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no estado. César saNtos
from Jornal de Fato
CÉSarSaNtoS
cesar@defato.com
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aGora É
VOCÊ E A URNA
Chegou o grande dia. Brasileiras e brasileiros vão às urnas escolher o homem que vai comandar o país pelos próximos quatro anos. O atual mandatário Jair Messias Bolsonaro (PL) ou o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT)? Qual é a escolha certa?
A campanha eleitoral não deu a resposta. O radicalismo se sobrepôs ao bom senso. Bolsonaro e Lula optaram pelo confronto baixo em detrimento das propostas. Os ataques abaixo da linha de cintura, como vistos no último debate levado ao ar pela TV Globo, refletiram os perfis das duas campanhas.
Bolsonaro e Lula não arrefeceram a disputa na televisão, no rádio e na internet, nos quais trocaram acusações, buscando aumentar a rejeição do adversário. Parte delas, inclusive, acabou na Justiça Eleitoral: os dois tiveram propagandas suspensas devido a irregularidades cometidas.
Educação, saúde, economia, desenvolvimento, meio ambiente, infraestrutura, segurança não tiveram vez. Ficou um vazio enorme nesse momento crucial da história do Brasil. Bolsonaro e Lula perderam a oportunidade de apresentarem uma visão verdadeira do país. As suas campanhas optaram pela propagação das fakes news e a exploração de temas apelativos, levando a nação escolher não o mais capacitado, o mais preparado, e sim o menos ruim.
Os dois candidatos ficaram devendo ao cidadão que esperava propostas, por exemplo, de como recuperar o tempo perdido dos jovens com fechamento das escolas durante a pandemia da Covid-19; como retomar a vocação para o crescimento econômico acelerado; como frear o crescimento do desmatamento de nossas florestas; como aumentar o número de leitos por habitantes no Sistema Único de Saúde; dentre outros temas relevantes.
Pois bem.
As eleições chegam ao dia decisivo sem um favorito concreto. Lula chegou ao segundo turno com 57,2 milhões de votos conquistados no primeiro, contra 51 milhões de Bolsonaro, uma distância de pouco mais de seis milhões. Foi a menor diferença já registrada entre primeiro e segundo colocados no primeiro turno das eleições para presidente no período da redemocratização.
No segundo turno, Lula contou com os apoios de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), terceira e quarto colocados no primeiro turno; Bolsonaro recebeu o apoio de nove dos governadores eleitos, dentre eles Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, o segundo maior e mais importante colégio eleitoral do país.
As pesquisas eleitorais, derrotadas no primeiro turno, também se dividiram no segundo turno. Uma parte aponta para a liderança de Lula; outra crava Bolsonaro na cabeça. Perderam a vergonha e a credibilidade. Passaram a servir apenas de print para propaganda do “já ganhou” de lado a lado.
E assim os mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores seguem para as urnas, no dia da festa da democracia, sem saberem ao certo que rumo o Brasil está tomando.
Que Deus nos proteja, então.
Minha obra toda badala assim: Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil.”
mÁrio aNDraDE
Ensaísta brasileiro em carta a Manuel Bandeira em 8 de novembro de 1924
tEatromuNiCipaL aLbEri
O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) entrega nesta segunda-feira, 31, a obra de reforma do Teatro Municipal Dixhuit Rosado, bancada por recursos do Finisa. Ampla programação cultural marcará a reabertura do templo da cultura mossoroense, com apresentação de grupos de teatro, dança, música e apresentação do poeta popular Antônio Francisco. Início marcado para as 19h.
O futebol potiguar veste luto pela morte de Alberi, um dos maiores ídolos individuais do ABC de Natal. Ele foi o único jogador a receber a Bola de Prata da Revista Placar atuando por um time do Rio Grande do Norte, fato registrado em 1972. No final da década de 70, o craque jogou no futebol mossoroense defendendo o Baraúnas. Alberi José Ferreira de Mato morreu aos 77 anos, com diabetes.
É NotÍCia
O leitor pode acompanhar a cobertura do segundo turno das eleições, neste domingo, 20, pelo portal defato.com. Todas as informações e notícias estarão atualizadas pela equipe de jornalistas. Acesse.
A potiguar e ex-The Voice Samara Alves fará show em Mossoró na próxima sexta-feira, 4. Ela interpretará canções da cantora e compositora internacional Adele. O show de abertura será da mossoroense Caroline Melo. No Teatro Lauro Monte Filho, às 20h.
E o torcedor ou torcedora que brigou com o vizinho, parente e amigos por causa das eleições, como vai agir após a ressaca das urnas? Será que um pedido de desculpas faz bem?
Mais uma "Dia D" da campanha de multivacinação nesta segundafeira, 31, em Mossoró. A mobilização acontecerá nas Unidades Básicas de Saúde, a partir das 8h. Serão aplicadas vacinas contra a poliomielite, covid-19, gripe influenza e febre amarela.
Há 18 anos, Mossoró ganhava o espaço Arte da Terra, obra da terceira gestão da ex-prefeita Rosalba Ciarlini. Um dos pontos turísticos na Avenida Presidente Dutra, com boxes para produtos de artesanato e quiosques para comercialização de comidas e bebidas.
Gratuito
O transporte público gratuito em Mossoró começa a transportar eleitores às 7h, conforme esquema especial da empresa Cidade do Sol. As linhas atenderão todas as zonas da cidade, com cuidado especial para as áreas que concentram o maior número de eleitores. Os ônibus estarão nas ruas até às 17h.
SEm FiLa
O eleitor potiguar não enfrentará fila nos locais de votação neste domingo. Como votará apenas para presidente, já que a disputa pelo governo terminou no primeiro turno, a votação terá fluxo normal. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RN) está pronto para resolver qualquer imprevisto.
NÚmEroS
Estão aptos a votar hoje 156.454.011 brasileiras e brasileiros. Número recorde. No Rio Grande do Norte, são 2.554.727 detentores de título. Natal e Mossoró mantêm os dois maiores colégios eleitorais com 583.079 e 183.285, respectivamente.
apuraÇÃo
O TSE começa a apuração dos votos logo após o encerramento da votação, às 17h. A previsão é que por volta das 20h30 seja conhecido o presidente eleito. Para acompanhar a apuração em tempo real é só baixar os apps "Boletim na Mão" e o "Resultados" nas lojas virtuais App Store e Google Play.
LuLa E o zEpELim
por oLavo HamiLtoN
Doutor em Direito (UnB), é advogado, Conselheiro Federal da OAB e professor da Uern.
Lula é dos trabalhadores, dos pobres, dos retirantes, é de quem não tem mais nada. Dá-se assim desde o final da década de 1960, quando iniciou sua carreira sindical. Mais ainda após ter fundado o Partido dos Trabalhadores, no curso da redemocratização do país. Enquanto presidente, promoveu uma década de inclusão social, retirando mais de trinta milhões de pessoas da miséria, ampliou o acesso à educação e incluiu pobres, pretos e periféricos no orçamento e na vida civil da nação – a gente sofrida esqueceu-se da dor. Não fosse o bastante, tijolo com tijolo, num desenho mágico, tornou o Brasil a sexta economia mundial, credor e protagonista da comunidade internacional.
Tendo ousado tanto, impossível sair impune. Em uma sociedade fundada na desigualdade e conservadorismo, de uma elite branca, inculta e reacionária, impossível ousar tanto e sair impune. É por isso que a mão grande e nada invisível do mercado, o empresariado, boa parte da imprensa e da classe política passou a viver sempre a jogar pedra no Lula e em seu partido – ele é feito para apanhar, ele é bom de cuspir, maldito Lula! E uma vez que o direito e a justiça servem ao propósito de manutenção do status quo, nada mais adequado e esperado que fosse preso, humilhado, estigmatizado, extirpado da vida política, cheirando a guardado de tanto esperar. O país estancou de repente e a gente sentiu como quem partiu ou morreu.
Acontece que a história também tem os seus caprichos. Esse estado de coisas fez ascender Bolsonaro, acima de tudo e de todos. Desafiando a imprensa livre, as instituições democráticas e a autoridade do Supremo Tribunal Federal. Instrumentalizando as Forças Armadas e a Polícia Federal. Anunciando o golpe ao menor dissabor. Produzindo centenas de milhares de mortos em decorrência da má gestão no enfrentamento da pandemia. E a democracia, apavorada, se quedou paralisada, pronta para virar geleia.
Era preciso alguém para salvála. Esse alguém era o Lula – mas não pode ser o Lula, ele é feito para apanhar, ele é bom de cuspir, maldito Lula! De fato, logo o Lula, somente ele, seria capaz de vencer o bolsonarismo. Assim, os velhos algozes, em romaria, foram beijar a sua mão. A imprensa de joelhos, os economistas do Plano Real de olhos vermelhos e o supremo com o perdão – você pode nos salvar, você vai nos redimir, bendito Lula! Foram tantos os apoios, tão sinceros, tão sentidos, que ele dominou sua mágoa. Nessa campanha lancinante, entregou-se como quem dá-se ao carrasco. As pesquisas indicam que Lula vencerá no dia de hoje e, com ele, a democracia – a ameaça partirá em uma nuvem fria com seu zepelim prateado. Que suspiro aliviado! Mas não tarda, os mesmos que rogaram aos céus que Lula salvasse a república, não o deixarão dormir. E pedra será o que de mais salubre lhe jogarão.