Jornal ES Hoje_808

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Fundado em 19 de julho de 2000 por Carlos Roberto Coutinho

Vitória, 20 de novembro de 2020 )) Ano XXI )) Nº 808 Edição Gratuita Semanal )) www.eshoje.com.br DIVULGAÇÃO

ESHOJE

DIVULGAÇÃO

POLÍTICA

COLUNA

CULTURA

Magoado e de malas prontas )) 11

Extremismo barrado nas urnas )) 12

Solidariedade na literatura infantil )) 15 DIVULGAÇÃO

CONSCIÊNCIA NEGRA para que haja CONSCIÊNCIA HUMANA

Edição especial do Dia da Consciência Negra traz matérias sobre negros capixabas em posição de destaque, empreendedorismo feminino negro e a negritude na música capixaba

Propostas do 2º turno em Vitória e V. Velha Matéria traz confronto de projetos entre Pazolini e Coser, Arnaldinho e Max, que voltam às urnas no dia 29/11 )) 4 e 5

DENGUE EM QUEDA NO ES, NA PANDEMIA Especialistas relacionam diminuição de casos à redução do sorotipo circulante )) 8


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Editorial

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

FOTO DA SEMANA

ESPAÇO DO LEITOR ESHOJE

Novas restrições 1

Sabe por que ele faz isso? Porque tem umas pessoas que foram para a rua, abraçaram seu candidato, fez aglomerações, não usaram máscaras e concordam com tudo que ele fala. Até ele tinha sumido junto com o vírus e agora voltou, mas tem eleição ainda. Será porque já apareceu? Acho que seus comparsas não foram eleitos como ele gostaria. E o povo não acorda meu Deus, como gostam de ser manipulados. Rosi Valadão

Novas restrições 2

Calçada próxima ao colégio Darwin, em Vila Velha, imunda de santinhos no domingo (15) de eleição

Jandy Costa

EDITORIAL

Novas restrições 3

O Morgan vem aí... de novo! Ao rolar a timeline das mídias sociais neste dia 20 de novembro, muitas pessoas irão receber o já clássico vídeo do ator americano Morgan Freeman, no qual ele afirma que ao invés de consciência negra é preciso haver consciência humana. Afirmamos que esta depende daquela. Num país como o Brasil é impossível se pensar em igualdade, ou melhor, em equidade social, cujo conceito está ligado à justiça, segundo Aristóteles, sem pensar em reparar a situação do negro. Após 400 anos de escravidão - sim é necessário explicar do início sempre - os negros foram largados à própria sorte, sem um incentivo sequer, para se viraram em uma sociedade racista, dominada por homens brancos. É claro que esta situação culminou que, quase de 140 anos depois da Lei Áurea, a população negra integrasse as camadas mais baixas da sociedade. No Espírito Santo, 77% da população preta ou parda está entre os 10% com os menores rendimentos, conforme matéria na página 3, enquanto 70,6% dos brancos estão entre os 10% com maiores rendimentos. Será que tem gente que tem coragem de dizer que esta desigualdade acontece porque o negro não foi à luta? Em matéria na página 9, a repórter Ana Luiza Andrade mostra como o sistema de fiança nas cadeias

capixabas contribui para o encarceramento social dos pobres e... negros. 82% da população carcerária capixaba é negra. Defensor público conta de situação de interno que ao pagar R$ 200 de fiança poderia responder em liberdade, mas estava desde março de 2019 preso. Enquanto a patroa branca da elite, ao responder por homicídio culposo por negligência ao cuidado do filho negro da empregada negra, responde em liberdade após pagamento de R$ 20 mil de fiança. Esse panorama de pobreza e injustiças - e muitas outras coisas exige uma reparação social de uma dívida histórica com a população negra, que, inclusive, quando se qualifica através de méritos próprios - mesmo estando "atrasado" - e chega ao mercado de trabalho, ainda é preterido em relação aos brancos, seja um negro de alto poder aquisitivo, ou pobre. Esse fato é demonstrado na matéria da página 3, na qual, mesmo negros em posição de destaque ainda carregam o estigma da cor da pele na batalha árdua contra

tiragem:

o racismo estrutural. Na página 7, ao comemorarmos o Dia do Empreendedorismo Feminino, fomos atrás de empresárias negras que, mesmo vencedoras, relatam menosprezos sofridos e também receio em se lançar no empresariado nas épocas que começaram seus negócios. Este quadro social, no qual o negro é subjugado, tem sido transformado lentamente nos últimos anos a partir de ações afirmativas e de empoderamento de homens e mulheres negras. Já é possível enxergar as universidades federais mais miscigenadas devido às cotas e, por consequência, o mercado de trabalho, timidamente. Mas para que isso melhore e, quem sabe, o dia da equidade possa chegar, é preciso dar sequência e aperfeiçoar essas políticas sociais. E isso só acontece através da política, não há outra maneira. Curioso é que, na Grande Vitória, agora no segundo turno, não vemos um prefeito negro concorrendo. Mais um sinal de que alguma coisa está errada e precisa mudar urgentemente.

A população toda foi prejudicada. A pergunta é: por que só a classe política não foi? Um empresário pode quebrar, agora as eleições não podiam ser adiadas pela Covid. Realmente o povo tem que deixar de aceitar o que os políticos mandam. Já deu. Robson Vasconcelos

Esporte e democracia

Ensino presencial

Sem vacina eficiente, nada feito. Vocês que lutem para proporcionar ensino de qualidade a distância. Leila Teixeira Mariano Botelho

Mulheres na câmara 1

E a masculinidade frágil se aflora e destila seu veneno. Força, meninas! Seremos resistência! Que bom que foram eleitas pelo povo e não estão na política porque papai conseguiu um carguinho. Chora menos. Fernanda Lopes Gonoring

Volta às aulas

Carla Jarlicht

A rotina diária de um professor é bastante desafiadora, e por vezes, exaustiva. A categoria enfrenta baixos salários, carga horária extensa, falta de estrutura e segurança nas escolas, falta de suporte e tantos outros problemas. Quem pensa que o trabalho do

No começo de junho, atletas das mais diversas modalidades, como Ana Moser, Isabel e Serginho (vôlei), Raí (futebol) Guga Kuerten (tênis), Diogo Silva (taekwondo), os nadadores Joanna Maranhão e André Brasil, atleta paraolímpico, entre outros, com o apoio de vários profissionais do âmbito esportivo e fora dele, formaram um grupo: o “Esporte pela Democracia”. Esta reunião de atletas lançou um manifesto em defesa da democracia, dos direitos humanos e civis, do respeito à vida e à diversidade. O documento expõe o posicionamento do coletivo, cujos valores que acredita existir no esporte devem ser estendidos a todos as esferas da vida em sociedade. Como exemplo, o direito à vida, à justiça, à igualdade, o respeito às individualidades, à importância do trabalho coletivo para o bem de todos e o antirracismo. Katiuscia Mello

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O povo também tem culpa da pandemia aumentar. Trabalho no comércio e várias pessoas querem entrar sem máscara, dizendo que já acabou, e não querem nem usar álcool. Se cada cidadão fizesse a sua parte não precisaria de autoridade nenhuma falando o que devemos fazer.

professor se encerra quando ele termina o seu turno de trabalho está bastante equivocado. Há ainda as tarefas de planejamento, verificação de materiais dos alunos e pesquisa que , invariavelmente, são realizados em casa( e sem remuneração), depois do seu horário de trabalho. Para além disso, há o vínculo afetivo construído por quem trabalha diretamente com pessoas diariamente, portanto os professores envolvem-se com seus alunos, preocupando-se com eles dentro e fora da sala de aula. Apesar desse vínculo ser desejável e, muitas vezes, condição para o desenvolvimento do trabalho, ele pode ser também mais um ingrediente de pressão quando o professor não encontra parceria seja com o aluno como com a própria família e com a escola. Esse conjunto de fatores pode, sim, afetar a saúde mental dos professores que se sentem( e são) extremamente exigidos pela sociedade, pela escola, pelas famílias de seus alunos, pelos próprios alunos e por eles mesmos, que querem realizar um trabalho de qualidade. Caso esses excessos não venham acompanhados de um suporte consistente da escola( gestores e coordenadores) podem tornar-se extremamente pesados, acarretando problemas de saúde como estresse e depressão, para citar apenas dois.

Danieleh Coutinho - MTB/ES 2694-JP danihcoutinho@eshoje.com.br

Jeferson Louis - MTB/ES 3605/ES

Carolina Boueri Thaís Rossi Ana Luiza Andrade Caroline Bandeira Matheus Passos Sara de Oliveira


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Comportamento

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

Vencedores: eles estão onde o negro deve estar É ocupando cargos de destaque que negros capixabas lutam contra o racismo estrutural MATHEUS PASSOS jornalismo@eshoje.com.br

D

iariamente, desde ligar a televisão a sair de casa, inúmeros casos exemplificam a desigualdade social na sociedade brasileira. Dentro dessa margem, fatos relacionados à população negra mostram que pouca coisa mudou na prática com o passar dos anos. Em 2019, no Espírito Santo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 77% das pessoas pretas ou pardas estavam entre os 10% com menores rendimentos, enquanto os brancos registravam 21,9%. Mudando de perspectiva, o cenário inverte: 70,6% dos brancos estão entre os 10% com maiores rendimentos, enquanto pretos ou pardos chegam a 27,2%. Diante deste cenário, a média do rendimento domiciliar das pessoas pretas ou pardas, no Espírito Santo, é de R$ 1.104. Em contrapartida, brancos recebem quase 80% a mais (R$ 1.976). Poucas melhorias reais para a população negra são perceptíveis. Mesmo assim, a criação de dispositivos e inserção de negros em cargos de destaque no mercado de trabalho, por exemplo, se tornou uma ferramenta chave neste processo de desconstrução histórico em um caminho sem volta. Para a gerente de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria de Estado de Direitos Humanos (SEDH), Edineia Conceição, este processo está ligado à situação de negros e negras estaren relacionados na maioria das vezes somente a cargos subalternos, mesmo tendo graduação pra alcançar e trabalhar em outros espaços. “Quando você começa a ter, e de forma evidente, negros e negras em espaço de poder, em cargos de chefia, você começa a desconstruir este padrão imposto por um racismo que está estruturado. E nós sabemos que somos negros e negras

NÚ M E RO S

77%

Dos negros do ES estão entre os 10% com menor rendimento

70,6%

Dos brancos do ES estão entre os 10% com maiores rendimentos

27,2%

São os negros neste último dado

DIVULGAÇÃO

extremamente capacitados, habilitados, pra ocupar cargos de gestão e de chefia em todas as esferas de trabalho”, ressaltou. GANHOS Este processo de inserção, por sua vez, é uma via de mão dupla. Ambos saem ganhando: tanto a empresa quando o negro ou negra que passa a ocupar o espaço. É preciso, no entanto, que mudanças sejam colocadas em prática para assemelhar oportunidades, atualmente, ainda pouco igualitárias. Desconstruir é preciso, mas olhar o indivíduo pela potência que ele tem e não pela cor de pele é mais urgente ainda. “Muitas vezes você colocava uma [pessoa] que era não negra, mas que não tinha capacidade. Muitos negros não foram contratados justamente por isso, por causa da cor da pele”, enfatizou Edineia.

Do crime ao Direto em busca de justiça dentro deste olhar está o advogado Gilmar Martins. Natural de Governador Valadares (MG), ele se mudou para o Espírito Santo aos 12 anos para que pudesse largar a criminalidade e focar nos estudos, única cobrança da família, que lhe traria frutos mais a frente. “Eu tive uma base familiar que me cobrou a escola, mas nesse intervalo, eu tive uma família que se desestruturou cedo. Minha mãe não tinha condições, a gente passava dificuldades. Quando eu tive a oportunidade de vir para Vitória, a minha família só me cobrava que eu estudasse. Até completar 18 anos, era o estudo. E foi quando o Hip Hop entrou na minha vida”, contou, destacando que o desejo de se tornar advogado veio em razão deste grupo que o acolheu e o fez entender o preconceito de forma incisiva a partir de um comparativo de abordagens policiais. Mesmo diante disso, Martins destaca que o preconceito não deixará de existir em razão do poder aquisitivo que ele tiver. “Não que seja normal, mas o preconceito racial vai nos acompanhar pro resto de nossas vidas, independente de eu ter pouca ou muita grana. Hoje, as pessoas olham pra gente de uma forma diferenciada, mas o preconceito está abordado”.

Advogado Gilmar, vice-governadora Jacqueline e a gerente Edineia: desconstrução de paradigmas

“Responsabilidade de motivar” a mudança parte, em primeiro lugar, a partir de atitudes concretas. Em seguida, é preciso que os mais jovens negros se vejam em que está em destaque, entender que todo e qualquer lugar também é deles. Neste posto, o estado tem a vice-governadora, Jaqueline Moraes.

Acho que meu maior prazer é motivar as pessoas, inspirá-las a continuar

JACQUELINE MORAES, vice-gov.

Criada no Rio de Janeiro e filha camelôs, ela tem no próprio pai, vindo da região Norte do país, o exemplo de quem desde sempre buscou uma vida melhor. A necessidade a fez adquirir maturidade aos 12 anos, quando teve a primeira e própria barraca de camelô. Jaqueline era uma das centenas de vendedores ambulantes que montavam barracas de produtos importados, a poucos metros do Palácio Anchieta, sede do Governo do Espírito Santo. Hoje, vice-governadora, ela não é só exemplo para um estado, mas para todos os jovens negros e negras. “Os prazeres em ser uma mulher negra e estar ocupando um posto

assim, de tão relevância no Estado, é quando você olha pra trás e percebe a história, mas também traz uma responsabilidade muito grande de ser pras meninas que estão lá na comunidade, as meninas negras do cabelo cacheado e dizer que elas podem chegar onde quiserem. Então, assim, acho que o meu maior prazer é motivar as pessoas, inspirá-las a continuar”. Para Edineia, o negro, por si só, já é um ato político desde o nascimento. Chegar a um cargo de destaque, a exemplo da vice-governadora, faz-se importante por conta da movimentação que “arrasta toda a sociedade para essa mudança positiva”.

Combate ao racismo estrutural de acordo com a vice-governadora, combater o racismo social, estrutural e o machismo estruturado na sociedade é um dos prazeres e missão que tem. “Isso que me motiva a acordar todo dia de manhã com muita disposição e ir trabalhar muito. Não somente porque tem que me afirmar ou me reafirmar, mas pra deixar um legado. As dificuldades são as que qualquer mulher negra tem”. Além da cor da pele, as histórias de Edineia, Jaqueline e Gilmar se entrelaçam. Para a gerente de Promoção da Igualdade Racial da SE-

DH, a vice-governadora é uma inspiração próxima, que chega a dividir o mesmo prédio de trabalho. Já entre Gilmar e Jaqueline, está a advocacia e o tempo que durou até conseguirem, ou quase, se formar. “Conseguir chegar numa profissão dessas e ter destaque é muito penoso. Conforme foi pra mim conseguir bolsas de estudos. Eu comecei a faculdade em 1998 e só consegui concluir em 2009, porque, num determinado período, fui expulso por não ter condições de pagar e não conseguir manter. A minha família era pobre e não ti-

nha condições de me proporcionar”, disse Martins. No caso da vice-governadora, com 26 anos, a necessidade de voltar a estudar bateu a porta por meio de lembranças da escola. Jaqueline cursou o EJA e passou para o ensino regular, e depois se matriculou em uma faculdade. Educação e oportunidade se tornaram palavras chaves para a mudança acontecer dentro de espaços desiguais. Assim, é preciso não só falar, mas fortalecer a presença de jovens, negros e mulheres negras nos espaços de poder e de decisão.


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Política

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

As promessas do 2º turno Confira as principais promessas dos candidatos ao Executivo de Vitória e Vila Velha GUSTAVO GOUVÊA gustavo@eshoje.com.br

A

s eleições 2020 já são consideradas as mais disputadas dos últimos anos nos principais municí-

pios da Grande Vitória. Em todas das quatro cidades com mais de 200 mil eleitores – portanto, as com possibilidade de segundo turno – a decisão foi adiada do último dia 15 de novembro, quando aconteceu o primeiro turno das eleições mu-

CANDIDATOS VITÓRIA

nicipais 2020, para o dia 29 de novembro, quando, finalmente, os prefeitos de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica serão conhecidos. Para ajudar o leitor a escolher melhor o candidato, ESHOJE pediu que cada um deles elencasse

os seus dois principais projetos políticos em 11 diferentes áreas: educação, saúde, segurança, desenvolvimento econômico, assistência social, esporte/lazer, cultura, turismo e meio ambiente. Isso, de modo que o leitor possa

comparar parte do plano de governo que terão para os próximos quatro anos de gestão municipal. Nesta edição, confrontaremos os projetos dos candidatos a prefeito de Vitória e Vila Velha. Na próxima, serão os de Cariacica e Serra.

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

DELEGADO PAZOLINI (REPUBLICANOS)

JOÃO COSER (PT)

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO

SAÚDE

SAÚDE

SEGURANÇA

SEGURANÇA

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

ASSISTÊNCIA SOCIAL

ASSISTÊNCIA SOCIAL

ESPORTE E LAZER

ESPORTE E LAZER

CULTURA

CULTURA

TURISMO

TURISMO

MEIO AMBIENTE

MEIO AMBIENTE

Zerar no primeiro ano o déficit vagas em creches do município, inclusive com a possibilidade da compra de vagas na rede privada. Colocar toda a rede de ensino de Vitória entre as três melhores da educação pública do Estado. Ampliar o acesso das pessoas a médicos especialistas, além de exames e procedimentos especializados, realizando parceria com a iniciativa privada. Ampliar a atenção domiciliar, por meio do aumento de equipes de estratégia da saúde da família, para cuidar da saúde, agindo de forma curativa e preventiva e o horário de funcionamento das unidades de saúde para até as 22 horas. As ações de segurança do Município serão tratadas no Gabinete do Prefeito; Garantir a presença efetiva da Guarda Municipal nas ruas da cidade, assegurando o enfrentamento aos crimes contra à vida e ao patrimônio, com a instalação de botão do pânico para os comerciantes. Simplificar e desburocratizar os serviços que impactam a vida do cidadão, bem como de novos empreendimentos; Criar um programa de empreendedorismo com a realização de consultorias, cursos e treinamentos com a possibilidade de linha de crédito para abrir o primeiro negócio. Criar o Programa Reintegra, que irá ampliar a abordagem e o cuidado às pessoas em situação de rua, oferecendo também parcerias com organizações da sociedade civil. Criar e implementar o programa de renda mínima municipal. Desenvolver um aplicativo com dicas de vida saudável e relação dos equipamentos, locais, dias e horários de de atividades esportivas individuais e coletivas promovidas pela Prefeitura; Apoiar a realização de diversos campeonatos nos bairros, estimulando a prática esportiva de todas as modalidades em parceira com as Federações e Clubes. Criar festivais culturais em todas as regiões da cidade, estimulando eventos, com apresentação dos artistas locais; Criar o Centro Municipal de Cultura no Teatro Carmélia, com a reforma do espaço e implantação de uma gestão voltada para o crescimento cultural desse equipamento público. Incentivar o turismo de negócio e o turismo nas comunidades; Viabilizar a construção do Centro de Convenções. Implantar a central de monitoramento atmosférico, com divulgação dos dados atualizados da qualidade do ar e tomada de decisão imediata; Universalizar os serviços de esgoto, aprimorando a legislação ambiental.

Qualificar e ampliar a Educação em Tempo Integral Garantir o acesso e permanência dos estudantes com deficiência nas escolas, ampliando e melhorando as condições do atendimento e dos espaços físicos para uma educação especial inclusiva. . Desenvolver um plano de atenção psicossocial pós-pandemia, ampliando e fortalecendo a Rede de Atenção Psicossocial, em função do aumento das diversas expressões do sofrimento psíquico decorrentes dessa situação. Melhoria do atendimento nas unidades básicas de saúde e ampliação da oferta de consultas e exames especializados. Fortalecimento, qualificação e ampliação da Guarda Municipal, com formação, ações de valorização, reorganização dos grupamentos, e investimentos em tecnologia e inteligência Investir em programas de prevenção das violências e de promoção do desenvolvimento social, de trabalho e geração de renda. Criação do Banco Vix, um banco comunitário que oferecerá crédito à população de baixa renda e aos pequenos negócios. Reativação do Fundo Municipal de Ciência e Tecnologia - FACITEC para apoio e fomento a estudos e pesquisas, laboratórios de testes, de design de produtos, serviços, aplicativos. Fortalecer o Centro de apoio à população em situação de rua já existente e criar mais uma unidade para ampliar o atendimento a esta população. Reabertura do Restaurante Popular e do Centro de Referência da Juventude. Ampliar as escolinhas de esporte, diversificar as modalidades e organizar campeonatos comunitários e escolares. Promover a manutenção dos espaços esportivos e disponibilizar orientação por educadores físicos e outros profissionais, para quem busca atividades físicas. Retomar e fortalecer o Projeto Circuito Cultural com programação de atividades em todas as regiões da cidade e fomentar a ocupação dos espaços e sua manutenção. Fomentar a produção cultural - circulação e produção, por meio de editais, a fim de promover diversificação, multiculturalismo, reconhecimento e impulsionamento da cultura local. Investir na captação de eventos para a cidade. Fortalecer o Projeto Visitar e promover a preservação do patrimônio histórico. Implantar um programa municipal para a geração de energias limpas, na ampliação de geração de energia solar para atendimento aos equipamentos públicos. Ampliar o serviço de acolhimento animal com veterinário e atendimento clínico.


Política

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

CANDIDATOS VILA VELHA

DIVULGAÇÃO

DIVULGAÇÃO

ARNALDINHO BORGO (PODEMOS)

MAX FILHO (PSDB)

Educação

Educação

Saúde

Saúde

Segurança

Segurança

Desenvolvimento econômico

Desenvolvimento econômico

Assistência Social

Assistência Social

Esporte e Lazer

Esporte e Lazer

Cultura

Cultura

Turismo

Turismo

Construir novas escolas e creches, retirar crianças que estudam em contêiners atualmente e zerar o déficit de cinco mil crianças fora das salas de aula; Valorizar o servidor, implantar um programa de avaliação de desempenho e implantar tecnologia e inovação nas escolas; Informatizar o processo de marcação de consultas e de vacinação (marcação online por app, site e tel) Construir Unidades de Saúde (Terminar a de Riviera da Barra) e oferecer médicos especialistas (pediatra, ginecologista e clínico geral) nas unidades; Reaparelhar e valorizar a Guarda Municipal, instalar módulos 24h em regiões de maior vulnerabilidade; Instalar o cerco eletrônico (com reconhecimento facial) e investir em ações de inclusão social voltadas para regiões de maior vulnerabilidade e moradores de rua; Desburocratizar a gestão, criar bairros logísticos, industriais e desenvolver polos comerciais para geração de emprego; Criar rede de assessoria ao empreendedor individual e uma rede municipal de economia para que os negócios aconteçam dentro da cidade, fomentando emprego, renda e volume de negócios. Fortalecer atendimento especializado para mulheres vítimas de violência e criar redes de economia solidária para independência financeira das mulheres. Criar programa de acolhimento, capacitação, absorção de mão de obra de moradores em situação de rua, restabelecer laço familiar e oferecer tratamento para dependência química. Fomento do esporte no contra turno escolar para formação social e de rendimento; Buscar recursos para ampliar o auxílio do Bolsa Atleta e construir equipamentos esportivos em cada região para acolher, preparar e treinar atletas da base ao alto rendimento; Ocupação dos espaços públicos com atividades artísticas e culturais; Criar calendário de atividades culturais e o programa de formação cultural para acesso e oportunidade de qualificação para artistas locais; Fomentar tipos de turismo (de proximidade, religioso, pet, rural, negócios, náutico, aventura, histórico, natureza, gastronomia, surf e mergulho, 23 de maio); Desenvolver roteiros de ecoturismo, turismo rural, turismo de aventura e turismo religioso.

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Continuar priorizando a política de Educação Infantil com a construção de novas escolas (no momento estamos com 10 unidades em construção). Valorizar os profissionais da educação, garantindo programas de Formação Continuada e incentivos à permanente qualificação e progressão na carreira. Consolidar o sistema de unidades de atendimento à saúde com a entrada em operação das novas unidades inauguradas em 2020 e 2021 (4 Unidades Básicas, a UPA de Riviera da Barra, o Centro Especializado do Idoso e CAPS-I de Jabaeté). Ampliar a cobertura de Estratégia de Saúde da Família. Expandir e promover a atualização tecnológica do sistema de vídeomonitoramento em áreas prioritárias e implantar o projeto "Cerco Eletrônico" integrado com a SESP/ES. Apoiar as ações integradas dos agentes de segurança pública para a melhoria do combate ao consumo e tráfico de drogas. Atrair a implantação de novas empresas para o Município, com base no Plano de Desenvolvimento Sustentável, visando a utilização de incentivos fiscais, atraindo investimentos para os setores de logística, comércio exterior, petróleo e gás natural, cultura, turismo. Simplificar e reduzir o tempo de rotinas burocráticas relacionadas aos empreendimentos, em especial, para a abertura de novas empresas. Oferecer oficinas para atender usuários dos serviços do CRAS e CREAS dentro do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) Investir em estratégias de atendimento familiar à Pessoas em Situação de Rua (PSRs) Fortalecer e ampliar as ações do Programa Bolsa Atleta e do Projeto Campeões de Futuro Promover em parceria com a iniciativa privada a realização de eventos esportivos internacionais e nacionais. Promover e apoiar eventos (literários, gastronômicos, religiosos, esportivos, culturais, festivos e outros). Instituir programa anual de apoio a artistas, grupos, instituições e produtores culturais locais. Articular com a Secretaria de Estado do Turismo a realização de campanha de promoção do destino Vila Velha, com a criação de novo Portal Turístico no site da Prefeitura. Viabilizar projetos de Parceria Público/Privada para implantação de Marinas no município.


PUBLICAÇÃO LEGAL EDITAIS • COMUNICADOS • BALANÇOS • CONVENÇÕES • PRESTAÇÕES DE CONTAS SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020 )) WWW.ESHOJE.COM.BR )) BIANCA@ESHOJE.COM.BR )) ANUNCIE: (27) 3026-1777 COMUNICADO

"ROTASOL IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS LTDA", torna público que Obteve da SEMMA - VIANA, através do processo n° 2838/2020, Licença Ambiental Municipal Prévia - (LMP) e Licença Ambiental Municipal de Instalação (LMI), para atividade Construção de Galpão, na localidade da BR 262, Bairro Bom Pastor, Município de Viana - ES.

COMUNICADO

A empresa PEIXARIA VILA VELHA LT DA - M E (CNPJ Nº 07.981.903/0001-40) torna público que obteve da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), através do processo Nº 10073/2017, a LICENÇA MUNICIPAL S I M P L I F I C A DA - L M S N º 078/2020 – CLASSE S – GRUPO 15.14 (N) -, para a atividade de AÇOUGUES E/OU PEIXARIAS COM CORTE E MANIPULAÇÃO, à Rua Júnior Marangoni, N° 05, Vila Nova, Vila Velha/ES.

COMUNICADO

CLINICA SANTA PAULA LTDA torna público que requereu da SEMM A , at rav é s d o P ro c e s s o n º 45144/2020, Licença LMAR/LMS para atividade de Clínica Médica com Procedimento Cirúrgico, Cod: 23.05 na localidade de Rua Ebenezer Francisco Barbosa Nº 10 Santa Mônica, Mun. de Vila Velha - ES.

COMUNICADO

SKY SERVIÇOS DE BANDA L A R G A LT D A ( E S V VA 0 2 5 ) , torna público que OBTEVE da SEMMA, através do processo n° 15554/2019, Licença Municip a l S i m p l i f i c a d a ( L M S ) , p a ra ESTAÇÃO DE TELECOMUNICAÇÃO, 18.17 (N), na localidade de Rua Guaçuí, Lote 17, Quadra 22, Ulisses Guimarães, Mun. De Vila Velha - ES.

COMUNICADO

TERRA LATINA COMERCIO EXTERIOR - EIRELI., CNPJ: 07.004.166/0003-97 torna público que OBTEVE do IEMA, através do Processo nº 36459895, renovação da Lic e n ç a d e O p e r a ç ã o ( LO ) n º 217/2020, para atividade de Extração de Granito com fins ornamentais na Fazenda Marim, Baunilha, s/nº, zona rural no Município de Colatina-ES.

COMUNICADO

T I P I T I M OT E L E E I R E L I M E torna público que OBTEVE da S E M M A , at ravé s d o p ro c e s s o n°37088/15, LMO Nº 31/2020, para a atividade de Empreendimentos de hospedagem (pous a d a s , h ot é i s e m ot é i s ) , có d 1 8 . 1 3 n a l o c a l i d a d e d e Ro d . Carlos Lindemberg, 1877, Alecrim, Vila Velha, ES.

COMUNICADO

LU C I E N E B A R B O S A V I ÇO S I , torna público que requereu da S E M M A , at ravé s d o p ro c e s s o nº 41.204/2020, para atividade de reparação, retífica, lanternagem e/ou manutenção de máquinas... (cod. 5.08), loc a l i z a d o n a R . H u m b e r to Lo renzutti, 439, Nossa Senhora da Penha, Vila Velha, ES, Cep 29100-180.

LEIDE MONTEIRO BASTOS –ME. CNPJ: 03.421.060/0001-76 torna público que REQUEREU na SEMMA, através do Processo nº 004881/2020, Licença Prévia, Instalação e Operação, para atividade de Extração de Areia na Fazenda Sítio Leonel Preciosa, Córrego Leonel, s/nº, zona rural no Município de Jaguaré-ES.

IRMÃOS CAFFEU AREIA E MATERIAL DE CONSTRUÇÃO L T D A . C N P J : 09.622.610/0001-00 torna p ú b l i co q u e R E Q U E R E U n a SEMMA, através do Processo nº 0048822020, Licença Prévia e Instalação, para atividad e d e E x t ra ç ã o d e A r e i a n o Córrego Vargem Grande, s/nº, zona rural no Município de Jaguaré-ES.

COMUNICADO

COMUNICADO

COMUNICADO

COMUNICADO

COMUNICADO

COMUNICADO

VERDE-OLIVA INDÚSTRIA TERMOQ U I M I C A LT D A . , C N P J : 36.991.087/0001-53 torna público que REQUEREU do IEMA, através do Processo nº 89249704, Licença Prévia (LP) e Licença de Instalação (LI), para atividade de Fabricação de Outros Produtos Químicos não especificados, na Estrada Ladeira Grande, s/nº, Sítio Siqueira, Parque Industrial, zona rural no Município de Viana-ES.

COMUNICADO

ILHATEC SERVIÇOS AMBIENTAIS EIRELI torna público que OBTEVE da SEMDESU, através do processo n° 46140/2019, a Licença LMAR Nº 177/2020, para a atividade de Triagem, desmontagem e/ou armazenamento temporário de resíduos sólidos Classe I (incluindo Ferro Velho), cód. 20.02, na localidade de Rua Piracicaba, 300, Jardim Marilândia, município de Vila Velha - ES.

COMUNICADO

CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO RESIDENCIAL DIPAOLA, torna público que requereu a SEMAG, por meio do processo 3888/2020, a Licença LAS Licença Ambiental Simplificada, para atividade de Condomínio Habitacional, na Rua Antonio Claudio Coutinho (Centro), 106 - São Judas Tadeu, no Mun. de Guarapari – ES.

CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO RESIDENCIAL FERNANDES, torna público que requereu a SEMAG, por meio do processo 3883/2020, a Licença LAS Licença Ambiental Simplificada, para atividade de Condomínio Habitacional, na Rua Vina Del M a r, 3 5 4 - E n s e a d a A z u l , n o Mun. de Guarapari – ES.

COMUNICADO

FORTBRAS AUTOPECAS S.A, CNPJ n°. 22.761.584/0085-69, torna público que REQUEREU junto à SEMMA mudança de titularidade do processo de licenciamento n°. 35716/2018, anteriormente sob a responsabilidade da AMBRA PNEUS SERR A LT DA , C N P J n ° . 19.412.802/0001-37.

AUDIÊNCIA PÚBLICA VIRTUAL A SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E URBANO torna público e CONVIDA todos os cidadãos interessados para participarem da Audiência Pública de Apresentação do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) para implantação de Empreendimento de Uso Comercial da Empresa ARZU PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA, a ser implantado Bairro Vila Bethânia/ES, com o objetivo de garantir a participação das comunidades, Data da Realização : 26 de novembro de 2020 Acesso Virtual: Pelo aplicativo Zoom, ID da reunião: 870 7149 8982, Senha de Acesso: 4ZiY50. Horário: Início às 18h00min.

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Investir na sua empresa é prioridade Atas, Editais, Extratos, Balanços e Comunicados. Entre em contato. Bianca Coutinho bianca@eshoje.com.br (27) 3026-1777

FORTBRAS AUTOPEÇAS S.A, torna público que requereu da SEMDEC/SUB-MA Cariacica, ES através do processo n°21720/2018 a Licença LAC, para a atividade de reparação, retífica, lanternagem e/ou manutenção de máquinas (cód. 5,07), na localidade de Av. Mario Gurgel, S/N, Vila Capixaba, Cariacica – ES.

COMUNICADO

JOSE ADILSON LOURENCO, CPF nº. 471.110.707-04, torna público que REQUEREU da SEMMA, a Licença por Adesão e Compromisso (LAC), para a atividade de “aterro de resíduos sólidos e rejeitos oriundos de atividades de construção civil - Classe A” com inscrição imobiliária 00980044168001, na localidade de Rodovia ES-010, Jardim Limoeiro, Município da Serra - ES.


Economia

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

Donas do próprio negócio

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DIVULGAÇÃO

Apesar de dificuldades, empresárias negras do ES crescem no mercado e dão novo significado aos produtos GLEYCIANE MARRIEL jornalismo@eshoje.com.br

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o dia 19 de novembro é comemorado o dia do empreendedorismo feminino. Você já se perguntou como é formar 30,9% da população capixaba, segundo dados do Movimento Mulheres Negras Decidem, e, mesmo assim, enfrentar dificuldades, superar e construir um empreendimento lucrativo e que muda vidas? Empreendedoras negras do estado contam e compartilham suas experiências. A empreendedora Denize Nascimento é bióloga especialista em Fitoterapia e Cosmética Natural e a quase 6 anos dona do Nativa EcoCosmeticos, que tem a finalidade de unir o meio ambiente e a beleza. Para ela, empreender sendo uma mulher negra não foi fácil. “Quando se é mulher e negra, tudo o que for fazer será um pouco mais difícil, se vem de origem mais humilde então.. piora um pouco mais. O início da empresa não foi fácil, as pessoas não acreditaram quando eu disse que iria sair do meu emprego (que não me valorizava e não me dava oportunidades) e ia empreender, ainda mais fazendo sabonetes. As pes-

soas desacreditaram porque para uma mulher negra empreender seria válido apenas se fosse questão de sobrevivência e não acharam que seria um futuro promissor”, comenta.

Quando se é mulher e negra tudo o que se for fazer será um pouco mais difícil

DENIZE NASCIMENTO, empresária

Segundo ela, as dificuldades não a impediram de abrir seu negócio, mas a impulsionaram. “Uma vez no banco a gerente nem me deixou sentar na cadeira e já foi me dizendo que eu estava no local errado e mesmo eu dizendo que era empreendedora e queria uma conta jurídica ela me olhou de cima a baixo como quem diz “e daí ?!” Mas isso não me abateu, nasci negra , sofri preconceito desde a época da escola , isso não me abate mais, só me impulsiona na busca dos meus objetivos”. AUTOESTIMA Mayara Queiroz, trancista há dois anos e dona do Raiz Mística, compartilha o mesmo sentimento. “O raiz mística surgiu da mi-

Denize é empresária do ramo de cosméticos e Mayara é dona de um salão de beleza negra

nha dificuldade de entrar no mercado de trabalho e da vontade de fazer as pessoas se sentirem bem. Não foi fácil porque eu não tinha dinheiro para começar o salão. Comecei de casa, na varanda. O que eu sempre me perguntei foi: porque a maioria das trancistas que eu conheço não possuem salão ou ainda são muito pequenas?”, explica. Para a trancista, expandir foi o diferencial que abriu novas oportunidades. “ A maioria das trancistas que eu conhecia não tinham salão ou trabalhavam sozinhas. E eu me questionava muito o por que elas não cresciam. Por que não tomavam um passo maior e tinham que ser tão pequenas no mercado. Quando comparamos a um salão não especializado para o público negro, você entra e tem vários funcionários, é expansivo e tem várias filiais. Eu não entendia por que a parte da beleza negra, principalmente das tranças, não tinham isso. Então eu venho quebrando paradigmas, dando oportunidades de emprego à mulheres e renovando autoestimas”, diz.

Empregando mais mulheres uma questão em comum entre as empreendedoras é a vontade de abrir espaço para as pessoas negras. Para Kelly, muitos têm grandes sonhos, mas são inibidos pela sociedade. “Não agregam valor ao nosso trabalho por sermos negros. Acredito que nosso lugar no mercado só será realmente inclusivo quando estiver de igual pra igual, 50% a 50%”. Os sabonetes da empreendedora Denize não são apenas produtos, é através deles que mulheres negras são priorizadas. “Empreender, para grande sociedade, é apenas para os filhos de brancos que inovam com suas startups. Eles sempre vão du-

vidar de nós. O preconceito está em toda parte! Agora posso dizer que estou realizando um sonho. Trabalho com o que amo e ainda consigo oferecer trabalho a outras mulheres negras, inclusive acabei de fazer uma seleção de candidatas a trabalhar comigo e como pré-requisito deveriam ser negras”, enfatiza. Inclusão e ancestralidade são também os produtos mais especiais que a trancista Mayara oferece. “Hoje eu emprego principalmente mães, tenho minhas prioridades ao contratar. Busco crescer e dar oportunidade a outras mulheres. Acho interessante dizer que, quando uma

nova cliente trança o cabelo pela primeira vez, o primeiro impacto é desse reconhecimento da sua ancestralidade, sua negritude. Devolvemos a elas a autoestima. Costumo falar que quando alguém senta ali na cadeira, a gente não faz um cabelo a gente faz uma cabeça. O propósito é muito maior”, diz.

Mudando o padrão o p rob l e m a para Kelly dos Santos, dona da loja virtual Moda Pimenta, que se segmenta em moda íntima e moda praia foi também, ainda no início, se deparar com um mercado pouco inclusivo para mulheres negras. “A princípio eu morria de medo de aparecer nos stories da minha loja, imaginava o que iriam pensar de mim. Nesse meio existe muito preconceito, visto que você é uma mulher negra, com cabelos cacheados, vendendo produtos classificadas como peças íntimas de luxo onde a modelo é totalmente o padrão imposto pela sociedade” Um dos objetivos de Kelly é mudar esse padrão.“Eu quero diversificar. Hoje minhas clientes se identificam comigo, consegui expandir o mercado. Ainda não tenho condições de pegar peças em grande demanda e possuir minhas próprias modelos, então uso as fotos que o fornecedor manda, que ainda segue esse padrão. Em um futuro breve quero mostrar que todas podem, já diminui bastante esse uso estereotipado na página do meu instagram”, comenta. Segundo Denize, empreender faz parte de um processo. “O foco não deve estar em ser bem su-

cedido, mas sim na realização de um objetivo. Não sou uma mulher sonhadora, meu pai sempre me disse que não era pra eu ter sonhos pois eles são difíceis de realizar, temos que ter objetivos e esses sim são palpáveis. Então , tenha foco! Não adianta querer tudo de uma vez, dê um passo de cada vez, demorei 6 anos para chegar aqui, não precisamos ter pressa”, relata. E Mayara confirma que leva tempo e que o foco não pode faltar. “No meu negócio, como não consegui investimento, eu entendi que deveria gerir mesmo que devagar. Definindo metas pessoais com o que eu tinha e com o que eu podia. Em meus cursos sempre falo sobre fazer tudo com planejamento. Se a gente real tomar posse do empresariado e galgar passos maiores, com planejamento e organização financeira vamos conseguir crescer”.

Hoje minhas clientes se identificam comigo. Consegui expandir o mercado

KELLY DOS SANTOS, empresária

Hoje emprego sobretudo mães. Tenho minhas prioridades ao contratar

MAYARA QUEIROZ, empresária

Kelly é dona da loja virtual Moda Pimenta de moda praia e íntima


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Saúde

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

Casos de dengue caem 43% no Espírito Santo Dado do Estado é motivo de comemoração no Dia Nacional de Combate à Dengue GABRYELLA GARCIA jornalismo@eshoje.com.br

D

ia 21 de novembro é comemorado o Dia Nacional de Combate à Dengue e, ao menos um motivo para se comemorar há. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa), o número de casos notificados de dengue no Espírito Santo caiu 43% no ano de 2020. Do início do ano até o momento, foram 44.137 casos de dengue notificados . No mesmo período do ano passado foram 76.897 casos, uma diferença de 32.760. Acompanhando a tendência de queda, o número de óbitos caiu ainda mais, registrando um decréscimo de 72% em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram registradas 39 mortes no ano de 2019, contra 11 mortes neste ano. Para o professor da Ufes e especialista em doenças infecciosas e parasitárias, Dr. Crispim Cerutti Jr, um dos principais motivos para a redução no número de casos, além de uma possível subnotificação por conta do coronavírus, é o chamado efeito do esgotamento de suscetíveis. “Quando um soro viral fica circulando durante muito tempo em um mesmo ambiente, as pessoas deixam de estar suscetíveis à doença e há uma expectativa de redução do sorotipo circulante. O aedes aegypti circula com quatro diferentes sorotipos, o 1, 2, 3 e 4”. IMUNIDADE Ou seja, isso não quer dizer que as pessoas se tornaram imunes à dengue ou que a circulação do mosquito vetor simplesmente foi controlada. “As estatísticas podem estar mais baixas em relação ao ano passado porque a

DIVULGAÇÃO

população suscetível ao vírus do tipo 2 (sorotipo circulante neste ano) está esgotada”. O médico ainda explicou que não há a coexistência de sorotipos e um deles sempre é predominante. Portanto, é impossível que uma pessoa tenha dengue pelo mesmo vírus em dois anos seguidos. Quem foi contaminado por um vírus em um ano, estará imune para esse mesmo sorotipo no ano seguinte. “Mas isso não significa que o mosquito deixou de circular, infelizmente ele continua no Espírito Santo”, afirmou o especialista.

CUIDADOS COM A DENGUE

80% do problema resolvido o especialista também disse que constantemente as pessoas são responsabilizadas por água parada em vasos, pneus e garrafas, mas é fundamental que os governos deem condições de eliminar as viroses urbanas oferecendo coleta e abastecimento de água regulares. O impacto da dengue no Espírito Santo é um ano de pandemia, para o especialista, depende da organização de saúde de cada município. “Uma cidade de atenção primária bem organizada e estruturada, não vai ter problemas em hospitais por causa da dengue, portanto independe de existência ou não de coronavírus. Equipes primárias bem estruturadas resolvem 80% dos problemas de saúde, inclusive dengue, sem a necessidade hospitalar. Mas, é evidente que um sistema mal estruturado vai sofrer com algo número de internações e, por conta do coronavírus, podem não haver vagas”.

S E RV I ÇO

Um dos motivos para a queda é o efeito de esgotamento de suscetíveis

• Tampar os tonéis e caixas d'água • manTer as calhas sempre limpas • manTer lixeiras bem tampadas • Limpar semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia • Deixar ralos limpos e com aplicação de tela • Deixar garrafas sempre viradas com a boca para baixo • aTenção com plantas que podem acumular água

Cuidados, prevenção e fiscalização em virtude de um ano atípico como 2020, com a pandemia do coronavírus, os cuidados com a dengue também tiveram seus procedimentos alterados. A Sesa informou que adotou estratégias para permanecer com as atividades respeitando as medidas de prevenção ao vírus, como a realização de capacitações em locais abertos e reuniões por videoconferência. Já a questão de fiscalização e aplicação de possíveis multas para pessoas que deixam o ambiente propício para a proliferação do mosquito, é feita pela prefeitura de cada município. Portanto, a Sesa não pos-

CRISTIANO BORGES

Fiscalização pelas prefeituras

suí dados referentes a aplicação de possíveis multas. Para o Dr. Crispim, entretanto, as medidas que são exigidas da população não são verdadeiramente efetivas. “Viroses urbanas são fenômenos relacionados a estrutura do espaço urbano e aos desenvolvimentos deficitários desses espaços. A diferenciação social das áreas urbanas – áreas pobres e ricas – é o principal fator de proliferação do mosquito. Áreas mais pobres e mal estruturadas, sem um escoamento de água adequado, facilitam o criadouro do mosquito. É muito mais uma questão do poder público”.


Segurança

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

Fiança: desigualdade no sistema prisional Para especialistas, a fiança, que pode ser de um a 100 salários mínimos, pune o pobre e privilegia quem tem o poder aquisitivo alto DIVULGAÇÃO

ANA LUIZA ANDRADE jornalismo@eshoje.com.br

P

ara quem serve a fiança? A medida, que tem como funcionalidade custear os gastos do acusado, se tornou, na prática, uma medida punitiva para a população pobre no Brasil. Em consequência dessa realidade, o Espírito Santo foi responsável pelo primeiro passo na mudança desse sistema desigual chamado “Justiça”. Em primeiro lugar, a delegada e assessora jurídica, Nicolle de Castro Perúsia, explica que a fiança é apenas aplicada em crimes não violentos. “É mais fácil apontar em quais frações não cabe fiança, que são crimes hediondos como tortura, tráfico de entorpecentes, terrorismo, estupro, homicídio, entre outros. Ou seja, crimes com pena inferior a quatro anos”. Portanto, a fiança dá a oportunidade ao acusado de aguardar o julgamento em liberdade. Porém, quem pode pagar? A delegada explica. “No caso do flagrante, cabe ao juiz a decisão e o valor da

O valor pago é guardado para o pagamento de multas e custeio do processo

Em outurbro, 600 presos condicionados ao pagamento de fiança ganharam liberdade no Estado

fiança. Que pode ser a partir de um a 100 salários mínimos. Para isso, são considerados diversos fatores, entre eles, a situação financeira do acusado. O valor pago é guardado para o pagamento de multas e custeios do processo, e caso seja inocentado, o valor retorna ao réu”.

do uma questão punitiva ao pobre, e privilegia quem tem o poder aquisitivo alto. O defensor público, Valdir Vieira, explica como isso acontece. “Existem alternativas à fiança e à prisão preventiva. No artigo 157 do Código Penal diz que se a pessoa não tiver condições, a fiança pode ser dispensada. Mas o que acontece é que o juiz arbitrava a fiança como se fosse um castigo”. Um exemplo apontado pelo

” Encarceramento social NICOLLE PERÚSIA, delegada

a professora de direito da UFES, Margareth Vetis Zaganelli, nomeia esse sistema de encarceramento social. De acordo com as Informações Penitenciárias (Infopen), o Brasil é o terceiro lugar no ranking de países com mais pessoas presas (773 mil). “Nós temos uma política criminal ineficiente, com um encarceramento desordenado com acesso precário à saúde, trabalho e educação. Um sistema que

PUNIÇÃO AO POBRE A questão é que, na prática, a decisão do juiz acaba se tornan-

FACEBOOK

A população negra compõe 82% das pessoas presas no Espírito Santo

MARGARETH VETIS, UFES

Margareth: "sistema racista"

dificulta a ressocialização”. Segundo ela, a legislação precisa ser revista. “Os dados mostram que o Brasil possui um dos maiores números de pessoas presas sem condenação. O que vai de desencontro com a afirmativa de que se é inocente até que se prove o contrário”. “As pessoas que não têm condições de pagar acabam presas, e a maioria desses resultados refletem na população negra, pobre e marginalizada”, destaca. Segundo os dados do DEPEN, a população negra composta por pretos e pardos compõem 82% das pessoas presas no Espírito Santo. “É um sistema racista”, destaca. Desta forma, a professora reforça a injustiça do sistema prisional. “Nós chamamos para

defensor é o que acontece em cidades pequenas. “No interior, o juiz está mais próximo do fato, e isso acaba influenciando em sua decisão. Para aplicar a prisão preventiva, o juiz acaba aplicando uma multa que o acusado não pode pagar. Na Defensoria Pública já encontramos pessoas presas desde março do ano passado com uma fiança de R$ 200, mas que não podia pagar. Ninguém escolhe ficar preso”.

NÚ M E RO S

23,2 mil Pessoas estão presas no Estado do Espírito Santo

773 mil

É o número de pessoas encarceradas em todo Brasil

uma mudança, é preciso racionalidade na hora de julgar os casos. Nosso país é de uma vulnerabilidade social muito grande, o encarceramento em massa, além de ineficaz, tem um custo muito alto aos cofres públicos”. “A luta antiprisional no século 21 é uma necessidade para uma sociedade mais humana. O governo utiliza da prisão como uma forma de resolver os problemas que são jogados para debaixo do tapete”, reforça a professora.

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Liminar beneficia mais de 600 pessoas no ES diante dessa realidade, a Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) entrou com uma liminar, em março deste ano, para conceder liberdade provisória para presos condicionados ao pagamento da fiança. O pedido de habeas corpus foi reconhecido pelo Tribunal de Justiça e se estendeu para todo o Brasil. Em outubro, a votação a favor foi unânime, resultando na liberdade provisória de mais de 600 presos só no Espírito Santo. “Nossa ideia é dar um tratamento igual para quem tem dinheiro e para quem não tem”, justifica o defensor público. “As pessoas acabavam pagando pela liberdade”, apontou. No Espírito Santo existem 13.675 vagas no sistema prisional capixaba, mas atualmente 23.236 pessoas estão presas de acordo com os últimos dados (03/11) do Departamento Penitenciário (DEPEN). “A superlotação é uma das motivações para que a liminar tivesse uma recepção positiva”, explica o defensor.

Nossa ideia é dar um tratamento igual para quem tem e não tem dinheiro

VALDIR VIEIRA, defensor público

Para o defensor público, a expressividade da decisão positiva à liminar pode sinalizar uma mudança. “Felizmente, após a liminar não tivemos mais nenhum arbitramento de fiança na Grande Vitória. E no interior do estado, 33 juízes aprovaram 129 descumprimentos, que foram revertidos com o resultado em outubro”. O defensor acredita que a pandemia ajudou a mostrar a necessidade da aplicação da fiança de forma racional e isonômica, ou seja, que apresente igualdade. “As pessoas só estão lá porque são pobres. Nós trabalhamos para evitar injustiças. Pelo menos uma vez no ano eu vejo o caso de pessoas presas por serem confundidas com alguém. E isso acontece com a população mais pobre. Quantas vezes já foram abordados no ônibus enquanto iam trabalhar. A polícia age de formas diferentes nos bairros carentes x bairros nobres”, destaca.

A polícia age diferente nos bairros carentes em relação aos bairros nobres

VALDIR VIEIRA, defensor público


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Cidades

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

Uma bolsa de sangue pode salvar até 4 vidas Por conta da pandemia da Covid-19, estoques de sangue diminuíram no Espírito Santo EBRAN HUNTINGTON jornalismo@eshoje.com.br

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oar sangue é uma maneira de ajudar no salvamento de uma vida. De acordo com o Ministério da Saúde, quatro vidas podem ser salvas a cada doação. Após coletado, o fluido doado é separado em componentes, entre eles as hemácias e plaquetas. Isso é feito para que mais de um paciente possa ser atendido em cirurgias, tratamento de doenças crônicas e atendimentos de urgência. As transfusões de sangue tiveram seu início no século 17, em que eram utilizados sangue de animais, mas somente no século 19 houve a primeira tentativa com sangue humano. Em 1818, o obstetra James Blundell realizou o procedimento em pacientes que passavam por hemorragia. Após anos de mais tentativas, os cientistas perceberam problemas de coagulação. E foi em 1900 que o biólogo Karl Landsteiner, ao estudar a coagulação do sangue de um paciente ao se misturar no de outro, descobriu o grupo sanguíneo ABO. Hoje, após anos de avanços da medicina, a doação de sangue se tornou algo possível e essencial. Segundo a Secretaria do Estado da Saúde (SESA), para realizar a doação é necessário apresentar documento original com foto, preencher o cadastro e responder um questionário. Além

DIVULGAÇÃO

disso, haverá uma triagem para a examinação de pressão, temperatura e pulso. O voluntário precisa ter entre 16 a 69 anos, sendo que para menores de 18 anos é necessária a autorização dos responsáveis. Caso a doação seja feita frequentemente, o doador deve obedecer ao intervalo entre as transfusões de sangue. O prazo é de dois meses para homens e três para mulheres. Aliás, se o doador tiver almoçado, é necessário aguardar três horas para realizar o procedimento. NECESSIDADE DE DOAÇÕES A SESA também informa que são necessárias doações de todos os tipos de sangue, porém, O+ e O- são os mais utilizados. Em 2019, somente na Região Metropolitana, foram registrados 31.638 doadores com 25.139 bolsas de sangue coletadas. Este ano, devido à pandemia do coronavírus o número de doações diminuiu, sendo coletados, de março a maio 5.238 bolsas contra 6.607, em 2019. A estudante de psicologia Gleicy Vitória, 21, é doadora de sangue há quatro anos e começou a doar por conta das notícias que ela recebia sobre pessoas que precisavam das doações. “Eu doo de duas a três vezes ao ano e sempre fico muito feliz quando consigo. O processo é muito tranquilo. Primeiro faço o teste de diabete, depois tenho que pe-

A estudante de psicologia Gleicy Vitória, de 21 anos, começou a doar sangue há quatro anos

sar e medir minha altura. Em seguida passamos por uma entrevista em que é necessário responder algumas perguntas e, por fim, sou direcionada para a sala de doação”, relata. O estudante Highor Dutra, 23, virou doador há seis anos quando estava no ensino médio, após acompanhar uma campanha

Eles foram salvos pela doação DIVULGAÇÃO

a estudante Maria Eduarda, 16, precisou de doação de sangue porque estava com baixas taxas de plaqueta e hemoglobina devido ao câncer. “Não tive problema nenhum para conseguir, porque podia ser qualquer tipo de sangue. Além disso, houve um movimento, na verdade foram vários, em que minha família fez um cartaz e começamos a divulgar nas redes sociais. Muitas pessoas se prontificaram, o estoque ficou lotado e eu fiquei muito feliz porque isso incentivou algumas pes-

Sou professor e muitos dos meus alunos se dispuseram a doar. Sou grato por isso ANAXIMANDRO AMORIM

promovida pelo IFES, que buscava conscientizar as pessoas sobre a importância de se doar sangue. “A doação é um ato que vai para além da solidariedade em si, e deve ser incentivada até que todos os cidadãos entendam que também são beneficiados com esse ato”, pondera. O jovem conta que tenta doar até seis vezes por ano, respeitando o intervalo entre os procedimentos. Além disso, o mesmo já conseguiu incentivar a família e amigos a fazerem o mesmo.

N ÚM E RO S

6.607

Bolsas de sangue foram doadas de março a maio do ano de 2019

5.238

Bolsas de sangue foram doadas de março a maio do ano de 2020

20%

A menos é o que isso representa

ONDE D O A R S A N G UE Hemocentro do Estado do Espírito Santo (Hemoes)

• Tel . 3636-7900/7920/7921- AvenidA MArechAl c AMpos, 1.468, MAruípe , viTóriA . FuncionA de segundA- FeirA A sábAdo, dAs 07 às 17h.

Unidade de Coleta à Distância da Serra

• Tel . 3338-7880/3338-7373. AvenidA eudes scherrer souzA , s /n (Anexo Ao hospiTAl esTAduAl dório silvA). FuncionA de segundA A sexTA- FeirA dAs 07 às 15h30.

Hemocentro de Linhares

Anaximandro sofreu acidente em 2009 e precisou de doações

soas a virarem doadores”, conta. O advogado, escritor e professor Anaximandro Amorim sofreu um acidente em 2009 e por conta disso também recebeu doações. “Precisei de seis bolsas de sangue. Sou professor e muitos dos meus alu-

nos se dispuseram a doar. Sou grato a Deus e a todos por isso. Se não houvesse quem doasse, certamente, não estaria aqui. Desde então, entendo que doar sangue é um dos atos de maior humanidade e generosidade para com o outro".

• Tel . (27) 3171-4361/4363/4362 - AvenidA João Felipe c AlMon, 1.305, cenTro (Ao lAdo do hospiTAl rio doce). FuncionA de segundA A sexTA- FeirA , dAs 07 às 12h30.

Hemocentro Regional de Colatina

• Tel . (27) 3177-7930 - ruA c AssiAno c AsTelo, s /n, cenTro. FuncionA de segundA A sexTA- FeirA , dAs 07 às 12h30.

Hemocentro Regional de São Mateus

• Tel . (27) 3767-4135 - rodoviA o TovArino duArTe sAnTos, K M 02, pArque WAshingTon. FuncionA de segundA A sexTA- FeirA , dAs 07 às 12h30.


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SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

BASTIDORES DA POLÍTICA PSB, mas de Vitória

O PSB e sua maior liderança capixaba, o governador Renato Casagrande, tomaram posturas distintas no pleito de 2020. A Executiva municipal, presidida por Juarez Vieira, alegou que já havia cumprido o acordo com o prefeito Luciano Rezende (Cidadania), de apoiar sua eleição, reeleição e mandato até o fim. O governador não interferiu na decisão de que a sigla deveria ou não lançar Sérgio Sá candidato, como ele desejava, e o PSB também. Mas se omitiu no processo.

Sem contrapartida

O resultado é que o atual vice-prefeito concorreu sem peso, foi derrotado no primeiro turno tendo recebido apenas 7,1 mil votos. E ficou uma mágoa, já que a expectativa do PSB de Juarez Vieira era que chegasse a vez do retorno, ou seja: o apoio ao seu candidato após oito anos. Embora, todos os sinais de que isso não aconteceria já eram dados, uma vez que nem cargo na gestão municipal o PSB tinha. Moral da história,

nenhum dos dois conseguiu a vitória em Vitória.

Sá neutro

Para o segundo turno o PSB liberou seus quadros para apoiar João Coser (PT) ou Lorenzo Pazolini (Republicanos), mas Sérgio Sá decidiu ficar neutro, alegando que não contradiria seu discurso ao longo da campanha.

Luciano magoado

Se a derrota de Sá não foi digerida, a de Gandini muito menos. O reflexo disso é que o prefeito Luciano Rezende teria dito que está decepcionado e não vai mais apoiar o projeto de reeleição do governador Renato Casagrande em 2022. Pode ser que isso não tenha tanto peso, já que se comenta que falta pouco para o chefe do Executivo de Vitória ir embora de vez, com toda família, para os Estados Unidos.

Preparando a base

Se Luciano Rezende e Fabrício Gandini vão ficar neutros no segundo turno, os vereadores reeleitos, Denninho, Luiz Emanuel e

o eleito Maurício Leite, se posicionaram em favor de Pazolini. O deputado delegado foi campeão de votos no primeiro turno. Se ele obtiver êxito no segundo turno, parece que já assume com maioria na Câmara, uma vez que já declaram apoio a ele Davi Esmael, Delegado Piquet, Duda Brasil e Armandinho Fontoura.

Nada de muro

Apoio ao PT

Se não conseguiram vencer o prefeito Audifax Barcelos ao longo do mandato, na Serra, muitos vereadores poderão mostrar quão forte é a rixa política neste segundo turno. Grande parte dos edis está apoiando a candidatura de Vidigal, que disputa com o candidato do prefeito, Fábio Duarte.

Já dentro do Palácio Anchieta há grandes chances de cargos se posicionarem em apoio à candidatura de João Coser. Vale destacar que a relação entre PT e PSB é histórica.

Quem paga?

A Democracia Cristã (DC), cujo candidato a prefeitura de Cariacica foi Dr. Motta, vai ter que explicar quem vai pagar a conta. O médico fez a campanha toda com dinheiro próprio. Foi prometido R$ 92 mil para ser dividido entre os candidatos. Até o momento, o valor está parado em uma conta e nenhum dos candidatos majoritários recebeu 1 real.

O deputado estadual José Esmeraldo, que não é de neutralidade, diferentemente de seu filho, o candidato derrotado, Sérgio Sá, já escolheu seu candidato em segundo turno: Lorenzo Pazolini, seu atual colega de plenário na Assembleia Legislativa.

Audifax X Vidigal

Renovação legislativa

O primeiro turno das eleições municipais no Espírito Santo, no último domingo (15), foi de muitas surpresas. Nomes tradicionais na política foram rifados, como o presidente da Câmara de Vereadores de Vila Velha, Ivan Carlini, com série de mandatos, inclusive no comando da Casa. Em Vitória, dos 15 vereadores,

apenas cinco desta legislatura vão continuar na Câmara - Denninho, Luiz Emanuel, Davi Esmael, Dalto Neves e Luiz Paulo.

Novo

Em Vila Velha Arnaldinho Borgo não quer cair em contradição e, na linha do “novo”, não está aceitando o apoio de todos, principalmente de nomes “tradicionais” da política canela verde.

Apoio

Em Cariacica, Euclério segue na frente da concorrente, Célia Tavares. Pelo menos em número de apoios. Grande parte dos derrotados, sejam o próprio candidato ou o partido, decidiu reforçar a campanha do deputado no segundo turno.

Vencer sem concorrer

Se tem um vitorioso nesta eleição é o deputado federal, Da Vitória (Cidadania). Por todo o Estado, o parlamentar apoiou 35 candidaturas de prefeitos vencedoras em colegiais eleitorais importantes como São Mateus, Linhares, Cachoeiro e Aracruz.


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SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2020

HUGO BORGES

César Herkenhoff cesarherkenhoff@hotmail.com

Radicais de centro O resultado do primeiro turno das eleições municipais de 2020 mostrou uma realidade absolutamente inquestionável: a sociedade brasileira não quer mais ser governada por políticos extremistas, sejam de direita, sejam de esquerda. Ou seja, o eleitorado mandou um recado claro para quem pretende participar do jogo eleitoral de 2022: não há mais espaço para projetos que se resumam ao "nós contra eles e eles contra nós". Candidatos ligados ao bolsonarismo foram ignorados pelo eleitorado. E nomes ligados à esquerda corrupta foram linchados politicamente, notadamente os da facção do Partido dos Trabalhadores, reduzido à condição de nanico, com menos prefeitos e menos vereadores

eleitos do que em 2016. Decidido que os radicais de direita e de esquerda foram derrotados pela vontade soberana do povo, a nova vocação política brasileira está situada no espectro do centro, mas com inquestionável viés conversador. A despeito dos números apresentados até agora pelos institutos de pesquisa para o segundo turno, os números nunca estiveram tão desmoralizados e desacreditados. Trabalhei muitos anos com

pesquisas de intenção de voto e tenho absoluta convicção de que uma pesquisa feita na véspera de um pleito, com margem de erro de 2% para mais ou para menos, não pode, nas urnas, apresentar uma variação de 17%, como ocorreu em Porto Alegre, onde o Ibope indicava que a comunista Manuela Dávila tinha a projeção de 40% dos votos válidos contra 25% de Sebastião Melo. As urnas, no entanto, mostraram que em 24 horas Manuela perdeu 11% de seu eleitorado, enquanto o adversário ganhou 6%. A suposta margem de erro de 2% bateu na casa dos 17%. Alguém em sã consciência é capaz de imaginar que não houve má-fé? O vexame quase se repetiu em

COLUNA FEU ROSA

Vitória, onde o nome do petista João Coser sempre apareceu na liderança das pesquisas, mas na urna quase ficou fora do segundo turno. Foi superado por Pazolini e disputou voto a voto com Gandini. Será que os estatísticos que sabiam fazer desenho amostral se aposentaram? Porque os erros verificados em todo o País são de um primarismo que coloca sob suspeita todos os levantamentos de intenção de voto. Mas a questão é saber até que ponto as pesquisas de intenção de voto influenciam o eleitorado. E vou responder com muita segurança: cerca de 18% dos eleitores gostam de votar no candidato que tem mais chan-

ces de vitória. Isto é, pesquisa eleitoral influencia e altera o resultado das urnas. E foi o que se viu nesse primeiro turno, com interesses escusos e subalternos conduzindo de forma absolutamente canalha a vontade popular. Já noto uma clara tentativa (sempre o Ibope?) no sentido de criar o sentimento de que a candidatura de Boulos tende a ameaçar a reeleição de Bruno Covas. O eleitorado sendo enganado de novo, como aqui em Vitória vão tentar criar o sentimento de que a candidatura do petista João Coser ameaça e da Pazolini. As urnas vão desmentir; E os manipuladores da vontade popular permanecerão impunes.

ARTIGO

Pelas crianças

Covid-19 e o cliente

Registrou-se, em setembro de 2020, a marca de um milhão de mortes por conta da pandemia que se abateu sobre a humanidade. Mais especificamente revelou-se que, ao longo de nove meses, morreram 1.000.009 semelhantes nossos. Estes são números lamentáveis e mesmo chocantes em um mundo cujos habitantes já foram à Lua e planejam ir a Marte.

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus trouxe mudanças significativas para a sociedade, especialmente quando pensamos em tecnologia e na relação das empresas e clientes. Como a sociedade que conhecemos não tinha vivido algo parecido, foi preciso repensar as relações, e isso, claro, impactou no mundo dos negócios.

Este quadro tem sido - justificadamente, fique isto muito claro - objeto de ampla cobertura jornalística, de debates acalorados, de passeatas e protestos praticamente em todos os cantos deste planeta. Não sei bem por qual motivo, mas ao ler esta estatística lembrei-me de uma outra, constante de um estudo realizado para a ONU. Constatou-se, veja só, que no mundo a cada cinco segundos morre uma criança com menos de cinco anos de idade vítima de doenças relacionadas à fome. Decidi fazer um cálculo simples: quantas crianças teriam morrido de fome ao longo dos nove meses de pandemia? Cheguei a 12 por minuto. 720 por hora. 17.280 por dia. 518.400 por mês. E, pasme, 4.665.600 no total. Curiosamente, praticamente não se tratou disso! Deste tema pouco se ocuparam os jornais ou a opinião pública. Isto chama a atenção. Afinal, foram acima de quatro vezes mais mortes - e apenas de crianças com menos de cinco anos de idade! Deparei-me com outro relatório, igualmente da ONU, abordando a séria questão da falta de saneamento básico. Fui informado de que por

Uma pesquisa recente feita pela Cielo, mostra que, desde o começo da pandemia, o varejo total no Brasil apresentou uma queda de 29,2%. O setor de serviços foi o mais prejudicado, sendo que no segmento "Turismo e Transporte" a queda foi de 73,8% no período acumulado. Além do prejuízo financeiro, existe o desafio de lidar com o atendimento ao cliente neste cenário crítico. Deu para imaginar o tamanho do desafio das companhias áreas, por exemplo? Para essas empresas pudessem melhorar sua relação com os clientes, não houve outra maneira que não fosse digitalizar os seus processos. E foi justamente através dessa transformação que essas companhias puderam melhorar seus NPS, avaliação fundamental para que se consiga medir o índice de satisfação de seus consumidores. Em recentes levantamentos, vimos que algumas empresas receberam feedbacks muito negativos de clientes, como o supermercados, que chegaram a receber uma média de 46,6 pontos. A avaliação vai de 0 a 100. A favor das empresas, estão canais como o Whatsapp, SMS e o Facebook Messenger. Dito isso, diversos pontos precisam ser considerados, a começar por

conta dele, a cada nove meses, morrem 2.025.000 crianças com menos de cinco anos de idade - o dobro de todas as vítimas de COVID-19 para o mesmo período. Também aqui não houve reportagens, atos ou manifestações contundentes. Reinou, podemos dizer assim, um ensurdecedor silêncio. Segundo narra o Evangelho de Mateus, Herodes I, rei da Judéia, tentou matar o menino Jesus determinando a morte de todos os recém-nascidos de Belém. O escritor norte-americano Raymond Brown, em seu livro "O Nascimento do Messias", estimou que naquela época habitavam a cidade de Belém cerca de mil habitantes, dos quais uns vinte se enquadrariam nos termos da bárbara ordem de Herodes – logo, este monstro teria assassinado umas vinte crianças inocentes. O equivalente a 100 segundos do que nossa moderna civilização produz apenas por conta da fome. Assim, que tal colocarmos as crianças na pauta do dia da humanidade? PEDRO VALLS FEU ROSA Desembargador do TJES

não ser invasivo demais. É mais do que preciso manter a cara da empresa, e principalmente, utilizar-se dos artifícios da inteligência analítica. Independente do percurso escolhido para o relacionamento com o consumidor, não se faz nada sem conhecer seu público a fundo. Em alguns casos, o cliente pode preferir receber uma ligação de voz robotizada do que uma mensagem de SMS. Mesmo com diversas empresas atrasadas em seus processos de transformação digital, ainda é plenamente possível adiantar as medidas para resolver as deficiências e melhorar os canais, sempre com o objetivo de aprimorar e humanizar o seu relacionamento com o cliente. O Brasil já possui muitos plug-ins prontos, modernos e pré-formatados e soluções para os mais variados tipos de negócio e público. Não é necessário ir longe para configurar todos os canais digitais. O que não dá mais para admitir é que a empresa espere essa onda passar e permaneça no mesmo estágio de relacionamento com o cliente. A hora de ficar mais digital chegou faz tempo. TOMÁS DUARTE empresário


Esportes

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRRO DE 2020

RUY MONTE DÁ O RECADO! rmonte@eshoje.com.br

Finalmente o Capixabão 2020 Depois de oito meses de paralisação do Capixabão 2020 por causa da Covid-19 estaremos na expectativa do clássico Rio Branco e Desportiva, neste sábado (21) no Kléber Andrade. O jogo está sendo esperado com grande expectativa, pois se trata de um clássico tradicional do nosso futebol. DIVULGAÇÃO

Os dois times treinam há um mês depois da parada longa por causa do virus. Não teremos o público, que sempre dá um brilho diferente. Mesmo assim não existe favoritismo. As duas equipes mostrarão algumas novidades. A Desportiva conta com jogadores que vinham atuando na primeira fase do Capixabão, mas se reforçou em alguns setores. O mesmo fez o Rio Branco que no meu modo de ver contratou mais, até porque foi necessário. Com certeza será uma partida bem disputada, sem dúvidas. Como novidade, a TVE vai mostrar ao vivo este clássico. Os torcedores poderão curtir este jogo pela telinha do canal 2.

Rio Branco e Desportiva terão novidades

Série D O Vitória deu uma animada nesta Série D e ganhou um embalo que a gente fica na expectativa de uma possível classificação entre os quatro primeiros classificados. Lógico que depois de vencer dois jogos, um deles fora de casa mostrando um bom futebol, quem sabe isso não pode acontecer. Embora dependam de outros resultados das equipes de sua chave, tudo pode acontecer. O importante é que o time celeste acordou e voltou a jogar o bom futebol que consagrou na primeira fase do Capixabão. E depois, acaba arrumando a equipe para o restante do Capixabão. O time celeste encara o Estrela na fase das quartas de final e tem todas as condições de passar para a semifinal. O Real Noroeste, que começou a Série D bem, de repente caiu de produção e perdeu alguns jogos. Mesmo assim, depende de resultados positivos para chegar bem no seu grupo e classificado. No Capíxabão, o Real vai encarar o Serra nas quartas e seu primeiro jogo será no Robertão.

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Cultura

SEXTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2020

A consciência negra na música

DIVULGAÇÃO

Representantes capixabas do rock, reggae e rap falam da relação entre a negritude e suas artes GUSTAVO GOUVÊA gustavo@eshoje.com.br

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ock, reggae e rap são três gêneros musicais que têm muita coisa em comum. Mas aqui, nos ateremos à suas origens negras e como o tema da negritude, com a pós-modernidade, seja implícita ou explicitamente, foi ganhando contornos diversos dentro desses estilos. Para isso, conversamos com artistas capixabas que representam cada um deles e constatamos que existem peculiaridades sobre o tratamento da temática em cada estilo e, obviamente, subjetividades na relação de cada artista com sua expressão musical. O rapper Alexsandre Silva dos Santos, vulgo Alex Emissário, está inserido na cultura hip-hop - que integra os quatro elementos do DJ (base/música), MC (canto/poesia), B-Boy

e B-Girl (dança) e graffiti (arte visual) - desde o ano de 2006. Movimento originário do gueto de Nova York, mais especificamente no Bronx, o hip-hop surge como uma alternativa de lazer, diversão e expressão à violência urbana e criminalidade que imperavam nos subúrbios americanos, formados em sua maioria por negros de origem caribenha, latina e africana.

Pra mim, a consciência negra é o ponto mais importante dentro do hip-hop ALEX EMISSÁRIO, rapper

É, portanto, uma cultura originariamente negra e cuja expressão trata de temas caros aos negros, que no ocidente fo-

ram escravizados e subjugados durante séculos, o que culminou em uma posição social excludente nas sociedades moderna e pós-moderna. O Hip-hop é uma resposta a isso. “A consciência negra é o ponto mais importante dentro do rap/hip-hop, na minha visão. Sabemos que o movimento hip hop é uma cultura negra, que nasceu para empoderar o jovem da periferia, que na sua maioria são jovens negros, que buscam uma oportunidade de serem vistos na sociedade”, explica Emissário, que passou a se enxergar de outra forma quando começou a fazer rap. “Procuro expressar a negritude nas minhas canções, até porque o rap/hip hop me fez ver que eu posso ser um vencedor, ser alguém na sociedade, sendo negro. Como jovem preto, na periferia, carrego o rap como empoderamento”.

Emissário é rapper desde 2007 e tem vários trabalhos lançados

Cultura africana no reggae capixaba 100% negra. É como Fabiano Silva, conhecido no meio do reggae capixaba como Jesus Dread, define a sua arte. Jovem afro-brasileiro, de avô materno africano, que morou em comunidade quilombola na Bahia, o artista, que é vocalista da banda Têgwa, cresceu numa família adepta das religiões de matriz africana, candomblé e umbanda, o que teve influência direta na sua expressão artística. “Cresci 100% dentro da africanidade que tem no Brasil. Toda essa influência de África que eu tenho, expressei através de instrumentos, da música, aquilo que já estava dentro de mim, a África. Digamos que eu sou a manifestação da África no Brasil, assim como vários outros afro-brasileiros. A minha música é totalmente consciência negra, não tem como fugir disso, é natural”, frisa o artista. Ele encara sua música como um despertar da consciência para que as pessoas reflitam sobre o processo e as consequências da escravidão, que parou a história da África a partir da colonização europeia. Para Jesus Dread, tratar o tema da negritude nas músicas diz respeito à luta por reparações pelos 400 anos de escravidão do povo africano no Brasil. “Quando, na Europa, os homens brancos ainda eram ‘ ho-

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Toda essa influência da África que tenho expressei através da música

FABIANO SILVA, músico

Fabiano, conhecido como Jesus Dread, tem a africanidade em sua família, o que reflete na arte

mens da caverna’, na África, o Egito já era a civilização mais evoluída na humanidade. Então dizer que a África é um continente atrasado, e que o africano é atrasado é o processo de colonização europeia, que é destruir a cultura para poder dominar. E a música que eu faço ela vem com esse processo de desconstrução da colonização, mental, espiritual, intelectual, e a retomada daquilo que era África antes da invasão europeia. Os reinados, a filosofia, as univer-

sidades africanas, a física, a química, a medicina botânica, a música, a dança, o teatro, o pensamento africano que é totalmente diferente do ocidental. E a minha música é um resgate dessa cultura que aos poucos está se perdendo no capitalismo aqui no ocidente”, explica o artista. Ele destaca duas músicas “Batuque no Quilombo” e “Fuja da Chibata”, que são emblemáticas quando se tratando dos temas da negritude e da africanidade que

carrega. “Fuja da Chibata tem um sentimento de dor muito grande, porque fala que a escravidão foi tão agressiva com nós, africanos e afrodescendentes, que machucou até a nossa alma, não foi só o nosso intelecto, nosso espírito. Foi profundo demais a dor da escravidão. Porém, ela fala do resgate das raízes africanas, da valorização das comunidades quilombolas como um ato de resistência contra o capitalismo, contra a colonização mental”, comenta Jesus Dread.

"O cara tem que saber que está numa cultura preta" embora o hip-hop seja uma cultura predominantemente negra, e, portanto, o rap – música produzida na junção entre o MC e o DJ – também seja, é possível enxergar a ascensão de rappers brancos no Brasil na última década. Para Alex Emissário, não há problema, desde que haja a consciência negra. “Creio que o rap não tem ficado menos preto, mas tem ficado com menos visão para as pessoas pretas que fazem rap. Eu não sou contra o branco fazer rap, desde que reconheça que está dentro de uma cultura preta e respeite isso. Se ele for um cara que faz a música rap, que é uma black music, e entende isso, tudo bem. Agora, se ele desrespeita e acha que isso não é importante, eu não irei respeitá-lo como rapper, como músico”.

Não sou contra branco fazer rap, desde que entenda que está numa cultura preta ALEX EMISSÁRIO, rapper


Cultura

SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRRO DE 2020

DIVULGAÇÃO

Busco dar voz a sentimentos e demandas humanas que podem encontrar lugar na estrutura de todos os indivíduos WEKSLEY GAMA, músico

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Capixaba lança E-book infantil sobre solidariedade “O aniversário solidário de Cecília” é o primeiro e-book infantil do escritor Maxwell dos Santos e conta a história de uma menina que troca a festa de aniversário pela ajuda às pessoas em situação de rua DIVULGAÇÃO

Weksley explica que aborda as desigualdades de forma mais metafórica por meio das letras

Retornando às origens do rock

Vocalista da banda de rock/hardcore Envolto, Weksley Gama dá voz às "demandas humanas" através da arte

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mbora os pais do rock sejam negros, tais quais Little Richard, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis, e a mãe também, Sister Rosetta Tharpe, o rock sofreu um processo de embranquecimento ao longo das décadas ao ponto de se tornar raro encontrar um rock star negro atualmente. O mesmo acontece no Brasil. O professor universitário Weksley Gama é vocalista , guitarrista e compositor da banda de rock/hardcore Envolto. Ele, que é natural de Linhares, explica que inserção de negros no rock varia de acordo com o contexto. “Nas cidades do interior do Espírito Santo, por exemplo, o estilo musical é bastante abraçado - em especial no que se refere ao Heavy Metal - por parcelas empobrecidas da população, o que faz com que exista percentualmente muitos negros envolvidos com o rock. Entretanto, em Vitória e em cidades

mais desenvolvidas, as coisas são um pouco diferentes (...) o rock me parece um estilo musical predominantemente identificado com os mais abastados, em sua maioria brancos”, explica. Embora nascido negro, o rock passou a ser um estilo musical identificado com a “branquitude”. Weksley exemplifica essa questão com o crescimento de grupos de motociclistas e na adoção da "estética rock’n roll por parte de pessoas que gastam quantias enormes de dinheiro com tatuagens e motocicletas caras para ostentar um estilo de vida ao qual aderem parcialmente nos finais de semana ou nos feriados, mas o fazem ao largo de qualquer desejo de contestação ou reivindicação política”. DESAFIO Ele explica que, mesmo por parte dos negros, há a adesão ou do desejo de fazer parte dos grupos

mais elitizados, salvo exceções que lidam de modo crítico com a história recente do rock e não perdem de vista as raízes do estilo musical, calcadas na luta pela liberdade, na contestação, no enfrentamento do status quo e na busca pela transfiguração do sofrimento dos oprimidos. “Assumo como um desafio o esforço para me constituir a partir dessas excessões críticas, tendo no rock, no punk e no hardcore modos de vida desde os quais busco dar voz a sentimentos e demandas humanas que podem encontrar lugar na estrutura de todos os indivíduos, e que se comprometem fortemente com os elementos basilares do rock e do punk, além de buscar não perder de vista a luta por uma sociedade justa para todos, o que necessariamente inclui o negro que é marcadamente violentado e excluído estruturalmente”, afirma o músico.

"Denúncia de jogos de poder" weksley concorda que existe certa dose de preconceito que incide contra o negro ao ocupar espaços marcadamente reservados aos brancos, como passou a ser o rock. O músico afirma não tratar da negritude de modo direto na sua arte devido às influências de sua construção acadêmica e intelectual, utilizando-se de modos de escrita mais metafóricos do que diretos. “Não obstante, de um modo ge-

ral, os temas do racismo, da negritude e do preconceito se mostram nas minhas músicas através da denúncia de jogos de poder que precisam ser abandonados e na aposta de que podemos nos transformar desde que busquemos a abertura para novos modos de ver o mundo e a todos que nos cercam, e que tenhamos a responsabilidade de assumirmos as escolhas que fazemos a cada dia, além de tomar-

mos consciência de que somos fundados em preconceitos que nos constituem, mas que não precisam seguir nos determinando”. Nas próximas composições o tema pode aparecer de forma mais direta. “Com a conclusão do meu doutorado, passei a me ocupar mais com estas temáticas, de modo que é possível que naturalmente apareçam nas próximas composições”.

Baseada em fatos reais, o e-book conta a história de Cecília, uma menina preta que pede aos pais para fazer distribuição de marmitas a moradores de rua em seu aniversário

Conhecido por seus livros combativos, com acentuadas críticas sociopolíticas, o escritor Maxwell dos Santos lança neste dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, seu primeiro e-book infantil “O aniversário solidário de Cecília”, com projeto gráfico e ilustrações de Marcelo Joaquim. O livro estará disponível para download gratuito em PDF, em http:// bit.ly/oaniversariosolidariodececilia. Baseado numa história real ocorrida no Rio de Janeiro, o e-book infantil conta a história de Cecília, uma menina preta que ao completar oito anos, pede aos pais que, em vez de fazer a festa de aniversário, faça a distribuição de marmitas de feijoada com macarrão para pessoas em situação de rua de Vitória. A obra, além de trazer uma mensagem de esperança às crianças que estão enfrentando o contexto do distanciamento social em virtude da pandemia da Covid-19, serve como instrumento de visibilidade do protagonismo de crianças negras na literatura infantil, ainda pautada pelo modelo eurocêntrico.

Escritor ensina em cursinho popular

Maxwell dos Santos é nascido e criado em Vitória. Aos 34 anos, é jornalista, designer gráfico e servidor público desde 2017. Ele também é professor de Literatura Brasileira dos cursinhos populares Risoflora e Atitude. É técnico em Multimídia pelo CEET Vasco Coutinho, licenciando em Letras/Português pelo IFES e em História pela Uninter. É autor dos e-books “As 24 horas de Anna Beatriz”, “Ilha Noiada”, “Os senhores da fome”, “Comensais do Caos”, “#cybervendetta”, “Empoderando-se”, “Um prato de ódio” e “Ele é só um garoto”, publicados de forma independente e de “Melanie”, publicado pela Giostri Editora, de São Paulo. DIVULGAÇÃO

Escritor Maxwell dos Santos já lançou nove obras literárias


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