Jornal de fato

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Tricolor perde o artilheiro Souza para o duelo no Pituaçu A semana havia começado da forma como pretendia o técnico Jorginho: com todos os titulares à disposição e uma semana inteira apenas para treinar. O fim da preparação do Bahia para a partida deste domingo, às 16h, contra o Botafogo, no estádio de Pituaçu, em Salvador, porém, trouxe uma série de más notícias para o treinador. Na última quinta-feira, o atacante Souza deixou o treino reclamando de dores na coxa direita. Exames detectaram um estiramento, que vai deixar o artilheiro do time na temporada fora dos campos por duas semanas. No último treinamento da semana, na sexta, foi a vez de os meias Gabriel e Zé Roberto deixarem a atividade com dores musculares. Por isso, passaram a ser dúvidas para a partida.

drible

Domingo, 30 de setembro de 2012

Cidadão do

mundo

Seedorf se preocupa com o social e já conquista os torcedores do Botafogo “Seedorf é assim: quando o procuramos no campo, está cuidando dos projetos sociais. Quando achamos que está no Brasil, está no Suriname. Ou na Itália. Ou nos Estados Unidos.”

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ão Paulo (AE) - Bebês prematuros, aqueles que nascem antes das 38 semanas de gestação, normalmente não conseguem respirar sozinhos. Sofrem de apneia (ausência de respiração), gemem bastante e até podem ficar roxos nos momentos de crise. Por isso, precisam de cuidados especiais o tempo todo. A construção de uma unidade neonatal respiratória no Hospital Acadêmico de Paramaribo, capital do Suriname, contribuiu com a redução de 30% da mortalidade dos prematuros desde 2005. Tudo por causa de aparelhos mais modernos e que facilitam os cuidados com os pulmões dos pequeninos surinameses. Você não está lendo o texto errado. Foi Clarence Seedorf, a maior contratação da história do Botafogo, que financiou a reforma de R$ 300 mil do hospital por meio de sua fundação Champions for Children, instituição sem fins lucrativos que desenvolve projetos sociais no mundo todo, começando pelo Suriname, terra natal do jogador. O camisa 10 participou da cerimônia de inauguração do

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setor e visitou o país duas vezes para acompanhar os trabalhos. Logo apoiada pelo governo, a iniciativa acelerou um processo que levaria entre cinco e dez anos de acordo com os profissionais do hospital. Seedorf é assim: quando o procuramos no campo, está cuidando dos projetos sociais. Quando achamos que está no Brasil, está no Suriname. Ou na Itália. Ou nos Estados Unidos. Tem uma grande ação para cada um dos sete idiomas que fala (português, holandês, francês, inglês, italiano, espanhol e o crioulo). O berço vem em primeiro lugar. A inscrição "mi sab’ dat mi lob Srana" (sei que amo o Suriname) está na entrada da unidade neonatal. Seedorf nasceu em 1975, um ano depois da independência do País, saiu ainda jovem e adotou a cidadania do colonizador, a Holanda. Mesmo assim, transformou em lenda o sobrenome do avô, filho de escravos que, apesar da alforria, carregou o Seedorf do antigo senhor alemão. Daria para fazer um livro sobre os projetos sociais de Seedorf, mas, por questões de espaço, vai tudo em sete linhas: a Champions for Children possui seis projetos em vários países, entre eles, Camboja, Quênia e Brasil. Em Salvador, o craque investiu 50 mil euros na construção de um centro de recreação e esportes no bairro de Alagados, um dos mais pobres da Bahia.

‘Ele é parecido com Chico Buarque’, diz técnico

O holandês não joga só com o nome. Seerdorf fica no meio do caminho entre a prosa europeia (direta, vertical, rumo ao gol) e a poesia latina (a imprevisibilidade do drible). No Campeonato Brasileiro, vem se reinventando como atacante. Jogando mais avançado, marcou sete gols em 14 jogos - faltam três para ele quebrar seu recorde em uma temporada. "Ele é parecido com Chico Buarque: quietinho, na dele, mas agrada todo mundo", comparou o técnico Oswaldo de Oliveira. "Todos falam que penso e jogo como brasileiro e isso está me ajudando", disse o atleta, que passou as férias no Rio de Janeiro

nos últimos dez anos. Seedorf está aqui, mas continua em todo lugar, em seis idiomas. A assessoria de imprensa do Botafogo tem um calhamaço com 40 solicitações de entrevistas, entre elas da Holanda, Itália e até Austrália. No Suriname, o apresentador de TV Desney Romeo afirma que a audiência do seu programa semanal "Futebol no Brasil", transmitido às segundas-feiras pela emissora ABC, aumentou com a contratação do meia. Como o Suriname ainda tem dificuldades para medir a audiência, o apresentador se baseia na participação ao vivo dos telespectadores para tirar a conclusão.

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Clarence Seedorf foi a maior contratação da história do Botafogo

Esse comprometimento chegou aos ouvidos de Nelson Mandela. Em 2009, o jogador foi condecorado como membro do "Champions Legacy", grupo que ajuda a manter o legado do líder sul-africano. São só

bambambãs, como David Rockefeller e Bill Clinton, que se destacam por esforços filantrópicos no mundo. E Seedorf muda para o inglês. "Testemunhar a fome que estrangulava a Etiópia na década de 80,

quando eu era apenas uma criança, teve um efeito profundo em mim e despertou meu desejo de dar forma ao meu destino", declarou em tom solene na apresentação de sua fundação.

Brasileirão

Botafogo busca vitória para seguir vivo na luta pelo G4 Rio (AE) - O técnico Oswaldo de Oliveira estabeleceu como prioritários os três próximos jogos do Botafogo, a começar pelo deste domingo contra o Bahia, às 16h, no estádio de Pituaçu, em Salvador, pela 27.ª rodada, para que o time possa ao menos assegurar uma vaga na Copa Libertadores - teria para isso que chegar entre os quatro melhores do Campeonato Brasileiro. A dificuldade maior, segundo o treinador, é a força da torcida baiana, que fez um pacto para apoiar a equipe nordestina a se livrar do risco de rebaixamento.

Após o confronto contra o Bahia, o Botafogo terá como adversários o Fluminense e o Santos, ambos no Engenhão. O time está em sexto lugar, com 40 pontos, a quatro do Vasco, que ocupa a quarta posição. Entre os dois há o São Paulo, em ascensão, com 42 pontos. Oswaldo de Oliveira aposta no talento de Seedorf para desequilibrar o jogo em Salvador. O holandês vem de ótima atuação contra o Corinthians (2 a 2), jogo em que marcou dois belos gols. O meia Fellype Gabriel reclamou de dores muscu-

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lares no treino da última sexta-feira, foi poupado, mas os médicos do Botafogo disseram que ele vai ter condições de jogo. O principal desfalque continua sendo o meia Renato, contundido. Sua vaga permanece por enquanto com Gabriel. Para o goleiro Jefferson, o time alvinegro está cada vez mais maduro e experiente e tem todas as condições de voltar da Bahia com uma vitória. O provável time será com Jefferson; Lucas, Fábio Ferreira, Dória e Márcio Azevedo; Gabriel, Jadson, Fellype Gabriel, Seedorf e Andrezinho; Elkeson.

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Luviana foi decisiva na vinda do jogador para o Fogão

Entre tantas línguas, o coração do craque escolheu a de Camões. Ou melhor, a de Neguinho da Beija-flor. Quando Seedorf e a brasileira Luviana completaram sete anos de casamento, o holandês preparou uma festa surpresa em Milão. Mandou chamar o puxador de samba e pediu que cantasse a preferida da amada: a música Negra Ângela (Hoje eu vi um lindo negro anjo/Anjo negro, lindo anjo/Negra Ângela). Esse foi um dos pontos altos de uma história de conto de fadas. Os dois se conheceram no início da década de 90, quando Luviana, então passista de Mocidade Independente de Padre Miguel, viajou com a escola para uma temporada de shows na Itália. Ela era de família humilde, moradora do Realengo que ganhava a vida com apresentações como mulata. "Foi o casamento de um príncipe e uma princesa", derreteu-se o compositor Jorginho Estrela Negra, uma espécie de cupido e amigo do casal até hoje. Jorginho conta que Luviana é uma primeira dama com jeito de primeira ministra. Foi ela quem bateu o pé para que o jogador aceitasse a proposta do Botafogo, deixando de lado uma oferta salarial de R$ 1,5 milhão por mês do chinês Guangzhou Evergrande, mesmo time do argentino Darío Conca, além de outras propostas de cair o queixo da Inglaterra, Estados e Unidos e Catar. Seedorf balançou, mas cedeu (no Botafogo, recebe por volta de R$ 700 mil de salário, além de luvas de R$ 1,5 milhão). "Prevaleceu a vontade dela de voltar ao Brasil e vê-lo no seu time do coração". O desejo de Luviana foi compartilhado por duas mil pessoas, que foram ao aeroporto para recebêlo em julho, quando assinou contrato de dois anos. E o exército de "seedorfianos" não para de crescer. Em apenas três meses no Botafogo, Seedorf conseguiu resgatar parte do orgulho dos torcedores, que amargam um jejum de 17 anos sem títulos nacionais. Levantamento do departamento de marketing do clube aponta que o número de sóciostorcedores triplicou, passando de quatro para 12 mil desde o holandês chegou. "O torcedor reagiu à chegada do Seedorf quase como se fosse um título", comparou o diretor de marketing Marcelo Guimarães.


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