JG_262 Julho / Agosto de 2020

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Preço: 2€ | Director: Luís Miguel Ferraz | Bimestral | Ano XXIV | Edição 262 | Julho / Agosto de 2020

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Manuel Carreira Almeida Rito (1957-2020)

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em memória


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

em memória

.editorial.

. cadernomensal . José Travaços Santos Etnógrafo e investigador

A-Deus

Com a partida do director-adjunto Manuel Rito, acabou uma parte deste Jornal. Nada será como dantes. Há um espírito próprio das coisas que lhe é dado pelas pessoas e o deste Jornal era muito marcado por ele, pelo seu modo de ver as coisas, de fotografar acontecimentos, de entrevistar pessoas, de escrever sobre glórias e lamentos, de defender causas, projectos e ideias. Isso desapareceu e é apenas a isso que dizemos adeus. Ao Manuel dizemos “A-Deus”, isto é: vai em paz, até um dia em que iremos também ao teu encontro no mesmo regaço divino. As páginas que se seguem dizem mais algumas coisas sobre o Manuel. Mas nunca dirão tudo, nem talvez o mais importante. Isso está no nosso coração e é indizível. Aliás, as centenas de páginas do Jornal nos últimos quase 25 anos dizem muito mais e melhor sobre o Manuel. Estão encadernadas no CRG e na biblioteca municipal, para quem queira consultar. Iremos, com certeza, rever alguns desses textos e imagens no futuro. Enquanto cá ficarmos, como ele mesmo diria, há que olhar para a frente e continuar a luta, um dia de cada vez. Não se pode substituir uma pessoa como o Manuel, mas podemos pegar no legado dele e manter a construção, procurar outros modos e caminhos, crescer, na medida do possível. É isso que procuraremos fazer, certos de que também ele estará a olhar por nós, a dar-nos força e incentivo, a ajudar-nos a não desistir. Tentaremos ser dignos do seu testemunho e essa será a melhor homenagem que lhe poderemos fazer.

Triste Verão

Nada está a ser como dantes também na nossa vida social e são sobretudo os ambientes de festa que estão a faltar a muitos de nós para animar um pouco este Verão quente e triste. Na paróquia da Batalha, todas as festas foram canceladas, por precaução e porque a Igreja tem sido exemplar na resposta mais radical às exigências da saúde pública. Na nossa pequena aldeia, teríamos três grandes festas (CRG, igreja da Golpilheira e igreja de São Bento). Não se fizeram… e sabe Deus como nos falta aquele ambiente de celebração de fé, de convívio e de alegria. Tal como nos faltam as pequenas festas, encontros e convívios entre familiares e amigos. Resta-nos esperar que haja condições e seguranças suficientes para voltarmos a uma normalidade mínima. Não sabemos quando nem como, tal como não sabemos bem ainda como fazer… porque tudo é novo, incerto e estranho. Curiosamente, nem as próprias autoridade parecem ter muitas certezas sobre procedimentos e há coisas estranhas como ajuntamentos que não se podem fazer e outros promovidos, festivais e festas cancelados e outros que serão realizados, espectáculos proibidos e outros a acontecer por todo o lado em espaços abertos e fechados, gentesenfim… incongruências que levam a incompreensões e que motivam uns a querer tudo fechado e outros a continuar sem qualquer cuidado, como se nada fosse. Talvez o mais sensato seja um meio-termo, mas… lá está, ninguém sabe bem qual. Resta-nos esperar. E só Deus sabe as consequências sociais, económicas e humanas de tudo isto. Talvez só o saibamos quando passar este longo e quente Verão triste. Até lá, saúde a todos!

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Luís Miguel Ferraz Director

Manuel Rito Com a morte de Manuel Carreira de Almeida Rito perdeu o “Jornal da Golpilheira” um dos seus alicerces e perdeu a nossa região um homem bom, prestável, sempre atento ao que se passava à sua volta, escolhendo criteriosamente o que valia a pena registar, só referir e também exaltar, deixando nas páginas do jornal notícias que são tantas vezes crónicas duma época, reflexos de um tempo, memórias que se apagariam facilmente se ele as não relatasse. Tudo feito com isenção, mas também com entusiasmo. E teve a coragem de contar os passos dolorosos da sua doença, uma chamada de atenção para casos como o seu e para a compreensão que lhes é devida. Foi desde o início o braço direito do Dr. Luís Miguel Ferraz, director e idealizador deste jornal que é um dos melhores da Imprensa Regional Portuguesa, motivo de orgulho para a Golpilheira e para o Concelho da Batalha, sendo um dos responsáveis pela sua reconhecida qualidade. À sua esposa, aos seus filhos e restante família e ao director do “Jornal da Golpilheira”, os meus mais sentidos pêsames.

Evocação do Padre António Vieira Voz sue se levanta solitária e investe destemida, solidária com a Humanidade oprimida, contra todo um mundo adverso. Voz da invenção da modernidade, humanista, humanitária, que nela ganha o verbo da estatura do Homem, dimensão do Universo. Voz de Portugal cativo, da esperança do reino restaurado. Voz dos dois impérios, Um irreal mas desejado de um príncipe português rei universal, outro real e de incomensurável grandeza: António Vieira, ele próprio imperador, como o proclama Fernando Pessoa, da Madre Língua Portuguesa.

Museus da Língua Portuguesa e dos Descobrimentos A fundação urgente destes dois museus, o da Língua Portuguesa e o dos Descobrimentos Portugueses, deve tornar-se exigência do Povo Português que, se não tiver a coragem de se libertar do pântano ideológico em que minorias extremistas o querem lançar, deixará mirrar raízes essenciais da sua Cultura e perderá memórias capazes de o impelirem à aventura, agora, de se reconstruir como povo e de ser, tanto quanto o mundo moderno lho permitir, o protagonista do seu destino. Ao contrário do que se propala hoje, a liberdade dos povos continua a firmar-se na sua independência, na compreensão de que são comunidades com características culturais próprias, cuja perda empobrecerá sempre o Mundo, no seu trabalho colectivo e na partilha dos bens que são de todos e não de minorias privilegiadas e apátridas.

630 mil jovens deixaram o seu e nosso País Segundo estatísticas há pouco divulgadas, seiscentos e trinta mil jovens portugueses deixaram o nosso e seu País, em busca de melhores condições de vida, tremenda sangria numa população de pouco mais de dez milhões de almas. Isto desde 2009. E embora já alguém tivesse essa ideia absurda, não com migrantes doutras nações que se poderá curar a ferida que continua e se torna cada vez mais grave. Por mais areia que se atire aos nossos olhos, o problema não se resolve sem profundas alterações políticas, económicas e sociais. Outros processos e outros sistemas deveriam ser considerados. Creio que o Cooperativismo, de que o inesquecível Dr. António Sérgio foi um incansável propagandista, teria uma palavra a dizer. Mas para o pôr em prática é preciso fomentar o espírito associativista e cooperativista e nada melhor do que os bancos das Escolas para os divulgar e ensinar.

Pagamento de assinaturas Caro assinante, dado o momento que vivemos, não será possível este ano fazermos cobrança de assinaturas porta a porta. Assim, apelamos ao pagamento por outros meios. Ajude o seu jornal. Poderá consultar o último ano pago na sua folha de endereço. Por cada ano são 10 euros (15 para a Europa ou 20 para outros países) Sugerimos três opções: • No bar do CRG, diariamente, das 07h30 às 24h00 (recibo passado no local) • Por cheque, enviado para: Jornal da Golpilheira - Est. Baçairo, 856 - 2440-234 GOLPILHEIRA • Por transferência bancária para o IBAN PT50 0045 5080 4017 1174 2866 5 (este será o meio preferencial; pedimos apenas o envio do comprovativo e do nome e NIF para facturação, para o e-mail geral@jornaldagolpilheira.pt; enviaremos o recibo na resposta). Muito gratos pela colaboração, a direcção do Jornal da Golpilheira


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Como é, Manel, ‘tá tudo? O “gajo” era o Jornal. O “nosso” Jornal. Amavas este nosso Jornal, não era? Isto para ti não era um jornal, nunca foi. Era um acto de amor pela tua terra e a tua gente. Querias enchê-lo de letras, de fotos, de pontos de exclamação como as tuas emoções fortes. Gostavas mais daqueles textos de festa, dos campeões da bola, dos convívios de amigos, da vida do “teu” Centro Recreativo, das histórias das pessoas que vias a fazerem coisas pela “tua” terra. Adoravas escrever que a Golpilheira era grande, enorme, do tamanho do teu coração. Mas, se fosse preciso, também escrevias aqueles artigos de crítica, de desabafo, de “bota abaixo”, como tu dizias. E sempre pelo mesmo motivo, pelo mesmo amor. Cá estava eu para pôr água na fervura, mas nem sempre era fácil… pois não, Manel? Acabávamos sempre por concordar e nunca nos chateámos. Tu cedias umas vezes, eu cedia outras, a coisa fazia-se. E corria tão bem, Manel! No meio destas histórias, fomos falando da fé e de Deus, como ajuda única e certa. Não consegui eu ter fé suficiente para te levar por aí. As minhas palavras não te soaram, provavelmente, muito convencidas. Desculpa, Manel, não ter conseguido dar-te mais disto em que acredito. Mas houve quem conseguisse. Deus colocou no teu caminho outro amigo que soube mostrar-te como era isso de viver de fé, de acreditar sem receios nem meias medidas. O milagre aconteceu. Estava a acontecer. Estavas melhor do que nunca. Sentias-te bem, equilibrado, pacificado. Estavas bem contigo e com os outros, sentias, de novo, o gosto de viver. Na quarta-feira, quando vieste aqui para fecharmos juntos mais uma edição do jornal, – “Como é, Manel, ‘tá tudo?”, disseste com a convicção das vezes mais recentes: – “Tudo na maior!” Depois, como quase sempre, até quando o ânimo estava mais abatido, – “Então, vamos ao gajo?”, atiraste o caderno grosso para cima da mesa, cheio de apontamentos, folhas soltas, papelinhos de várias cores… e começaste a desfilar temas, textos, artigos, a lista do que

Foto tirada no Carnaval da Batalha de 2019

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Foi assim que te recebi aqui no escritório de casa na quarta-feira. Era assim, de forma simples, que te recebia, enquanto entravas pela sacada, que para ti não era preciso abrir a porta. Eras cá da casa. Tinhas sempre o cuidado de avisar que vinhas, metias a mão por dentro do portão da rua, abrias e eu recebia-te à sacada: – “Como é, Manel, ‘tá tudo?” Umas vezes estava tudo bem, outras vezes estava tudo a desmoronar-se. Por norma, era o desabafo: – “Vai-se indo, um dia de cada vez”. Nos dias mais cinzentos, contavas-me as tuas histórias, problemas, experiências de dor e desespero profundo. Choravas. – “Sei o que tenho. O que me dói mais é não conseguir reagir. Quero levantar-me e o corpo não obedece. Quero fazer isto ou aquilo e o cérebro não consegue dar a ordem.” Eu tentava não chorar contigo, dar-te força, fazer-te acreditar que com a ajuda da família e dos amigos (e de Deus, dizia-te às vezes) irias conseguir. No fim, ficávamos sempre a concordar numa luzinha de esperança: – “Um dia pode ser que isto vá ao sítio!” Estavas semanas sem aparecer. Só por telefone íamos partilhando essas conversas, até que, no regresso: – “Como é, Manel, ‘tá tudo?” Sorrias de alívio: – “Parece que sim, vamos a ver se é desta…” Mas não era sempre assim. Havia aqueles dias de gargalhadas, de acção em todas as frentes, de lutas e irritações, sobretudo quando vias gente parada no teu caminho e no caminho da tua colectividade, da tua aldeia, desta gente que amavas. Também isso te fazia sofrer… sentir que davas tudo e que não havia do outro lado uma resposta de compreensão ou de ajuda. Também aí tentávamos por água na fervura, ver possibilidades de crescimento e de conciliação: – “Um dia pode ser que isto vá ao sítio!” Eram sempre emoções fortes contigo, isso é verdade. Mas, fosse qual fosse o espírito do momento, entravas pela sacada adentro: – “Então, vamos ao gajo?”.

querias. Entregaste os dois ou três cartões cheios de fotos para eu “sacar”, menos fotos agora, que isto anda parado por causa da Covid. Mas não paraste tu e entrevistaste meio mundo… era tanta coisa, Manel! Disse-te que tínhamos de cortar páginas, que as finanças do Jornal estavam em baixo, tínhamos de reduzir custos. Tu disseste que entendias, que aceitavas o que eu decidisse, mas – “Isto devia ser agora, isto tem de ser agora, isto já devia ter sido antes…” Aceitei os teus pedidos, a tua dedicação merecia, tu merecias isso. Tinha programado 32 páginas, ficou com 36. É um Jornal quase todo teu. Das tuas letras, fotos e pontos de exclamação como as tuas emoções fortes. De preocupação com o futuro da tua colectividade, sobretudo. Mas também com um testemunho de vida que estavas a partilhar com todos os leitores, na tentativa de os ajudar em situações semelhantes. Vai ficar a meio o teu testemunho…

Fechaste o Jornal comigo na quarta-feira, ficou pronta a paginação na quinta. Fechaste a vida na sexta, já não vais vê-lo aqui. Mas já estás a vê-lo primeiro do que todos e podes dizer como costumas: “- Ficou um espectáculo o nosso Jornal!” Ainda sem saber como partiste, sei que partiste. Acredito que estarás agora onde todos os segredos são revelados e os teus sofrimentos acabaram de vez. Agora sim, dirás sem dúvidas: – “Tudo na maior!” O teu coração grande, sempre à beira de explodir de emoções fortes, sincero, honesto, bom, encontrou o Coração Maior. Tinhas encontrado um vislumbre de resposta, aí tens a tua resposta clara e límpida, na maior das emoções, o Amor. Entretanto, deixaste-me sozinho com o “gajo”. Isto não vai ser igual, Manel. Bolas, Manel, não era ainda! Mas ambos sabemos que isto do “ainda” é muito relativo. É tudo quando tem de ser, não é? Isto não vai ser igual. Mas tentarei sozinho não deixar

o nosso “gajo” partir também. Não há outro Manel, disso tenho a certeza. Nem eu te chegava aos calcanhares de amor por isto. Sabes bem o incentivo que me deste tantas vezes, quando ponderava fechar a página. Pode ser que surjam outros a remediar essa falta que me vais fazer… Seja o que Deus quiser. Tudo será quando tiver de ser, certo? Neste momento, não tenho muito mais a dizer-te. Não consigo evitar uma lágrima de tristeza e comoção pela tua ausência terrena. Normal. Já chorámos juntos, né? Mas sei que estás e estarás sempre por aqui. Talvez daí possas continuar a ajudar-nos a todos, aos teus familiares e amigos, à tua terra, à tua colectividade, ao teu jornal… faz o que puderes por nós. Neste momento, ficará retida a pergunta que acredito poder fazer-te, de novo, um dia destes: – “Como é, Manel, ‘tá tudo?”

Luís Miguel Ferraz

(Texto escrito algumas horas depois de nos chegar a notícia...)

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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

em memória

Memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis. Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento, como tal deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao quotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida. Assim foram quase 37 anos de milhões de memórias que me proporcionaram experiências inesquecíveis e outras tantas milhares de vivências aos mais diversos níveis: familiar, educacional, social e desportivo, e que me tornaram na pessoa que hoje sou e que espero continuar a ser no futuro. Mesmo as memórias mais sofridas permitiram que criássemos todos uma base familiar muito sólida, e até essas hoje consigo recordar sem grande mágoa e rancor. Das primeiras memórias que tenho contigo foi quando a Ana Luísa nasceu e o segurança do hospital não me deixou acompanhar-te na visita… chorei como se não houvesse amanhã, pois o senhor em questão não percebeu a importância daquele momento em que nos iríamos encontrar pela primeira vez os quatro... durante anos, senti uma enorme raiva daquele senhor, por me ter privado de sentir a alegria enorme de conhecer a minha irmã… Mas talvez seja no mundo associativo e desportivo que tenhamos vivido o maior número de experiências, desde os intermináveis domingos desportivos, quando ainda nem se quer se

equacionavam campos de relva natural ou sintética (a não ser no campeonato nacional), e no intervalo ou no final do jogo lá vinhas tu, depois de deixar o teu exemplo em campo, dar uns chutos na bola com as tuas filhas; nós ficávamos cheias de pó, mas eramos tão felizes. Gostava tanto de te ver jogar, eras um senhor na defesa da Golpilheira e de vez em quando lá marcavas uns golitos e eu ficava doida, lembro-me como se fosse hoje de teres feito um golo de meio campo... mas que golaço!!!... Aos jogos do teu glorioso, às idas ao velhinho estádio da luz, fizeste-me conhecer durante anos todos os jogadores de águia ao peito e eu tornei-me numa adepta fervorosa... algo que passou com a idade. Tivemos inúmeras discussões desportivas, que pioraram quando o ‘largatito’ lá de casa começou a opinar também… a mãe até se passava quando começávamos a discutir futebol como se não houvesse amanhã à hora da refeição... A coisa só acalmou quando, a determinado momento, decidi enveredar pela carreira de árbitro, e todos começámos a olhar – aparentemente – para o futebol de uma maneira diferente. No entanto, não perdias a oportunidade de deixar sempre a tua farpazinha: “agora estás sempre a defendê-los”. A nível associativo, desde cedo me deste a conhecer o Centro Recreativo da Golpilheira, essa casa com tanta expressividade a nível cultural, desportivo

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Memórias

e social, pela qual me apaixonei e, como tu, me dediquei durante alguns anos, não de forma tão empenhada e apaixonada como tu o fizeste! Foi por esta via que nos ensinaste a lutar pelo bem-estar da nossa comunidade, a dar-nos gratuitamente aos outros de forma simples, humilde e sem esperar qualquer contrapartida... esta era a tua segunda casa, aquela que, tal como a nossa família, ajudaste a construir desde a raiz e se solidificou ao longo dos anos com maior ou menor dificuldade, apesar dos inúmeros obstáculos que foram surgindo no caminho. Foram festas atrás de festas, jogos atrás de jogos, muitas noites a chegar às quinhentas a casa e algumas (muitas) discussões saudáveis (outras menos) à mistura... A nível familiar, vivemos momentos inesquecíveis de uma felicidade extrema. Tu e a mãe en-

sinaram-nos valores tão nobres, mas acima de tudo ensinaram-nos a viver rodeados e dedicados ao amor. Este sempre foi o grande lema da nossa família: podíamos não ter muitas coisas materiais, mas tínhamos amor para dar e vender entre nós, tínhamos dedicação, compreensão, entrega e disponibilidade e, acima de tudo, tínhamo-nos uns aos outros sempre. Juntos enfrentámos das mais duras batalhas durante os 25 anos da tua doença, chorámos muito, revoltámo-nos vezes sem conta, perdemos a paciência, mas mantivemos a resiliência e, no último ano, estávamos a viver estórias incríveis, conversas intermináveis e momentos inesquecíveis... Finalmente, tinhas-te encontrado e voltavas a ser o pai e o marido dos meus tempos de infância e início de adolescência, foi como se tivesses feito as pazes com a vida e começavas finalmen-

te a desfrutar dela. Nos últimos tempos, brincavas com os teus netos da mesma forma que brincaste comigo quando eu era ainda a criança, principalmente com a Alice, que foi uma sortuda e aproveitou o avô tão bem! Ainda bem que assim foi... o Alexandre e o Dinis não se vão lembrar da forma como brincaste com eles; e tu andavas tão radiante com estes dois seres! Mas de certeza que todos nós lhes vamos falar de ti e do homem que tu eras e, tal como nós, vão sentir um orgulho estonteante do avô Nelito. A vida nem sempre é como desejamos, não dura o tempo que queremos, mas cabe a nós sabermos aproveitá-la da melhor forma possível. Tenho saudades de tantas memórias que vivemos, mas tenho mais saudades ainda do almoço que me fazias, a mim e à minha irmã, à terça e à quinta-feira, e que bem que te estavas a portar na cozinha! Eram duas horas por semana só nossas, vividas a três e, durante as nossas gravidezes a cinco... tu tratavas-nos tão bem... Ainda bem que grande parte das memórias deixaste em fotografias até perder de vista... todas elas têm um lugar muito especial no meu coração. Espero encontrar-te um dia para darmos um forte abraço, abraço esse que a pandemia nos roubou... da mesma forma que a vida te levou de forma abrupta e quando ainda tinhas tanto para viver. Vera Rito

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Olá… Não sei bem como começar este texto, mas cá vai… Eu sou a Ana, a filha do meio de três filhos do Manuel Rito. E como esta edição passa por partilharmos bons momentos passados, passo a perguntar: Quem é que não se lembra de me ver já bem crescida ao colo do meu pai? Ou mesmo presa às suas pernas nas festas da aldeia? Felizmente, o meu pai deu-me colo o quanto a vida lhe permitiu e soube-me transmitir os bons valores da vida, assim como a minha mãe. Ainda nestas recordações de infância, vêm-me à memória as tardes de domingo passadas a ver a Golpilheira, futebol 11, no campo da Batalha, ou mesmo a ir andar de bicicleta ou patins junto ao cavalo, os tremoços e as pevides também não faltavam. Neste âmbito, também posso recordar os torneios no campo das barrocas, os jogos solteiros vs. casados, onde íamos a correr

apanhar bolas, cada vez que uma delas se perdia entre as ervas. E até me vem o cheirinho da bela da bifana ou entremeada grelhada no pão. Que boas recordações… Passando agora para um meio familiar, posso partilhar que em 2016 nascia a primeira neta, que orgulho que o meu pai tinha em ser avô, apesar dos altos e baixos da doença, brincou muito e ultimamente eram felizes na horta a plantar, a regar e a chapinhar na lama. Esta neta carinhosamente o trata por avô Nelito e gosta de ir ver uma estrelinha a brilhar no céu e o seu desejo é que ele esteja bem e feliz. Este último ano foi, sem dúvida, maravilhoso… o meu pai encontrou-se novamente enquanto pessoa e estava mais feliz do que nunca. Feliz, também, porque o meu irmão atingiu objectivos a que se tinha proposto. E, claro, porque ganhou mais 2 netos no início do ano. Pena a pandemia nos ter roubado

momentos de felicidade. Mas, mesmo assim, foi incrível a forma como ele interagiu com os netos, não desperdiçou um momento que fosse e enchia-se de alegria cada vez que era correspondido. Não posso deixar de lembrar que o meu pai era o homem da fotografia… ele adorava fotografar todos os momentos. Quem é que já recebeu o belo do envelope com uma fotografia que nos fazia recuar no tempo? Agradeço muito o facto de o meu pai, todas as vezes que nos encontrávamos, fazer questão de agarrar na máquina e captar todos os pequenos e grandes momentos em família. Havia muito mais para partilhar… mas fica talvez para uma próxima oportunidade. Sei que ele está, com toda a certeza, a olhar por nós, onde quer que se encontre. Até um dia, Ana Luísa Rito


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

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O meu amigo “Manel”

Agradecimento Agradeço a todos aqueles que se quiseram associar à dor provocada pela perda prematura e inesperada do meu marido e pai das minhas duas filhas e do meu filho. A todos vós que de qualquer maneira nos fizeram chegar as vossas mensagens, pelos mais diversos meios, deixamos o nosso agradecimento mais profundo e sincero. A nossa dor é bastante grande e profunda, mas estamos convictos que ele foi para um bom lugar e que, sem o apoio de todos vós, essa mesma dor seria muito maior e mais difícil de ultrapassar. Deus quis levá-lo, quando ele estava mais saudável, mais alegre e mais eufórico e com mais vontade de viver, para assim no céu ficar mais o Manel, tal qual o conheci. Um eterno bem-haja para todos vós. Gracinda Rito

Conhecia o Manuel Rito há mais de 30 anos. A amizade que tinha com ele, até há três anos atrás, resumia-se a meros encontros casuais, ocorridos no desempenho das minhas obrigações profissionais. Em 2017, e após a minha saída da autarquia, comecei a encontrar o Manel mais frequentemente no Jardim dos Infantes, enquanto eu caminhava por lá, cruzando-se bastantes vezes comigo, quando passava por ali, ao serviço do seu CRG. Ele era um indivíduo comunicativo e normalmente metia conversa comigo. As conversas eram as normais: ele tentava saber o porquê do meu recente despedimento da autarquia e outros assuntos, os normais para duas pessoas do mesmo ano. A amizade foi crescendo entre nós, e até me atrevo a dizer que fomos criando uma grande empatia mútua, que fez nascer e fortalecer uma grande e sincera amizade entre nós. Em Julho de 2019, a depressão que afectava o Manel desde há perto de trinta anos voltou a apoderar-se dele e com bastante força e ele foi mais uma vez hospitalizado. Ao saber da recaída do Manel e da sua doença, as minhas visitas a sua casa passaram a ser um hábito, e foram-no durante bastantes dias, nunca dando o meu tempo por mal empregue, aprofundando assim muito mais a nossa amizade. Durante muitos anos, o

Manel foi vítima da depressão, por vezes com altos e baixos, mas a Gracinda foi uma mulher de armas e sempre o ajudou, mantendo-se sempre firme e ao seu lado. A vida deles não foi nada fácil, nos anos que viveram juntos, isso vos garanto. O Manel era um homem bom e também era um bom homem. E foi por ser um bom homem que a depressão o atingiu pela primeira vez, há perto de 30 anos, ferindo-o de morte, ferida essa que ele nunca mais conseguiu sarar totalmente. Essa doença apoquentou-o por ele ser um homem bom, pois como era um bom homem, acreditou nas pessoas que se diziam suas amigas. Essas mesmas pessoas foram as primeiras a apunhalá-lo pelas costas, traindo-o. Ele como homem bom que era, nunca conseguiu esquecer essa traição dos amigos. Muitos gostavam do Manel, mas muitos lhe viraram as costas, e até o apunhalavam constantemente. Ele bateu a muitas portas, mas todas se lhe fecharam, e outras fechavam-nas quando viam que era o Manel. Muitos que não o ouviram nem lhe deram a mão quando foi preciso, agora logo após a sua morte, foram os primeiros a pôr-se em bicos de pés para serem vistos, até porque, quer se queira quer não, ele foi um Homem com um H grande, pelos valores que defendeu para a sua Golpilheira,

e pelo que deu ao seu CRG, e portanto tinham que se colar agora a ele, que havia partido para o eterno. Enfim, é o mundo em que vivemos, mas que a continuar assim, nunca mais será melhor, porque os homens não querem. Agora, quase passado um ano em que ele tinha conseguido derrotar a depressão como nunca, que a ferida provocada pela depressão estava quase sarada, que andava bem, bem com ele próprio, com os seus familiares e com os seus amigos, é que o seu coração o traiu. Ele transpirava alegria por todos os seus poros. Deus quis levá-lo quando ele estava bom e curado, e após ter vencido a depressão como nunca. E até posso dizer que os seus filhos o viam agora como já não o tinham visto há muito tempo, e até me atrevo a dizer que o filho mais novo nunca o tinha visto assim, pois quando nasceu já o seu pai padecia e sofria com a depressão. Enfim, são os desígnios de Deus, que nós não entendemos, nem nunca vamos entender, mas, se calhar, Deus queria-o no Céu, tal qual ele era e foi, o autêntico Manel. Tu dizias-me, na terra, que eu era para ti o que tu agora és para mim, no Céu. Até já, meu amigão, e obrigado pelo percurso de vida que juntos fizemos. Dr. Eusébio

suas palavras... “Dizíamos que não tínhamos tempo... agora, ‘obrigados’, que tenhamos tempo para reflectir no que andamos aqui a fazer... Conheci uma pessoa, muito mais velha do que eu, com uma vida muito activa a nível dos

negócios e trabalhos para a comunidade. Disse-me um dia... «A palavra tempo não existe no meu vocabulário, eu tenho tempo para aquilo que quero. Nós é que temos de mandar no dinheiro e no tempo e não estar escravos dele»... Que nos

sirva de lição”... Quando soube da morte dele fui ler e reler... parece uma despedida, uma última lição que ele me ensinou… entre tantas outras... O Manuel Rito pode ter vivido menos do que todos gostaríamos, mas todo o tempo que viveu fê-lo com dedicação extrema aos seus e à comunidade, como já não se vê. Tentou ultrapassar as adversidades que a vida lhe colocava e não se rendeu; pelo contrário, respondia com a dedicação a causas. Dizem que um Homem só morre quando a última pessoa se lembrar dele. Por todo o bem que fez a tantos, inclusive a mim, viverá muitos anos!!!

Um grande senhor! sor David Brás, e inúmeros alunos... Já não se fazem seres humanos assim!!! A última conversa que tive com ele foi via messenger... falámos da pandemia e da situação que atravessávamos. Mais uma vez foram sábias as

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Não sei há quanto tempo conheço o Sr. Manuel Rito, nem me lembro do primeiro dia em que o vi ou lhe falei. Lembro-me bem, isso sim, das inúmeras vezes, desde 2006, em que o vi trabalhar em prol do C. R. Golpilheira e, no meu caso particular, no Hip Hop e na Ginástica. Não havia festa ou evento onde não estivesse, sempre com a sua máquina fotográfica, a registar todos os momentos. Como se não chegasse, escrevia as notícias no Jornal da Golpilheira ou, ainda mais impressionante, passado uns anos, presenteava-nos com uma fotografia nossa impressa (no meu caso, foram muitas...). Falei com ele de inúmeros assuntos e foi ele o responsável pelos grupos de Hip Hop terem uma moldura no corredor do CRG, onde estou eu, o profes-

Na festa de despedida da Liliana, Manuel Rito agradeceu-lhe o trabalho e carinho pelo CRG

Liliana Ramos (professora de Hip Hop e ginástica no CRG entre 2006 e 2018).


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

em memória

Homenagem Desse bichinho, do que trazias contigo, Entendi, esse imenso das tuas emoções. Dentro dos teus olhos, um olhar amigo, Juntos a chorar, na procura de abrigo, Não esquecerei, a razão de tais serões. Embalado calor, amizade de diamante, Valorizo este senhor, a cada momento. Pelas conversas e do valor importante, Sendo ele verdadeiro, a cada instante, Mesmo, com o coração em sofrimento. Esta é a ligação que a vós posso levar, Enfim, depois de tanto termos passado. Deste amigo, só a vida o pode explicar, De companheiro naquele perfeito lugar, Inspirada felicidade de nos ter honrado.

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Viver na busca de memórias perdidas, Mas o seu reconhecimento fica a valer. No imenso de tantas coisas conseguidas, No sonho de realidade de nossas vidas, Na esperança de novo filho ali nascer!... 15.07.2020 - Iácio Grosso Valério

A apresentar o Festival de Folclore da Golpilheira

Dinamismo

Manuel Rito, primo e amigo partiste quando nada o fazia prever mas o povo da Golpilheira nunca mais te irá esquecer. Juntos brincámos em crianças em tempos de outrora brincávamos muitas vezes em casa da Avó Aurora. Na escola ainda me fostes encontrar juntos andámos a estudar para mais tarde nos juntarmos a trabalhar para a nossa terra ajudar. Na colectividade juntos continuámos a trabalhar na direcção e nas secções tudo fizemos para as continuar quando tinha alguma dúvida a ti ia consultar. A Golpilheira ficou mais pobre, no jornal se vai notar muitas fotografias vão ficar por tirar muitas páginas por escrever muitas histórias por contar. Que Deus te dê um bom lugar no céu e de nós tenha compaixão para sempre ficarás guardado no nosso coração. Manuel Rito Ferraz

A fazer do discurso do 50.º aniversário do CRG

.impressões.

Na última edição deste jornal, decidi escrever sobre a qualidade vida que temos na nossa terra. A certa altura, referi: “Começando na colectividade detentora deste jornal, pelo seu forte dinamismo e proatividade, nas vertentes desportivas, culturais e sociais, passando pelas diversas tradições religiosas e terminando na união das nossas gentes em torno de uma identidade comum”. O Manuel Rito representava tudo isto. A Golpilheira sentirá a tua falta. André Sousa

Ao Manuel Rito

LMF

Significado ilustre, de grande felicidade, Aquele gesto de carinho mais profundo. Como seu amor existiu algo de verdade, Nos transmitiu o gesto da sua amizade, Por nos querer abrir portas ao mundo.

Até sempre… Conheço o Manuel Rito há cerca de 35 anos e sempre o admirei pela frontalidade e pelo empenho na defesa da sua terra. Fomos amigos e porque éramos amigos e porque era muito frontal não se inibia minimamente de criticar o que era criticável e de reclamar intervenções para a sua terra ou para a sua associação. Um dos investimentos pelo qual lutou e que originou muitos telefonemas com sugestões foi o pavilhão gimnodesportivo. Foi-se embora muito cedo um bom amigo, que deixa imensas saudades. Até sempre Manuel Rito. António Lucas

Por Luísa M. Monteiro Pedem-me que diga algo sobre o Manel mas eu sobre o Manel pouco tenho a dizer. Pouco sei dizer. Qualquer palavra por mim proferida ficará sempre aquém do que o Manel representou para mim, para a minha família - o meu pai, o meu pai, tanto o meu pai gostava do Manel - e para a terra em que nasceu. O Manel era a terra em que nasceu. A última vez que o vi, que o vinha vendo talvez ao longos dos últimos anos, foi, era, nas festas da Golpilheira - de máquina fotográfica a tiracolo, lá andava ele, feliz, registando os momentos mais marcantes e/ou que ele considerava também mais marcantes. Cumprimentávamo-nos com um sorriso, uma breve troca de palavras, e deixávamo-nos ir - também não era preciso mais, o Manel era da casa. Vinha sabendo da sua profunda tristeza, de tempos a tempos, da sua falta de ânimo, da doença que o atormentou. Nem por isso o Manel deixou de ser o Manel, nunca (nunca a doença é maior que a pessoa que ela atormenta, nunca). O Manel, quem ele era nos outros dias, quase todos então, talvez, tão valente, tão capaz; voluntarioso; mobilizador. É está a ideia que tenho sempre do Manel. Apesar de pouco nos vermos ao longo dos últimos anos. E decerto não cometerei erro de maior se disser que ele amava a sua terra como ninguém. Poderão outros amá-la ou tê-lo amado igualmente, mas mais que ele não erro se disser que não. O Manel era uma luz - não: o Manuel é uma luz - as pessoas, principalmente as nossas pessoas, não morrem por a morte ter vindo. Que me perdoem, agora; nada mais poderei dizer; nada mais eu sei dizer. Eu tinha desejado o silêncio. Mas foram-me pedidas umas palavras. Ei-las. Parcas. As minhas. Eu que só sei falar do quotidiano; de assuntos comezinhos, pequeninos, banais. Eu que só navego em águas baixinhas. Um abraço, outro, à sua família. À Gracinda, aos meninos - para os pais os filhos serão sempre os meninos -, aos manos... E a ti, Luís Miguel, também. Por este bonito projecto, que era de ambos.


em memória • 7

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

A vida

Encontro de antigos professores e alunos, que organizou, em 2002 (com as professoras Cândida e Maria Luísa, que tanto admirava)

À família de Manuel Rito Foi com espanto e dor que recebi a notícia, através do Frazão, do que havia acontecido ao Manuel Rito. Não pude conter as lágrimas e um aperto no coração! Estais a passar por um mau bocado, uma grande tristeza e dor. Tenho a certeza que está junto de Deus, velando por toda a família e por todos nós, pois era bom, estava sempre pronto a ajudar todos os que precisavam. Vibrava com muita alegria quando falava da família, especialmente dos netinhos e de um modo particular dos dois últimos que nasceram recentemente. Tinha partilhado comigo esse momento, pouco tempo antes. Que Deus vos abençoe e vos ajude a ultrapassar este momento difícil.

Manuel é o teu nome, Aluno da Golpilheira. Nunca me esquecerei Uns momentos vividos Em comum no recreio Libertos de aulas e repressões. Cada dia aí passado Acolhendo os meus alunos, Representavam uma nova vida Repleta de trabalho. Eu, brincando convosco, Ia matando saudades, Recordando com emoção, a Aldeia donde partira. Rostos bonitos e alegres Infinitos de amor. Tudo vivia com alegria sem fim, Onde sentia que gostavam de mim. A sempre amiga e ao dispor, Maria Cândida Martinho (Abraveses)

Partida… Saudade De um menino bom, bonito e aplicado que conheci há largos anos, surgiu um Homem trabalhador, honesto, justo, sensível, dedicado a causas, inteligente… e muito mais adjectivos poderia aplicar ao perfil do já saudoso Manuel Rito. E não é por já ter partido desta vida terrena que tenho esta opinião. Apesar da surpresa e tristeza que a sua morte me causou, sinto algum consolo no fato de ter tido oportunidade de lhe manifestar a minha admiração, quando lhe escrevi a propósito de um dos artigos que publicou no Jornal da Golpilheira. Era um Homem puro e sincero. Quando me respondeu, começava: “querida professora Maria Luísa”, o que me sensibilizou imenso – talvez pelos 90 anos que já tenho – e tive vontade de lhe voltar a escrever, mas, há sempre um mas… sabendo que os seus tempos livres eram escassos, não o fiz. Hoje, estou arrependida e muito triste por não o ter feito, mas nada posso mudar. O nosso Manuel Rito partiu, já não pode dizer carinhosa e orgulhosamente que já era avô, ou que tinha estado na minha sala de aula uma ou duas semanas, quando lhe dizia que sempre admirei muito as suas qualidades humanas e intelectuais desde infância, apesar de não ter sido meu aluno (nessa altura só trabalhava com as meninas). Guardo com carinho as suas cartas e desejo veementemente que a sua família consiga arranjar a força suficiente para enfrentar tão dolorosa perda. Com sinceridade, admiração e muita saudade, Maria Luísa Guiomar

A vida é oportunidade: Aproveita-a. A vida é beleza: Admira-a. A vida é um dom: Aprecia-o. A vida é um sonho: Realiza-o. A vida é um desafio: Aceita-o. A vida é um dever: Assume-o. A vida é um jogo: Joga-o. A vida é cara: Preserva-a. A vida é um tesouro: Conserva-o. A vida é amor: Saboreia-o. A vida é um mistério: Aprofunda-o. A vida é uma promessa: Cumpre-a. A vida é tristeza: Ultrapassa-a. A vida é uma canção: Canta-a. A vida é uma luta: Trava-a. A vida é uma tragédia: Enfrenta-a. A vida é uma aventura: Ousa-a. A vida é sorte: Merece-a. A vida é preciosa: Não a destruas. A vida é vida: Luta por ela.

Campeão Distrital Que orgulho ele tinha nesta foto, a marcar o feito do futebol de 11 da Golpilheira, sagrando-se campeão distrital da II Divisão, na época de 1997/1998!

DR

LMF

Este texto foi enviado pelo Manuel Rito para publicar no Jornal, alguns dias antes de falecer, com o seguinte comentário: “Nas voltas pelos meus arquivos, encontrei este texto, que terá sido lido numa das festas da escola no salão de festas do CRG, há alguns anos. É um tema mais actual do que nunca, por isso o trago aos leitores do nosso Jornal. Manuel Carreira Rito”. Aqui o publicamos, dedicado ao Manuel Rito, que terá encontrado a vida mais preciosa, na eternidade, em que acreditava:


8•

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

em memória

Voto de Pesar da Câmara e Assembleia Municipal da Batalha A Câmara Municipal da Batalha, na sua sessão de 15 de Junho, aprovou por unanimidade o seguinte voto de pesar, proposto pelo seu presidente, Paulo Santos: «Considerando que o nosso conterrâneo Batalhense, natural da freguesia da Golpilheira, Manuel Carreira Rito, faleceu no passado dia 12 de Junho; Considerando que Manuel Carreira Almeida Rito esteve longos anos ligado ao Centro Recreativo da Golpilheira, tendo participado activamente na construção das suas instalações, integrando por vários mandatos as direcções que se sucederam, e mais directamente ligado às secções de atletismo, futebol e futsal; Considerando que, mais recentemente estava ligado à seção de Veteranos de Futebol de 11; Considerando que desde

2001, era director adjunto do Jornal da Golpilheira, onde colocava o seu cunho pessoal, nos textos e nas fotos de monumentos emblemáticos, que da vida da freguesia e do concelho, não se cansava de registar; Considerando que se tratava de pessoa afável, de grande humildade e simplicidade, sempre disponível para ajudar nas actividades comunitárias, merecedor do carinho de todos que com ele tiveram oportunidade de conviver e partilhar momentos da vida da Golpilheira; Considerando a sua prematura e inesperada partida no passado dia 12 de Junho, deixando um vazio na Comunidade da Golpilheira e em todos os que o conheciam e que, de uma ou outra forma, com ele privaram;

Assim, como expressão de uma justa homenagem, tenho a honra de propor que a Câmara Municipal da Batalha delibere aprovar um voto de pesar pelo falecimento de Manuel Carreira Almeida Rito, comunicando à sua esposa e filhos sentidas condolências pela perda do seu ente querido, bem assim expressando a mais sentida solidariedade ao Centro Recreativo da Golpilheira e ao Jornal da Golpilheira, pelo falecimento de um dos seus mais distintos elementos. A Câmara Municipal da Batalha delibera, por unanimidade, manifestar profundo pesar e consternação pelo falecimento de Manuel Carreira Almeida Rito, e apresenta a toda a sua família e amigos as suas sentidas condolências, bem assim expressando a mais sentida solidariedade ao Cen-

tro Recreativo da Golpilheira e ao Jornal da Golpilheira, pelo falecimento de um dos seus mais distintos elementos.» Também a Assembleia Municipal, em sessão de 22 de Junho, aprovou por unanimidade um voto de pesar pelo falecimento de Manuel Carreira Rito. O proponente, deputado Luís Ferraz, sublinhou “o papel activo e decisivo deste homem no desenvolvimento social, cultural, desportivo e humano, não apenas na freguesia da Golpilheira, mas no concelho da Batalha e na região de Leiria”. Concretizando, lembrou que “foi dirigente associativo, promotor cultural, educador de gerações de jovens através do desporto, mobilizador social pela promoção e difusão dos valores em que acreditava. As causas que defendia tornavam-se evi-

dentes nas centenas de textos que escreveu, sobretudo no Jornal da Golpilheira, visando, preferencialmente, a defesa das tradições, da etnografia, da educação para os valores humanos, do associativismo, do desportivismo, da paixão pela vida ao serviço do bem comum. E mostrava-o no concreto da sua acção, envolvendo-se em múltiplos projectos e iniciativas, dentro e fora da sua freguesia, dentro e fora da sua associação. Foi também autarca, tendo sido candidato à Junta da Golpilheira e membro daquela assembleia, sendo aliás um dos impulsionadores da criação desta freguesia. Era conhecida a sua doença, que nunca o levou a parar. Voltava sempre... e podemos dizer que foi o serviço público que o levou a desgastar-se completamente”.

A limpeza da fonte do Casal Benzedor foi uma das últimas causas do Manuel Rito. Doía-lhe ver o estado de abandono em que estava há vários anos e, como era típico dele, não se limitou a chamar a atenção dos responsáveis… pegou nas ferramentas e pôs-se ao trabalho. Há algumas edições, vinha publicando o evoluir dos trabalhos. Aqui sintetizamos esse labor onde até fez algumas “selfies”. Nas últimas semanas, a Junta de Freguesia assumiu os trabalhos e completou a limpeza da zona. Segundo decisão comunicada na última Assembleia de Freguesia, no dia 29 de Junho, a Junta pretende fazer ali um pequeno parque de merendas, com condições de acesso e para acolher pequenos piqueniques de familiares ou grupos de amigos, sob a sombra das frondosas árvores ali existentes.

Fotos: MCR

O arranjo da abandonada fonte do Casal Benzedor

10 de Março de 2020

28 de Março de 2020

19 de Março de 2020

7 de Maio de 2020

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AGENTE PRINCIPAL


em memória • 9

LMF

Vibrava como poucos nas conquistas do Futsal do CRG

Os Veteranos do CRG eram outra das suas predilecções

LMF

A sessão da Assembleia de Freguesia da Golpilheira, no dia 29 de Junho, iniciou-se com a aprovação, por unanimidade, de um voto de pesar pelo falecimento deste golpilheirense. Nas palavras do Presidente da Mesa, José Guerra, “foi um homem que se dedicou ao Centro Recreativo, ao Jornal, à Igreja e à Freguesia, perdendo a sua vida pela causa pública, e vai fazer muita falta a esta terra. Seguiu-se um minuto de silêncio em sua memória e uma salva de palmas em reconhecimento da sua entrega.

LMF

LMF

Na Festa da Sagrada Família, a 29-12-2019, teve a alegria da família completa

DR

Reunião extraordinária dos órgãos sociais do CRG, após o falecimento do Manuel Rito e para preparar o seu funeral, no dia 15 de Junho, terá sido das mais dolorosas de sempre. Fez-se um minuto de silêncio, terminado com um aplauso, e partilharam-se algumas memórias. Houve choro inevitável, mas houve também sorrisos por se lembrarem algumas histórias divertidas em que o Manuel Rito estava sempre presente. A pandemia obrigou à contenção, mas a seu tempo virá a oportunidade para o homenagear convenientemente...

Sessão da Assembleia de Freguesia aprovou voto de pesar

A exercer a função regular de leitor na nossa Eucaristia

LMF

Reunião extraordinária dos órgãos sociais do CRG

O fato que mais gostava de envergar...

DR

LMF

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Sempre pronto para qualquer serviço...


Fotos: LMF

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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

em memória

Na igreja, respeitaram-se as regras do distanciamento e uso de máscara

Bandeira do CRG, que tanto honrava, cobriu sempre o seu caixão

População fez um minuto de silêncio em frente à colectividade

Uma salva de palmas pela multidão que ladeou as ruas

Funeral foi um último adeus emocionado Uma das piores consequências desta pandemia é não podermos estar com familiares e amigos quando queremos. Uma das mais dolorosas é não podermos despedir-nos deles quando partem desta terra. O funeral do Manuel Rito teria, com certeza, uma multidão a querer acompanhá-lo no último momento. Por causa das actuais imposições de distanciamento social e do aconselhamento a não se promoverem ajuntamentos, muitos não vieram. Ainda assim, algumas centenas não resistiram a marcar presença, espalhando-se pelo adro da igreja e pelas ruas até ao cemitério. A maioria esperou junto ao Centro Recreativo, onde o carro funerário parou alguns instantes. Apenas um minuto

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de silêncio significou todas as palavras que muitos puderam dizer interiormente. “Obrigado”, uns. Talvez “desculpa”, outros. Respeito, admiração, reconhecimento, com certeza, todos. Enquanto a bandeira subiu da meia haste até ao topo, o pensamento não podia deixar de ser outro do que o da plena justiça daquele gesto numa associação que, nalguns momentos mais conturbados da sua história, teve no Manuel Rito o pilar que nunca cedeu e que aguentou ventos e tempestades. Era o homem que assumia a direcção quando mais ninguém queria, o homem que pegava na vassoura quando via lixo no chão, o homem que pegava na carrinha para transportar atletas quando mais ninguém o podia

ou queria fazer, o homem que se irava quando alguém falava mal do “seu” clube ou não o apoiava como ele achava que era merecido. E era também o homem que se afastava e jurava não mais voltar, quando se sentia incompreendido ou quando via o “seu” Centro ir em direcções com as quais não concordava. Mas… era sempre impossível não voltar, não estar presente, não se empenhar logo de seguida, de novo, e sempre com o mesmo amor à “casa”, a sua segunda casa – quantas vezes a primeira. E fazia-o porque, para ele, o Centro era o embaixador e o aglutinador da Golpilheira, e ambos eram a mesma coisa, a terra que amava. Era, por isso, talvez, o homem que envergava com mais orgulho o emblema do CRG, fosse quando

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dele falava a conhecidos e desconhecidos, fosse na lapela da camisola ou do fato de treino, o fato com que melhor se sentia e que melhor lhe assentava. Foi este o último sítio donde saiu e era da casa o último veículo que conduziu, antes de sucumbir precocemente ao peso da vida. A longa salva de palmas que se seguiu significou isso tudo e quem sabe quantos mais sentimentos. Aquele aplauso foi para o espírito e a personalidade combativa do Manuel Rito, que ficarão colados àquelas paredes enquanto estiverem de pé. O seu corpo seguiu para o cemitério, onde a saudade bateu mais forte e a emoção tomou conta dos muitos presentes. Mas a sua alma continuará a viver na eterni-

dade reservada aos homens bons. Quem acredita em Deus, como ele acreditava, sabe que terminou uma passagem breve para um destino pleno e sem mais dores nem fracassos. Uma passagem onde só o coração conta e todos os defeitos se desfazem. Um destino onde continuará, com certeza, a velar pela sua Golpilheira. Foi isso que celebrámos no início do funeral, na igreja que ele também servia com o mesmo amor, sobretudo nos últimos anos. E é isso o mais importante, estar em oração por ele, para que Deus o acolha e lhe dê felicidade eterna, e estar em oração com ele, para que a sua terra que tanto amava continue a procurar caminhos de desenvolvimento e de paz. Luís Miguel Ferraz


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

O Jornal da Golpilheira precisa de ti!

LMF

Carnaval da Batalha foi a última grande reportagem. Depois, veio a pandemia...

LMF

O director-adjunto Manuel Rito era mais do que um braço direito na produção deste jornal. Era um apaixonado pelo trabalho que nele fazia, tal como por tudo o que significava promover a sua terra e divulgar os seus valores. Nos últimos tempos, algumas das nossas conversas eram sobre a possibilidade de cativarmos gente mais nova e motivarmos outros a colaborar no jornal. Comentava comigo que não percebia como os seus conterrâneos não entendiam a importância de termos um jornal onde podemos divulgar as nossas notícias e opiniões e não o aproveitassem para expressar a sua voz. De facto, com o tempo, habituamo-nos a ter as coisas por adquiridas e, havendo quem as faça, deixamos que assim corram. A sua partida mostrou-nos que nada está adquirido, a começar pela própria vida. E que é na obra que fazemos que deixamos a nossa pegada de memória para os vindouros. A melhor homenagem que lhe podemos fazer é continuar o seu trabalho. Também por isso, o Jornal irá tentar criar uma equipa de voluntários que possam colaborar, escrevendo, fotografando, filmando… ajudando a dar mais diversidade às suas páginas, redes sociais, etc. Os interessados poderão contactar-nos pelo email geral@jornaldagolpilheira.pt ou na página de facebook do jornal, para marcarmos um encontro no final deste Verão. Contamos contigo!

... mesmo assim, se acontecia alguma coisa, ele lá estava!

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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

cultura

Entrevista a Inácio Grosso Valério – 2

Um artista da Golpilheira além fronteiras

Depois do Internato, como continuou a sua vida?

Regressei a casa, trabalhando na profissão de carpinteiro marceneiro, da qual entregava o ordenado à minha mãe. Ainda andei a tentar tirar um curso de desenho e pintura por correspondência, mas fui forçado a abandonar passado ano e meio, por falta de tempo e de dinheiro… a vida entre a família não era fácil. Depois de ter regressado de Angola, para além do trabalho, começo a investir no meu tempo livre, na coragem de uma esperança colectiva, e prendo-me a um grande desafio que foi a criação de um grupo musical, o qual também interferiu na formação da minha personalidade.

à vida e acreditar no futuro, pois outra coisa não faz melhor sentido. Estamos todos a caminhar numa viagem.

E saudades de Portugal, é verdade que todo o emigrante tem? Pondera o regresso definitivo algum dia?

LMF

Um dos últimos textos que o Manuel Rito trouxe ao Jornal da Golpilheira foi uma entrevista ao nosso conterrâneo Inácio Valério. Não quis fazer as perguntas todas de uma vez, pois achou melhor dividir o assunto por duas edições, “para destacar este golpilheirense, que bem merece”, como me disse. Não sabemos como iria continuar a entrevista, pois não as chegou a enviar ao Inácio. Por isso, fizemos nós o exercício de imaginar o que lhe iria perguntar, seguindo o estilo que lhe conhecemos. Esperamos não fugir muito ao plano do autor. Quanto ao Inácio, com muita dificuldade conseguiu responder, dado o sentimento que o invadia ao pensar no seu amigo Manel… mas aceitou o desafio. Agradecemos muito o esforço e as respostas que passamos a publicar nesta segunda parte da entrevista iniciada na passada edição. LMF

Inauguração da exposição em Leiria, em 2018

Surgiu essa oportunidade e senti um impulso de coragem dentro de mim… não olho para trás e vou à aventura. Olhando que as circunstâncias em Portugal eram difíceis no momento e entendi estruturar um novo caminho. Fui para a Alemanha em 1976.

meira exposição e pela graça de ser convidado para restaurar a escultura de S. Cristóvão, com 700 anos, em madeira de carvalho, para uma igreja. Pouco tempo depois, o convite “mágico” da Embaixada Portuguesa para representar Portugal em Dusseldorf, no dia 10 de Junho, Dia de Portugal e de Camões.

O que fez profissionalmente nesse país?

Além da escultura e pintura, que outras artes desenvolveu?

Acabou por tornar-se emigrante…como aconteceu?

Trabalhei na firma “Metzler Plástico” como operador de máquinas de extorsão, no fabrico de placas de plástico, durante 38 anos.

Teve condições para continuar a praticar a sua arte?

Não tive condições, fui à procura delas… na minha casa, entre os meus espaços livres e relações familiares, sujeito a uma dimensão simbólica e com a preocupação de criar novos objectivos, que nasceram com algumas complicações. Comecei a integrar-me a formas inovadoras, devido ao relacionamento de energias, de um bichinho que vivia dentro de mim e me dava sinais constantes…

Quando começou a perceber que isso podia ser mais do que um passatempo e tornar-se numa carreira artística? Depois de ter feito a pri-

Meus espaços foram elaborados em várias dimensões, como desenho a carvão, trabalhos de gesso, barro, pedra, para além de muitas outras curiosidades. Depois de minha mãe ter falecido, dediquei-me a escrever livros, abrindo o meu coração na poesia e na arte de escrita em prosa, deixando as coisas da vida falar.

Falou numa primeira exposição… como foi?

A primeira exposição foi na Alemanha, num salão da igreja perto de onde vivo, durante 3 dias, com grande sucesso. Foi um convite do padre Jansen, depois de uma visita ao meu lar, que preencheu um vazio no meu coração.

Depois dessa, muitas e em vários países…

Exposições no meu currículo já contam com 48 individuais em várias cidades

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alemãs, assim como na Bélgica, Holanda, Luxemburgo e Portugal. E também 19 exposições colectivas, entre elas uma com a falecida pintora batalhense Carla Cerejo, na Alemanha.

Qual o momento mais marcante que viveu nesse percurso?

A presença da minha mãe e da minha esposa na exposição dos “Emigrantes Batalhenses” espalhados pelo mundo, organizada pelo então presidente da Câmara da Batalha, António Lucas, na Galeria Mouzinho de Albuquerque. Outro foi quando deixei a minha vida falar numa mostra de pintura ao vivo, na festa dos estrangeiros na cidade de Jülich, onde vivo, na Alemanha, pintando em público com vinho tinto português: “Tinto do Dão”.

Há algum sonho por cumprir?

Não tenho sonhos para cumprir, pois consegui aquilo que nunca na vida imaginava, além que me esforcei para chegar a adquirir alguns objectivos e algumas metas, pois de nada adianta sonhar sem esforço e trabalho. Não faço planos para concretizar sonhos, deixo caminhar a vida tal qual como ela é, continuo a dedicar-me com bondade e competência aos meus fundamentos e meus testemunhos. Acho que o melhor é sorrir

Quem não tem saudades de Portugal? Sabendo que esse país é maravilhoso, tem espaços que contribuem para compreender o belo da sua natureza, as praias, o sol, e para além da culinária, recheada de beleza alimentar, e um povo paciente, o qual tem sempre um abraço especial, que faz falta para consolidar tanta gente. E não esquecer que o emigrante é como a andorinha… tem sempre tendências em regressar.

Por último, uma mensagem que queira deixar aos seus conterrâneos e aos nossos leitores.

Desejo que, nesta fase tão difícil, sejam muito compreensíveis, pois estamos vivendo uma pandemia e, nesta aventura, temos de ser fortes e ter esperança de alcançar o tempo, juntamente com o nosso município, acreditando neles e em todos nós, assim como é do meu desejo que o nosso presidente tenha sabedoria para saber guiar o destino do seu povo. Desejo também que o calor humano retribua para todos com imensa generosidade um bem-estar à nossa terra, dando-lhes o que merecem. Não esqueçam que são os olhos e o coração do povo que modifica a imagem da Golpilheira. Que os golpilheirenses sejam um pilar para fazer nascer e crescer, não esquecendo que a linguagem se faça entender para dar beleza aos afectos mais profundos.

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desporto • 13

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Atleta da Golpilheira no A. C. Batalha

Joana Bagagem nos Campeonatos de Portugal metros obstáculos e nos 3.000 metros. Os 1.500 metros também são um ponto forte, mas precisa de ser mais trabalhado.

Prova em que subiu ao pódio do nacional sub-20

Joana Bagagem, jovem atleta do Atlético Clube da Batalha, natural e residente na Golpilheira, ganhou a primeira medalha em campeonatos nacionais, no sábado 1 de Agosto, na prova dos 2.000 metros obstáculos do Campeonato Nacional Sub-20. Conquistou o 3.º lugar, com o tempo de 7.12,84 (7 minutos, 12 segundos e 84 centésimos de segundo. Este tempo permitiu-lhe garantir os mínimos para participar nos Campeonatos de Portugal, a divisão de topo do atletismo nacional, onde teve a primeira experiência, a 8 de Agosto. Apesar dos nervos da estreia, correu bastante bem, já que bateu de novo o seu

recorde pessoal, conseguindo um tempo de 7.12,24. É caso para dizer que o sonho olímpico já começou e a Joana não nega que esse poderá ser o resultado do seu trabalho. Espera-se que esta pequena entrevista seja a primeira de muitas que lhe faremos no futuro… Entrevista de Carlos Carmino

Como começaste no atletismo?

Depois de participar no meu primeiro corta-mato escolar e de me ter qualificado para o campeonato distrital escolar, comecei a treinar sozinha no circuito da zona desportiva da Batalha. Foi aí que o Casimiro Gomes me viu

DR

DR

Quais são os teus objectivos como atleta?

É nos 2.000 metros obstáculos que é mais forte

a correr e me convidou para entrar no Atlético Clube da Batalha. Lembro-me que nessa noite mal consegui dormir com o entusiasmo. A partir daí, nunca mais parei.

Isso foi há quanto tempo?

Comecei a praticar atletismo no início de 2014, ou seja, há quase 7 anos.

Tens conseguido conciliar os estudos com o treino regular?

Sim, na verdade penso que teria mais dificuldades nos estudos se não tivesse treinos regulares. Os treinos ajudam-me a criar uma rotina e a fazer horários e, ao mesmo tempo, servem como uma pau-

sa e um momento para relaxar, porque, no fundo, quando treinamos e praticamos exercício, deixamos de pensar nas outras coisas.

Em que tipo de provas gostas mais de participar?

Sempre gostei muito de corta-mato; aliás, foi por aí que tudo começou, mas é na pista que estou a conseguir os melhores resultados. Com mais alguns anos, gostaria de participar em provas mais longas de estrada, como a São Silvestre da Batalha.

Quais foram as provas onde conseguiste os melhores resultados?

Definitivamente, nos 2.000

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Zelamos pela sua segurança!

Tal como todos os atletas, quero continuar a bater os meus recordes pessoais, ou até mesmo recordes distritais, e qualificar-me para os grandes campeonatos nacionais e internacionais. Quero, principalmente, continuar a evoluir.

Representar Portugal é um objectivo para todos os desportistas portugueses. Em que competições internacionais gostarias de estar presente?

Claro que gostaria de participar em todas, ou no máximo possível delas, mas, para já, gostava muito de ir ao Campeonato da Europa de Sub-23.

Acreditas que será possível vires a ser uma atleta olímpica?

Eu gostava muito e é para isso que continuo a treinar. Ser atleta olímpica não é bem um objectivo, é mais um resultado, tal como a evolução contínua, uma coisa leva à outra…


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

cultura

. museu de todos . Museu da Comunidade Concelhia da Batalha

Taça romana de terra Sigillata Sudgália – Século I-II d. C. As distintas campanhas arqueológicas realizadas desde 1963 viriam a revelar importantes achados que permitiram reconstituir aspectos dos edifícios e do quotidiano da cidade romana de Collippo. De entre as diversas peças expostas no MCCB, que caracterizam a vida da cidade, destacam-se as peças em cerâmica que nos remetem para a mestria da produção artística e industrial presente na época. A olaria era uma das principais fontes de trabalho, produzindo-se peças em cerâmica para a construção, utilização doméstica, apoio a outras profissões, e também para a componente artística. A peça que destacamos neste número do Jornal da Golpilheira encontra-se exposta no MCCB, mais especificamente na sala dedicada ao espólio romano. Trata-se de uma taça em terra Sigillata Sudgálica, de cor avermelhada, produzida entre os

séc. I e II d. C. Considerada como uma cerâmica fina, esta peça foi realizada em terra sigillata, palavra que deriva de selo (sigilum), isto é, a marca do oleiro (ou da oficina onde a peça era produzida), que era frequentemente

gravada no fundo das peças realizadas. Este tipo de olaria é caracterizado, pela sua cobertura de engobe (uma fina camada de argila decantada diversas vezes), quase vitrificado (após a cozedura), que lhe confere a sua beleza estética, resistência

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Adelino Bastos

Licença de Exploração Industrial N.º 50/2010 SEDE: TRV. DO AREEIRO, 225 • ZONA IND. JARDOEIRA • 2440-373BATALHA FILIAL: CASAL DE MIL HOMENS • 2440-231 GOLPILHEIRA TELS: 244 768 766 • 917 504 646

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e impermeabilidade. Por norma, as peças em terra sigillata compunham as baixelas utilizadas na cozinha, sendo maioritariamente baixas e abertas, apropriadas ao consumo de comida e bebida (pratos, taças ou copos). No caso da peça que apresentamos, proveniente do Baixo Alentejo, verificamos que foi finamente decorada com elementos geométricos, apresentando no fundo a marca do oleiro, cuja identidade se desconhece, semelhante a um “R”. Reforçamos o convite a (re)visitar o Museu e a conhecer, em particular, a produção artística que nos foi deixada pelo povo romano. Aos primeiros domingos do mês, os munícipes e naturais do concelho da Batalha têm entrada gratuita. Mais informações poderão ser obtidas em www. museubatalha.com ou através do telefone 244 769 878.


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Preparação do novo ano pastoral

DR

Inscrições na catequese para todos Apesar de todas as incertezas deste tempo e eventuais alterações que possam acontecer, a paróquia da Batalha está já a preparar o próximo ano catequético, prevendo-se as sessões sejam presenciais. Tendo em conta todos os condicionalismos, é preciso saber com antecedência as crianças e adolescentes que virão para ter-se a noção dos grupos a constituir e os espaços e horários que serão necessários para cumprir todas as normas

Grupo de catequistas voluntárias para este serviço

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Ordenação na Sé a 26 de Julho

O Jorge já é diácono O seminarista Jorge Fernandes, natural do Crato (Portalegre) e que está este ano em colaboração pastoral nas paróquias da Batalha e do Reguengo do Fetal, foi ordenado diácono, no passado dia 26 de Julho. A celebração foi presidida pelo bispo diocesano, D. António Marto, na Catedral de Leiria, com a presença de algumas dezenas de padres e leigos, sem dúvida bem menos do que em tempos “normais” aconteceria, dada a necessidade de manter o distanciamento social entre participantes. A maioria seriam familiares, amigos e conterrâneos do Jorge e de Micael Ferreira, de Monte

Redondo, que no mesmo dia foi instituído no ministério dos leitores. Na homilia, D. António Marto frisou a importância de entregar a vida pelo tesouro maior que é Cristo, apontando o exemplo apostólico dos que “decidem vender tudo para tudo investirem no que descobriram”. Consciente de que “é uma decisão que implica sacrifício, desprendimento e renúncias”, o bispo recordou que “o que aqui verdadeiramente conta, não é o que se deixa, mas o que se encontra, o que se recebe”. E isso é o que estes dois jovens devem testemunhar: “Sede testemunho e exemplo desta alegria

para os jovens da nossa diocese! Quando vos perguntarem se ser cristão vale a pena, não façais um discurso; demonstrai com a vossa atitude que vale a pena!”. O Jorge tem testemunhado isso mesmo na nossa comunidade, onde tem vindo celebrar frequentemente, revelando ter abandonado a carreira que já tinha após a formação em direito para responder ao chamamento à vocação sacerdotal, onde se sente verdadeiramente feliz. Fazemos votos de que assim seja, para bem dele, da Igreja e das pessoas que deseja servir em nome de Deus. LMF

Paulo Adriano | Diocese de Leiria-Fátima

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Um dos momentos da celebração: a entrega do Evangeliário

de segurança. Assim, pede-se às famílias que façam a sua inscrição presencialmente, todos, do 1.º ao 10.º ano, mesmo quem já frequenta regularmente a catequese. Será aproveitado este trabalho para colocar todos numa plataforma de gestão da catequese, que permitirá, no futuro, fazer este trabalho online, mas tal ainda não é possível. Para acolher os pais nesta inscrição, está preparada uma equipa de catequistas e garantidas

todas as condições de higiene e distanciamento. Aconteceu já uma primeira sessão no dia 8 de Agosto e voltará a acontecer no sábado 22 de Agosto, das 09h30 às 19h00, no Centro Pastoral da Batalha. Para a inscrição, deverá trazer-se o cartão de cidadão e a cédula de vida cristã de quem se inscreve e entregar 10 euros (quem já tiver catecismo só paga 3 euros para outros materiais e seguro).


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

sociedade

Reforço ao transporte escolar

257 mil euros é quanto custa o novo autocarro que a Câmara da Batalha adquiriu para reforçar os transportes escolares e deslocações de grupos associativos. Trata-se de um veículo de 45 lugares, com as mais recentes tecnologias de segurança de condutor e passageiros, incluindo a resposta às novas exigências de saúde pública provocada pela pandemia. Entre outros equi-

pamentos, dispõe de vidros laterais duplos e com filtro solar, ar condicionado independente para o condutor e passageiros, assentos dotados de cintos enroláveis de três pontos, sistema de extinção automática de incêndios e protecção em acrílico por detrás do banco do motorista. Quanto à decoração exterior, foram escolhidas imagens representativas dos princi-

pais destinos turísticos do Concelho, para “divulgar a excelência do património e natureza locais”. O presidente da autarquia, Paulo Santos, justifica este investimento com o “reforço na segurança e qualidade dos transportes escolares e apoio às colectividades e empresas locais, num período de maior exigência ao nível do controlo da pandemia”.

DR

Autocarro “à prova” de pandemia

Decorado com imagens turísticas concelhias

Carta do Brasil Era quase o final do mês de Março de 2020, quando comecei a sentir uns sintomas esquisitos no corpo. Não dei muita importância. No início de Abril, senti-me pior. Como o meu aniversário estava para acontecer na primeira semana de Abril, fiz um esforço extra para aguentar. O aniversário aconteceu normalmente, mas sem velas. A Páscoa estava chegando e, nessa semana, ainda ajudei na transmissão das celebrações ao vivo na capela do centro pastoral. Eu estava mesmo mal e, numa certa noite, percebi algo estranho na garganta, parecia que se mexia. Corri ao lavatório para deitar fora. Saiu um grande muco branco e, no centro, um núcleo especial. Parecia um ser vivo, um bichinho. Fiquei muito preocupado. Onde peguei sito? Não sei. A seguir à Páscoa, corri imediatamente ao pronto socorro da Prevent Senior da Região Norte. Fui atendido. Fizeram-me a primeira tomografia. O resultado demorou muito a sair e comecei a desconfiar. Finalmente, a médica chamou-me e foi falando lentamente, meia sem jeito... “na verdade, tudo indica que você está com Covid-19”. Estava sozinho e o choque foi de acabar comigo. Corri para casa e dei a informação ao P. Aquileo. Fiquei muito abalado e creio que ele. Avisei o superior regional, P. Luiz Emer. A informação rapidamente se espalhou. O enfermeiro Ricardo, que cuida dos missionários, foi avisado. Marcámos mais uma visita. Mais uma tomografia e chegou a confirmação: infec-

LMF

Narrativa de um homem com 83 anos que pegou Covid-19… e venceu!

Na sua mais recente vinda à terra natal, em 2017

tado com o novo coronavírus. Deram-me os remédios e comecei o procedimento: remédios, isolamento, pratos e talheres separados, tal como tudo o que me pertencia, evitar o contacto com toda a gente, isolamento total. O único local usado por mim era o quarto pessoal. O sofrimento era maior de dia para dia. Os sintomas eram terríveis: nariz entupido, garganta dorida e a fechar-se, brônquios doendo e dificultando a passagem quase completa do ar, dores de cabeça, pouca vontade de comer, sem vontade para nada. Dormia pouquíssimo e com travesseiro muito alto, para facilitar a respiração possível. Emagreci muito. Os pensamentos negativos eram constantes... pensava comigo: “vou me preparar para morte”. Voltei uma terceira vez ao pronto socorro da Prevent Senior. Mais uma tomografia, exame mais detalhado e a verificação indicava que o vírus já tinha pegado 25% dos pulmões. Não me foi dado mais remédio nenhum. Voltei para casa acompanhado pelo Ricardo, para continuar o

isolamento total, usar a máscara e o álcool-gel para lavar as mãos muitas vezes. Assim fiz, conforme me foi pedido. Foi muitíssimo difícil aguentar. Numa noite, mais um sinal apareceu na minha garganta. Espontaneamente, saiu uma coisa estranha. Corri ao lavatório e deitei fora uma bola de sangue e pus. Fiquei ainda mais preocupado. O que será isto? Eu não aguentava mais as dores. Era o momento de partir, pensei eu. Pedi ao meu colega que me administrasse os sacramentos da Igreja. Delicadamente, atendeu-me e administrou-me os sacramentos da Penitência, da Santa Unção e da Comunhão-Viático. Orei a Jesus que fosse feita a vontade do Pai assim na terra como no Céu. Era mais ou menos meados de Maio. No dia seguinte, recebi uma graça, ou um milagre. Tinha a impressão de que estava bem melhor. Já me sentia outra pessoa. E depois, dia após dia, ia melhorando. Todos os dias o P. Aquileo me trazia a Sagrada Comunhão. Comecei a ganhar confiança, dizendo para mim

mesmo que eu seria capaz de superar este terrível vírus mortal. Recebi muitas informações úteis de vários lugares e pessoas para saber o que melhor convinha fazer. Recebi muitas orações da direcção geral, através do P. Jaime, que se interessou muito do meu caso, da Região do Brasil, do grupo de Portugal, das irmãs da Consolata que moram na Condessa, através da irmã Edwiges, dos paroquianos e de muitos amigos e amigas que fizeram uma corrente de oração poderosa. No fim de Maio, já comecei a ter os outros sintomas das melhoras. Veio o sono, veio o apetite e o desejo de continuar as minhas actividades aqui na paróquia. Tudo isto foi um estímulo muito forte. Eu dizia a mim mesmo: “o milagre aconteceu verdadeiramente”. Comecei a usar o computador e a fazer algo nele que eu gostava e que era ao mesmo tempo distracção, aprendizagem e serviço útil. No início de Junho, a situação era muito diferente. No dia 6 de Junho, dois meses depois do meu aniversário, recebi a feliz notícia de que eu já podia voltar à vida normal e comunitária. Eu tinha vencido o vírus. Grande alívio. Aleluia! Celebrei a Santa Missa em acção de graças. Obrigado meu Deus Trindade! Obrigado minha Mãe, a Senhora de todos os nomes: Fátima, Consolata, Aparecida e Paz! Comecei a celebração diária da Santa Missa e coloquei todos vocês que me ajudaram nesta grande vitória. Quero agradecer de coração a todos: P. Aquileo, a cozinheira Edna, os paroquianos que cuidaram bem de mim, o

superior regional que várias vezes me visitou para saber como eu estava, o P. Joaquim Gonçalves, que constantemente queria saber do meu estado de saúde, a minha família, os antigos paroquianos onde eu já tinha trabalhado. Quero ainda agradecer à Prevent Sénior, que ligava quase todos os dias para saber do meu estado de recuperação e da vitória sobre a Covid-19. E agradecer ao Ricardo, que me acompanhou e me assistiu duma forma constante. Ele estava em contacto com os médicos da Prevent Senior, dando informações sobre a minha recuperação. Juntos vencemos esse terrível vírus que tem feito muitos estragos, ceifando muitíssimas vidas em todo o nosso planeta terra. Muito obrigado a todos! Esta é a minha narrativa. Esse homem que pegou Covid-19 com 83 anos chama-se P. João Monteiro da Felícia, missionário da Consolata, português de origem, natural da Golpilheira, em missão no Brasil desde 1974. Termino com a frase de São Paulo, quando recebia a comunhão: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”. Deus me salvou! Um abraço a todos os meus conterrâneos e o conselho a que se protejam o máximo que puderem, para evitar este calvário de dores que eu passei. Paróquia São Marcos Evangelista, Pedra Branca, Vila Santos, São Paulo capital. P. João Monteiro da Felícia


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Covid-19: Município continua luta

Testes gratuitos e apoio às famílias e empresas O Município da Batalha continua a trabalhar para evitar o avanço da pandemia no Concelho e, até ao fecho da nossa edição, dia 9 de Agosto, os resultados são bastante satisfatórios, com apenas 18 pessoas infectadas, das quais 16 já recuperadas, apenas três em vigilância e, principalmente, nenhuma vítima a registar. Isso deve-se, sobretudo, ao comportamento das pessoas e instituições, sendo evidente nos batalhenses, pelo menos na maioria, um cuidadoso cumprimento das regras de segurança, mas também ajuda o acompanhamento e apoio atento por parte da Autarquia.

Testes serológicos

O executivo municipal aprovou, a meados de Junho, um plano faseado e gradual de testes serológicos ao SARS-CoV-2, feitos gratuitamente à população em geral, a começar pelas pessoas de maior risco e pelos sectores mais sensíveis da construção, transportes internacionais, restauração e hotelaria. “Trata-se de uma medida inovadora na região, da maior importância e realizada em parceria com um prestigiado centro de medicina laboratorial português”, explicava o presidente, Paulo Santos. A resposta às inscrições foi massiva, por parte de pessoas e empresas, tendo sido feitos, numa primeira fase, mais de 1500 testes. Uma segunda fase será iniciada em Setembro, podendo chegar aos “5 ou 10 mil testes, em função das necessidades e da evolução da pandemia da Covid-19”, esclarece o autarca.

Trata-se de um exame laboratorial feito em amostra de soro, após colheita de sangue, especialmente indicado para auxiliar no diagnóstico de doentes com suspeita de infecção passada ou actual, numa abordagem combinada que proporciona a maior sensibilidade de diagnóstico e, assim, uma detecção mais precoce. Por outro lado, o teste escolhido assegura a verificação de anticorpos totais, podendo determinar se a pessoa terá algum grau de imunidade à doença. A sensibilidade dos testes pode variar entre 97,5% e 100% e a especificidade clínica é de 99,8%, valores que garantem a sua fiabilidade. Permitiram, assim, ajudar a um estudo à escala municipal sobre eventuais focos de infecção, níveis de imunidade e dispersão territorial.

Câmara pede meios da Saúde

Em linha com este esforço de testagem e da campanha de distribuição gratuita de máscaras (que pode pedir em batalhaonlife.pt), o Município tem reclamado juntos dos serviços de Saúde o reforço de meios humanos para o Concelho e a região em geral. “É fundamental manter níveis elevados na prevenção e vigilância dos casos activos identificados, como estratégia para a contenção do surto na região e no país”, defende Paulo Santos, pelo que “é urgente que o Governo generalize o reforço de meios nesta área de saúde pública ao nível de cada uma das regiões do país – e não apenas em Lisboa –, e retome o papel importante das Áreas Dedicadas COVID-19 ou

estruturas similares de apoio, acompanhamento e aconselhamento aos cidadãos”. O presidente refere, ainda, que “apelar ao desconfinamento sem uma retaguarda sólida e organizada no terreno, num período em que iremos receber milhares de emigrantes, outros tantos visitantes do exterior e com muitos profissionais da saúde de férias – que bem merecem – pode comprometer o caminho de sucesso até hoje realizado na luta contra a Covid-19, e para tal são necessários mais meios humanos para apoio da saúde na nossa região”.

Apoio à restauração

No início de Agosto, a Câmara lançou nova campanha de apoio aos sectores da restauração e hotelaria, consistindo na distribuição de 30 mil envelopes porta-máscaras, como reforço das medidas de segurança de clientes dos restaurantes e hotéis locais. Em simultâneo, serão entregues máscaras personalizadas, dando continuidade ao programa municipal em vigor desde Abril. Trata-se de mais uma aposta no turismo e na valorização da oferta local cultural e de natureza, uma vez que as saquetas disponibilizadas contêm informação turística que promove a divulgação dos valores naturais e culturais do Município. O projecto também promove o uso da máscara como medida de prevenção e saúde pública, bem como o respeito pelos valores ambientais, já que pretende minimizar a deposição das máscaras usadas no espaço público.

Serviços gratuitos e mercados limitados

A Autarquia prorrogou até 30 Setembro várias medidas de isenção de taxas municipais, como sejam as mensalidades relativas aos serviços de ATL dos estabelecimentos de ensino públicos ou a isenção de taxas e rendas todos os espaços concessionados, incluindo lojas, quiosques e estabelecimentos de alojamento (hostel), todos os operadores existentes nas diversas áreas no mercado municipal, e a ocupação de espaço público pelo comércio, restaurantes, cafés e pastelarias, inclusive na ampliação do espaçamento das esplanadas. Mantém-se também o estacionamento gratuito até final de Setembro e a abertura pública dos serviços municipais, com atendimento presencial. Os mercados e feiras manter-se-ão em funcionamento, mas apenas para produtos do ramo alimentar, aves vivas, sementes, farinhas e derivados, devendo os utilizadores adoptar as recomendações da DGS de distanciamento social e uso de máscara. De igual modo, continua interdita a actividade itinerante e mantém-se o encerramento dos equipamentos desportivos e infra-estruturas, nomeadamente os parques infantis, parques de manutenção sénior e demais instalações desportivas, inclusive dos complexos de piscinas. Paulo Santos justifica que “a evolução da doença no Município da Batalha, não só teve uma resposta precursora e célere, bem como regista um número reduzido de casos, o que comprova o acerto das opções tomadas, mas há

que continuar este caminho de prevenção, embora sem descurar a salvaguarda da actividade económica concelhia e empregabilidade, nomeadamente nos sectores do comércio e turismo, especialmente afectados com os impactos da pandemia”.

Emergência às associações

O Município da Batalha decidiu antecipar apoios financeiros excepcionais para minimizar os impactos da crise nas associações e clubes desportivos locais, no valor global de 75 mil euros. A medida visa dinamizar a cultura e o associativismo, apoiando associações, grupos artísticos ou colectividades que se dediquem às actividades desportivas, audiovisuais, de teatro ou de dança. Para já, foram feitos os protocolos com as associações União Desportiva da Batalha (UDB), Associação Recreativa Amarense (ARA) e Batalha Andebol Clube (BAC), entidades que no seu conjunto movimentam mais de um milhar de atletas, treinadores e dirigentes. O vereador da Juventude e Desporto, André Loureiro, refere que os apoios “serão alargados a outras entidades culturais e desportivas do concelho da Batalha, com o objectivo de assegurar que todos os clubes terão condições para a continuidade de acções com os jovens atletas e dinâmicas culturais”.

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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

sociedade

Eleitos nos órgãos nacionais

Batalha presente no congresso da JSD

A JSD Batalha marcou presença no XXVI Congresso Nacional da JSD - Juventude Social Democrata, que decorreu entre 24 e 26 de Julho, por videoconferência, dadas as actuais circunstâncias que o País e o mundo atravessam. André Sousa, actual presidente concelhio, representou a estrutura política local como delegado. O congresso elegeu os novos órgãos nacionais, tendo sido eleito presidente da Comissão Política Nacional, Alexandre Poço, actualmente deputado na Assembleia da República. “O novo presidente nacional definiu como prioridade para os próximos dois anos de mandato políticas que permitam salvar uma geração que a actual situação colocou «novamente à rasca», desde o (des)emprego jovem ou o acesso proibitivo à habitação”, refere a JSD Batalha em comunicado, adiantando que “Ambiente, Ensino Superior, Saúde e a Cultura são outras das prioridades do mandato”. A JSD Batalha conseguiu a melhor representação de sempre em órgãos nacionais, com a eleição de dois militantes do concelho, curiosamente, ambos da Golpilheira: André Emanuel Bento Sousa como conselheiro nacional e Eduardo Prior de Almeida como secretário da mesa do congresso.

André

Eduardo

Nova direcção no CEPAE

Em defesa do património O Centro de Património da Estremadura (CEPAE) realizou eleições para os seus corpos sociais, no passado dia 26 de Junho, na Batalha. A única lista concorrente mereceu a confiança quase unânime dos votantes, com 126 votos a favor e 1 abstenção, ditando a presidência da Mesa da Assembleia pela Câmara Municipal da Batalha e a recondução de Adélio Amaro como presidente da Direcção. Para o próximo biénio, o CEPAE apresenta um plano de actividades com “uma visão de Património alargada, global e aberta ao futuro, bem como uma visão cultural do património indissociável da sua componente turística, potenciadora do desenvolvimento da região, mas também das indústrias criativas e da inovação através do design”. Visando “a valorização do património material, do património imaterial, do património literário e artístico e a valorização, promoção e salvaguarda do património rural, não esquecendo, também, a importância do património ambiental, pensando o património cultural de forma integrada”, o plano prevê “parcerias com outras associações ou instituições de objectivos e características congéneres de forma a rentabilizar recursos e obter uma maior projecção das acções”. Por outro lado, será dado incentivo à investigação e difusão de estudos e conhecimentos sobre o património, sobretudo através da edição de publicações, colóquios e tertúlias, cursos, estágios e presença regular na imprensa e nos meios online.

Carlos da Silva Caldas

Bombeiros aprovam benemérito A Assembleia Geral da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho da Batalha, em sessão do passado dia 26 de Junho, aprovou por unanimidade a atribuição da categoria de sócio benemérito ao sócio n.º 1276, Carlos da Silva Caldas. Considerado “um homem generoso e com fortes ligações à terra natal” este associado “tem ao longo dos anos con-

tribuído a título pessoal com donativos significativos, constituindo um dos mais destacados apoios a esta Associação”, refere comunicado enviado à imprensa para justificar este “acto de inteira justiça”. O texto da proposta recordava que “em Agosto completará noventa anos de idade uma das mais destacadas figuras da Batalha contemporânea, juiz conselheiro, que se

saiba o primeiro batalhense a ascender ao Supremo Tribunal da Justiça, com um brilhante percurso profissional e de vida rematado há três anos com a publicação dum notável livro de poemas, «No Tempo e no Espaço», em que cada palavra conta e em que cada verso é poesia de grande beleza formal”.

Assembleia Municipal aprova moção

Obras urgentes no Mosteiro A Assembleia Municipal da Batalha aprovou por unanimidade, no passado dia 22 de Junho, uma moção que reclama a maior urgência no início das obras anunciadas e previstas com o apoio dos fundos europeus, em benefício da valorização do Mosteiro da. Segundo os autarcas, “há vários anos foram anunciadas obras de requalificação do claustro real, requalificação de um novo espaço para loja, reabilitação da iluminação exterior, para além de outras melhorias, de modo a tornar este monumento 100% acessível, sem que até à presente data se conheçam quaisquer desenvolvimentos, que não

anúncios dos sucessivos governantes na área da Cultura”. O desinvestimento no Mosteiro da Batalha regista níveis preocupantes, “situação que contrasta com intervenções em curso, por exemplo, no Mosteiro de Alcobaça, Convento de Cristo e mais avultadas no Palácio Nacional de Mafra, tudo monumentos com menor pressão de visitantes do que o Mosteiro da Batalha”, recordam os eleitos. Recorde-se que o Mosteiro da Batalha é o terceiro monumento mais visitado do país, após o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em Lisboa, tendo em 2019 recebido 416.793 visitantes,

num aumento de 2,2% relativamente a 2018. Na moção aprovada e que seguiu para o Governo, a Assembleia Municipal sublinha a importância do Turismo Cultural, reconhecido como uma das principais alavancas da retoma económica e do sector turístico em Portugal, razão pelo qual é decisivo investir nesta área ao nível da qualificação dos monumentos nacionais. Por fim, os eleitos alertam ainda para os riscos de perda de financiamento pelo facto da não execução de obras, uma vez que se encontra em curso um processo de reprogramação dos fundos europeus.

“Sécur’été 2020”

Regresso seguro a Portugal A Cap Magellan, principal associação de jovens luso-descendentes em França, organiza desde 2003 uma campanha de segurança rodoviária intitulada “Sécur’été”, que conta com a parceria do Jornal da desde a primeira edição. Esta é uma campanha que se dirige aos portugueses e luso-descendentes, residentes em França, que se deslocam de carro a Portugal durante as férias de Verão. Decorre em três países – França, Espanha e Portugal – e tem como principal objectivo a redução do número de acidentes durante os trajectos longos e depois das saídas nocturnas.

Em França, todos os anos, o último final de semana de Julho é anunciado como “negro”, em termos de tráfego rodoviário com destino ao Sul do país. Como habitualmente, durante o caminho entre França e Portugal, vários voluntários e membros da equipa da Cap Magellan desenvolvem acções de sensibilização junto dos automobilistas em várias estações de serviço e nas fronteiras, no início de Agosto. Durante o mês, nos principais locais turísticos e praias, bem como nos centros de diversão nocturna, a sensibilização será para a condução responsável, sobretudo

sem o consumo de álcool. A associação promove, ainda, um encontro de jovens emigrantes e mantém uma presença regular nas redes sociais e no site “VacancesPortugalCovid.Com”, onde divulga o “verdadeiro ou falso” das informações sobre a situação do Covid em Portugal e a sua influência nas férias. Ali se recorda que “Portugal abriu as portas do país aos cidadãos nacionais residentes no estrangeiro e aos turistas europeus, garantindo que o país continua a ser um dos destinos mais seguros do mundo, mesmo em contexto de pandemia”.


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Celebração mais modesta do Dia do Município

Festas limitadas em tempo de pandemia Mesmo com as limitações decorrentes da actual situação pandémica, as Festas da Batalha vão realizar-se, nos dias 14, 15 e 16 de Agosto. O programa compreende, no feriado municipal, dia 14, às 18h00, na Capela do Fundador do Mosteiro da Batalha, a cerimónia evocativa da Batalha de Aljubarrota, seguindo-se a apresentação do novo autocarro escolar do Município. Pelas 18h30, terá início a Sessão Solene no Claustro Real,

dedicada à importância do processo de descentralização e da boa articulação entre as administrações central e local, estando prevista a presença do membro do Governo com a tutela da descentralização. Pelas 21h30, decorrerá o concerto acústico com o artista Diogo Piçarra, nas Capelas Imperfeitas, com transmissão em directo em ecrã gigante na praça do Condestável, ambos os espaços com lugares limitados, bem como online, através da página de facebook

do Município, terminando os festejos com uma sessão de fogo de artifício. No dia seguinte, 15 de Agosto, feriado nacional, realizar-se-á uma caminhada, com cerca de 5 km, com partida e chegada à Praça Mouzinho de Albuquerque e cujas inscrições, gratuitas e limitadas, deverão ser efectuadas através do email cultura@ cm-batalha.pt. Pelas 19h30, o Claustro Afonso V do Mosteiro da Batalha receberá a sessão de

Batalha acelera obras

A Câmara da Batalha está a acelerar as candidaturas e as empreitadas de ecovias e trilhos, para serem alternativas ao turismo de eventos, uma das “montras turísticas” do Concelho que, este ano, devido à pandemia da Covid-19, sofrerá uma “forte limitação”. “Nos últimos anos triplicámos o investimento de ecovias e trilhos do concelho e pretendemos ir mais longe. Desde Março, percebendo os efeitos que a pandemia teria no turismo e na necessidade de reinventarmos a nossa oferta, acelerámos as candidaturas e processo de empreitadas de ecovias e trilhos, porque percebemos que o núcleo da nossa montra turística – cultura, gastronomia e eventos – iria sofrer uma limitação tremenda”, refere o presidente, Paulo Batista Santos. A rede de percursos pedestres do Município da Batalha tem já uma extensão de mais de 28 quilómetros. Na Batalha existem ainda cinco percursos de BTT sinalizados. Esta componente de turismo da natureza é apoiada pelo Centro de BTT da Batalha – Pia do Urso é o Centro de BTT considerado pela revista EVASÕES como uma das melhores 100 ideias de Turismo em Portugal, constituído por um edifício dotado de balneários, instalações sanitárias, área informativa e espaço destinado a lavagens e

DR

Ecovias para atrair turistas

Batalha já é forte no BTT

a pequenas reparações de bicicletas. Assim, o visitante pode desfrutar gratuitamente de uma rede de trilhos cicláveis e devidamente sinalizados, com mais de 300 Km, divididos em quatro níveis de dificuldade que percorrem os concelhos da Batalha, Porto de Mós e Leiria. Segundo o Autarca, “prevemos nos próximos dois meses abrir o concurso público para a Ciclovia Urbana da Vila da Batalha, entre a rotunda da Cidade de Trujillo e o cruzamento com o Casal Novo, no lugar de Casal do Quinta. A obra permitirá melhorar as condições de segurança para a circulação viária, ciclável e pedonal, reduzindo os acidentes”. No mesmo projecto encontra-se previsto o desenvolvimento de um sistema “bikesharing” (partilha de bicicletas), situado em terreno do Município, junto à rotunda das Brancas e ao edifício da “Casa da Obra”, que será

reabilitado para residência de estudantes. As bicicletas permitirão a deslocação dos estudantes para o centro da vila ou para o Instituto Politécnico de Leiria. O Município vai ainda construir a ecovia do Vale do Lena e abrir os procedimentos de empreitada do novo percurso pedestre das Pedreiras Históricas e da requalificação de estações do Ecoparque Sensorial da Aldeia da Pia do Urso. “A ideia é procurar alternativas para que as pessoas saibam que estamos a trabalhar para terem mais e melhores ecovias para poder andar, correr, passear de bicicleta, desfrutar da paisagem, para além da oferta cultural diversificada, na qual o Mosteiro da Batalha é a principal referência”, reforça o presidente. O investimento global ascende aos 1,5 milhões de euros, financiados em 85% por fundos comunitários.

lançamento do novo vinho DOC da Adega Cooperativa da Batalha “Batalha Real”, “uma produção que aposta em castas seleccionadas, resultando num vinho de qualidade superior”, refere a divulgação do evento. Pelas 21h30, realizar-se-á, no Claustro Real do Mosteiro, o concerto de Gisela João, um dos nomes maiores do fado nacional, também com transmissão na praça e no facebook. Por fim, no dia 16, domingo, haverá, às 15h00, no Posto de Turismo, a apresentação da

obra “Fotografar o Tempo: Da Casa Alvão à Atualidade”, que incluirá uma visita guiada ao Mosteiro da Batalha. Paulo Batista Santos, presidente da Autarquia, justifica que, “mesmo num cenário como o que estamos a viver, com fortes implicações na vida das pessoas, foi intenção da Câmara Municipal organizar as Festas Batalha, assentes num modelo de que se adapta às normas e às regras vigentes”.

Resultado de exploração de 2 milhões de euros

Município aprova contas positivas de 2019 A Assembleia Municipal da Batalha aprovou as contas de 2019 da Autarquia, em sessão do passado dia 22 de Junho. A conclusão foi que a Câmara vive uma situação financeira saudável e apresenta meios libertos positivos que serão aplicados em novos projectos de investimento e reforço de medidas de apoio social à população. “O Município da Batalha regista indiciadores de uma situação económica e financeira equilibrada – por exemplo, o fluxo de caixa gerado em 2019, no valor de quase 2 milhões de euros, é superior ao valor total das dívidas a terceiros a curto prazo existentes no final do ano, de cerca de 1,4 milhões de euros. Assinala-se, também, o facto de o rácio de autonomia financeira apresentar um valor bastante significativo, a rondar os 70%”, pode ler-se no relatório do auditor. O prazo médio de pagamentos situa-se em 16 dias, o que coloca o Município da Batalha nos níveis mais baixos do ranking do sector autárquico, não registando ainda quaisquer dívidas em atraso no final de 2019. A taxa de execução orçamental situa-se em 86,4%, o que reflecte um desempenho positivo e acima do valor de referência previsto na Lei das Finanças Locais (85%), bem como apresenta um desempenho económico estruturalmente equilibrado, pelo que o Município mantém a sua capacidade de assegurar a cobertura das despesas de funcionamento (obrigatórias) através de receita própria. A receita fiscal regista uma ligeira diminuição de -1,9%, face ao ano anterior, reflexo da política de estabilidade fiscal do Município e da execução orçamental de 2019, com um reforço do investimento nas áreas da Educação (23%) e do Ambiente (29%). “Com um endividamento municipal praticamente residual e dispondo de uma elevada capacidade de execução de fundos europeus, o Município poderá encarar o seu futuro com optimismo”, conclui o presidente da Câmara, Paulo Batista Santos.


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

ambiente

Operação “Clean Water”: 6 crimes e 19 multas

GNR

Voltamos a noticiar a operação “Clean Water”, lançada em Fevereiro deste ano pelo Núcleo de Protecção Ambiental do Comando Territorial de Leiria da GNR, face às sucessivas denúncias de alterações de características da bacia hidrográfica dos rios Lis e Lena. Já na última edição falámos de alguns números, que agora actualizamos, relativos a descargas directas e indirectas de efluentes provenientes da indústria transformadora, bem como das actividades agrícolas e pecuárias. Segundo a GNR, “tem vindo a ser exercido um reforço no patrulhamento dos recursos hídricos, levando a cabo acções diárias e ininterruptas de monitorização das linhas de água nos concelhos de Leiria, Marinha Grande, Batalha e Porto de Mós, as quais possibilitaram a detecção e cessação de vários delitos ambientais. Apesar dos afluentes destes rios terem as suas margens com vegetação muito densa, tem sido implementado um modelo de patrulhamento no interior dos recursos hídricos, o que revelou a um aumento da eficácia na detecção de ilícitos, tendo-se revelado frutífero também pela sua dissuasão, motivado também por um maior número de detecções”. Assim, do balanço da operação até final de Julho, destaca-se: 432 pessoas colectivas e individuais fiscalizadas; 19 infracções por más práticas relacionadas com a gestão de efluentes pecuários, dando origem a processos contra-ordenacionais; 6 crimes de poluição, correspondendo a um aumento de 200% face a 2019. Ainda segundo esta polícia. “todas as descargas ilegais identificadas foram cessadas e enviados os respectivos autos de notícia às entidades competentes”.

Acção de fiscalização

Samuel Costa

A saga das descargas ilegais no Lis e no Lena

Macho de vaca-ruiva (Lucanus barbarossa)

Projecto vaca-loura.pt pede ajuda de todos

Procure (e proteja) os escaravelhos A vaca-loura (Lucanus cervus) e a vaca-ruiva (Lucanus barbarossa) são os maiores escaravelhos de Portugal. Entre Maio e Setembro andam cá fora, principalmente nas noites quentes, e cientistas de diversas organizações querem saber onde estão. Se vir um, tire uma fotografia e ajude este projecto, visitando o sítio www.vacaloura.pt e registando o seu avistamento. Tanto a vaca-loura como a vaca-ruiva são organismos decompositores de madeira morta e têm, por isso, um papel fundamental na Natureza, pois fazem a reciclagem dos nutrientes do solo, promovendo a regeneração sustentável da floresta. São ainda utilizados como um símbolo de toda a biodiversidade que depende de madeira morta nas florestas, representando 30% das espécies que vivem nas florestas em todo o mundo. Com a industrialização da floresta, não só estes insectos estão a perder habitat, mas também os ciclos naturais ficam em risco. Ao saber onde e quantos destes escaravelhos existem, podemos definir melhores medidas de conservação a ser implementadas, tendo impactos directos em imensos organismos. Conservar os Lucanídeos é, então, ajudar a conservar toda a biodiversidade florestal. A vaca-loura é o maior escaravelho da nossa fauna, com mais de 8 cm de comprimento, é uma espécie protegida por leis comunitárias, mas as suas

populações encontram-se em declínio um pouco por toda a Europa, estando assim quase em risco de extinção. Em Portugal, pouco se sabe sobre esta espécie, no entanto, desde 2016 que se tem feito um esforço colectivo com o objectivo de aumentar o conhecimento sobre este escaravelho. A vaca-ruiva é um escaravelho com populações localizadas que pode ser avistado na sua fase adulta apenas entre Julho e Setembro. Apresenta tons muito escuros, mede entre 3 e 4,5 cm, e tem sido associado principalmente a zonas com azinheiras e carvalhos-cerquinho, sendo facilmente reconhecido pelas suas mandíbulas em forma de pinça. Pode encontrar-se apenas na Península Ibérica, Sul de França e Norte de África. Em Portugal, esta espécie tem sido observada desde Bragança até à Península de Setúbal, sendo o Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros o local com maior probabilidade de avistamento. Desde o início do projecto VACALOURA.pt foram realizadas pouco mais de 100 observações, muito poucas em comparação com as restantes espécies foco do projecto. A melhor altura para fazer estas observações e seus registos começa agora! Os escaravelhos, como a vaca-ruiva, que se encontram na fase adulta estão agora a sair cá para fora com o objectivo de se reproduzirem e dar origem às futuras gerações. E todos

podemos colaborar e ter um papel activo na conservação destes organismos. O “Aves da Batalha” já assumiu este compromisso, estando a unir esforços na região para as encontrar e monitorizar. Esteja atento! Se vir uma vaca-ruiva, tire uma fotografia e efectue o registo do seu avistamento em www.vacaloura.pt/participar-avistamento/ ou entre em contacto directo com o Aves da Batalha.

Projecto vacaloura.pt

Desde 2016, o projecto VACALOURA.pt tem unido esforços e incentivado a participação cívica para saber mais sobre os escaravelhos da família Lucanidae de Portugal. Coordenado pela “Associação Bioliving”, em parceria com a Unidade de Vida Selvagem do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, com a Sociedade Portuguesa de Entomologia e com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, este é um projecto de ciência cidadã que visa compilar e organizar informação enviada por cidadãos sobre a distribuição e estado das populações destes escaravelhos em Portugal. Mais recentemente expandiu a sua rede de embaixadores por todo o país, como é o caso do grupo “Aves da Batalha”, fortalecendo a ligação entre a comunidade científica e as comunidades locais na geração de conhecimento sobre estes pequenos seres alados tão pouco conhecidos.


Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

infantil • 21

Jardim-de-Infância da Golpilheira Finalmente, acabou este estranho ano lectivo em que andámos às voltas por causa do maldito Covid-19!... Estamos com saudades de regressar a sério, mas para já, vamos curtir as férias!!! Até breve...


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

temas

.política.

.combatentes.

Eduardo Almeida Presidente AG da JSD Batalha

Coluna da responsabilidade do Núcleo da Batalha da Liga dos Combatentes

Pandemia de incertezas

O vírus e a bola

Com a actual crise de saúde pública que enfrentamos, a incerteza dos nossos dias é uma realidade, tanto por razões económicas, sociais e até mesmo políticas. Vivemos tempos que não esperávamos, com o medo a pairar a cada esquina, num sentimento de sobressalto constante, muito embora os nossos líderes tentem solucionar a incerteza provocada pela Covid-19, estes no fundo sabem que rapidamente tudo se pode descontrolar. Analisando o Governo de Portugal em contexto de pandemia, rapidamente percebemos que tivemos sucesso nas políticas de confinamento atempado, mas que o desconfinamento não correu bem, prova disso é a avaliação que os países emissores de turismo para Portugal fazem de nós, nomeadamente, o Reino Unido. Em grande medida, conta a forma de desembarque dos turistas nos aeroportos de Portugal Continental, em que apenas é tirada a temperatura à chegada e não é feito ou pedido qualquer teste à Covid-19. Tal necessidade deveria, na minha opinião, ser uniforme em todo o território nacional, como vemos nos territórios insulares. Se o sector do Turismo sente os efeitos da pandemia, então Portugal sente ou ainda vai sentir bastante a crise económica que vamos começar no último trimestre deste ano e no mínimo no decorrer de 2021. Numa economia em que o turismo tem um peso significativo na nossa balança de exportações e por sua vez no emprego gerado durante os últimos anos, percebemos que os próximos tempos não serão fáceis para a maioria das famílias portuguesas. Valha-nos um acordo menos mau no Conselho Europeu, em que os chefes de Estado acordaram um pacote de revitalização económica para a União Europeia, onde a Portugal caberá um pacote de 75 mil milhões de euros, sendo que 15 mil milhões serão a fundo perdido. Caberá ao Governo de Portugal ter a estratégia e eficácia necessária para que tal dinheiro tenha um impacto esperado na nossa sociedade e economia. Apesar de um plano arrojado e no meu entender até bem estruturado

apresentado por António Costa Silva (Consultor Externo ao Governo de Portugal), temo que os fantasmas da crise anterior ainda possam ressuscitar, nomeadamente por via do sector financeiro (Novo Banco) e também por via do nosso défice que no primeiro semestre do ano já atingiu um valor de 6 mil milhões de euros, ou ainda por via de projectos megalómanos e um bocado fora de contexto como parece ser o caso do Hidrogénio. Importa salientar ainda que do dinheiro que corresponde a ajudas a Portugal, 32 mil milhões de euros terão que ser já aplicados na nossa economia durante os próximos 3 anos, e será nestes 32 mil milhões que a meu ver poderá resultar ou não o sucesso no enfrentar desta crise, assim caberá a todos os titulares de funções publicas o escrutínio implacável na aplicação de tais fundos. Se o escrutínio ao Governo ou a qualquer titular de órgãos públicos que gerem o dinheiro do contribuinte deve ser permanente, porque é que o escrutinador quererá ilibar-se de tal função? A postura que o principal partido da oposição tomou em querer acabar com os debates quinzenais em nada acrescentou o escrutínio necessário ao Governo em tempos que me parecem ser ainda mais necessários. Com esta postura do PSD perante o escrutínio ao Governo, perderá Portugal. Numa altura de incertezas, a margem do Governo tem de ser zero para errar e a oposição deverá fiscalizar devidamente o Governo para que não erre, o PSD com tal postura não me parece estar à altura do desafio que enfrentamos. Muitas mais incertezas esta pandemia evidenciou, e muitos são os desafios que enfrentaremos enquanto sociedade, caberá a cada um nós gerir este momento difícil para todos, nos seus contextos mais próximos, em casa, na sua empresa, na sua família. Tenho a certeza de que com quase 900 anos de História, Portugal saberá dar a volta a tais incertezas, apenas queria que desta vez dessemos a volta certa, para que conseguíssemos viver numa sociedade com mais oportunidades.

A pandemia (Covid-19) provocada pelo Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) começou a infernizar a vida da Humanidade já há mais de seis meses e, volvido este espaço temporal, o Mundo está virado do avesso e ninguém ainda consegue, sequer, prever quando é que será possível encontrar um qualquer antídoto que o consiga combater com eficácia. Pela sua perigosidade, inclusive derivada da sua mutação contínua, que baralha sistematicamente os cientistas, e pela forma como está a destroçar todas a economias mundiais; quanto mais demorar a encontrar-se tal antídoto, mais profundas e duradouras serão as sequelas que nos irá deixar como herança, quiçá algumas de modo irreparável, em particular nas economias mais frágeis e, dentro destas, em especial nos estratos sociais mais carenciados. Todos nós já devíamos ter interiorizado o quão grave, mortal e pernicioso é este “bichinho” e, por muito que nos custe, devíamos seguir à risca as directrizes das entidades que têm competência e autoridade para as emanarem, não só como forma de, em termos de saúde, nos auto-protegermos e a quem nos rodeia, mas também para evitarmos o avanço e intensificação desta catástrofe. Entretanto, deu-se início ao desconfinamento e reiniciaram-se certas actividades, tais como as ligadas ao turismo, hotelaria e restauração; o mesmo se passando com a cultura, nas suas várias vertentes; sob pena de caírem na miséria mais umas largas centenas de milhares de famílias. Quanto ao desporto colectivo, dados os enormes interesses (alguns pouco claros…) que giram à volta do futebol, reiniciou-se apenas a

1.ª Liga profissional, mas com os jogos a serem realizados à porta fechada. Assim, o aumento de contágios era expectável para qualquer pessoa minimamente responsável e daí a necessidade de todos redobrarem de cuidados e deverem cumprir as regras sanitárias preconizadas. Infelizmente, e como, mais um a vez, estamos a assistir, há ainda demasiadas pessoas que se estão nas “tintas” para o cumprimento de regras, nada se preocupando com o mal que provoquem a quem as rodeia. Vai daí, toca a organizar festas e quejandos, embora saibam que este vírus também as “adora”, tal como outras concentrações, pelo que já nos bastariam os “ajuntamentos” que são difíceis de evitar, tal como acontece nos lares, certos locais de trabalho e de habitação colectiva; para ele se ir alimentando. Para dar cabo do resto, só falta que as autoridades sanitárias e o governo cedam à pressão dos fanáticos da bola e lhes abram as portas dos estádios de futebol. Estes argumentam que estão a ser vítimas de descriminação, relativamente a 2 ou 3 espectáculos culturais que já se realizaram e, de facto, se foi possível acautelar o distanciamento físico entre duas mil pessoas que assistiram a um na Praça de Toiros do Campo Pequeno, aparentemente ainda seria mais fácil fazê-lo com 8 ou 9 mil, num estádio de futebol, que tem uma capacidade de 50 ou 60 mil lugares. Contudo, todos sabemos que isto é só teoria e, se dúvidas nos restassem, basta lembrar-nos o que aconteceu há dias num jogo de futebol, cremos que na Dinamarca. Tudo começou bem, com as pessoas a guardarem as

distâncias entre si, mas isso foi apenas até a coisa começar a aquecer. Porque, de repente, já estava tudo ao molho e não houve apelos sonoros que fizessem o pagode retomar o siso, sendo que o maralhal apenas atinou quando o árbitro interrompeu o jogo e só o recomeçou com cada qual nos seus lugares, o que aconteceu após cerca de 30 minutos. Ora, se isto ocorreu num país nórdico, onde o futebol é apenas mais um desporto que raramente gera fanáticos, agora imagine-se tal cenário em Portugal, onde o pontapé na bola, embora apelidado de desporto, há muito que perdeu esta vertente, para se transformar numa actividade que transmuta muita gente em seres quase irracionais; em que os adeptos de um clube consideram os de outro não adversários mas inimigos a abater (e alguns já foram abatidos…); em que até as televisões generalistas não resistem à onda e lhe dedicarão, em média, mais de 3 horas diárias, onde os representantes dos ditos “3 grandes” (os outros clubes é como se não existissem…) destilam veneno uns contra os outros… No início do confinamento e com a interrupção de tal actividade, o ambiente sonoro e visual melhorou consideravelmente e até parecia que se respirava um ar mais cristalino, pese embora o vírus e a sua perigosidade. Mas, com o regresso da bola e ainda por cima com um dos “grandes” em crise de resultados, isto, para certos “adeptos”, é muito pior que o Novo Coronavírus. Portanto, senhores governantes, abram as portas dos estádios aos fanáticos descontrolados e terão um “caldinho” que irá ser uma “maravilha”, que nem o SNS nos conseguirá valer…

.JuntaInforma. Coluna da responsabilidade da Junta de Freguesia da Golpilheira

Caros amigos Golpilheirenses, A Junta de Freguesia da Golpilheira recebeu com enorme consternação a notícia do falecimento do filho da terra, Manuel Rito. Dedicou parte de sua vida de forma incansável ao serviço da freguesia, nas mais diversas vertentes e jamais será esquecido. N a ú l t i m a re u n i ã o d e Assembleia de Freguesia, por

iniciativa do Executivo, foi colocado à votação e aprovado por unanimidade um voto de pesar, como forma de reconhecimento e homenagem.

Trabalhos

A Junta de Freguesia procedeu à limpeza do terreno da Fonte do Casal Benzedor, do qual é proprietária, terreno este que esteve votado ao abandono

durante vários anos. O Sr. Presidente de Junta de Freguesia participou do júri de escolha do projecto no âmbito do “Prémio Municipal de Arquitectura Mateus Fernandes” e mostrou-se muito agradado com a futura intervenção de que beneficiará a nossa freguesia. Resta-nos desejar a todos umas BOAS FÉRIAS, cumprindo sempre com as normas da DGS.


temas • 23

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

.agricultura.

.saúde.

Ana Maria Henriques Médica Interna

José Jordão Cruz Engenheiro Técnico Agrário

“Venho fazer um check-up”

Casta Vital Esta casta de videiras de nome Vital, autóctone do nosso Portugal, dizem que tem a sua origem no Centro e Norte, mas no Posto Ampelográfico de Torres Vedras, 1897, afirma se que é originária da Lourinhã. Tem outras sinonímias, como Boal Bonifácio ou Malvasia Corada (Dão, Douro). O que é certo é que é uma casta muito difícil de trabalhar, entrando em stress hídrico rapidamente, ficando os seus cachos logo engelhados dum dia para o outro. Os antigos diziam que os chuchavam, parecem os dedos do ser humano, enrugados, quando chupados. Quando de repente chove rapidamente, as podridões dos cachos inviabilizam a sua qualidade nos futuros vinhos. Sendo uma casta que ainda

habita na denominação dos vinhos de Lisboa, fruto de grupos empresarias com solidez financeira que ainda a cultivam, o agricultor sem suporte financeiro não consegue aguentar uma casta com estas irregularidades de comportamento. Por isso, foi sendo arrancada. Mas como dizem os enólogos de renome, e não só, esta casta pode ombrear com os melhores vinhos brancos do mundo, nomeadamente os franceses. A videira Vital produz vinhos que devem ser consumidos com 5, 10, 15, 20 anos, com performances de bradar aos céus. Por isso, nem por nada estas empresas conceituadas querem abandonar esta casta de videiras. É uma casta muito produtiva mesmo podada em talão. Como sabem todos os que

estão ligados à viticultura, por princípio, uma cepa podada à vara dará mais quilos de uvas. A região vitícola de denominação de Lisboa ainda não faz parte das tertúlias; quando se está com amigos com uma garrafa ou garrafas para abrir, fala se dos vinhos alentejanos, Douro, Dão, raramente vêm à cabeça os vinhos de Lisboa e até de Trás-os-Montes. Parece que a região de Lisboa, que vai até Pombal, ainda no nosso distrito, ao começar a apresentar o Vital, já com vários anos, e outras castas também estrageiras, Riesling, Petit Verdot, Pinot Noir, etc., começa a despertar, apesar desta terrível conjuntura vírica em que vivemos.

Campanha alerta para risco de acidentes nas piscinas e praias

Mergulhos podem causar lesões permanentes na coluna vertebral A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) está a promover uma campanha de consciencialização para o risco de lesões na coluna vertebral associado à prática de mergulhos nas piscinas e praias. “Há saltos que podem mudar a tua vida. Protege a tua coluna!” é o mote desta iniciativa que está disponível nas redes sociais através de um vídeo (youtu.be/ KJJPJ34y8Xo) que apresenta os dez conselhos que as pessoas devem seguir para prevenir este tipo de acidentes. Para Miguel Casimiro, neurocirurgião e presidente da SPPCV, “o principal objectivo com o lançamento desta campanha é de alertar a população para os comportamentos de risco que podem levar a acidentes de mergulho, uma das principais causas de lesão na coluna vertebral, sobretudo nos jovens com menos de 35 anos”. Sobre a escolha de um

vídeo para redes sociais como a principal plataforma de divulgação desta iniciativa, o especialista refere que “é a opção mais óbvia, pois não só é uma forma dinâmica de levar o público-alvo desta campanha a pensar sobre o tema e, sobretudo, a reter as nossas recomendações que, quando seguidas, podem fazer toda a diferença na sua saúde, uma vez que uma vítima de um acidente de mergulho pode sofrer uma lesão modular grave, a qual pode levar a incapacidade ou à morte”. As lesões na coluna derivadas de mergulhos ocorrem geralmente quando a cabeça bate no solo ou numa rocha. Além da baixa profundidade do local ou dos comportamentos de risco, estes acidentes podem estar relacionados com uma postura incorrecta durante a execução do mergulho. Em caso de presenciar um acidente e/ou suspeitar de uma lesão da coluna, a SPPCV

alerta para a necessidade de contactar de imediato o 112 e de não mover a pessoa, pois qualquer movimento na vítima pode causar danos maiores e permanentes. A Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (sppcv.org), fundada em 2003, é uma associação científica, sem fins lucrativos. Tem por objecto a promoção, o estudo, a investigação e a divulgação das questões inerentes à problemática da prevenção, diagnóstico e tratamento das patologias da coluna vertebral.

Esta é uma frase muito ouvida em consulta, principalmente porque foram amplamente difundidos os seus supostos benefícios até há bem pouco tempo. Infelizmente, ainda são publicitados em alguns locais. Apesar de acharmos que é uma mais-valia e de sentirmos que estamos bem de saúde após fazermos os exames, isto não corresponde à verdade. A presença de doenças, complicações e mesmo a morte não é diferente nas pessoas que fazem muitos exames, comparativamente às pessoas que não fazem exames de rotina. Isto porque, actualmente, são poucas as doenças em que a comunidade científica está de acordo (e temos provas) em que devemos procurar a doença antes que ela se manifeste para tratar e prevenir que passe a ser um grave problema de saúde. Para as doenças em que isso acontece (cancro da mama, intestinos e colo do útero), existem programas de prevenção a funcionar em todos os centros de saúde e está comprovado que previne doenças graves. Para todas as outras, o médico adequa as perguntas a fazer, o que deve observar e quais exames a pedir (que podem até não ser nenhuns). O emprego, as doenças na família e mesmo a idade são importantes para orientar o trabalho do médico e estas informações guiam o exame que deve ser reaPUB

lizado e os exames complementares que devem ser prescritos. Por exemplo, se é fumador e vai a uma consulta médica, o seu médico vai perguntar quanto fuma, há quantos anos e se quer ajuda para deixar de fumar. Se esta acção for bem sucedida, é muito mais eficaz na prevenção das doenças consequentes do que qualquer exame pedido. As consultas médicas de vigilância periódica são importantes para avaliar estilos de vida e oferecer orientação para o melhorar. Aqui entram a actividade física, alimentação variada e equilibrada, controlo do peso, hábitos alcoólicos e tabágicos, etc. De nada adianta avaliar o colesterol no sangue de 6 em 6 meses, se não altera o que põe no prato. O problema de fazer exames de rotina padronizados e não individualizados é que podem fazer mais mal do que bem. Sabe-se que algumas alterações detectadas nestes exames originam intervenções (até mesmo cirurgias) desnecessárias e que podem causar consequências graves irreversíveis. À luz do conhecimento actual, a melhor forma de prevenir doenças é manter um estilo de vida saudável. A consulta médica é importante para alertar para comportamentos pouco saudáveis, avaliar parâmetros como o peso e a tensão arterial e fazer exames complementares adequados e orientados.

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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

temas

.rumos&andanças.

.templosda nossaterra.

Márcio Lopes • Docente do IPLeiria marcio.c.lopes@ipleiria.pt

José Eusébio Médico veterinário

O Frágil Equilíbrio entre a Economia e a Natureza

Igreja de Nossa Senhora do Caminho Esta igreja foi construída no Século XVII. A capela de Nossa Senhora do Caminho está situada na vila da Batalha. A arquitectura da capela mostra que se trata de um edifício do século XVII ou, pelo menos, reformado nessa época. Reza a lenda que um certo frade dominicano encontrou a imagem de Nossa Senhora naquelas paragens da cerca, levando-a de seguida para o Mosteiro, de onde desapareceria para voltar a aparecer no mesmo sítio, por mais duas vezes. O convento decidiu então ali erguer uma capela. Restaurada e melhorada por voto do Comendador Joaquim Vicente da Silva Freire, no ano de 1906. Invocação de Nossa Senhora da Consolação.

foi de 7,3% nas exportações de bens do País (cerca de 4 mil milhões de euros). A participação do produto acabado a partir do eucalipto foi de 4,5% (cerca de 2,6 mil milhões de euros de exportação; é quase o triplo das exportações de moldes), sendo Portugal um país líder mundial na fabricação da pasta de papel. Os dez municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) representam 2.500 km2 de território. E cerca de 70% da ocupação deste solo regional é feito de floresta e mato, onde o eucalipto representa 39% e o pinheiro-bravo 52%. Ora, são árvores que crescem rápido (o eucalipto) e alcançam um grande porte, como é o caso do pinheiro. Numa determinada

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região, onde existe pouca diversificação de espécies, a predominância de eucaliptos e pinheiros-bravos, através da evapotranspiração (a água total evaporada a partir do solo e a partir da transpiração das folhas das árvores, i.e., da água que não foi utilizada na fotossíntese), pode alterar a variação anual do caudal da bacia hidrográfica. Portanto, tal como foi referenciado pelo guarda-florestal Peter Wohlleben, a natureza é um intrincado e complexo mecanismo de relações em que cada elemento, por mais pequeno que seja, tem a sua importância, e aqui, na nossa região de Leiria, a cultura intensiva do eucalipto e do pinheiro-bravo ao serviço da economia pode alterar a fisionomia e o caudal dos rios.

Fotos do autor

Foto do autor

Quem nos conta esta história é o guarda-florestal Peter Wohlleben no seu livro «A Sabedoria Secreta da Natureza». No século XIX, no parque natural de Yellowstone, os criadores de gado começaram a dizimar os lobos. O problema é que, com o desaparecimento dos lobos, a população de alces aumentou exponencialmente. Os alces alimentavam-se, sobretudo, da vegetação à beira-rio, choupos e salgueiros. Com as margens dos rios desprovidas de vegetação, desapareceram os castores e deram-se as cheias sazonais que, gradualmente, foram erodindo as margens e alterando o curso dos rios. Com este exemplo, da ligação entre os lobos e o curso dos rios, o que Peter Wolleben nos quer dizer é que a natureza é um mecanismo complexo e com infinitas interligações, e que basta uma pequena alteração numa das engrenagens para que algo comece a funcionar mal. Em Portugal, já há muito que a ocupação florestal do solo deixou de estar ao serviço da natureza para estar ao serviço da economia. De acordo com dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a ocupação do solo em Portugal é feita da seguinte forma: Floresta, matas e pastagens 67%, Agricultura 24%, Urbano 5% e outros 4%. Ou seja, quase 70% do solo português é ocupado pelo mato e pela floresta, enquanto que nós, os serem humanos, ocupamos apenas 5% do espaço. Portugal é um país verde, mas como está feita a distribuição dessa mancha verde? Ainda de acordo com os dados do ICNF, 22% da floresta portuguesa é composta de pinheiro-bravo, 26% de eucalipto e 22% de sobreiro. Apesar de termos uma floresta predominantemente autóctone, cerca de um terço é composta por uma árvore que entrou em Portugal no século XIX, o eucalipto, e que dá um bom contributo às contas externas do País. De acordo com o INE (Estatísticas do Comércio Internacional, 2018), a contribuição da fileira da madeira


.gastronomia.

Este é um espaço de partilha de saberes e experiências gastronómicas, sejam elas receitas tradicionais, culturas diferentes e porque não novas combinações e práticas de comidas saudáveis. Envie as suas sugestões para: mesa@ jornaldagolpilheira.pt

Oh, les moules!!! Cristina Agostinho Os mexilhões (les moules) podem ser preparados de diversas formas e num desses jantares de petisco podemos descobrir vários paladares. A preparação dos mexilhões deve ser realizada em conjunto, desde a limpeza (remoção das algas e filamentos) às variadas confecções. Para harmonizar estas receitas, a minha sugestão recai numa das minhas mais recentes descobertas: um vinho branco elaborado a partir da casta Encruzado, da região do Dão, que surpreende pela sua grande frescura e mineralidade!

Mexilhões com 3 pimentos

Num tacho, coloque um fio de azeite, alhos esmagados, cebola cortada às meias luas,

À mesa!

temas • 25

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Uma re cozinhar nfeição não é apena s in ão Uma refe é apenas confecc gerir alimentos, ionar uma ição será sempre qu u r e cozinha m momento de par efeição. r for um a t cto de am ilha or!

Estamos em pleno Verão e tudo nos recorda festas e convívios… outros tempos! Ainda assim, não deixe de planear um agradável jantar de família, ou de convívio restrito, ao ar livre ou numa varanda bem descontraída… e solte a animação… porque o Verão passa a correr… Precisamente, a sugestão de receita para este mês recorda-me alguns desses jantares bem animados…

Batatas fritas

Sugestão de Ementa • Mexilhões com 3 pimentos • Mexilhões grelhados • Batatas fritas aipo cortado bem fino e inicie o refogado. Quando a cebola começar a ficar transparente, junte pimentos, em tiras finas, de três cores: verde, amarelo e vermelho. Pode colocar uma malagueta fresca. De seguida, junte os mexilhões (que já foram previamente bem limpos) e tape o tacho. Deixe cozinhar alguns minutos. Mexa uma ou duas vezes. Quando os mexilhões estiverem abertos estão prontos a serem comidos! Antes de servir, salpique

com salsa e coentros finamente picados.

Mexilhões grelhados

Num grelhador de chapa ou pedra, bem quente, coloque os mexilhões previamente limpos. Tempere, polvilhando com estragão (ou uma mistura de ervas

provençais) e limão espremido. O grelhador deve estar numa temperatura muito alta. Com a ajuda de uma espátula, vá mexendo. Mexilhão aberto está pronto para se comer! Esta é uma receita muito rápida e a sua simplicidade intensifica o paladar do mexilhão, recordando o mar…

Aviso à população

Se estiver próximo de um incêndio:

Prevenção de incêndios O clima tem estado particularmente quente nas últimas semanas e prevê-se que assim continue mais algum tempo. A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil tem decretado sucessivos estados de alerta, que impõe aos cidadãos algumas regras a cumprir, como sejam: – PROIBIDO o acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais, previamente definidos nos planos municipais de defesa da floresta contra incêndios, bem como nos caminhos florestais, caminhos rurais e outras vias que os atravessem.; – PROIBIDO realizar queimadas e queimas de sobrantes de exploração; – PROIBIDO utilizar fogo-de-artifício ou outros artefactos pirotécnicos, independentemente da sua forma de combustão, sendo suspensas as autorizações que tenham sido emitidas, nos distritos em que tenha sido declarado o estado de alerta especial de nível vermelho do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro (SIOPS), para o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR); – PROIBIDO realizar trabalhos nos espaços florestais e outros espaços rurais com recurso a qualquer tipo de maquinaria.

Independentemente de estar activo ou não este estado, todo o cuidado é pouco para evitar catástrofes que já custaram algumas vidas de bombeiros este ano. Por isso, aqui divulgamos algumas das regras em vigor, pelo menos até 30 de Setembro: – PROIBIDO fazer Queimadas Extensivas SEM AUTORIZAÇÃO. Informe-se na sua câmara municipal ou pelo 808 200 520. – PROIBIDO fazer Queima de Amontoados SEM AUTORIZAÇÃO. Informe-se na sua câmara municipal ou pelo 808 200 520; – PROIBIDO utilizar fogareiros e grelhadores em todo o espaço rural salvo se, usados fora das zonas críticas e nos locais devidamente autorizados, para o efeito; – PROIBIDO fumar ou fazer qualquer tipo de lume nos espaços florestais; – PROIBIDO lançar balões de mecha acesa e foguetes. O uso de fogo-de-artifício só é permitido com autorização da câmara municipal; – PROIBIDO fumigar ou desinfestar apiários excepto se os fumigadores tiverem dispositivos de retenção de faúlhas; – PROIBIDO usar moto-roçadoras (excepto se possuírem fio de nylon),

Tradicionalmente, nós os portugueses acompanhamos estes petiscos com pão, torrado ou de mistura de cereais e deliciamo-nos! Mas os mexilhões (les moules) são um acepipe muito especial em França e na Bélgica e com a particularidade de se acompanharem com batatas fritas (les frites). Corte batatas aos palitos finos e, depois de bem lavadas, seque com um pano. Tempere com sal e pimenta e frite em óleo bem quente. Coloque nuns cestinhos bonitos e sirva como acompanhamento. Bon appétit, mes chers!

corta-matos e destroçadores nos dias, e nos municípios, com Risco Máximo. Evite o uso de grades de discos. – OBRIGATÓRIO usar dispositivos de retenção de faíscas e de tapa-chamas nos tubos de escape e chaminés das máquinas de combustão interna e externa nos veículos de transporte pesados e 1 ou 2 extintores de 6 Kg, consoante o peso máximo seja inferior ou superior a 10 toneladas. Todas as informações em prociv.pt ou icnf.pt.

• Ligue de imediato para o 112; • Se não correr perigo e possuir vestuário adequado (tipicamente roupa de manga comprida, botas e luvas), tente extingui-lo com pás, enxadas ou ramos; • Não prejudique a ação dos Bombeiros ou outras forças de socorro e siga as suas instruções; • Retire a sua viatura dos caminhos de acesso ao incêndio; • Se notar a presença de pessoas com comportamentos de risco, informe as autoridades; • Se o incêndio estiver perto da sua casa, avise os vizinhos, corte o gás e molhe abundantemente as paredes e os arbustos que rodeiam a casa.

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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

história

. história .

Saul António Gomes Historiador

Catarina dos Reis, natural da Golpilheira, em 1718 Catarina dos Reis era natural da Golpilheira, localidade onde vivia, em casa de um seu sobrinho, o Cónego António Carreira Matozo. Fora casada com José Carreira de quem enviuvara. A um seu sobrinho, Manuel Carreira, filho de António Carreira, da Casa do Mato, legou uma cerrada, junto à Golpilheira, chamada a Oliveira. Deixava a sua terça da meação dos bens, retirado o dinheiro necessário para o pagamento das suas exéquias e determinações piedosas por sua alma, a um outro sobrinho, chamado Manuel Henriques, da Faniqueira. Por seu testamenteiro e universal herdeiro nomeou o referido Cónego António Carreira Matozo, filho de António Carreira Matozo, irmão dela legatária. Eram numerosos os Carreiras que habitavam na região de Leiria e da Batalha nesse tempo. Já os Matozos, por referência, decerto, à Casa do Mato (Matozo é antropónimo que remete a terras matagosas, sítios de matos), sítio nas imediações da Golpilheira daquele tempo e lugar da casa da origem desta família, como se pode observar da leitura do testamento de Catarina dos Reis, eram em número bem mais reduzido. Estes Matozos eram, todavia, família de posses, lavradores e proprietários rurais, cremos, cuja casa parece ter prosperado nos séculos XVII e XVIII, com suficientes cabedais, aliás e significativamente, para que um dos seus membros tivesse recebido ordens sacerdotais e, sobremodo, ascendesse a cónego da Santa Sé Catedral de Leiria. Catarina, todavia, usava o apelido Reis, relativamente raro na documentação leiriense desses séculos, talvez por referência afetiva materna ou a algum outro parente próximo. A leitura do testamento de Catarina dos Reis, lavrado a 13 de maio de 1718, em Leiria, revela a sua fé católica profunda. Para além das cláusulas e fórmulas piedosas próprias deste tipo de atos notariais de derradeiras vontades, em que se afirmava toda uma piedade barroca nomeadamente na invocação da Santíssima Trindade, da «sagrada morte e paixão» de Cristo, do lugar intermediador e remediador da Virgem Maria, dos santos apóstolos, anjos e todos os santos do Céu e da santa do nome da testadora, infere-se, da sua leitura, as redes sociais e religiosas em que, na Leiria da abertura do século XVIII, vivia Catarina dos Reis, que era, porque viúva de José Carreiro, irmã da Misericórdia de Leiria, e, ainda, confreira de várias irmandades da cidade de Leiria. Catarina dos Reis queria que o seu corpo fosse amortalhado no hábito de S. Francisco e acompanhado à terra pelos religiosos franciscanos e alguns beneficiados da Sé. Mandava também que se celebrasse elevado número de missas por sua intenção e fossem distribuídas esmolas a pobres. Elegia sepultura, preferencialmente, na Sé de Leiria, se acaso morresse na cidade,

ou na igreja matriz da sua freguesia, se viesse a falecer na Golpilheira, sem especificar qual a “freguesia”. Datando o testamento de Catarina dos Reis, de 1718, este coincide com tempos de alterações significativas no mapa administrativo paroquial leiriense, dadas as novas freguesias que o bispo D. Álvaro Abranches de Noronha estava a criar, justamente na segunda década de Setecentos (Regueira de Pontes, Pousos, Barosa, Azoia e Parceiros), extinguindo-se as antigas paroquiais de S. Pedro e de Santo Estêvão. Por outro lado, tenhase presente que, à data do testamento de Catarina dos Reis, lugares como Golpilheira, Rebolaria, Brancas, parte do Alqueidão da Serra, Reguengo (do Fetal), Garruchas, Rio Seco, Bico Sachos, e outras aldeias, pertenciam ao concelho de Leiria e dele só foram retiradas para integrarem o município da Batalha por meados e finais século XIX. Documento 1718 MAIO, 18, Leiria - Catarina dos Reis, natural da Golpilheira, faz testamento, declarando querer ser sepultada na Sé de Leiria ou na igreja matriz da sua freguesia, amortalhada no hábito de S. Francisco, nomeando por seus testamenteiros ao irmão, Antonio Carreira Matozo, da Casa do Mato, ou, na falta deste, ao seu filho e sobrinho dela testadora, o Reverendo Cónego António Carreira Matozo. Arquivo Distrital de Leiria: Notariais de Leiria: V-59-E-35, fls. 62v-64v Testamento que fas Catarina dos Reis viuva natural do lugar da Golpilheira termo desta cidade. Saibam quantos este publico instromento de solenne testamento cedula ou codicilho como em direito mais vallido seja e dizer se possa virem que no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos e dezouto [Fl. 63] e dezouto annos aos treze dias do mes de mayo do dito anno nesta cidade de Leiria e cazas de morada de mim tabeliam ao diante nomeado ahi foy prezente Catherina dos Reis viuva que ficou de Jozeph Carreira moradora no lugar da Golpilheira e assistente em casa de seu sobrinho o Reverendo Conego Antonio Carreira Matozo desta dita cidade, a qual eu tabeliam conhesso, e estando ella com saude mais em seu prefeyto juizo e emtendimento que Deus Nosso Senhor foy servido darlhe segundo pareser de mim tabeliam e das testemunhas ao diante nomeadas, pella qual logo foy dito em minha prezença e das mesmas testemunhas que ella por não saber o dia nem hora em que Nosso Senhor seria servido de leva-lla da vida prezente, queria fazer seu solenne testamento para bem de sua alma e segurar a sua conciancia que me rogava lho escrevesse em minha nota, como ella testadora me fose ditando, o qual eu tabeliam lhe escrevi pella maneira seguinte.

Disse ella testadora que como fiel christãa crê em tudo o que manda, tem e crê a Santa Madre Igreja Romana, em cuja fee protesta viver e morrer como catolica e filha da mesma Igreja, e que confessa e adora o Santissimo Misterio da Santissima Trindade, Padre, Filho e Spirito Santo, tres pessoas e hum só Deus verdadeiro, a quem entrega sua alma desde logo para quando se apartar da vida prezente confiada na Sua mizericordia que pellos merecimentos da sagrada morte e paixão de Christo Senhor Nosso seja em seu divino tribunal julgada com piedade para cuja hora tambem se emcomenda à sempre Virgem Maria Nossa Senhora e aos Santos Appostolos Sam Pedro e Sam Paullo e a todos os santos e santas da Corte do Ceo e santa do seu nome e Anjo da sua guarda, aos quais roga e pede com muita humildade sejão seus intercessores para que o mesmo Senhor haja com ella mizericordia. Disse ella testadora que sendo Nosso Senhor servido leva-lla da vida prezente queria que seu [Fl. 63v] seu corpo fosse amortalhado no habito do Seraphico Sam Francisco e que seus relligiozos acompanhariam pella esmolla custumada. E que fallesendo nesta cidade queria ser sepultada na Sée della em o lugar que for mais acomodado e fallesendo na sua terra do lugar da Golpilheira seria sepultada na sua freguezia e acompanhada com as irmandades de que ella testadora hé irmãa como hé custume nos mais seus vezinhos daquelle lugar mas sempre amortalhada no dito habito e, neste cazo, sem acompanhamento dos ditos

relligiozos. Disse ella testadora que fallecendo nesta cidade, acompanhariam outrossim seu corpo a Irmandade da Mizericordia com sua tumba e as mais irmandades que por esmolla sabida custumam acompanhar. E assim mais sinco ou sete beneficiados da Sée ou os que paresser a seu testamenteiro abaixo nomeado. Dice ella testadora que deixava de falhas dois alqueires de trigo e dois de milho. Disse mais que por sua alma se fariam os officios custumados, dos quais podendo ser, se lhe fizesse logo hum no dia de seu fallecimento e com as missas que no mesmo dia se puderem dizer na Sée por esmolla cada huma de cem réis. E que fallessendo a horas em que se não poçam dizer as missas, serão no dia seguinte por huma só vez. Disse que deixa mais que seu testamenteiro lhe mande dizer duzentas missas outrossim por huma só ves da esmola que lhe paresser e adonde quizer mas que lhe pedia muito por merce fossem ditas dentro do anno em que ella testadora fallesser. E disse mais que aos pobres que acompanhassem seu corpo a sepultura se repartissem des tostoins. Disse mais que deyxa e nomeya hum prazo que pessue que consta de huma serrada chamada a Oliveira, no sitio da Golpilheira, a seu sobrinho Manoel Carreira, filho [Fl. 64] filho de Antonio Carreira, da Caza do Matto. Disse que deyxa a terça dos bens de sua measão a seu sobrinho Manoel Henrriques, do lugar da Faniqueira, a

Ao centro da página podem observar-se as assinaturas autógrafas das testemunhas presentes ao testamento de Catarina dos Reis.

qual tersa será para o dito seu sobrinho livre no cazo que os mais bens da measam della testadora cheguem para comprir os legados e mais obras pias que neste seu testamento manda. E que não chegando os ditos bens para tudo, sempre quer que o dito legatario entre no que puder herdar na dita tersa. Disse mais que institue por seu testamenteiro e huniversal herdeiro de todos os bens que acresserem, a seu irmão Antonio Carreira Matozo, da Caza do Mato, e em sua falta a seu filho sobrinho della testadora, o Reverendo Conego Antonio Carreira Matozo, aos quais pede muito pello amor de Deus lhe queirão asseitar este trabalho que ella por elles fizera se viva ficasse. E disse mais que dos fatos e roupas e alguns frutos de sua fazenda que ouver ao tempo de seu fallecimento se daria a algumas pessoas pobres que ella nomear a quantidade e quallidade que ella testadora disser a seu testamenteiro. E que por esta maneira havia por feito e acabado este seu testamento, hultima e derradeira vontade, e que por elle revoga todos e quaisquer outros testamentos, cedullas ou codicillios que antes deste haja feito por palavra ou escripto porquanto só este quer que valha e tenha força e vigor em juizo e fora dele pela maneira e forma que em direito haja lugar. O qual pede e roga as justiças de Sua Magestade assim secullares como ecleziasticas lho fassão muito inteiramente comprir e guardar como nelle se contem e como couzas pias para que se cumpra e guarde como sua ultima e derradeira vontade. E em fée e testemunho de verdade assim o disse e outorgou e mandou fazer este seu testamento nesta nota e della dar os treslla [Fl. 64v] os tresllados necessarios que forem deste theor que asseytou e eu tabeliam como pessoa publica estipullante e asseitante asseitei e estipullei em nome da pessoa ou pessoas aqui auzentes quanto em direito devo e posso. E forão testemunhas ao todo prezentes, chamadas e rogadas pella mesma testadora o Reverendo Beneficiado Francisco Machado Ribeiro, do Bairro dos Anjos, e Manuel Rodriguez Neto e Joam Machado sapateiro e Joam Moreira da Fonseca e o Reverendo Padre Manoel Pereira todos do Bairro dos Anjos e Domingos Gomes alfaiate e Theotonio da Cunha todos desta cidade. E a rogo da testadora por ella não saber ler nem escrever assignou Manoel Lopes Façanha da mesma cidade. Manoel Abreu da Silva tabeliam de notas que o escrevi. (Assinaturas) A rogo da testadora, Manoel Lopes Façanha. - Theotonio de Carvalho. - O Pe. Manoel Pereira. - Francisco Machado Ribeiro. Domingos Gomes. - + de Joam Machado, testemunha. - Joam Moreira da Fonseca. - Manoel Rodriguez Neto.


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

. história . Miguel Portela Investigador

A renda da Macarca e a sua aplicação no culto do Santíssimo Sacramento do Real Mosteiro de Alcobaça Em 8 de julho de 1747, foi lavrada no cartório do Real Mosteiro de S. Bernardo em Alcobaça a escritura de arrendamento da renda da Macarca (freg. Famalicão) entre o prior deste mosteiro fr. Francisco da Conceição e Inácio Vieira de Alfeizerão (Apêndice documental – documento 2). Este rendeiro era filho de António Vieira e de Maria Gomes, tendo contraído matrimónio na vila de Alfeizeirão, em 13 de fevereiro de 1720, com Maria Francisca filha de Manuel Cotta e de Isabel Francisca (Apêndice documental – documento 1). Ficou estabelecido por fr. Francisco da Conceição, como administrador dos bens e rendas aplicados à capela-mor deste Real Mosteiro, que o montante deste arrendamento tinha como finalidade ser aplicado no culto do Santíssimo Sacramento. Sobre esta capela-mor, refere-se Fr. Manuel dos Santos num manuscrito que redigiu sobre a descrição do Real Mosteiro de Alcobaça de onde extraímos uma passagem elucidativa da sua localização e organização: “No meio desta elegantíssima capella está o altar maior livre e separado do mais edifício; tem de comprimento vinte e quatro palmos. Não tem retabolo nem imagens nem outra couza mais que huma banqueta aonde se poem os castiçaes e a sacra com as letras da Consagração. Por detras deste altar se levanta hum pedestal de pedraria de quatro faces e quatro engras; alto oito palmos menos dous dedos; o seu comprimento he o mesmo do altar, e de largo tem 12 palmos e meio; sobre este pedestal se levantam oito anjos de vulto estofados de ouro virados para as quatro faces, altos cada hum nove palmos; os quais sustentam aos hombros o sacrario; e este huma fabrica de talha dourada, tambem de quatro faces, e em forma piramidal. Consta esta fabrica de quatro corpos, ou bancos, para cima em diminuição; o primeiro banco tem a mesma largura, comprimento e emgras do pedestal; os outros para cima vam sempre diminuindo, ate acabarem no alto em huma peanha e sobre ella hum pelicano figura de Cristo ferindo o peito para dar vida aos filhos mortos. Todos estes bancos ou corpos sam ornados de muitas lindezas: de anjos em seus nichos com as insígnias da sagrada paixam; flores, passarinhos, ramos e outras miudezas com que a arte em semelhantes obras de talha costuma ser emula da natureza; e como o pedestal tem quatro faces e está separado do mais edifício da capela anda-se todo ao redor por hum passadiço que tem em cima; por cuja rezam he de todas as faces douradas e do mesmo feitio, e vestido dos mesmos anjos e lindeza da talha. Por detras do pedestal tem a capela outra escada também de sete degraos que sahe por hum dos arcos para a charola e sacristia. Diante do Santissimo ardem sempre de dia e noite sem interpolação quatro brandoens de cera fina, dous de cada lado, alem das duas lampadas de azeite, que tambem ardem. Estam os brandoens sobre quatro grandes tocheiras de prata fixas postas no meio dos dous espipiterios, que tem a escada do altar aos seus dous lados; foi obra devota de hum monge Fr. Thomas de Britto natural da cidade de Braga, e filho professo deste Real mosteiro de Alcobaça” (SANTOS, Fr. Manoel dos – Descrição do Real Mosteiro de Alcobaça. B.N.L., ALC. 307, Fols. 1-35. Leitura, Introdução e Notas por NASCIMENTO, Aires Augusto. Alcobaciana: Associação para a Defesa e Valorização do Património da Região de Alcobaça, 1979, pp. 27-28).

Na dissertação de doutoramento de António Valério Maduro, designada “Tecnologia e Economia Agrícola no Território Alcobacense (séculos XVIII-XX)” e apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 2007, cita esse autor um manuscrito de fr. Manuel de Figueiredo no qual se documenta que “as rendas que o Mosteiro tem nas terras de que hé Donatário conforme as Escripturas dos últimos arrendamentos, e recibos das fazendas próprias formão por hum orçamento bem calculado 30:000:000 nos anos de Safra de Azeite; e 28:700:000 quando falta este género, e os campos que fazem parte daquele total não produzem (…). [Esclarece-nos ainda este autor do valor das rendas do Santíssimo Sacramento do Real Mosteiro]. O Santíssimo Sacramento tem rendas separadas das que o Mosteiro recebe, para o seu maior culto, e despeza das seis tochas, que sempre ardem diante do Sacrário, e Capella Mor. Rende o que está applicado aos mesmos fins, 1:400:000, sendo anno de safra de azeite; e 1:000:000 quando falta este género” (Biblioteca Nacional de Portugal, COD. 1493 – Papéis avulsos de fr. Manuel de Figueiredo [1763-1789], fls. 35-37, citados por MADURO, António - Tecnologia e Economia Agrícola no Território Alcobacense (séculos XVIII-XX). Tese apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2007, Vol. I, pp. 448-449). Conforme se documenta na citada escritura, este ajuste foi contratualizado

por um prazo de três anos e pela quantia anual de 161.000 réis, tendo começado a vigorar em dia de S. João desse ano de 1747. Determinou-se também que os pagamentos fossem realizados aos quartéis de valor igual em cada ano e saldados em “dia de Natal, Pascoa de folares e vertudes. Porem que no ultimo anno de seu arrendamento pagariam o quartel das vertudes juntamente com o quartel da Pascoa do ditto terseiro anno para asim ficar o ditto Adeministrador obrando por emteiro a renda de todos os tres annos de sua adeministraçam”. Em caso de incumprimento dos pagamentos de algum dos quartéis o rendeiro Inácio Vieira obrigava-se a pagar sobre o valor em dívida 5% de juros. Como fiadores e principais pagadores foram apresentados dois moradores da então vila de Alfeizeirão chamados Valentim de Moura e Francisco Pereira, os quais se obrigaram a pagar os valores em causa em caso de incumprimento por parte do dito rendeiro. A publicação de documentos relativos à capela-mor do Real Mosteiro de Alcobaça como o que hoje aqui apresentamos permite-nos conhecer melhor a proveniência de algumas das rendas cujos valores concorreram para o culto do Santíssimo Sacramento neste mosteiro. De idêntico modo, elucidanos sobre quem foram os rendeiros que procuravam através dos mais variados arrendamentos auferir proveitos e lucros na região de Alcobaça.

Vista geral da capela-mor do Real Mosteiro de Alcobaça. Postal ilustrado do início do século XX.

APÊNDICE DOCUMENTAL DOCUMENTO 1

1720, fevereiro, 13, Alfezeirão – Registo de casamento de Inácio Vieira com Maria Francisca. Arquivo Distrital de Leiria, Livro de Casamentos de Alfezeirão [1660-1761], Dep. IV-24-B-52, assento n.º 2, fls. 44-44v. < Ignacio Vieira e Maria Francisca > Em os treze dias do mes de fevereiro de mil e setesentos e vinte em esta Parrochial Igreja de São João Bauptista da villa de Alfeizeyrão na forma do Sagrado Conçilio Tridentino e Constituição deste Patriarchado pelas sinquo horas da tarde em minha prezença e de munta parte do povo e das testemunhas abaixo asignadas se receberão por palavras de prezente Ignaçio Vieira filho de // [fl. 44v] De António Vieira e de Maria Gomes já defunta com Maria Francisca filha de Manoel Cotta e de Izabel Francisca todos moradores nesta ditta villa donde os contrahientes forão bauptizados e pera que conste o sobreditto fis este asento, que asinei com as dittas testemunhas. (a) O Cura António do Coutto (a) Jozeph do Coutto (a) António Vieira

DOCUMENTO 2

1747, julho, 8, Alcobaça - Arrendamento da Macarca (freg. Famalicão) aplicado ao culto da capela do Santíssimo da capela-mor do Real Mosteiro de Alcobaça entre o Real Mosteiro de Alcobaça e Inácio Vieira de Alfeizerão por um prazo de três anos e pela quantia de 161.000 réis. Arquivo Distrital de Leiria, Livro Notarial de Alcobaça [1747-1748] do tabelião António Xavier da Cruz, Dep. V-2-D-2, fls. 70v-72. Escriptura de arrendamento apelicado ao culto da Capella do Santisimo da Capella Mor do Real Mosteiro. Em nome de Deos Amem. Saybam quantos este publico instromentto de escriptura de arrendamento ou como em Dereitto milhor dizer se possa virem que no anno do Nascimentto de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e setecentos e quarenta e sete annos aos outto dias do mes de julho do ditto anno nesta villa de Alcobaça dentro do Cartório do Real Mosteiro de S. Bernardo della onde eu Tabaliam vim chamado estando ahy prezente o Munto Reverendo Padre Fr. Francisco da Conseiçam, Prior do ditto Real Mosteiro e Adeministrador dos Beins e Rendas apelicados a Capella Mor do ditto Mosteiro e bem asim estava presente Ignasio Vieira morador na villa de Alfaziram e pessoa conhesida de mim Tabaliam e das testemunhas ao diante nomeadas e asignadas e por elle ditto Ignasio Vieira foy ditto perante mim Tabaliam e das testemunhas ao diante nomeadas e asignadas que elle tinha tomado de arrendamento da mam do dito Muito Reverendo Padre Prior como Adeministrador dos Beins e Rendas apelicados a ditta Capella Mor do Santissimo Sacramento a renda da Marcarqua por tempo de tres annos e tres novidades vensidas e acabadas que tiveram seu prinsipio por dia de S. João Bauptista deste prezente anno de mil e setecentos e quarenta e sete e hamde acabar em as novidades por outro tal dia de S. João Bauptista do anno que embora hade vir de mil e setecentos e sincoenta na forma que hé uso e costume andar arrendada a ditta renda e istto por preso e quantia em cada hum anno de sentto e sesenta e hum mil reis sem quebra nem demenuisam alguma livres de todo e qualquer trebutto prezente e feturo pagos aos quar- // [fl. 71] Aos quarteis iguais em cada hum anno a saber por dia de Natal, Pascoa de folares e vertudes. Porem que no ultimo anno de seu arrendamento pagariam o quartel das vertudes juntamente com o quartel da Pascoa do ditto terseiro anno para asim ficar o ditto Adeministrador obrando por emteiro a renda de todos os tres annos de sua adeministraçam o que tudo elle dito rendeiro diseram se obrigava a satisfazer e pagar na forma declarada por suas pesoas e beins via executiva e de cadeia na forma que se cobram as dividas da Fazenda Real para o que se dezaforava de Juis ou Juizes de seu foro e domesilio e que se obrigava a responder perante o executtor deste ditto Mosteiro por cujos os mandados ordens e sentenças queriam ser presos e executados e que não queria ser ouvido em Juizo e nem fora delle sem primeiro depozitarem tudo o que estiver devendo da dita renda nomeando por Curador do dito Real

Mosteiro o Muito Reverendo Adeministrador sem pera iso ser nesesario dar fiança e esta clauzulla depozitaria dise elle dito rendeiro que muito bem a emtendia e pedio a mim Tabaliam perante as dittas testemunhas que aqui o declarase e escrevese e diseram mais que havendo execuçam ou demanda se obrigava a dar e pagar a pesoa que nella por parte do dito Adeministrador andar a duzentos reis por dia do custo e pena pesual desde a primeira sitaçam athé se findar o letigio ou se fazer Real emtregua de tudo o pedido e istto só pellos juramento da tal pesoa mais outtra prova ainda que os dias exesedam aos da Lei e costume / e diseram mais elle rendeiro que renunsiara todas as couzas fortuittas pensadas e nam pensadas asim por coiza de extrelidade de frutos como por outro qual // [fl. 71v] qualquer motivo e que no cazo que falte ao pagamento de algum quartel se obrigavam a pagar os juros delles a renda de sinco por sento athé Real emtregua e que poderia o ditto Muito Reverendo Prior Adeministrador havendo da parte delle rendeiro faltta na satisfasam removerlhe esta renda e tornalla arrendar a quem por ella mais der em prasa publica desta villa de Alcobaça por ordem do Executtor deste ditto Mosteiro com a sitaçam feitta ao Procurador do Conselho desta mesma villa de Alcobaça para cujo o cazo lhe dava por esta escriptura procurasam em coiza própria e que havendo na dita renda demenuisam no presso seria por conta delles rendeiros e se ouver acresimo seria para a ditta Adeministraçam sem elle rendeiro por iso poder repetir couza alguma e dise mais que elle se obrigava a cobrar a ditta renda na forma do foro, uzo e costume sem dememenuisam e nem alteraçam alguma e que renusiava todos os prevelegios, leis e libredades que por lei alegar posa e de nada queria uzar senam tudo comprir e guardar esta escriptura para o que dise se aprezentava por seus fiadores e prinsipais pagadores a Valentim de Moura e a Francisco Pereira anbos moradores na villa de Alfeizaram e pessoas conhesidas de mim Tabaliam e das testemunhas que prezentes estavam e por elles anbos juntos e cada hum de per sy em solidum foi ditto que elles ficavam por fiadores e prinsipais pagadores do ditto rendeiro Ignacio Vieira de todo o presso deste arrendamento athé Real emtregua e que nam tem duvida a que Reverendo Adeministrador abre delles anbos juntos ou de cada hum de per sy toda a emportansia deste arrendamento do qual milhor lhe pareser e executando hum e largallo e executar outro e pagar delles fiadores e executallos a anbos os dois e encargandose sempre o mais bem parado a que elles diseram nam tinham duvida e se obrigavam a todas as clazullas, condisõis penas, obrigasõis e dezaforamentos desta escriptura em cujo o comprimento obrigam suas pesoas e todos seus beins // [fl. 72] e todos seus beins havidos e por haver os quais não poderam vender, aliar, empenhar, hipotecar emquanto durar este arrendamento e logo pello dito Muito Reverendo Padre Frei Francisco da Conseiçam Prior e Adeministrador da ditta renda foi ditto que elle se obrigava comprindo elle rendeiro todas as sobreditas clauzullas, condisõis, penas e obrigasõis a fazer bom e de pas este arrendamento sob obrigasam dos beins e rendas pertencentes a dita sua adeministraçam e em feé e testemunho de verdade asim o louvaram e outrogaram e mandaram fazer este publico instromento e delle dar hum em notas treslladas o dito Muito Reverendo Padre Adeministrador todos de huma notta e theor. Eu tabaliam o aseito em nome dos auzentes, testemunhas prezentes e declarou o Muitto Reverendo Padre Prior e Adeministrador que este arrendamento hé só por tempo de tres annos, tres novidades compridas e acabadas e mais nam comforme hé uzo e costume e o faria debaixo das mesmas clauzullas e comdisõis desta escriptura e disse elle ditto rendeiro e fiadores e prinsipais pagadores que asim o aseitava na forma declarada sendo testemunhas prezentes João Ferreira e Joze Tavares anbos moradores no dito Real Mosteiro que todos aqui asignaram depois delle ser lido e se outrogou eu António Xavier da Crus Tabaliam que o escrevi. (a) Ignacio Vieira (a) Valentim de Moura (a) Francisco Pereira (a) Frei Francisco da Conceiçam, Prior (a) João Ferreira (a) Joze Tavares


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sugestões de leitura

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

Portugal Maltratado

Paulus Editora . Espiritualidade .

Lisete Larsen

No coração da Igreja

O menino que não via o sol

Carlos Cabecinhas

Este livro infanto-juvenil aborda a necessidade de trabalhar as diferenças entre as crianças. Trabalhar a inclusão, o respeito, o amor mútuo e a capacidade de compreender o universo cultural do outro. É preciso apresentar às crianças, cada vez mais neste mundo globalizado, que o que nos torna “iguais” é a nossa “diferença”. Assim, esta narrativa, baseada na cultura tradicional guineense, apresenta um personagem muito especial, que encantará os mais pequenos e também os pais e educadores.

– Eucaristia, Comunidade e Missão Este livro faz uma síntese da reflexão sobre a Eucaristia, guiada pelos mais recentes documentos do Magistério eclesial, nos quais um dos aspectos mais salientados é a relação entre a Eucaristia e a Igreja. Os documentos do Concílio Vaticano II apresentam a Eucaristia como fonte e meta de toda a vida cristã, fonte e meta da vida da Igreja. Esta intuição conciliar só mais recentemente conheceu um significativo aprofundamento nos documentos do Magistério pontifício, mercê do desenvolvimento e aprofundamento da relação entre a Eucaristia e a Igreja operados pela reflexão teológica pós-conciliar. Doutorado em Liturgia, o actual reitor do Santuário de Fátima apresenta-nos a Eucaristia nas várias vertentes do mistério acreditado, celebrado e vivido, na dimensão pessoal, eclesial e missionária. Nesta obra, conjuga os aspectos teológico, litúrgico e pastoral dentro de um horizonte de evangelização e numa linguagem acessível e atraente.

Inês Leitão

Ai que Senhora tão bonita! João Luís Silva

«Agradeço a Jesus por ter colocado no meu coração este amor profundo à sua Mãe, um amor orante e contemplativo, que me leva sempre até Ele, em cada instante do caminho, no dom do sacerdócio, que me abraça e me envia diariamente.»

Novena à Beata Ana Maria Javouhey Maria Helena Moreno

Beatificada em 1950 pelo papa Pio XII, Ana Maria Javouhey foi uma religiosa de origem francesa, fundadora das Irmãs de São José de Cluny. Sua memória é celebrada no dia 15 de Julho. É também conhecida como a Libertadora dos Escravos no Novo Mundo, e como a mãe da cidade de Mana, na Guiana Francesa. O Papa Francisco chamou-a de “Evangelizadora com Espírito”. Neste livrinho poderá seguir uma proposta de oração para nove dias, além de conhecer um pouco mais da sua vida e pensamentos, bem como da espiritualidade própria de Cluny.

Rezar o Rosário com os santos do Carmelo António José Gomes Machado

A oração do Rosário está na tradição da Igreja como um presente à Virgem Santíssima, uma coroa de flores que se oferece e, que o fiel ao rezar, meditando a vida, paixão, morte e glória de nosso Senhor Jesus recebe inúmeras graças. É a partir de 1200, com São Domingos Gusmão que essa tradição e oração ganha mais força e prática entre os fiéis católicos. A Ordem Carmelita é profundamente mariana e não se pode negar a influência desta bela oração na vida de tantos santos e santas desta veneranda Ordem. A vocação carmelita é profundamente Mariana e sem dúvida alguma todos os fiéis leigos e leigas que estão em consonância com o carisma e a espiritualidade carmelita abraça com ardor filial esta prática religiosa que não é simplesmente sentimentalista ou de piedade cristã, mas, sobretudo, de discipulado e de entrega, como Maria aos pés da Cruz Redentora.

Ao regressar da escola - O papel dos pais na aprendizagem escolar Marie-Claude Béliveau

Este livro propõe aos pais uma forma de conceber o seu papel de guia de forma mais interventiva. Fornece aos pais meios concretos para ajudarem o filho a envolver-se na vida escolar e a encorajar a sua autonomia e as suas responsabilidades, nomeadamente nas aulas e nos trabalhos de casa. Apresenta várias estratégias que favorecem o prazer da aquisição de conhecimentos, mas também incide sobre as novas tecnologias que estão implantadas na vida das crianças.

Adorar o Santíssimo Sacramento com os Santos do Carmelo António José Gomes Machado

«Mistério admirável do amor divino, a Eucaristia é o sacramento da actualização da morte, Ressurreição e glorificação de Jesus. Tendo-Se imolado na cruz para salvar a Humanidade, Cristo ressuscitou, venceu a morte, para, deste modo, estar para sempre com todos os homens, já que Ele é o Emanuel, o Deus connosco. Assim, de uma vez por todas, Deus estabeleceu a sua aliança com o Homem.»

Paulinas . Espiritualidade . Vida Após a Pandemia Papa Francisco

Paulinas Editora Esta é uma pequena recolha de intervenções do papa Francisco, em que ele manifesta o seu olhar do mundo que se está a preparar para o período de pós-pandemia. O Papa apela a uma viva tomada de consciência de todos – governantes, políticos, técnicos e povo em geral –, para que não se desperdice a oportunidade facultada à Humanidade pelos males da Covid-19, e refaçam-se agora caminhos, redefinam-se objectivos e opções de ordem económica, política e social de uma ordem antiga, que passem a decisões justas de harmonização e equilíbrio para a Terra e para todos os seres que a habitam. São dois os principais acentos do olhar criterioso e atento do Papa: o primeiro, é a tomada de um rumo, a partir da chave de leitura deste desastre global, para que se constitua como guia de reconstrução de um mundo melhor. o segundo acento é o apelo vigoroso para que, no meio de tanto sofrimento e perda, se semeie esperança, aquela esperança que anima sempre os crentes, porque com Deus a vida jamais acaba.

Chiado Books

Lisete Larsen, artista multifacetada, sentiu na pele um País que não defende os oprimidos dos opressores; a ineficácia, a displicência na defesa da sua pessoa e dos seus direitos, em casos de enorme gravidade onde foi vítima em episódios de violência física, psicológica e moral, eventos onde o homicídio qualificado marcou infelizmente presença, perpetrado no sítio que deveria ser dedicado ao amor, ao descanso: o leito. O caso deu-se em 2001, com a morte de sua mãe, e os episódios que se seguiram são prova de que o Estado não agiu de forma a eficazmente defender os seus direitos e os da sua irmã, na altura duas crianças, em risco de ficarem sem casa, por recusa da seguradora em cumprir o contrato. A história conta-a o marido, Filipe Larsen, na capa. Lá dentro, numa obra poética e visual, pode apenas beber-se um grito de revolta, uma luta interior pela vida, um sonho de amor regressado… e outros sentimentos de uma alma sofrida, de um espírito em turbilhão entre a perturbação e a procura de respostas.

Nada a Temer Julian Barnes

Quetzal

“Escreveu livros e depois morreu”, resume o autor como seu auto-obituário. E acrescenta: “amava a mulher e temia a morte”. É sobre esse pavor do desconhecido no final da vida que nos fala este que é considerado o mais brilhante escritor britânico do momento. Maravilhosamente sério e divertido, hilariante, Nada a Temer é uma demonstração do dom supremo de Julian Barnes, enquanto deambula pelo seu percurso – sempre pessoal – pela condição humana: memória e mortalidade como só ele saberia descrevê-las. Ateu aos 20 e agnóstico aos 50 e 60, Julian Barnes medita sobre a relação que mantemos com a nossa única certeza: o desaparecimento. E, ao fazê-lo, passa necessariamente pela fé e pela ausência dela, pela memória que se sedimenta em construções enganadoras, pela sua história familiar, escolar, estética – e por um extraordinário acervo de figuras históricas e da forma como, ao longo dos séculos, se confrontaram com a morte. É uma memória de família, um diálogo com o irmão filósofo, uma meditação sobre a mortalidade e o medo da morte, uma celebração da arte e uma discussão sobre Deus.

Visitas ao Poder Maria Filomena Mónica

Quetzal

Passaram 26 anos desde a primeira edição de “Visitas ao Poder”, o livro que Maria Filomena Mónica se propôs escrever em inícios dos anos 90, e que conhece agora a sua quarta edição, revista e aumentada. «Este livro nasceu do sentimento de que, no contrato que estabelecemos com o Estado, somos nós, cidadãos, quem geralmente perde», explica a autora. «Desde o momento em que escrevi este livro verificaram-se, na sociedade, na política e nas instituições, mudanças profundas, o que não impede que muitas das características que pude observar em 1991 e 1992, aquando as minhas “visitas” ao Tribunal da Boa-Hora, ao Parlamento, à Câmara Municipal de Lisboa, ao “chefe” e à Igreja, permaneçam atuais», explica. «Não é fácil afirmar se estamos melhor ou pior do que em 1993, quando publiquei o livro». Nestas páginas, capta palavras de políticos e de burocratas, mas também de pessoas comuns que enfrentam o poder demolidor do Estado e das instituições que deviam servir os cidadãos e que, pelo contrário, são monstros inamovíveis. A reedição deste livro prova a sua imensa actualidade.

Pégaso

Danielle Steel

Bertrand Editora

A parteira do povo

Joaquim Manuel Bento Monteiro

Edição de autor

Chama-se Maria Bento de Jesus, mas era mais conhecida por “Maria do Sinal”, ou ainda pela função que exerceu muitos anos na sua terra, Golpilheira, como “Parteira do Povo”. A homenagem a esta conterrânea esteve marcada para Abril deste ano, mas a pandemia impediu que se realizasse, como aliás tudo o que estava marcado em termos de eventos. No entanto, um dos mentores da iniciativa, seu neto Joaquim Manuel Bento Monteiro, concretizou uma das iniciativas que tinha prevista, a edição de um livro onde conta a história de vida e de bem-fazer desta mulher, que nasceu no Casal do Carvalhal e viveu até à sua morte no Casal de Mil Homens. Os interessados em adquirir o livro podem fazê-lo na Junta de Freguesia da Golpilheira. O valor angariado reverte a favor da “Casa do Mimo”, associação batalhense que se dedica a apoiar crianças e jovens com dificuldades educativas especiais.

No auge da Segunda Guerra Mundial, na Europa, Nicolas e Alex são dois homens viúvos que criam os filhos sozinhos. Levam uma vida pacata e feliz, até que um segredo há muito enterrado sobre os antepassados de Nicolas ameaça a segurança da sua família... Para sobreviver, têm de fugir para a América. Os únicos bens que Nicolas e os filhos podem levar são oito cavalos de raça pura, dois deles deslumbrantes lipizanos oferecidos por Alex. Essas criaturas magníficas permitem o acesso a uma nova vida, garantindo a Nicolas um emprego no famoso circo Ringling Brothers. Ele e o seu famoso cavalo branco, Pégaso, tornam-se a peça central do espectáculo e não tarda que uma jovem e graciosa trapezista lhe roube o coração. Com o passar dos anos de guerra, Nicolas esforça-se por se adaptar à sua nova vida, ao passo que Alex e a filha enfrentam um perigo crescente na Europa. Enquanto a tragédia se alastra, o que acontecerá a cada família quando a sua felicidade estiver nas mãos do destino? Uma belíssima história sobre o destino de duas famílias que nunca deviam ter-se separado e cujo poderoso vínculo as manterá unidas para sempre.


sugestões de leitura • 29

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

A Menina com os Olhos Ocupados André Carrilho

Bertrand Editora Há um tema com que todos os pais se identificam: como afastar os filhos dos telemóveis? Este é um livro fascinante, com ilustrações vibrantes e divertidas, que, com sentido de humor e de uma forma acessível, aborda este causador de muitas discussões familiares. Com a atenção presa no ecrã, a menina com os olhos ocupados está longe de imaginar que o mundo é muito mais belo e que tem amigos para conhecer, pois está tão concentrada no seu telemóvel que nada à sua volta lhe parece interessar. A menina com os olhos ocupados não vê a carrinha dos gelados, os cãezitos com que se cruza na rua, os amigos… Nem sequer vê girafas, golfinhos, piratas, discos voadores e montanhas-russas. Até que um dia o telemóvel parte-se, ela levanta a cabeça e… descobre o mundo que tem estado à sua espera! Com texto, ilustrações e grafismo de André Carrilho, vencedor do Grande Prémio do World Press Cartoon 2015 e cartunista, ilustrador, animador e caricaturista de reputação internacional.

Na Farmácia do Evaristo

Retratos de Mona Lisa

Guerra e Paz Editores

Edição de autor

Fernando Pessoa

Admirável, perturbador e incomodativo. Assim é este conto de Fernando Pessoa, quase desconhecido do grande público, que aborda a tentativa de golpe de Estado de 18 de Abril de 1925. Evaristo, Justino dos coiros, Canha das barbas, coronel Bastos e José Gomes (Pipa) são seis cidadãos mais ou menos comuns que dialogam sobre a tentativa de golpe que preparou o 28 de Maio de 1926 e a ditadura de Salazar. Esgrimem-se argumentos sobre a legitimidade de os militares fazerem golpes de Estado e disseca-se o sistema eleitoral vigente, a organização dos partidos e a condução destes por directórios minoritários. Imperdível, esta obra argumentativa, política e filosófica, numa edição única da Guerra e Paz, Editores, surge pela primeira vez publicado individualmente, contando com uma nota introdutória do editor, Manuel S. Fonseca, que suscita uma interrogação: «Que Farmácia do Evaristo teria Fernando Pessoa escrito sobre o 25 de Abril, com a sua trémula mão dos 85 anos, se ainda estivesse vivo nesse “dia inicial inteiro e limpo” de 1974?».

O Infame Dicionário Cómico de Língua Portuguesa

Pedro Álvares Cabral

Contraponto

Temas e Debates

Eduardo Madeira

Este dicionário que estava a faltar à língua portuguesa marca o regresso aos livros, mais de dez anos depois, de um dos mais admirados e consensuais humoristas do país e servirá de base para o seu futuro espectáculo. Eduardo Madeira considera a sua obra hedonista, sensual e descomprometida, com definições – lúdicas, imprecisas, pouco rigorosas, mordazes, maldosas, mesquinhas e torpes – de palavras do nosso léxico. Pretende divertir, provocar, estimular o pensamento, bulir com os nervos, ofender e, no fundo, provocar uma reacção mais ou menos forte em quem, inconsequentemente, decidir lê-la. Resultado de um processo criativo onde houve displicência, preguiça e até descaramento, não há nenhum rigor que se lhe possa apontar, nem mesmo em tribunal, e não se vislumbra qualquer aproximação voluntária à realidade. No fundo, este livro é uma obra de ficção, que parte da lógica dos dicionários ditos sérios e a subverte totalmente…

e a Primeira Viagem aos Quatro Cantos do Mundo

José Manuel Garcia

Sermão de Santo António aos Peixes

No ano em que se assinalam os 500 anos da morte de Pedro Álvares Cabral é, mais do que nunca, importante lembrar a vida e obra deste homem, que deixou o seu nome inscrito na História da Humanidade. Este livro é apresenta o relato factual possível da vida e da viagem extraordinária deste que foi o primeiro homem a ter ido aos quatro cantos do planeta. Se ter sido o descobridor do Brasil lhe assegurou protagonismo na História dos Descobrimentos portugueses, o facto de Pedro Álvares Cabral ter comandado a primeira expedição documentada a unir Europa, América do Sul, África e Ásia concedeu-lhe um lugar verdadeiramente proeminente na História Universal – «uma realização que, além de iniciar a vigorosa irmandade que une o Brasil e Portugal, foi um dos feitos mais notáveis na série daqueles que permitiu unir os homens e os espaços.» E é com base nos documentos oficiais da época – cartas, diários de bordo, mapas, etc. – que José Manuel Garcia procura reconstituir os seus passos. Dividido em cinco partes, vai dos antecedentes do descobrimento do Brasil à viagem até à Índia – destino oficial da missão – e ainda o regresso do navegador a Portugal.

Guerra e Paz Editores

O Sexo da Música

Padre António Vieira

Imaginação, sátira e arrebatamento marcam a soberba construção literária desta jóia da retórica e da história da literatura. Um clássico entre os clássicos, o Sermão de Santo António aos Peixes é um texto obrigatório que nos toca e que expõe a ganância, a corrupção e os desequilíbrios sociais da humanidade. «Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande.» Através desta alegoria, o Padre António Vieira imputa aos peixes, «essa primeira criatura de Deus», aquilo que queria arguir aos colonos, que insistiam em não querer ouvir os seus sermões em São Luís do Maranhão, no Brasil. Este brilhante texto argumentativo fez do seu autor um dos maiores mestres da língua portuguesa. Dele José Saramago disse: «A língua portuguesa nunca foi mais bela que quando a escreveu esse jesuíta.» E também Fernando Pessoa admirou o Padre António Vieira, considerando-o «um imperador da língua». Este sermão foi entoado no dia de Santo António, 13 de Junho, de 1654, nas vésperas de Vieira viajar até Lisboa para obter do rei as leis que aboliram a escravatura dos índios.

O Ouriço e a Raposa – Ensaio sobre a Visão Histórica de Tolstói Isaiah Berlin

Guerra e Paz Editores Corria o ano de 1953 quando o filósofo britânico Isaiah Berlin publicou um dos mais brilhantes ensaios de todos os tempos, um livro de esplêndida erudição, em que o autor utiliza uma parábola animal para classificar algumas das maiores figuras da história intelectual do Ocidente em dois modos existenciais de vida e de pensamento: os que procuram e se deixam seduzir por pequenos saberes múltiplos, representados pela raposa, e os que se obstinam em fechar o mundo numa visão única e totalizante, representados pelo ouriço. Excepção feita ao escritor russo Tolstói, que, segundo Berlin, foi «por natureza uma raposa, mas por convicção um ouriço». Mais de meio século depois, esta obra, imprescindível para compreender melhor a complexidade da natureza do saber e do nosso mundo, chega pela primeira vez às livrarias portuguesas, numa tradução inédita com a chancela da Guerra e Paz. Eleito pelo jornal britânico “The Guardian” como o 28.º melhor ensaio de todos os tempos, este é um texto que flui, como um rio, pelas margens do pluralismo e da obstinação. Um marco na análise da complexidade do nosso mundo, tantas vezes guiado por valores, interesses, necessidades e direitos divergentes.

Étienne Liebig

Temas e Debates Sexo e música: uma harmonia que vem de longe… Conheçamos a antiquíssima história que liga, desde as origens da Humanidade e em todas as culturas, a música com a sexualidade. Partindo de uma análise aos elos fisiológicos entre o prazer sexual e o prazer de ouvir música, bem como aos efeitos de ambos sobre os corpos, esta obra aborda, de um ponto de vista antropológico e histórico, aquilo que, em todas as épocas e em todas as latitudes, fez com que a música e o sexo se cruzassem: a música das heteras romanas, as melopeias das gueixas, as composições do romantismo alemão ou das bandas pop da década de 1970. Por último, o autor revela o que une a música e a sexualidade nas representações artísticas e culturais: da pintura chinesa à banda desenhada, passando pelas influências da música e do sexo sobre a literatura e a arte cénica, das danças da Antiguidade à cultura hip hop. Conduzida por uma visão que é tanto científica e psicológica como antropológica, esta obra original apresenta-nos ainda biografias de músicos com revelações surpreendentes, referências musicais variadas e ilustrações curiosas.

O Mistério no Quartel dos Bombeiros Ana Valente e Isabel Moiçó Ilust.: Paulo Silva

Bertrand Editora

Depois do sucesso do “Mistério no Museu dos Dinos”, Jossauro e Sherlock estão de volta para novas aventuras. Chegaram as tão esperadas férias grandes, mas, se o João e a Rita pensavam que iam ter uns meses de descanso a aproveitar o sol, estavam bem enganados. Espera-os um Verão quente, fogos para apagar e mistérios para resolver, na zona interior do País. Alguém está a dificultar o trabalho da corporação local de bombeiros, onde trabalha o tio do João. Jossauro suspeita de mão criminosa na origem dos fogos e pede a Sherlock que o ajude a investigar. Destemida e atenta, a dupla de detectives juniores vai viver muitas aventuras e peripécias. Será que os amigos vão descobrir quem está a complicar a vida aos bombeiros? Com personagens simples e enérgicas, com quem os pequenos leitores facilmente se identificarão, esta é mais uma história de detectives sem medo, com mistério, acção, um crime que afecta toda a comunidade, amigos e primos, e muita diversão e energia.

Vaz Pessoa / Augusto Sesimbra

Mais um livro de poesia, o quinto, do batalhense Fernando Jorge Vaz Machado, que assina sob os pseudónimos de Vaz Pessoa e Augusto Sesimbra. O primeiro ocupa a maior parte da obra. Sobre ele, escreve no prefácio Margarida Lourenço: “Se existe sentimento mais nobre do que o amor, o Vaz exprime esse sentimento de forma verdadeira e pura. (…) A alma ganha forma em caracteres de verdade, exprime esse sentimento puro e expõe as fraquezas do ser humano, onde este poeta-escritor verdadeiro, despe-a de preconceitos. O poeta auxilia os desfavorecidos enaltecendo a nobreza humana por vezes utópica, mas que o poeta alvitra melhores predicados que vivificam tudo e todos”. O segundo ocupa uma pequena segunda para da obra. Explica Margarida Lourenço: “Augusto Sesimbra o eterno marialva, que vive na sombra do seu irmão Vaz. Este poeta Gourmêt da beleza feminina. (…) Quantas vezes Augusto é o Vaz com medo, que Augusto toma a liberdade de se expor”.

Comunicado

Baden-Powell, o visionário que revolucionou as vidas de milhões de jovens em todo o mundo A Federação Escutista de Portugal (FEP), composta pelas duas associações escutistas do nosso país – Corpo Nacional de Escutas e Associação dos Escoteiros de Portugal – une-se em solidariedade com os nossos irmãos escutas do Reino Unido, na preservação da memória do nosso Fundador, Robert Baden-Powell, honrando o legado que ele nos deixou. Desta forma, e porque todos os escuteiros são irmãos e iguais entre si, partilhamos o comunicado da Organização Mundial do Movimento Escutista (OMME) sobre esta questão. “A OMME está a acompanhar as notícias da possível remoção da estátua de Lord Robert Baden-Powell, de Poole Quay em Dorset, Reino Unido. The Scout Association, organização membro da OMME no Reino Unido, encontra-se a discutir o assunto com o conselho da cidade local. Como fundador do Movimento Escutista Mundial, Baden-Powell, nascido em 1857, inspirou a criação de um movimento que cresce há mais de 113 anos que capacita centenas de milhões de jovens em todo o mundo. Baden-Powell viveu numa era diferente e dentro de realidades diferentes. Hoje, o Movimento que ele fundou inclui mais de 54 milhões de escuteiros em 224 países e territórios, promovendo a tolerância e solidariedade em todo o mundo. O Escutismo oferece um ambiente inclusivo para reunir jovens de todas as raças, culturas e religiões e cria oportunidades de diálogo sobre como promover a paz, a justiça e a igualdade. O Movimento que foi fundado em 1907 na Ilha Brownsea, destaca-se pela promoção da diversidade e inclusão, que são os pilares dos valores escutistas, enquanto denuncia todas as formas de racismo, discriminação, desigualdade e injustiça. A OMME continuará a trabalhar em estreita colaboração com a Associação Escutista do Reino Unido, reconhecendo o valor histórico e o simbolismo que os Escuteiros de todo o mundo atribuem ao local de nascimento do Movimento Escutista.” Em Portugal, as duas associações têm um efectivo de mais de 75.000 elementos, contribuindo para a formação integral da juventude e procurando fazer destas crianças e jovens adultos honrados, cooperativos e com valores para serem cidadãos que contribuem para uma sociedade melhor e mais interventiva.


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poesia/ /obituário

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020 apoio/divulgação

. Poesia .

A lucidez de minha avó

Homenagem aos bombeiros

Nunca estive tão lúcido Nunca estive tão só Nunca estive tão translúcido Força Marco Paulo Sinto energia de minha avó Que continues a viver, Algo me acompanha Com fé e esperança Nas noites tão sozinho Que o teu renascer Nesta minha campanha Seja de perseverança. Nestes desígnios cozinho Figura incontornável, Sei que algo existe Tem feito história Muito mais, do que vejo Com o ser amável Este mundo coexiste Vai ficar na memória. Com o outro mundo, Que a fé te acompanhe, que não o vejo Na tua recuperação Não me preocupo Um copo de champanhe Simplesmente coabito Para cada emoção. Meu espírito eu ocupo Hora de grande felicidade, Minha alma eu habito Encheu o Meo Arena Vaz Pessoa Marco Paulo mostrou a capacidade Lindo concerto numa tarde serena. Mostrou a sua humildade, Num reconhecimento profundo À sua grande amizade Voz cantada pelo mundo. Só quem não passou, Por caminho tão amargo Não se sensibilizou Pela dor que ainda trago. Cada dia é viver com nostalgia, Um sabor chamado esperança Viver com incerteza com alegria Já passou a infância! 15-03-2020, Marinha Grande José António Carreira Santos

. obituário . AGRADECIMENTO

Manuel Carreira Almeida Rito

N. 15-09-1957 • F. 12-06-2020 Sua esposa Gracinda, filhos Vera, Ana Luísa e Miguel Ângelo e restantes familiares, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, como era seu desejo, vêm de forma reconhecida agradecer todas as manifestações de carinho e apoio nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que com eles acompanharam o seu querido familiar até à última morada, esperando agora que descanse em paz. A todos, muito obrigado. “Viverás nos corações e nas lembranças dos que ficaram…”

Não há neve nem vento, Não há calor nem frio, Não se pode perder tempo Quando há vidas por um fio. Do lado de fora do nada, Um crer infinito se sente, Troca-se uma boa esplanada, Quando salvar é urgente. Ó Homens sem medo! Ó gente destemida e ousada! Porque vos apontam o dedo Quando o que recebeis é nada? Sentem aquele grito lancinante, Deixam tudo para trás, Sem vacilar um instante, Travam sempre batalhas pela paz. O infortúnio é a sua direcção, Lá está quem nunca deles se lembrou, É sempre nada o que se perde, O que importa é o que se ganhou. O sonho que os invade é servir, O espírito que os anima é agir, Não há raças nem credos, Querem ver alguém sorrir. Imponente este edifício, Pequeno o seu poder, Salvar é dever de “ofício”, Ainda que tenha de morrer. Não procuram notoriedade, No socorro são sempre os primeiros, Despidos de toda a vaidade, Estes SERES são BOMBEIROS. In faroldanossaterra.net

AGRADECIMENTO

Marcações, reservas e take-away:

244 766 709 244 768 568

AGRADECIMENTO

José Vieira Fernandes

Laurinda Carreira de Sousa

N. 26-12-1934 • F. 23-07-2020

N. 14-09-1936 • F. 12-07-2020 Seus filhos Joaquim Manuel, Maria de Lurdes e Maria de Fátima, netos e restantes familiares, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, como era seu desejo, vêm por este meio agradecer a todas as pessoas amigas que incorporaram o seu funeral, bem como a todos os que se interessaram pelo seu estado de saúde, ou que de qualquer outra forma manifestaram o seu carinho, disponibilidade e preocupação. A todos, muito obrigado.

Sua esposa Deolinda, filhos José Manuel, Rui, Hélder e Pedro, netos e restantes familiares, na impossibilidade de o fazerem pessoalmente, como era seu desejo, vêm reconhecidamente agradecer todas as manifestações de carinho nesta altura de profunda dor e sentimento de perda, bem como agradecer a todos os que acompanharam o seu querido familiar até à última morada, esperando que descanse em paz. A todos, muito obrigado. “Aqueles que amamos não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós”

Para sempre nos nossos corações. Descansa em paz.

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Informamos que a publicação dos agradecimentos por ocasião de falecimento é gratuita para naturais e residentes na Golpilheira. Publicaremos apenas quando nos for pedido pelos familiares ou agências funerárias.

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a fechar • 31

Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020

. telefones úteis . 112

Número europeu de emergência Bombeiros Voluntários da Batalha G.N.R. Batalha Junta de Freguesia Golpilheira Câmara Municipal Batalha Centro de Saúde da Batalha Centro Hospitalar N. S. C. - Brancas Escola Primária da Golpilheira Jardim-de-Infância da Golpilheira Agrupamento Escolas Batalha Correios (CTT) - Batalha Mosteiro de Santa Maria da Vitória Águas do Lena (Piquete: 939 080 820) Táxis da Batalha Centro Recreativo da Golpilheira Linha de Saúde Pública Linha de emergência Gás EDP - Avarias (24 horas) SUMA - Levantamento de “monos”

. Tintol & Traçadinho . Estou farto disto!... da tristeza de não haver festas, festivais, concertos, espectáculos, convívios, piqueniques com os amigos...

244 768 500 244 769 120 244 767 018 244 769 110 244 769 920 244 769 430 244 766 744 244 767 178 244 769 290 244 769 101 244 765 497 244 764 080 244 765 410 244 768 568 808 211 311 808 200 157 800 506 506 244 766 007

Não estou a perceber... é que há festas, festivais, concertos, espectáculos, convívios e piqueniques com os amigos...

Acho que até já podemos estar assim juntinhos sem máscara...

Incongruir

.fotodestaque. DR Crime

. ficha técnica

Um leitor golpilheirense enviou-nos estas fotos, tiradas na Canoeira, junto ao rio Lena, no caminho para a Faniqueira. Sem mais comentários. E nós também não precisamos de dizer mais nada. Mas… não dá para evitar a pergunta: como é possível ainda haver gente que faz um serviço destes nos dias de hoje, com tanta informação que existe sobre estes crimes e até multas, com tantos problemas ambientais que estamos a sofrer e a tentar ultrapassar, com uma suposta civilização que atingimos?… Se alguém souber responder…

Registo ERC . 120 146 / Depósito Legal . 104.295/96 Contribuinte . 501 101 829 Director . Luís Miguel Ferraz (CP 5023) Director-adjunto em memória . Manuel Carreira Rito Composição . Paginação . Luís Miguel Ferraz Colaboradores . Ana Maria Henriques, António Ferraz (assinaturas), Carolina Carvalho (secretária), Cremilde Monteiro, Cristina Agostinho, Fernando Vaz Machado, Joaquim Santos, José António Santos, José Jordão Cruz, José Travaços Santos, Marco Ferraz (publicidade), Rafael Silva, Rui Gouveia. Propriedade/Editor . Centro Recreativo da Golpilheira (Instituição Utilidade Pública - D.R. 239/92 de 16/10) Presidente: Fernando Figueiredo Ferreira Sede proprietário/editor/redacção . Centro Recreativo da Golpilheira - Estrada do Baçairo, 856 - 2440-234 Golpilheira . Tel. 910 280 820 / 965 022 333 Composição. Est. do Vale, 100 - 2440-232 Golpilheira Impressão . Empresa Diário do Minho, Lda . - Rua Santa Margarida, 4A - 4710-306 Braga - Tel. 253303170 . Tiragem desta edição . 900 exemplares Sítio: www.jornaldagolpilheira.pt Facebook: www.facebook.com/jgolpilheira Twitter: www.twitter.com/jgolpilheira Email: geral@jornaldagolpilheira.pt Estatuto Editorial: jornaldagolpilheira.pt/about

. recordar é viver .

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Esta rubrica foi criada pelo Manuel Rito e era ele que, a cada edição, escolhia uma memória de tempos passados para aqui destacar. Vamos continuar a fazer o “recordar é viver”, de que ele tanto gostava. Desta vez, usamos uma foto dele... nem foi assim há tanto tempo, mas, com as saudades que temos das nossas festas, já parece que foi há séculos! Em memória dele e das festas em que ele tanto trabalhava, aqui fica esta recordação da festa de aniversário do CRG em 2017, que teve como tema Collippo e em que os voluntários andaram assim vestidos de romanos. Uma bela memória, cheia de saudades por todos os poros... | LMF

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DR

de Joaquim Vieira


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Jornal da Golpilheira • Julho / Agosto de 2020


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