Tia do Yakult

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Jornal do Meio

Bragança Paulista, Sexta,13 de Dezembro de 2002

Exemplo de superação: Euvirinha é a vendedora mais querida da cidade

O

uvir estas expressões ao passar pelo centro de Bragança Paulista é bastante comum. A autora das frases é a simpática Euvira Martins, a ‘Euvirinha’, que diariamente divide espaço com quem freqüenta a praça José Bonifácio e também a rua Coronel Teófilo Leme, coração comercial da cidade. Incansável, Euvirinha vende Yakult na rua. Aos 48 anos, a vendedora já perdeu a conta de quantos anos faz que comercializa o produto na cidade. “Já faz uns vinte anos”, ajuda a mãe, a lavadeira Terezinha Torres Martins. Euvirinha teve problemas quando ainda era bebê. “Ela tinha ataque, assim como ataque epilético, quando tinha dois anos”, explica dona Terezinha. “Só depois de um tratamento é que ela começou a andar e a falar. Isso, aos cinco anos. Até hoje, ela inda precisa de remédios”, conclui. Quando criança, Euvirinha freqüentou a escola como ouvinte. “Naquela época, não tinha a APAE ainda e também não havia como ensinar crianças especiais nas escolas comuns, como acontece atualmente”, diz dona Terezinha. Ainda assim, Euvirinha foi alfabetizada por uma professora particular e aprendeu a ler, escrever e fazer contas. “Quando ela tinha uns 28 anos, queria trabalhar de qualquer jeito. Eu não conseguia mais segura-la em casa. Um belo dia, ela saiu para procurar emprego e apareceu aqui em casa como vendedora de um suco que tinha na época, chamado Mamy. Foi ela mesma quem arrumou o emprego”, detalha a mãe. Depois de algum tempo, a distribuidora do produto fe-

“Moça, quer Yakult?” “Compra Yakult moço!”

Euvirinha se prepara para mais um dia de trabalho: ela vai até a praça Raul Leme para vender Yakult.

chou. Como boa funcionária, Euvirinha foi indicada pelos donos da loja Mamy a procurar a distribuidora Yakult. “Fui junto e ela conseguiu ser vendedora deles. Isso já tem uns 15 anos”, explica dona Terezinha. A dificuldade na fala não impede o trabalho de Euvirinha. “Lá na empresa, eles dizem que ela é vendedora número um da Yakult aqui em Bragança”, orgulha-se a mãe. Euvirinha evita dizer quanto ganha por mês. “Eu vendo bem”, resume. Força A vendedora mora na Vila Aparecida e carrega seu próprio carrinho até a região central da cidade para vender. “Eu carrego sozinha. Veja só como meus braços são fortes!”, mostra Euvirinha. Força de vontade e ânimo para trabalhar é o que não falta para Euvirinha. Além das vendas, ela está sempre ajudando a mãe, que lava roupas para fora. “Lavo roupas na máquina, mas a grande maioria é de lavar na mão. São roupas sociais”, diz dona Terezinha. “Como tenho problemas de desgaste nos joelhos, tenho dificuldade para estender. É a Euvirinha que estende e depois recolhe tudo para mim. Além disso, ela quer arrumar mais algum trabalho para fazer em casa. Ela gosta mesmo de trabalhar”, conta dona Terezinha. Fora vender Yakult na praça Raul Leme e na Rua Coronel Teófilo Leme, Euvirinha quer que sua freguesia a procure na casa dela. “As pessoas também podem vir até aqui em casa para comprar”, convoca a vendedora. Euvirinha, que já é figura tradicional de Bragança, mora na rua Dr. Silva Leme, nº 2 (rua próxima à escola CEMABA), na Vila Aparecida.


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