Jornal da Vila - n04 - janeiro de 2006

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HISTÓRIA

Janeiro de 2006

Família Canavaci: a José Velloni: simpatia, impressão é hereditária ação e engajamento social

J

osé Canavaci nasceu em 1927 nesta cidade e desde criança veio o interesse pelo trabalho em gráfica, tanto que aos dez anos já trabalhava na Tipografia Zinato. Seu pai, Afonso Canavaci, era peão de boiadeiro e sua mãe, dona Adélia, cuidava da casa, tarefa hoje transferida para os mais jovens, porque já está com seus 98 anos. José trabalhou na Tipografia São Paulo, a gráfica mais antiga de Ribeirão ainda em atividade. Voltou para a Zinato, foi para a tipografia da Arquidiocese de Ribeirão e depois para o Diário da Manhã. Aos domingos, saía o Diário da Manhã e após o almoço, o Jornal da Tarde. José se desdobrava, pois entendia de diagramação, linotipia, montagem de clichês, impressão, redigia e fazia a manutenção das máquinas. Às vezes, em caráter de urgência, socorria outros jornais. Foi um dos gráficos mais completos do Brasil. José trabalhou durante vinte anos no Diário da Manhã e ajudou a formar uma turma da qual boa parte hoje é proprietária de gráficas renomadas em Ribeirão. Somente em 1967 montou a própria gráfica, que continua no mesmo endereço. Paralelo ao trabalho de gráfico, José foi secretário-geral da Federação Nacional dos Gráficos, com

Ex-vereador, astro de cinema e, principalmente, gente, o cidadão da Vila estará em palestra na ACI – Vila Tibério no dia 8 de fevereiro, às 15h30, na primeira de uma série de exibições da Distrital, com o filme Revolta em San Diego, do qual participa

J José Canavaci

sede no Rio de Janeiro, por mais de dez anos, e membro da Confederação Nacional do Gráficos, da Confederação Nacional do Trabalho Industrial e da OIT – Organização Internacional do Trabalho. Como sindicalista, José foi bolsista durante três meses nos Estados Unidos, em 1961. Uma curiosidade é que ele esteve presente na posse do presidente John Kennedy, em Washington. Na década de 50 José participou de um grupo de sindicalistas que propôs ao governo federal a criação do 13º Salário. Em Ribeirão deixou como legado o Parque Recreativo dos Gráficos, que vem a ser o primeiro no Brasil. José faleceu em 1984, com 57 anos. Os filhos de José e Herminda Duarte Canavaci herdaram a vocação do pai: Antônio Afonso é professor de Inglês e Português na rede estadual e trabalha na gráfica, assim como José Canavaci Filho que é contador e administrador de empresas. Aparecida Conceição é diagramadora e trabalha com computação gráfica. A única irmã que não trabalha mais com os irmãos é Carmen Sílvia Canavaci Barizon, professora de Biologia. O filho de Afonso, João Paulo, segue os caminhos do pai e do avô; é auxiliar de acabamento. A árvore plantada por José Canavaci continua frutificando. Aparecida e os irmãos José e Afonso

osé Velloni, com dois eles, nasceu em 25 de Setembro de 1920 na Vila Tibério, na divisa com o Monte Alegre, hoje rua Coronel Camisão. Dali foi para a Dr. Loyola, perto da Igreja, onde se criou e viveu até os 62 anos. “ Foi um tempo muito bom”. Filho de lavradores, cedo começou a trabalhar como engraxate, na estação de Dumont, em frente ao bar do tio Valentim Mestriner, onde serviu a jogadores famosos como Tim, Santana e Palito. Mas logo entrou para as indústrias Paschoal Innecchi, e com 16 anos já era meiooficial no Tarozzo: “Eu era canhoto, e achei que eu nunca seria um bom oficial de marcenaria. Em 1937, fui procurar emprego na Antarctica. Como já havia engraxado muito para ”seu” Copesco, então diretor geral da Antarctica, na mesma hora estava colocado”. Complementou os primeiros estudos na biblioteca dos pobres, na Mariana Junqueira, tocada por voluntários, para operários que quisessem estudar à noite. O diretor geral era o Durval Fontes, do Cartório, uma figura extraordinária, o “seu” Geraldo Curtis...”. Casou em 1943 e teve seis filhos: Valter, falecido recentemente,

“Vou Sempre na Vila... Não deixo a saudade apertar” Valério, Vitor, Cecília, Vagner e Valdir, todos formados: “Aí eu achei que eu devia estudar mais, e foi com sacrifício, depois de velho...”. Em 1947 entrou na política, inicialmente em uma suplência da UDN: “Mas eu era trabalhista...”. Talvez pela afabilidade, simpatia e interesse humano, foi vereador em oito legislaturas, que duraram 34 anos. Mas o que empolga mesmo o ser humano José Velloni é a sua participação em produções cinematográficas. Sua profícua carreira ren-

deu 18 longas metragens, dez deles com o lendário Amácio Mazzaropi. “Ah! O cinema... eu sempre gostei de teatro”. No coreto da Praça Coração de Maria declamava poesias, representava. Passou pelo grupo de Antônio Maria Claret e pelo Teatro Escola Ribeirão Preto, com Lima Duarte e a mãe dele. apelidada Dona Pequena. “Montávamos uma peça e levávamos no Cine Avenida, na Jerônimo Gonçalves”. E a paixão pelo cinema o levou ao hoje Cônego Arnaldo, que falou: “Velloni, estão fazendo um filme em Santa Rita”. O filme chamouse “Da terra nasce o ódio”. Uma casualidade em São Paulo ligou-o a Mazzaropi, que estava filmando “O Jeca e a Freira”. “Minha cena era curta, mas exigia um pouquinho de conhecimento”. Um médico tem que comunicar a uma mulher e seus dois filhos que não tem jeito de salvar o chefe da família. “E eles gostaram da minha atuação”. Entrando para o elenco de Mazzaropi, não saiu mais. A paixão pelo cinema o faz perceber um futuro significativo para a atividade em Ribeirão Preto: “Eu tenho a impressão que nós vamos virar um centro cinematográfico muito importante...”.


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