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Segundo o IBGE, a inflação oficial de janeiro foi de 0,21%, a menor taxa para o mês desde a série histórica do Banco Central, iniciada com o Plano Real em 1994. A taxa é inferior ao 1,15% de dezembro e ao 0,32% de janeiro de 2019

ESPAÇO JORNALI STAMA RTINS DE VA SCONCELOS

QUANDO FEVEREIRO CHEGAR, A SAUDADE VAI FICAR NA GENTE...

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Organização: clauder arc anjo

Ilustrativa/cedida

Ânge la Rodr igues Gurge l Escritora e Vice-presidente do ICOP angelargurgel@gmail.com

Diz a canção que “Quando fevereiro chegar //Saudade já não mata a gente //A chama continua no ar // O fogo vai deixar semente // A gente ri, a gente chora // Ai ai ai ai // A gente chora //Fazendo a noite parecer um dia(...) Parafraseando a famosa canção, eu diria que, quando fevereiro chegar, janeiro ainda não conseguiu passar, a saudade vai ficar na gente, pois os acordes da banda continuam a tocar dentro de nós, os sinos continuam gritando suas badaladas no ar, a nos convidarem para a missa, e o sol parece nos aliciar para ir atrás da banda. Sim, a gente ri e a gente chora, até que, outra vez, seja janeiro em Caraúbas.

Pode parecer exagero, mas, para nós, caraubenses autênticos, que nos vestimos de fé e devoção pelo seu santo padroeiro, fevereiro chega carregado de doces lembranças. Memórias de dias vividos em nosso torrão. Cheiro de gente que não consegue cortar o cordão umbilical com a Terra das Caraubeiras. Fevereiro, para nós, se achega com jeito de ano novo. Sim, para os caraubenses, o ano começa depois da Festa de Janeiro. No nosso calendário, os últimos dias do mês de janeiro representam a (des) continuidade do ano que passou, mas que só se despede, em definitivo, após as alvoradas, salvas, missas, adoração do santíssimo, novenas, batizados, casamentos e procissões realizadas durante a festa de São Sebastião. Só quem nasceu, ou adotou essa cidade como sua, entende que janeiro em Caraúbas é algo maior do que as palavras. É um sentimento intraduzível. Vive-se. Sente-se. Não dá para explicar tal magia a emanar de seu povo. Essa emoção se derrama pelos olhos, quando ouvimos o hino do Santo Guerreiro sendo cantado pelo coral da igreja ou executado pela Banda de Música. Não dá para ficar parado ouvindo a banda tocar. Não dá para continuar sentada vendo-a sair. É preciso segui-la. Acompanhá-la até sua sede. Reafirmar nossa “devoção” a esses devotados músicos que, durante dez dias, tocam a Alvorada, a Salva (a salva é uma emoção que só os filhos de Caraúbas ou seus amigos entendem) antes da novena. Um verdadeiro “mutirão musical”. Acordar com o som da Banda de Música, “amanhecendo” a cidade e convidando-a a vir rezar, é uma sensação de contentamento que só se vive na Terra das Caraubeiras. Chegar para a missa das seis e ser recepcionada pela Banda não tem preço.

Assistir à missa com a igreja lotada e, na maioria das vezes, celebrada por padres que nasceram e cresceram em nossa cidade é um confortável alento para os nossos corações. Não, não é bairrismo, é alegria por perceber que a igreja está “seduzindo”, que as famílias estão se fortalecendo na fé, e os nossos jovens estão atendendo ao chamado de Deus (Não fostes vós que me escolhestes; ao contrário, Eu vos escolhi a vós e vos designei para irdes e dardes fruto, e fruto que permaneça. João 15:16).

Meus olhos brilhavam de emoção, e meu coração exultava de alegria ao ver a Igreja Matriz lotada e, no altar, um celebrante filho da cidade. Todo meu ser enchia-se de uma paz que não consigo explicar. Todas as missas, celebradas por Pe. Demétrio Júnior, Pe. Frederico Gurgel, Pe. Gláudio Costa e Pe. Júnior Paiva foram lindas. Cada um, em estilo próprio, fez uma bela homilia. Daquelas que a gente ouve concentrada. Que conversa com nosso “eu” e nos (re) liga ao Céu. É como se eles penetrassem em nossos corações e dissessem aquilo que precisávamos ouvir. Gratidão a Deus por esses jovens padres. Por suas vocações e dedicação. Suas palavras foram um convite à reflexão sobre nossa missão aqui na Terra. Parabéns ao Pe. Demétrio Júnior Freitas, Administrador Paroquial, e a toda sua equipe pela organização dos festejos, obrigada aos gestores Juninho Alves e Paulo Brasil pelo cuidado e zelo com nossa amada Caraúbas. Foi uma linda festa. Valeu a pena enfrentar o sol e o calor do meiodia para ouvir a banda tocar, “atrapalhar” o trânsito e enfrentar fila para tirar fotos no pórtico da cidade que valorizou e embelezou a entrada de nossa Caraúbas. Obrigada, Fablo Tácito (Faim) pelo II Encontro do Café & Poesia. Por reafirmar nossa fé na literatura como caminho para um mundo melhor, por estar ao nosso lado alimentando a esperança de um amanhã com mais leitores.

Obrigada a Deus pela chuva maravilhosa que banhou a cidade e nos levou às “biqueiras” para um

gostoso e renovador banho de chuva. Como foi bom passear pela cidade sendo lavada pelas águas do céu e iluminada pelos fortes relâmpagos que cortavam as nuvens que derramavam água sobre nós. Como foi bom ouvir o rugir dos trovões enquanto atravessávamos as águas que corriam livremente. Gratidão a todos e a cada um que fizeram desses dias um espaço para reencontros e muita alegria. Como foi bom (re)encontrar-me nos abraços, elogios (sei que são fruto da generosidade dos amigos, mas nos faz um bem danado), nos cafés tomados com cascão de bolo lá em Tenório, meu irmão, responsável pelo melhores bolos e salgados da cidade, nas cervejas compartilhadas, nas danças (como dancei!), no feijão com tripa do Bar da Carranca feito por Janeiro, em Caraúbas, exerce esse poder de renovação. É como se celebrássemos um pacto de paz conosco e com o outro. ''

Verônica, minha irmã, na boa música de Donizete, Chavier Costa e Assis Blênio.

Voltei com a fé fortalecida e o coração transbordando de gratidão e com renovada fé na vida e na humanidade.

Janeiro, em Caraúbas, exerce esse poder de renovação. É como se celebrássemos um pacto de paz conosco e com o outro. Abrandamos os corações, deixamos o “semblante” mais sereno e nos entregamos, de corpo e alma, aos dez dias de festa!

Que Deus nos abençoe e, como disse Pe. Gláudio, “que venham muitos janeiros, para irmos atrás da banda, e não somente vê-la passar!”. E que eu e todos vocês, que amamos Caraúbas e sua gente, estejamos lá, com as bênçãos de São Sebastião!

direção geral: César Santos diretor de redação: César Santos Gerente ADMINI STRATIVA: Ângela Karina Um produto da Santos Editora de Jornais Ltda.. Fundado em 28 de agosto de 2000, por César Santos e Carlos Santos.

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