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OPINIÃO

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geRAIS/OPINIÃO

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eSPaÇo JoRNaLiSTa maRTiNS de VaSCoNCeLoS

Organização: CLaudeR aRCaNJo

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ENcONtrOs E dEsENcONtrOs

VaNda maRia JaCiNTo

escritora, autora do livro Rabiscando os caminhos da prosa v.m.j@hotmail.com

Incrível como os encontros acontecem em nossas vidas, levando, por vezes, à necessidade de mudanças. São tantos e tão frequentes que nem sempre nos damos conta deles.

Mas aquele seria, com certeza, um dos que marcariam para sempre a sua vida.

Ônibus lotado, final de expediente de trabalho, sempre as mesmas pessoas, mesmos olhares que se cruzavam, mesmas conversas soltas... Quando menos se espera, porém, um problema mecânico obriga que o coletivo pare.

Com o atraso certo, o relógio no pulso é consultado a todo instante. De repente, o alvo dos seus olhares – há semanas – se aproxima e sugere pegar um táxi e rachar as despesas. Sem pestanejar, ela aceita. Não podia perder a oportunidade! E lá se vão.

Desejou a eternidade daqueles minutos e de uma coisa estava certa: nascia, ali, algo maravilhoso!

A espera pelo final do dia passou a ser o objetivo principal. O encontro “casual” era um momento mágico!

A amizade já perdurava há alguns meses. Os dois trabalhavam no mesmo bairro da capital paulista. Ele, como vendedor, na empresa de um primo, e ela, como caixa, numa loja de presentes.

No pequeno percurso diário, entre uma conversa e outra, aos poucos foram se descobrindo, não tanto quanto parecia – ela, confiante e já apaixonada, abriu o livro de sua vida e lhe contou, inclusive, que namorava um amigo dos seus irmãos, mesmo sem gostar.

Como bom conselheiro, foi logo lhe dizendo para terminar de vez, pois estava enganando o namorado e a si própria. Sem dúvida alguma, ela tinha que dar fim a esse romance unilateral.

Ele, feito ostra, se fechou e, embora também namorasse uma garota mineira, nada lhe disse; tempos depois, é que a história viria à tona. Iam, assim, passando os dias, e a afeição entre os dois se fortalecendo. Os encontros se davam apenas durante os dias úteis da semana. Aos sábados, quando possível, passeavam no centro da cidade, lanchavam e, depois, cada qual seguia o seu caminho. O domingo, literalmente, era um dia de descanso.

Sabedor da rigidez na educação que ela recebia, não insistia em aproximar-se da casa, nem como amigo.

Numa semana qualquer, ele propôs irem ao cinema no sábado, após o trabalho.

Para não correr risco algum, haja vista ainda estar atrelada ao namorado, primeiro fez o convite a este que, de pronto se negou, alegando cansaço físico. Despreocupada e feliz, respondeu que sim ao amigo.

No sábado marcado, às onze e meia, o amigo passou em frente à loja e acenou. O seu coração bateu forte, ansiosa por encontrá-lo.

Não demorou muito, o namorado estacionou o opala amarelo cor de gema de ovo, na porta da loja. Ela quase teve um chilique.

Por sorte, cansado, o namorado adormeceu no volante. Tempo suficiente para ela correr até o ponto de encontro e avisar que não mais iria ao cinema.

Explicando o motivo, o amigo apenas respondeu: “Tudo bem, ele tem mais direito do que eu.”

Chateada, foi até o carro e permaneceu calada por um bom tempo, ou melhor, até criar coragem e terminar de fato com aquela situação sufocante.

Na segunda-feira, passou o dia ansiosa para contar a novidade ao amigo.

Mal o avistou no ponto de ônibus, acelerou o passo e chegando pertinho lhe disse: “Terminei o namoro.”

Mais que depressa, ele a abraçou e disse emocionado: “Agora, sim, podemos começar o nosso.”

Transbordando de alegria, reconheceu que, apesar do desencontro no dia do cinema, a tristeza reinante fora mais que motivo para a tomada de decisão. Difícil ia ser o enfrentamento junto ao pai, ao revelar o novo namorado.

Mas, essa história fica para outro dia!

dI rE çÃO gE ral: César santos dIrEtOr dE rEdaçÃO: César santos gE rEN tE ad MINIs tra tIVa: Ângela Karina dEP. dE assINatUras: alvanir Carlos Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

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