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Santo tirSo

16JORNAL DO AVE 12 DE maio DE 2022

AtuAlidAde

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De Santo Tirso a Fátima

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Oitenta e cinco peregrinos integraram o grupo de Vila Nova do Campo, que iniciou a jornada até Fátima a 6 de maio e chegou ao Santuário esta quarta-feira. O JA acompanhou parte da caminhada do segundo dia.

CÁtiA VelOSO

Martinho Ferreira fez a peregrinação a Fátima pela segunda vez. Na primeira, há três anos, carregou a cruz do grupo de Vila Nova do Campo durante toda a jornada e este ano também se voluntariou para a carregar... mais preparado do que em 2019, este peregrino foi um dos 85 que integraram o grupo que partiu na sexta-feira do concelho de Santo Tirso rumo ao Santuário.

No dia em que o JA acompanhou uma pequena parte da jornada de sábado, 7 de maio, Martinho foi interpelado por uma senhora, já idosa, que quis oferecer-lhe um terço benzido. “Ontem, ofereceram-me uma flor em Alfena e levo-a colada na cruz. Carregá-la tem um significado diferente. Afinal de contas, cada um de nós, como se costuma dizer, carrega uma cruz ao longo da vida”, dizia, enquanto descansava uns minutos antes de almoçar, ladeado de peregrinos deitados no chão de asfalto com as pernas levantadas, para diminuir a pressão a que estiveram sujeitas durante a caminhada numa manhã de calor.

No grupo também há estreantes. Marta Lopes fez a peregrinação pela primeira vez, para “cumprir promessa” e, apesar de ao segundo dia já sentir alguns efeitos dos quilómetros palmilhados, não equacionava sequer desistir”. “Essa palavra não consta do meu vocabulário. Não posso desistir. Tenho mesmo de acabar”, garantia.

Martinho Ferreira acredita que “toda a gente chega a Fátima, mas quem não tiver preparação vai sofrer muito”. O dia mais difícil, para ele, é “o penúltimo”, porque é “uma etapa grande, com retas intermináveis, e é a altura em que a pressão psicológica é maior, porque a vontade de terminar é muita”.

Em 2011, António Silva fez a caminhada até Fátima para cumprir promessa. Desde então só falhou os anos de pandemia. Na cauda do grupo, para acompanhar os mais inexperientes, o peregrino admitiu que esta peregrinação teve “outro significado”, depois de dois anos de paragem.

Os anos passam e o grupo de Vila Nova do Campo aumenta. As condições proporcionadas e o ambiente de camaradagem contribuem para este crescimento. “Nós temos peregrinos de várias freguesias, alguns dos quais já nos acompanham desde 2018, quando começamos este grupo, e vão passando a palavra e acabamos por ter sempre o interesse de outros”, contou Hélder Marques, um dos elementos da organização.

Integrar um grupo para cumprir uma provação como esta traz vantagens, garantem os peregrinos. Martinho Ferreira exalta os amigos que fez “para a vida toda” e com quem “conversa e desabafa durante o caminho”. “E depois a questão da logística, porque este grupo tem uma organização excelente, muito melhor que muitos de que ouço falar”, sublinhou.

Para que nada falte aos peregrinos, há voluntários que prescindem de dias de conforto e do convívio familiar. Segundo Hélder Marques, tudo começa a ser preparado “dois a três meses antes”. “Parte dos voluntários retira uma semana de estar com as famílias para conseguir dar as melhores condições aos peregrinos. Nas refeições, temos uma equipa do Rancho Folclórico de S. Martinho do Campo, e também temos uma equipa de enfermagem e os locais onde pernoitam são, essencialmente, pavilhões de escolas”.

O grupo chegou a Fátima esta quarta-feira e por lá se vai manter até ao dia 13, para participar nas celebrações marianas. Mesmo para quem já experimentou mais de uma dezena de vezes o sentimento do objetivo cumprido, depois de duas centenas de quilómetros percorridos, as palavras não são suficientes para explicar o que assalta o coração à chegada ao Santuário. Que o diga António Silva: “Não dá para explicar. Só sentindo e cada um sente à sua maneira”.

Peregrinos chegaram a Fátima esta quarta-Feira

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