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OPINIÃO

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GERAIS/OPINIÃO

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O AMOR ENTRE ANAEL E AMANDA

RaIMuNdo aNtoNIo de souZa LoPes

é escritor e jornalista rsouzalopes@hotmail.com

Foi meteórico. Num passe de mágica, eles estavam apaixonados. Sabe essas coisas de amores inexplicáveis? Amor à primeira foto? Isso mesmo! A foto foi a responsável, ou melhor, a foto proporcionou aquele arrebatamento, aquela paixão repentina, aquele desejo de querê-la, de possuí-la e de amála eternamente. E olha que Anael não era afeito a ter esses desequilíbrios emocionais...

Rapaz certinho, consciente de seus deveres, levava uma vida comum às pessoas normais e, dificilmente, estava propenso a dar liberdades ao coração. Dizia, em rodas de amigos, que se apaixonar, ardentemente, por uma pessoa que mal conhecia era, no mínimo, falta do que fazer. Isso era inadmissível! Nunca lhe passara pela cabeça sair de sua rotina e ter, por exemplo, sua vida mudada, simplesmente, por nela ter entrado uma estranha que lhe causasse desassossego na alma ou afetasse seu dia a dia. Mas, isso aconteceu. E tudo mudou em sua vida... – Oi, boa noite! Vi sua foto e você não me sai do pensamento. Melhor: sua foto não me sai do pensamento – dissera Anael para Amanda, ao ver, na rede social que frequentava, a foto da mulher por quem ele estava, conscientemente, ardendo em desejos.

É claro que isso só fora possível porque ele mandara uma mensagem, pelo seu Instagram, e ficara esperando que ela entrasse na rede social, online, em busca de algo que lhe interessasse, e visse a mensagem. Começaria, assim, um primeiro diálogo. Confiante de que isso aconteceria, reservara, então, todo seu estoque de coragem para esse encontro.

Do outro lado, a pessoa instigada pela mensagem recebida, ao digitar suas primeiras palavras, procurou ser educada, mas deixou transparecer emoção com aquele encontro inusitado e com o que aquele estranho tinha acabado de lhe dizer. – Olá, boa noite! Eu vi a sua proposta de me “seguir”, olhei a sua foto, avaliei seu perfil e, por estranho que pareça, consenti – disse-lhe Amanda, como retribuição ao elogio feito na primeira frase de Anael. – Algo, entretanto, me chamou a atenção em você. Não sei lhe dizer, ainda, o que foi ou o que é; mas, por outro lado, tenho a sensação de que já o conheço, de que já o vi antes. Estranho isso, não!?

Esse foi o primeiro diálogo entre os dois: breve, porém cheio de insinuações, em seu final, por parte de Amanda. Marcaram outras entradas. E assim os dias se passaram. Idas e vindas ao Instagram, conversas até altas horas da noite, aprofundamento de ideias, compartilhamento de pontos comuns, insinuações íntimas, colocações explícitas de paixões, confluências de opiniões, desejos aflorados, enfim a certeza de que eles tinham se encontrado para viver um grande amor.

A cada conversa, o clima era renovado por toques de palavras sensíveis e trocas de carinhosas frases, como se fosse possível acariciar o teclado e nele transmitir o suave encontro das mãos na pele de quem estava do outro lado. E, por mais que a razão dissesse não, Anael sentia, de fato, o calor de Amanda, por entre seus dedos, tomando conta do seu corpo.

Numa das noites, enquanto estavam conversando, Anael não se aguentando mais de desejos, digita para Amanda que não está mais conseguindo dormir direito, pois seu pensamento sempre está voltado para ela, que ela vive dentro dele. Escre-

A cada conversa, o clima era renovado por toques de palavras sensíveis e trocas de carinhosas frases

ve que é impossível ficar sem conhecê-la, pessoalmente, e que sua vida só tem razão se se fundir com a dela.

Do outro lado, Amanda sentiu um calor invadir seu ser e pôs-se a digitar, freneticamente, frases explícitas de paixão, de desejo, de amor. Sim, dissera ela: “Você vive em mim, já faz parte de mim, do meu dia a dia e, por mais que eu não queira, você permanece, aqui dentro, aquecendo-me, dando-me forças, protegendo-me contra os estilhaços, plantando em mim sorrisos de felicidade e fazendo do meu porto seguro um raio de sol.”

“Lindo! Linda!” – dissera ele ao ler a mensagem vinda dela. Estava concretizada mais uma história de amor que, se fosse em tempos outros, seria impossível acontecer. Porém, os tempos da globalização permitiam essa mágica e, agora, duas pessoas também se apaixonavam, virtualmente, inaugurando uma nova maneira de amar.

Mas, se o coração, através da emoção, permitia a paixão por uma pessoa só conhecida por meio de mensagens – ditas instantâneas –, o senso lógico, racional, dizia que o percurso, para a completude do côncavo e do convexo, só se concretizaria por meio do encontro real. Sabia que, ao vivo, em carne e osso, poderia ou não, confirmar toda aquela loucura sentimental.

E, assim, como a esperar esse momento, na ansiedade de que virtual e real fossem uníssonos, Anael discorre o encontro, tomado de sonhos e fantasias, enquanto seu versejar pobre de rimas declama as parcas letras de uma prosa erótica: “... e você vem ao meu encontro / deixando o contraste da luz a meu favor / vestida com uma rosa apenas / trazendo em cada mão um lenço de seda / e nos lábios um sorriso de sedução”.

dI ReçÃO ge RAl: César Santos dIRetOR de RedAçÃO: César Santos ge ReN te Ad MINIS tRA tIVA: Ângela Karina deP. de ASSINAtURAS: Alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

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