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mossor´o ´ Domingo, 9 de fevereiro de 2014
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Cenário
Censo do IBGE em 2010 apontou para a década da ascensão social. Sociólogo vê que transformações estão acontecendo
A era da transformação social chegou? Gildo Bento
É preciso levar em consideração outros parâmetros e o setor educacional é o principal. Isso na visão de Aécio Cândido de Sousa, Doutor em Sociologia
Ao apontar que em 2010 existiam cinco áreas tidas como subnormais em Mossoró e que algumas delas foram extintas e outras estão em processo de urbanização, o JORNAL DE FATO se refere ao fato de se ter uma política centrada e direcionada à população de baixa renda. Não apenas com a erradicação de favelas, e por meio da garantia de casa própria através do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. São fatos ligados diretamente à melhoria na qualidade de vida. Além disso, percebese que existe uma transformação pessoal. As pessoas estão mais atentas aos seus direitos e isso faz com que o Estado (Governos em geral) tenha olhar diferenciado à sociedade. E é nesse sentido que o Doutor em Sociologia Aécio Cândido afirmou que se percebe uma evidente transformação social. A começar pelo acesso ao Ensino Superior. São pessoas cujos pais não tiveram esse acesso e que agora aparecem em
EDILSON DAMASCENO
Da Redação edildamasceno@gmail.com
D
écada da transformação, da ascensão social. Era da classe baixa. Tempos bons para o pobre. São máximas de cunho político que ganham dimensão cada vez mais popular. Mas será que elas se aplicam na prática? Em 2010, de acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mossoró apresentava cinco áreas consideradas subnormais – aquelas em que as famílias vivem abaixo da linha de pobreza e sobrevivem com menos de R$ 100,00 por mês. Ao todo, essas áreas abrigavam 5.944 pessoas, que se distribuíam em 1.604 barracos (casas de taipa ou de madeira). Se for pensar essa situação a nível de Rio Grande do Norte, eram 105 favelas abrigando 84.118 pessoas em 24.165 casebres. O que mudou de 2010 para cá? O JORNAL DE FATO foi buscar essa resposta e o cenário atual segue em descrição abaixo. Em 2010, no município de Mossoró existiam as favelas do Fio, Forno Velho, Santa Helena, Tranquilim e Wilson Rosado. Nesses quatro anos, nenhuma sofreu alteração. Contudo, apesar do avanço, áreas subnormais continuam crescendo e mais pessoas, ávidas pelo sonho da casa própria e sem perspectiva de como alcançar esse objetivo, migram para as favelas. Mesmo com a chamada política de inclusão e com a crescente popularização de que a classe baixa está emergindo
)) Em 2010, Mossoró tinha cinco favelas e três serão erradicadas por meio de políticas públicas e ascendendo socialmente. Mas a medição dessa ascensão não se faz apenas por meio de erradicação de favelas. É preciso levar em consideração outros parâmetros e o setor educacional é o principal. Isso na visão de Aécio Cândido de Sousa, Doutor em Sociologia. Segundo ele, percebe-se claramente uma transformação, a ascensão da classe baixa e o poder de consumo dessa classe aumentou consideravelmente.
No caso de Mossoró, o Doutor em Sociologia exemplifica que tal afirmação se constata no número elevado e crescente de veículos em circulação. “Inegavelmente tem havido ascensão. A estabilidade da moeda (Real) tem melhorado a vida das pessoas. A economia mantém produtividade, preços e isso facilita o acesso aos bens de consumo. E um exemplo é que a gente observa a quantidade de carros nas ruas”,
comentou Aécio. Contudo, em todo avanço existem consequências. E o sociólogo aponta que estas são “perversas”. É o caso da infraestrutura, a carência dela, em todo território brasileiro. Em outras palavras, o Doutor em Sociologia quer dizer que a melhora na qualidade de vida das pessoas, da ascensão da classe baixa, poderá ser mais concreta com a qualidade dos serviços do próprio Estado.
xa ao Ensino Superior. Além disso, existem as cotas universitárias, que garantem vagas para alunos oriundos de escolas públicas, de cor negra ou que possuam algum tipo de deficiência. Foi o que deixou claro o sociólogo Aécio Cândido. Para ele, as novas gerações estão se graduando e que isso representa tempos razoáveis para se pensar em transformação social. É que o próprio Governo (União,
Estados e Municípios) está expandindo seus serviços. E essa expansão requer ampliação de servidores públicos. Governo Federal, dos Estados e Prefeituras acentuam concursos públicos para atender à demanda social. E essa demanda requer gente qualificada. E é aí que entra a questão da ascensão social. “A expansão de serviços permite a ascensão da classe baixa à classe média e alta”, disse Aécio. Mas apesar dessa constatação, percebe-se que ainda se tem uma questão direcionada ao futuro: é possível
vislumbrar a possibilidade erradicação, mais ampla, da desigualdade? E o Doutor Aécio Cândido afirmou que não tem como a Sociologia trabalhar com previsões. “É difícil”, afirmou, acrescentando: “é necessário que as políticas continuem, que a conjuntura econômica interna e externa favoreçam. Se isso contribuir favoravelmente, em 10 ou 15 anos teremos algo mais observável. Teremos gerações que se formam (no Ensino Superior). São tempos razoáveis para se pensar em uma mudança”, afirmou.
à educação superior é ))Acesso visto como meio de transformação Mas o que tem provocado essa ascensão? A resposta vem de algo já apontado por Jean Jacques Rousseau: quando algo estiver errado, é preciso recomeçar. E o recomeço tem que ser pela educação. A criação de programas que atendem pessoas de baixa renda e que estudam em escolas públicas, como o Prouni, FIES e – no caso de Mossoró – o Pró-Superior é garantia de acesso de estudantes de classe bai-
pessoas da classe C e D )) ‘Muitas têm ascendido à classe média’ estatísticas sociais que apontam a ascensão da classe baixa. “As pessoas estão melhorando suas residências e têm acesso aos bens de consumo. O consumo de lazer é grande e esse volume se constata nas agências de turismo e no crescente número de bares, pousadas e buffet’s em Mossoró”, afirmou. Paralelamente, o sociólogo disse que percebe que a classe média tem sido a mais penalizada e precisa fazer “certos sacrifícios”. Obviamente que as ações de políticas públicas dirigidas à classe baixa não beneficiam quem está fora do padrão social estipulado pelos governos. E a penalização referida por Aécio se volta nesse sentido. Tanto que ele afirmou que se percebe maior mobilidade, maior ascensão das classes C e D. E estas estão migrando para a classe média. “Sem dúvida alguma, mesmo de forma não tão extensa, muitas pessoas da classe C e D têm ascendido à classe média”, afirmou.
garante que )) Secretário favelas serão erradicadas O avanço social em Mossoró segue a visão apontada pelo sociólogo Aécio Cândido de Sousa no que diz respeito às políticas públicas direcionadas às famílias de baixa renda. E especificamente no que tange ao cenário apontado pelo censo do IBGE de 2010. Das cinco áreas subnormais apontadas quatro anos atrás, três serão transformadas. Segundo o secretário municipal do Desenvolvimento Urbano, Galtiere Ferreira Tavares, a transformação social nas favelas Tranquilim, Wilson Rosado e Santa Helena já começou. Disse que o projeto de reurbanização dessas áreas vai melhorar a qualidade de vida de mil famílias. É que, ao todo, mil casas serão construídas e, ao entorno delas, a Prefeitura de Mossoró garantirá toda a infraestrutura, como posto de saúde, escolas e demais equipamentos. O secretário acrescentou que paralelamente ao projeto que prevê a reurbanização das favelas do Tranquilim, Wilson Rosado e Santa Helena, a Prefeitura
de Mossoró já pensa em mecanismos que possam erradicar as favelas do Fio e Forno Velho. “Estamos estudando”, afirmou. Galtiere disse ainda que outros empreendimentos habitacionais serão construídos em Mossoró e que beneficiarão a população de baixa renda, seguindo os moldes do programa “Minha Casa, Minha Vida”. Disse que a Prefeitura também fará o recadastramento das pessoas que se enquadram no perfil exigido pela Caixa Econômica para tais empreendimentos. Isso ocorrerá no mês de março.
Das cinco áreas subnormais apontadas quatro anos atrás, três serão transformadas.