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OPINIÃO

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POLÍTICA

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eSPaÇo JoRNaLiSTa maRTiNS de VaSCoNCeLoS

organização: CLaudeR aRCaNJo

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O POVO, adOrNadO de lIVrOS, VeStIU a UerN

ÂNgeLa RodRigueS guRgeL

Escritora e vice-presidente do ICoP angelargurgel@gmail.com

“(...) e assim se passaram dezoito* anos (...)”. Apesar dos intervalos, em virtude da pandemia, onde fomos “obrigados” a passar dois anos sem mergulhar no mar de livros, abraçar os autores amigos, reencontrar amigos livreiros, conhecer novos autores, sentir o cheiro de vida que exala das folhas dos livros, folhear as descobertas que só o mundo dos livros consegue nos oferecer, sonhar junto com aqueles que querem um mundo com mais leitores, chegamos a 16ª edição da Feira do Livro de Mossoró – um espaço que reforça nossa esperança em um Brasil com mais leitores e respeito aos autores.

A soma dos esforços de alguns, que teimam em continuar acreditando que a leitura é a força que continuará alimentando sonhos e transformando vidas, tornou possível a realização desse evento tão necessário para leitores, autores e economia local. Como é bom estar entre pessoas apaixonadas por livros! – esse abrigo de sonhos e palavras que pulsam a cada leitura e carregam, em seu interior, as sementes do futuro. Caminhar por corredores vestidos de gente ornamentada pelas obras da literatura mundial, nacional e, claro, local. Na solenidade de abertura emocionei-me ao ouvir Fernanda, representante da empresa Progresso (patrocinadora da Feira), falar de seu amor pela leitura e da importância dela na vida das pessoas. Sua voz, vestida de amor aos livros, mostrou que acreditar em um futuro de leitores mais que um sonho é uma possibilidade viável. Mas, para isso, precisamos de políticas públicas que apoiem autores, invistam em construção e equipamento de bibliotecas. Sua fala foi respingada de responsabilidade social e plantou uma semente de esperança – quem sabe outros empresários seguirão seu exemplo e descubram que apoiar a literatura é um investimento no futuro. Que o preço da ignorância é bem maior que o valor investido em incentivo à leitura.

Se, como disse Ernesto Sábato, “a literatura é uma forma de se explorar a condição humana”, a Feira do Livro é o espaço onde essa exploração acontece oportunizando a expansão do universo literário através das conversas com autores, lançamentos, bate-papo nos corredores, recitações, contação de histórias, apresentações musicais, nos cafés servidos nos corredores – obrigada, Santa Clara, pelas doses diárias de poesia líquida servida aos visitantes. A essa altura o leitor deve estar pensando que sou apenas uma sonhadora e estou deixando de lado os problemas enfrentados antes e durante a feira, como a falta de transporte público para o local, a falta de apoio de alguns órgãos públicos etc. Não, eu não esqueci, mas sobre isso as redes sociais já falaram o tempo todo e gritam aos ouvidos dos mais desatentos, então prefiro focar na suavidade poética das histórias que continuam sendo construídas nas Feiras do Livro, que precisam continuar acontecendo e, de preferência, na UERN.

Foi lindo ver a UERN “vestida de povo”, expressão usada pela querida Dra. Cecília, Reitora da UERN. Nós, que já vimos os livros sendo levados pelo vento ou banhados pelas chuvas fortes do sertão que destruíram parte da estrutura das feiras sediadas na Estação das Artes, que passamos pelo Expocenter, fomos ao Shopping, chegamos, finalmente, a um espaço que parece ser o habitat natural para esse evento literário. A feira desenhou novos espaços e trouxe mais beleza aos corredores daquela casa que transformou e continua transformando tantas vidas. Parabéns aos gestores da UERN, a Rilder Medeiros, organizador do evento, às livrarias, aos autores independentes, ao governo do Estado, aos administradores da Progresso e ao público por tornarem possível mais uma edição da Feira do Livro de Mossoró.

Tenho consciência que há mais, muito mais para ser dito, mas passaria horas intermináveis aqui e não conseguiria relatar o prazer e a tortura que é “viver” a Feira do livro. Sim, porque paralelo ao prazer de tocar e sentir os livros, há a frustação de não poder levar para casa todas as obras que nos conquistam. Mas se saímos, muitas vezes, de mãos vazias, o espírito saiu em festa, revigorado pelo encontro encantado com a palavra escrita. Vida longa à Feira do Livro!

*alteração nossa.

dI reçÃO geral: César santos dIretOr de redaçÃO: César santos gereN te ad MINIS tra tIVa: Ângela Karina deP. de aSSINatUraS: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

FILIADO À

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