Jornal Cultural

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2018 - Edição no. 51 21 de setembro

Exaltasamba Sula Miranda Falamansa Show de aniversário Silvio de Campos Domingo - 30/9 - 12 às 22h.

15o. Congresso Mundial de Turismo em Perus A experiência de campo Fieldschool, realizado anteriormente em Mobile no Alabama e em Durban, na África do Sul. Desta vez em Perus, bairro localizado na periferia de São Paulo, 30 alunos vindos de diversos lugares do mundo passaram por uma imersão de quatro dias para estudar as práticas de lazer da população local, suas barreiras e potencialidades. A hospedagem, a alimentação, o transporte, os roteiros culturais e qualquer outra demanda necessária para a recepção do grupo foi organizada pelos integrantes da Quilombaque, baseados no funcionamento orgânico do bairro. A atividade integra o 15º Congresso Mundial de Lazer que, em 2018, é sediado no Sesc Pinhei-

ros. Minha missão, nesse caso, é relatar a atividade para os canais de comunicação do evento, mas acredito que não foi possível parar por aí. Págs. 10 e 11

Serginho,

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Binário para melhorar o trânsito de Perus

um 9 clássico, passou por diversas equipes de Perus e da região, deixando sua marca.

Coleta Seletiva de Lixo em Caieiras

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A importância de envolver a comunidade na eliminação de pontos viciados de entulhos Certamente, você já se deparou, em lugares específicos, com um amontoado de sacos de lixo, grandes objetos e entulho. Pois é. Esses são os chamados pontos viciados, nos quais algumas pessoas utilizam muros e esquinas para descartar irregularmente todo tipo de resíduos, móveis e eletroeletrônicos velhos. E fazem isso sempre depois que os caminhões que fazem a coleta regular passam. Essa atitude equivocada tem consequências negativas: o local ... o descarte irregular de lixo tem gerado sérios problemas ambientais e são passíveis de multa, segundo as leis nº 13478/2002 e nº 15244/2010, com valores que podem chegar a R$ 18.421,20

fica com mau cheiro e atrai animais que reviram e espalham o lixo como ratos, baratas e outros bichos que causam doenças. “Além do ambiente desconfortável e insalubre para quem mora perto, esses locais geram poluição visual na cidade”, comenta Francisco Vianna, coordenador de Planejamento Operacional da Loga – Logística Ambiental de São Paulo, alertando: “Os resíduos descartados irregularmente também

geram problemas quando esparramados pelas vias, podem parar em bueiros e rios, causando enchentes, alagamentos e contaminação de lençóis freáticos.” O descarte irregular, causador de tantos transtornos, não se justifica, pois existem na cidade 102 Ecopontos, que funcionam de segunda a sábado, das 6h às 22h, e aos domingos e feriados, das 6h às 18h. Nesses locais, o munícipe pode dispor o material gratuitamente em caçambas distintas para cada tipo de resíduo. Os endereços destes locais podem ser consultados no site da Prefeitura.

“Quem reside em regiões com pontos viciados deve ser multiplicador dentro das comunidades e disseminar as boas práticas de limpeza urbana, pois são novas atitudes que geram novos exemplos”, pondera V ianna. “Muitos desses espaços poderiam ser destinados ao lazer e à recreação da população”. Cabe ressaltar que o descarte irregular de lixo tem gerado sérios problemas ambientais e são passíveis de multa, segundo as leis nº 13478/2002 e nº 15244/2010, com valores que podem chegar a R$ 18.421,20.

Degradação ambiemtal, uma das consequências dos pontos viciados, e que pode ser revertido com a participação dos moradores


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Corrente do Bem A enfermeira e professora universitária Debora Regina, que atua nos serviços de atenção básica á saúde, percebeu que as mulheres em tratamento oncológico, necessitam mais do que aconselhamento quanto a alimentação, atividade física e a necessidade de adesão ao tratamento medicamentoso, elas necessitam mesmo é de carinho e informação durante e mesmo após o tratamento. Ela defende que sobretudo é preciso trabalhar a auto-estima, mostrando que muito do tratamento depende mais da paciente e seus familiares, juntamente com o apoio dos profissionais de saúde. Diante disto, Debora criou um Banco de Lenços para cabeça, arrecadando os primeiros lenços com amigos. As paciente que desejarem receber seu lenço, basta preencher um formulário no site: www.debyautoestima.com.br “Se a solicitação do lenço for de bairros próximos ou de fácil acesso, fazemos a entregas pessoalmente, para outros bairros distantes, cidades ou estados, enviamos o lenço pelo correio”, diz Débora. Para você que se interessou em doar os lenços e participar dessa Corrente do Bem. Wats 11 970645337 ou Facebook/deby-autoestima

Débora: pacientes necessitam de carinho e auto-estima

Candidato de Pirituba registra suas propostas em cartório Coronel PM Franciscon, morador de Pirituba é candidato a Deputado Federal pelo PSL. Ele enfatiza que se for eleito, sua prioridade será aprovar projeto que obriga o Estado Brasileiro a ressarcir as famílias que perderem seus entes provisionadores vitimas de violência. Também entende que é urgente, tornar crime hediondo a violência contra crianças e vulneráveis, diz ele: “A sociedade brasileira não pode, mais tolerar crime contra as crianças”. Sobre segurança pública, o Coronel Franciscon entende que primeiro precisa valorizar o policial e que seu mandato vai lutar para aprovar a construção de condomínios residenciais seguros, acessíveis à categoria, permitindo paz e tranquilidade aos seus familiares. O Coronel Franciscon ressalta que estas são apenas parte das propostas que tem para melhorar a vida do cidadão. Elas estão registradas como Compromisso Público no 5° Cartório de São Paulo. Coronel Franciscon completa: “Portanto o cidadão poderá cobrar estas e outras realizações caso eu tenha sucesso na minha caminhada”.

2a. a sábado das 11 às 15h

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Rua Canhoba, 484 - Adelfiore - Perus


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Por Irinéia Martins

Cervejaria Artesanal Torezan Recebi em minha casa o Guilherme Torezan, pedagogo de formação, de 26 anos, que me trouxe três cervejas para experimentar e de quebra ganhei uma aula sobre cervejas. Guilherme conta que começou fabricando cervejas para as festas da família, e depois para satisfazer os amigos que começaram a fazer pedidos: o que era um passatempo virou um agradável negócio. Mas vamos às cervejas que experimentei: a primeira, a Centauro é uma cerveja tipo Pale Ale, puro malte estilo Irlandesa e sua composição é uma combinação de maltes crystal e cevada torrada. A segunda, a Orion é uma cerveja da escola alemã, feita à base de trigo – a mais forte das três – carrega sabores e aroma de cravo e banana. A terceira é a Apus estilo Witbier, que surgiu na Bélgica, faz mais de 400 anos e é produzida a base de trigo com aromas cítricos de laranja é leve, com uma acidez pertinente e deveras refrescante e ideal para dias quentes. A Cervejaria Torezzan trabalha com os estilos inglês, irlandês, alemão, belga e americano de cer-

Staff

vejas e com uma produção voltada para atender encomendas de festas, eventos, confraternizações e outras ocasiões. Aviso aos que apreciam cerveja artesanal: a cervejaria Torezan estará comercializando seus produtos a preços bastante acessíveis na festa de aniversário de Perus, no próximo dia 30. Pensando em uma festa ou evento, faça seu pedido via Watsapp 99632-4547. Orion, à esquerda, e Centauro, à direita: duas receitas so artesanais de suces sucesso


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Binário de Trânsito de Perus pode sair do papel Obra será fundamental para desafogar o trânsito na congestionada região central do bairro No final de agosto passado, a prefeita regional de Perus, Luciana Torralles, participou de uma reunião técnica com representantes da CET e da pasta de Mobilidade e Transporte para tratar da obra de construção do sistema binário de trânsito para desafogar o centro de Perus. A obra tem recursos reservados por emendas dos vereadores Fábio Riva e Isaac Félix, que foi representado na reunião pelo assessor Leonardo Casal na reunião. Fabio Riva ressaltou que o trânsito hoje no centro do bairro, pouco mais de dois quilômetros, está insuportável e compromete a saúde das pessoas, que em muitos casos demoram até 50 minutos para ser realizado, principalmente nos horários de pico. Projeto Milton Perssoli, presidente da Companhia de Engenharia de Trânsito (CET), explicou que a empresa não tem como licitar essas intervenções. Ele sugeriu que o projeto seja repassado para a Prefeitura de Perus executar as obras. O secretario João Octaviano Costa determinou que as áreas de engenharia, projetos e ju-

Obra do binário deve ser encaminhada para a Prefeitura Regional

rídica, se reunissem com a máxima urgência com a subprefeitura para providencias necessárias. O Jornal Cultural, que tem defendido sistematicamente a realização da obra, esteve presente nessa reunião. Também ficou acertado com a CET a implantação de mão dupla de trânsito em trecho das ruas Julio Maciel e Salles Gomes, para melhorar o acesso ao Ecoponto. Milton Perssoli ressaltou que essa intervenção necessita somente sete placas e de sinalização de solo, serviços estes disponíveis na Companhia.

Izabel Gazzetta

Cades define prioridades para gestão 2018-2020 Os conselheiros representantes da comunidade no Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Cades) de Perus/Anhanguera participaram de uma oficina de planejamento e uma reunião ordinária está semana. Os representantes chegaram ao consenso de que precisam atuar de forma coesa para cobrar as principais reivindicações da comunidade. Foram elencadas cinco prioridades que nortearão a atuação do órgão: 1 - Obras de combate a enchentes no Ribeirão Perus; 2 - O tratamento dos esgotos e a despoluição dos córregos do bairro; 3 - A reforma e ampliação da área de lazer do Parque Anhanguera; 4 - A implantação da Escola de Marcenaria do Parque Anhanguera. 5 - A implantação do sistema binário de trânsito para eliminar congestionamentos no bairro.

Reunião do Cades Perus/Anhanguera


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Programa de Coleta Seletiva completa um mês na cidade Caieiras

O Projeto de Coleta Seletiva completa em julho o seu primeiro mês de arrecadação de materiais recicláveis Neste primeiro mês, foram coletados aproximadamente 300 quilos de material reciclável – em sua maioria papelão, papéis e plásticos. Atualmente a coleta seletiva é realizada em cinco escolas da região, sendo localizadas no Jardim dos Eucaliptos, Jardim Vitória, Vila dos Pinheiros e Jardim Marcelino e um PEV – Ponto de Entrega Voluntária, instalado no CEU das Artes e Esportes, localizado no Jardim dos Eucaliptos. O projeto visa atender toda a cidade e está sendo implantado de forma gradual. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Caieiras com apoio da UVS Essencis Caieiras (Essencis Soluções Ambientais) responsável pelo tratamento e destinação final dos resíduos coletados na cidade. O projeto está realizado em fases e, até o fim do segundo semestre de 2018 dois novos PEVs serão disponibilizados para ampliar o projeto na cida-

de de Caieiras. Segundo o Secretário do Meio Ambiente de Caieiras, Leonardo Amaral Garcia: “A coleta seletiva é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável do município, minimiza os impactos ambientais e contribui para que os resíduos sejam encaminhados para serem reutilizados, diminuindo o consumo de matéria prima”. Para Ana Carolina Luongo da UVS Essencis Caieiras: “A parceria com a Secretaria Municipal de Educação e as escolas escolhidas para início do projeto, tiveram um papel fundamental para alcance do sucesso, onde todos participam deste processo, desde os alunos, pais e funcionários das escolas. Isto é o reflexo do trabalho sério e da dedicação dos munícipes”. Inauguração do primeiro PEV público, localizado no CEU das Artes, Jardim dos Eucaliptos.


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Serginho, um autêntico camisa 9

S

érgio Veríssimo, hoje com 61 anos, começou jogando ainda criança no mirim do Florestal, a convite do “seo” Jacó, o técnico da equipe. Logo se destacou pelo talento e chamou atenção de outros times; disputou o campeonato paulista infantil pelo Leão do Morro, chamado de campeonato do D.E.F.E. Com 12 anos já jogava no primeiro quadro do Mineração, era meia esquerda e Cueca, seu grande amigo, era volante. Depois Serginho jogou no Sociedade, que tinha uma timaço na época: Pivete, Canhoto, Pneu, Prego, Fumaça, Tonhão, Marron e Português, entre outros. A fama se espalhou e ele começou a jogar por times da região de Pirituba a Jundiaí. Fez peneiras no Palmeiras, São Paulo, Nacional e Paulista de Jundiaí, onde chegou a ser relacionado no banco para disputar um jogo do campeonato paulista. Mais aí teve que optar pelo trabalho e voltou a jogar somente na várzea. Manacá, Águia Negra, Brasil de Caieiras foram algumas das equipes por onde passou. Até que um dia jogando futsal com o Alvinho, receberam convite do Nilton Bertachini e Sebastião Pessoa para jogar no Portland, equipe em que ficou por mais de 17 anos e onde chegou a presidente, com Serjão de

vice. Detalhe: os jogadores antigos não queriam os dois na direção da equipe, pois eram muito “maloqueiros”, e o Portland tinha fama de time da elite. Mais logo o futebol falou mais alto e a camaradagem prevaleceu. Eles formaram um grupo coeso, ganhando inúmeros campeonatos. Formou com Alvinho, um a das melhores duplas de ataque da várzea, todo jogo marcávamos gols. Serginho como era conhecido, tinha facilidade de chutar com os dois pés, daí a ser um dos artilheiros do time. Serginho destaca outros jogadores com quem jogou: Roberto, Zé Carlinho, Daniel, Arnaldo, Candê e Percival, todos craques.

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Acima, Portland - Em pé, da esquerda para direita: Zé Carlos, Roberto, ?, Candê, Neneca, Zé Roberto, Grafite, “seo” Jorge e Rubão. Agachados: Serjão, Pangaré, Serginho, Alvinho, Boi e Percival Ao lado, Misto do Sapatão, em pé, da esquerda para a direita: Sapatão, ?, Serjão, Valdir, Canhoto, Rubão, Chicão, Vicente e Chileno. Agachados: Marcão, Edinho, Zé Carlinho, Serginho, Marcão, Percival, Paulinho e Tripinha. Coluna patrocinada pela Mineradora Embu


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Parabéns Perus!

Há 84 anos Perus era elevado a condição de distrito, pois até então era ligado à Freguesia do Ó. No início do século XX, a principal atividade econômica, era a exploração de jazidas minerais, sobretudo de Caulim e Pedras, para o calçamento e construção civil em São Paulo. Em 1926 foi inaugurada a fabrica de cimento Portland Perus, que propiciou um desenvolvimento do bairro.

21 de setembro de 2018 84 anos


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Saiba reconhecer os sintomas da ansiedade * Vânia Barbosa Os sintomas de ansiedade podem se manifestar a nível físico, como a sensação de aperto no peito e tremores ou a nível emocional como a presença de pensamentos negativos, preocupação ou medo, por exemplo e, geralmente, surgem vários sintomas ao mesmo tempo. A ansiedade leva a pessoa a ser incapaz de realizar as tarefas do dia-adia, pois, entra em pânico e, por isso, é importante aprender a controlar e, se possível, tratar a ansiedade, sendo em alguns casos necessário ir no psiquiatra e no psicólogo. Além dos sintomas psicológicos, a ansiedade também pode se manifestar fisicamente. ÀSintomas físicos ; ÀSintomas psicológicos; ÀEnjoo e vômitos; ÀAgitação e balanço das pernas e dos braços; ÀTontura ou sensação de desmaio; ÀNervosismo; ÀFalta de ar ou respiração ofegante; ÀDificuldade de concentração; ÀDor ou aperto no peito e palpitações no coração; ÀPreocupação; ÀDor de barriga, podendo ter diarreia; À Medo constante; ÀRoer as unhas, sentir tremores, falar muito rápido e sensação de que algo ruim vai acontecer; ÀTensão muscular, causando dor nas costas, e ÀDescontrole sobre os próprios pensamentos Àirritabilidade e dificuldade para dormir e preocupação exagerada em relação à realidade Muitas pessoas sofrem de ansiedade e não sabem! Todos esses sintomas são dominados por pensamentos. Somos o que pensamos. *Psicóloga crp 06/139882 Tel.: /Whatts 9 76105131

Jornal Cultural - Maio - 2018 Jornal Cultural - Setembro/2018 jornalzinhocultural@yahoo.com.br Circulação Perus, Anhanguera e Caieiras Jornalista Responsável

Paulo Eleutério

Diretora Comercial

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Irinéia Martins

Rua Baruare, 469 - Perus Impressão Gráfica Mar Mar Tel. 3941-6140


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Entre potencialidades gritantes e barreiras silenciosas Um processo de reconhecimento e ressignificação - Parte 1 Por Thaís Kruse*

Imersão em uma experiência de campo em Perus, com 30 estudantes vindos de diversos países para o 15º Congresso Mundial de Lazer.

“Amendoim crocaaante é cinqueeeentaaa!”, skatistas na Praça do Samba, maracatu na Praça Inácio Dias, comer pastel na feira de sexta depois da escola, descer do trem e sentir que precisava ter levado um casaco a mais, convidar os amigos para um lanche no famoso Dandog. Essas são as primeiras coisas que surgem na minha cabeça quando penso na minha adolescência em Perus. Vasculhando mais a memória, muitas outras coisas vão surgindo. Entre as mais especiais, está a vivência de pesquisa teatral com o Grupo Pandora de Teatro, que acontecia aos sábados de manhã na Comunidade Cultural Quilombaque. Foi lá que tomei conhecimento da importância do meu bairro para a história da cidade e do país. A partir dela, soube que a desativada Companhia de Cimento Portland Perus S.A. teve participação na construção de Brasília, e que, em sua existência, provocou a luta dos trabalhadores em uma greve que durou sete anos, dividindo a população de Perus entre pelegos (aqueles que não aderiram ou repudiavam o movimento) e queixadas (apoiadores da greve). Além dessa, foram apresentadas muitas outras histórias sobre Perus, descobertas através da pesquisa e da re-

sistência dessas duas iniciativas culturais. Por coincidência do destino, me deparei com um novo encontro com a Comunidade Cultural Quilombaque na terceira edição da experiência de campo Fieldschool, realizado anteriormente em


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Mobile no Alabama e em Durban, na África do Sul. Desta vez em Perus, bairro localizado na periferia de São Paulo, 30 alunos vindos de diversos lugares do mundo passaram por uma imersão de quatro dias para estudar as práticas de lazer da população local, suas barreiras e potencialidades. A hospedagem, a alimentação, o transporte, os roteiros culturais e qualquer outra demanda necessária para a recepção do grupo foi organizada pelos integrantes da Quilombaque, baseados no funcionamento orgânico do bairro. A atividade integra o 15º Congresso Mundial de Lazer que, em 2018, é sediado no Sesc Pinheiros. Minha missão, nesse caso, é relatar a atividade para os canais de comunicação do evento, mas acredito que não foi possível parar por aí. É necessário explicar o que há de especial na Quilombaque: é uma iniciativa pioneira no local, criada por jovens artistas, que existe e resiste desde 2005 buscando incentivar a potência da identi-

dade periférica, ampliar universo e repertório dos jovens, e gerar novas perspectivas para o desenvolvimento social e econômico do bairro. A iniciativa luta para manter a memória de Perus viva e dar força a outras iniciativas culturais. Unido às principais lideranças da região, assim como estudantes, professores e ativistas culturais, o espaço faz parte de uma longa luta para transformar a fábrica de cimento, desativada desde 1987, em um centro cultural para ser usufruído por toda comunidade. Durante esses quatro dias, a Quilombaque realizou trilhas que reforçam essas propostas com os alunos da Fieldschool, sendo elas: a trilha “Memória Queixada”, “Ferrovia Perus-Pirapora”, “Agroecológica Campo e Cidade MST”, “Ditadura Nunca Mais”, “Reapropriação e Ressignificação de Espaços Públicos”, “Aprendizagem PerusFeria Graffiti – Galeria de Arte de Rua” e, finalmente, a trilha “Jaraguá é Guarani”, a qual tive oportunidade de acompanhar. Conhecia um pouquinho de quase todos os espaços que compunham as trilhas, no entanto, a única que nunca tinha entrado em contato era, justamente, a “Jaraguá é Guarani”. Logo de cara, me deparei com a realidade de nunca ter frequentado o parque mais próximo de casa, mesmo morando há 8 anos na região. A partir daí, já tinha algo para pensar durante o dia. O Re(encontro) Ao entrar na Quilombaque passei olhar curiosamente para tudo, fosse pela novidade ou pela

lembrança. Tantos anos depois, o espaço ainda me trazia um conforto, talvez possa até dizer que seja um “orgulho bairrista”. Foi incrível ver as coisas tão bem preparadas para a recepção do grupo que logo chegaria para o seu quarto dia de vivência. Os projetos dando frutos bem ali, em “Perus, Perus – de dia falta água, de noite falta luz” (todo morador conhece esse hit). A primeira vez que tive contato com a Quilombaque, em 2008, ela estava instalada em uma pequena garagem, mas já reunia projetos e ideias muito grandes. A atual dimensão e a força motriz do espaço, unida a resistência de seus idealizadores, faz validar um dos lemas da organização: quebrando correntes e plantando sementes. “Você lembra de mim?”, perguntei ao Dedê

Ferreira – integrante do projeto desde seu início. Em resposta, ouvi um acalorado “Claro que lembro, pô!”. E de forma tão simples, já estava a vontade para me juntar ao grupo. Aos poucos, chegavam outros participantes e eu me virava para conhecer a todos que conseguisse. Chris Jaeger, da Vancouver Island University, um dos primeiros participantes com quem pude conversar, acompanha-

... Quilombaque é uma iniciativa pioneira, criada por jovens artistas, que existe e resiste desde 2005 buscando incentivar a potência da identidade periférica... va as atividades desde o primeiro dia e, então, conhecia a história da fábrica de cimento e a luta da comunidade para transformá-la em um centro cultural. Essa informação o fez pensar em um montão de referências de fábricas que se transformaram para receber atividades artísticas, seja através do poder público, privado ou da ação popular. Enquanto conversávamos, eu e Elder, outro colega do Sesc que acompanhava a atividade, resgatamos um exemplo que estava bem em frente dos nossos narizes: a obra da Lina Bo Bardi, ora. A cidadela da liberdade. Os tijolinhos mais felizes de São Paulo… O Sesc Pompéia! Quando todos chega-

ram, fizemos uma roda e tive a chance de me apresentar com meu inglês desajeitado: “Hi, I’m Thaís. I work for Sesc Carmo and Parque Dom Pedro. I also used to live in the neighborhood…”, essa parte eu já tinha ensaiado. Só faltava mais um dia inteiro de conversas divididas em half portuguese/ metade inglês. Graças à muitas maratonas de séries, até que me saí bem. Aliás, é importante lembrar que tivemos uma tradutora, a Jéssica Moreira, que mudou à chavinha do idioma em sua cabeça o tempo todo, intermediando os papos. Antes de ir embora, lembramos que “voltávamos juntas da faculdade todos os dias”, já que pegávamos o trem e

o ônibus no mesmo horário, mas nunca trocamos uma palavra até aquele dia. Olha aí. Nessa roda, os participantes também compartilharam comigo seu nome e país de origem, e logo a missão do dia foi apresentada: em um grupo de cinco pessoas, eles deveriam participar dos roteiros pensando em ações relevantes para comunidade, que pudessem ser propostas para potencializar o projeto. Partimos. * radialista especializada em Marketing Digital. Atua como Editora Web no Sesc Carmo e Parque Dom Pedro II. Viveu em Perus entre 2006 e 2015.


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Adriana Ramalho apresenta emenda para praça no Santa Cruz Vereadora fala sobre Fábrica de Cimento e sua destinação para atividades culturais Atendendo a convite, o Jornal Cultural esteve na Câmara Municipal para conversar com a vereadora Adriana Ramalho sobre Perus. A destinação da fabrica de cimento, atividades culturais e de dança, foram alguns desses temas. Uma emenda orçamentária de Adriana Ramalho destina recursos municipais para reformar a praça Márcio R. Alambert, na Vila San-

ta Cruz uma das mais antigas de Perus – datada de meados de 1930. A instalação de equipamentos de ginástica e play ground para a população do bairro faz parte das obras que estão sendo executadas. A vereadora afirmou ainda que está atuando junto a SPtrans, para implantar uma linha de ônibus do Santa Cruz até o centro de Perus.

Adriana Ramalho


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