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OPINIÃO

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GERAIS/OPINIÃO

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ESPaÇO JORNaliSTa maRTiNS DE VaSCONCElOS

Organização: ClaUDER aRCaNJO

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noVaMente falando de certezaS e incertezaS

DUlCE CaValCaNTE

Escritora, autora das obras Bicicletas de papel e ...um chão para memórias soltas dulcinea.acs@gmail.com

Aos vinte anos trazia comigo muitas incertezas, dúvidas e questionamentos. Um corolário encadeado em mil palavras condicionadas a cada situação que, ao acaso, assaltam o momento. Sempre achei que tinha todas as repostas. Ledo engano, certezas só viriam com o tempo, fruto da maturidade ou, senão, da objetividade do que fosse tratado em pensamentos soltos.

Hoje, seis décadas depois, continuo com as mesmas dúvidas e incertezas. Dúvidas talvez de outra natureza, como requer cada ocasião; também, de outra natureza, como os pensamentos que adejam as minhas pretensas respostas.

As memórias vão se eternizando no andar dos anos, se acumulando como grãos no celeiro vital do cérebro, muito embora o saibamos perecível. A memória fica lá, resguardada em mil telas onde se espelham reminiscências renovadas. Memórias se eternizam em outras pessoas: amigos e familiares que, conosco, conviveram, duvidaram e, bem de perto, dividiram tantas incertezas, numa espiral interminável. As incertezas se dissipam, tal qual a bruma com a chegada do sol. Entretanto. mesmo quando essas incertezas tenham se ido, fica o ranço da mágoa e da desordem a nos confundirem. Já as certezas giram a máquina da vida, gerando no tecido, a sabedoria transformadora em teias correlatas.

Por que o assunto de incertezas versus certezas? Quando o país completou o sesquicentenário (150 anos nos separavam do grito do Ipiranga: “Independência ou Morte?”) vivíamos uma ditadura cruel e devastadora. Lembro-me de as festividades serem alardea-

Faltou hastearmos a verdadeira Bandeira Nacional, a tremular, altaneira, nos mais importantes mastros a apontar a verdadeira democracia

das e devidamente cantadas em prosa, em verso, com régua e compasso, nas escolas, colégios e universidades. Todas as instituições públicas do Brasil compareceram ao chamado da História e se pronunciaram. Foram escritos inúmeros trabalhos com o tema. Músicas ufanistas ecoaram pelos céus. Palcos armados e artistas patriotas cantaram em longínquos rincões desta terra continental. Todos os periódicos enalteciam a grandiosa e festiva data com “pompas e circunstâncias”. A revista O Cruzeiro tocou-me profundamente com uma edição primorosa alusiva à data, trazendo-nos artigos muito bem escritos pelos melhores jornalistas da nação. Parecia que estávamos em um Brasil livre e em pleno berço esplêndido. Mas as indignidades eram cometidas nos podres porões invisíveis das casernas, resguardadas pela ditadura. A República era, nem mais nem menos, do que massa de manobra de ditadores autoritários travestidos de militares do garboso Exército Brasileiro, a já célebre “Nossas Forças Armadas”.

Vivi aquela data com muitas inquietações, à cata de respostas que não vinham e, quando vieram, deixou, perante os meus olhos, um rasto de sangue e desventura.

Depois de vinte e um anos (1964 - 1985) finalmente se deu a abertura com o movimento “Diretas Já”. Pensávamos que estava tudo certo. A certeza se apoderou de nós como uma epifania de alegres devires. Novamente ledo engano.

As dúvidas chegaram nos últimos seis anos com uma força de estranha anormalidade, devidamente acoplada ao governo executivo e aos outros poderes vigentes. Pobre Brasil!, tão carente de amor, de cuidados e de afagos. Carente, também, de governo forte e de atitudes civilizatórias. Faltou hastearmos a verdadeira Bandeira Nacional, a tremular, altaneira, nos mais importantes mastros a apontar a verdadeira democracia. Para mim, ela, me parece, virou bandeira do descaso e dos “mimimis” de governante incapaz.

Não comemoramos os 200 anos da Independência do Brasil como merecia a nossa “Pátria Amada”. Faltou patriotismo e sobrou “patriotada”, essa, com certeza, implantada pelo autoritarismo que, sorrateiramente, se apoderou da comemoração mais preciosa a nós brasileiros. E, beirando ao ridículo e à chacota, passamos pelo dia 7 de setembro. A nossa data maior virou uma piada internacional de triste memória.

E as incertezas continuam encurralando a anêmica democracia. Está faltando respeito à Carta Magna, a nossa Constituição Cidadã de 1988.

Espero que essa sombra tenebrosa passe logo, e possamos vislumbrar o brilho renovador da esperança.

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