Jornal de fato

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televisão

Domingo, 21 de abril de 2013

por acaso Atriz

O

humor e a sinceridade são traços marcantes da personalidade de Rosamaria Murtinho. Não é à toa que, prestes a completar 50 anos de carreira na televisão, ela garante que a interpretação não é, e nunca foi, prioridade em sua vida. "Eu tenho talento, mas não tenho vocação", ressalta, aos risos. A atriz, que poderá ser vista na próxima novela das nove da Globo, "Amor à Vida" – com estreia prevista para o dia 20 de maio –, jura que teve dificuldade para aceitar sua "falta de tesão" pelas Artes Cênicas. E só conseguiu admitir essa realidade para si mesma com a ajuda de uma regressão. "Eu não tenho essa sede de estar no palco ou no ar com um trabalho atrás do outro. Mas, quando aceito um papel, me dedico ao máximo", explica. Na trama de Walcyr Carrasco, Tamara é mãe de Esther, papel de Bárbara Paz. A personagem é uma mulher extremamente superficial que está sempre em busca de tratamentos estéticos para melhorar sua aparência. Como suas cirurgias plásticas são bancadas por seu genro Félix, empresário da área da saúde vivido por Mateus Solano, ela pressiona a filha a continuar estagnada em um casamento infeliz, apenas pelo aspecto financeiro. "Ela é uma perua que não quer que a filha se separe do genro. Então, vive dizendo que ela não conseguirá viver de mesada, precisa manter o casamento para continuar rica", conta. O interesse no patrimônio do marido de sua filha é tamanho que, mesmo quando a personagem de Rosamaria descobre a vida dupla de Felix – apesar de ser casado com Esther, ele mantém casos paralelos com rapazes –, ela in-

fluencia a filha a ignorar a traição. "O Walcyr sempre escreve com coerência, então seus personagens não passam do limite. Ele vai mostrar uma homossexualidade real, sem caricatura", analisa. Para se preparar para o papel, Rosamaria recorreu às memórias de sua infância.

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Primeira

mão

Prestes a entrar no ar em "Amor à Vida", Rosamaria Murtinho ressalta sua falta de vocação

Lembrou que, como na época não existia a cirurgia plástica ou procedimentos estéticos muito avançados, as mulheres tinham de apelar para práticas quase cômicas. Como o uso de expressões faciais estáticas, que não ressaltassem suas rugas. Ela se inspirou, especificamente, em duas amigas de

sua mãe que, quando riam, praticamente não mudavam o semblante. "Essas mulheres daquela época riam de maneira controlada para não mostrar as marcas da idade. Isso chega a ser engraçado. Vou levar essa risada para a personagem", adianta. Apesar de pertencer a um dos principais núcleos dramáticos da novela, já que o folhetim girará em torno da disputa entre dois irmãos, interpretados por Mateus Solano e Paolla Oliveira, pelos bens de sua família, a personagem de Rosamaria terá um tom mais voltado para a comicidade. Em algumas cenas, por exemplo, em que seu genro diz que ela faz muitas plásticas, Tamara terá a resposta, como um bordão, na ponta da língua: "Eu só me arrumo". "Essa personagem eu posso puxar um pouco para o humor porque ela mesma não leva muito a sério o que dizem a seu respeito", argumenta. Oriunda do teatro, onde começou a trabalhar amadoramente na adolescência, Rosamaria só entrou para a tevê aos 29 anos, quando estreou como protagonista na novela "A Moça que Veio de Longe", exibida pela TV Excelsior em 1964. Hoje, aos 78 anos, a atriz tem uma carreira sólida, com mais de 45 novelas em seu currículo. Presente em diversas fases da teledramaturgia nacional, ela acredita que as produções evoluíram de maneira positiva ao longo dos anos. "A grande sorte da teledramaturgia do nosso país é que antigamente as produções internacionais eram muito caras, então houve uma necessidade de investir nos autores brasileiros", conclui.


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