Revista de Domingo nº 530

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entrevista

PeDRo FeRNaNDes

As mulheres nas obras de Saramago redação@defato.com | Twitter: @defato_rn

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edro Fernandes nasceu em Lajes e, atualmente, é aluno do Doutorado em Literatura Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É mestre em Letras pelo Programa de PósGraduação em Letras (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e graduado em Letras com habilitação em Língua Portuguesa pela Faculdade de Letras e Artes na mesma instituição. Próximo dia 5 de outubro, vai publicar o ensaio acadêmico “Retratos para a construção do feminino”, pela Editora Appris, resultado de suas pesquisas sobre as obras de José Saramago. Além disso, é autor de “Palavras de pedra e cal”, um e-book de poesia produzido independentemente em 2009, e “Sertanices” e “Bardos”, outros dois livros de poesia, ainda inéditos. É editor do caderno-revista “7faces”, um periódico eletrônico publicado semestralmente e com foco em poesia. DOMINGO – Como se deu a sua aproximação com as obras de José Saramago? PEDRO FERNANDES – Muito bem lembrado de me perguntar isso, porque uma das coisas que mais faço questão de sempre dizer aonde vou é como isso aconteceu. Enquanto professor de Literatura somos formadores de leitores, e falar da experiência de leitor me parece ser ainda a forma mais apropriada de levar o outro a ter curiosidade em ler. Diria que a coisa aconteceu por mera curiosidade de leitor. Na época eu estava cursando licenciatura em Letras na Uern e, por volta do quinto semestre, meio que 4

à obra de algo para desenvolver minha pesquisa para monografia de conclusão do curso. Sabia que seria em Literatura, mas quem ou o que estudar ainda não. É quando numa das muitas tardes na biblioteca setorial dou com a lombada de um livro em que se lia “O evangelho segundo Jesus Cristo”. Peguei o livro e foi este o primeiro romance de José Saramago que tive oportunidade de ler. Mas, não foi uma aproximação fácil. Li pelo menos umas três vezes as primeiras páginas desse livro para entender afinal diante do que estava. Eu gosto de leituras que me desafiam. Foi assim com Os sertões, de Euclides, com Grande sertão,

Jornal de Fato | DOMINGO, 16 de setembro de 2012

de Guimarães Rosa, Dom Quixote, de Cervantes, enfim, gosto dessa coisa do desafio. E foi isso que me pareceu ao ler o Evangelho. E foi isso o que me disse “é este o autor que vou estudar”. Na época, eu não sabia de nada de quem era esse Saramago. E olhe que já tinha sido publicada muita coisa dele no Brasil e até já havia ganhado o Prêmio Nobel de Literatura, mas não sabia de nada. Saramago era-me um desconhecido, que só fui me dar conta da figura quando fui para a Internet saber mais da vida do autor. Mas, a história da aproximação foi essa: um encontro casual numa tarde na biblioteca.


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