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OPINIÃO
from Jornal De Fato
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Organização: CLauder arCaNJo
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MUITO ALÉM
LILIa Souza
Escritora, preside a Academia Paranaense da Poesia. É autora, entre outros, do livro Estórias de Trevol do Nada. liliasouza@uol.com.br
Há os que dizem que “dia da mulher” é todos os dias. Séculos de uma pretensa supremacia masculina forjaram a mulher na sugestiva crença de inferioridade e obrigação de sujeitar-se ao jugo do homem. Mas as mulheres estão muito além disso. Não foram poucas as que, desde séculos antes de Cristo, enfrentaram o domínio, quebraram regras, mostraram sua capacidade, lideraram, influenciaram grandes decisões, conseguiram abrir seu espaço. Foram muitas as que não aceitaram o cabresto. Demasiadas foram as lutas. Elas abandonaram o espartilho – forte algema imposta pela ditadura da beleza, mais um sinal de seu papel de objeto –, queimaram sutiãs e, que horror!, acusadas e castigadas, foram também queimadas (em fogueiras, em fábricas). Mas as mulheres, muito além disso, persistiram.
Triste constatar que, apesar de incontáveis lutas e avanços, ainda persistem o machismo, a violência, o tratamento preconceituoso, todo tipo de tentativa de domínio. São tantas as que ainda sofrem! E isso replica em todas nós a mesma dor. Porém essa dor não nos cala e causa indignação em cada uma de nós! Sim, pois as mulheres estão muito além disso. Continuamos lutando a luta que é da mulher.
Felizmente, há os que as respeitam. Que as valorizam, tratam-nas com amor e carinho, fazem-nas sentirem sua importância, não as tolhem, compreendem que elas podem e devem ser tudo o que quiserem. E com isso contribuem. Afinal, o lugar da mulher é onde ela quiser; pode e deve ser e fazer o que desejar. A mulher se posiciona em todas as frentes, galga postos, destaca-se nas artes, na política, nas universidades, nas ciências, no lar e na estrada – e de salto alto, muitas vezes. Com suas características individuais, com coragem e feminilidade, força e suavidade, luta a batalha da igualdade, da liberdade e da realização; empunhando a bandeira da paz e grávida de amor, abre seu próprio caminho. Acontece que persistimos, muito além das pedras. Somos muitas, somos únicas, somos múltiplas! Somos plurais.
Grandes mulheres me têm sido exemplo e espelho. Citarei apenas duas: minha mãe e minha filha. Neste Dia Internacional da Mulher, a elas presto singela e amorosa homenagem, estendendo-a a todas as maravilhosas mulheres que fazem parte de minha vida! Que possam, todas, serem plenas, em cada dia. Deixo-lhes alguns versos de minha autoria.
MULHERES EM MIM
As mulheres que há em mim são assim, mulheres tantas, às vezes tontas, desequilibradas; tão diversas, tão comuns, meio caretas, inconcebíveis.
Há mulher comportada, alegre e moleca, risonha e em prantos, tão leve, tão pedra, rosa e tulipa, faca afiada, guerreira, teimosa, medo e coragem, segredo, liberdade. Mulher decidida, questionadora, inconformada, estudiosa, leitora, ainda menina, de paz e inquieta, de serenidades, desassossegos, mil aflições.
Mulher de ninar, de acalanto e consolo, de búzios e pássaros, de sonhos, de noites, de dias de sol. De lua, de luas, de mar e de estrela, de rios e lagos, de vale, escarpados. Mulher vinho tinto, seco e rascante, água e cachaça, licor, absinto, purgante e fel. Mulher de palavra, de palavras mil, de pena e papel, de livro e fuzil.
São tantas mulheres, de água e de fogo, de chão e de céu, brisa, ventania, de mel e de sal. Mas todas são feitas de colo de arminho, de abraços e beijos, de amor e carinho.

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