi repassado ao Instituto Alpha, que gerencia o PA
da do paciente, mantendo a porta do PA fechada, mesmo com Guedes aparentando estar desacordado. Depois de muita insistência e já com o apoio de outras pessoas revoltadas com a postura do segurança, outro funcionário apareceu com uma cadeira de rodas para Guedes ser atendido no PA. O que, talvez, tenha sido tarde demais: ele veio a falecer dentro da unidade de saúde. O caso é acompanhado pela Delegacia de Polícia de Poá, por meio de um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), e a polícia não deu detalhes sobre a investigação. Apenas relatou que pessoas estão sendo ouvidas. A morte de Guedes está atravessada na garganta dos poaenses.
‘Os netos sentem a falta do avô, a casa ficou vazia’, lamenta o genro de Genivaldo O desempregado Jailton Conceição dos Santos, que é genro de Guedes e o acompanhou na desastrosa chegada ao Pronto-Atendimento Guido Guida, ainda se mostra inconformado com o ocorrido. “A gente espera que a justiça seja feita, é uma vida perdida de um jeito que menos se espera. Ele teve esse mesmo problema o ano passado, foi socorrido lá mesmo e voltou bem pra casa”, lembrou. “Agora levamos e ele morreu. Os meus filhos eram muito apegados a ele, que morava com a gente. A casa ficou vazia”, lamenta. A reportagem esteve na manhã de quarta-feira (6) no antigo hos-
BRUNO ARIB
O caso envolvendo Genivaldo Guedes, 50 anos, morto na tarde do dia 19 de março, ao dar entrada no Pronto-Atendimento Municipal Guido Guida, continua evidenciando as deficiências da área da saúde em Poá. O setor, que já apresentava problemas desde a fase crítica da pandemia, quando foram fechadas algumas unidades da rede básica, continua levando risco à população usuária do sistema. A morte de Guedes impactou a cidade e trouxe dúvidas quanto aos serviços da OSS (Organização Social de Saúde) Instituto Alpha, responsável pelo PA Guido Guida, pela forma trágica que teria resultado no falecimento do paciente. Ele só foi atendido após violenta discussão de pessoas que estavam no PA com o segurança do local, que fechou a porta, obstruindo o socorro à vítima.
BRUNO ARIB
Por Aristides Barros reportagem@leiaogazeta.com.br
POR JUSTIÇA
Os familiares de Genivaldo Guedes querem responsabilização do Alpha
pital e ouviu relatos de demora de atendimento e pessoas ainda comentando a morte acontecida no
local. Algumas ainda falavam atônitas do ocorrido, entre elas uma estudante de enfermagem. “Estudo pra trabalhar na área de saúde, e saber o que aconteceu aqui reforça a minha vontade de seguir adiante, mas para salvar vidas. Escolhemos essa profissão para salvar, não para deixar as pessoas morrerem”, diz. “O que aconteceu foi desumano.” O Instituto Alpha diz que prestou a assistência necessária a Guedes afirmando que tentou, e não conseguiu, a remoção dele para um hospital por meio do CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde). (A.B.)