Jornal Cruzeiro Novembro de 2013

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA SANTA ROSA• Novembro de 2013

Ano 3 • Edição 42

10 A Inclusão Escolar dos deficientes visuais 3 Entrevista Diego Coimbra fala das atividades do SENAR

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Ecologia

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Educação

Correio Rural

Santa Rosa adere ao PROCETUBE

Tratamento de esgotos em propriedades rurais

FEMA comemora o reconhecimento do Curso de Gestão da Tecnologia da Informação

Reserve o seu exemplar do jornal Cruzeiro no Supermercado Knebel pelo fone 3511-2153


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SANTA ROSA • Novembro de 2013

Geral

USO OU DESUSO DE PLANTAS MEDICINAIS? Jorge João Lunardi Médico Veterinário Minha avó pina, minha mãe Luiza, sempre passaram no seio familiar a importância de se ter em casa, lá na horta, na casa, no jardim, algumas plantas medicinais, tipo a malva, bardana, erva Luiza, capim cidró, arnica, erva-de-bicho, menstruz, sabugueiro, boldo, camomila, macela, alecrim, salsa, romã, arruda, pitangueira, carqueja, cobrina, babosa, picão, guaxuma, tansagem, laranjeira, limão, marmelo(e olha que não era só para surrar crianças), alecrim, poejo, funcho, goiabeira, para fazer chá, tintura, pomada, frituras, massagens, usar como condimento nos alimentos, proteger a casa e os donos... Esta prática é milenar, passada de geração a geração, na forma etnobotânica, aonde o conhecimento cultural vai se perpetuando e filtrando informações e as plantas boas, de uso familiar, vão permanecendo nas mãos das pessoas, pois são plantas da natureza, e como diz a constituição Brasileira “tudo o que é cultural, tradicional” é de domínio popular, portanto pode ser usado. Também o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, conforme decreto 5.813 de 2006, tem uma diretriz que leva a “Promover e reconhecer as práticas populares de uso de plantas medicinais e remédios caseiros”, aliás, conforme preconiza a própria Organização Mundial da Saúde. Não é por acaso que o Ministério da saúde, tenta desde 2008 a incluir mais de 70 plantas medicinais no SUS - e apenas isto, (se for neste anda da carroça, vai demorar milênios para incorporar a flora Brasileira), fortificando esta opção na vida dos cidadãos. Mas quem é que na sua vida nunca tomou um chá, feito pela mãe, pela avó, in-

dicada pela vizinha, pela sogra? É difícil alguém não ter tido em sua vida uma planta medicinal em sua vida. Acredito que, mesmo aqueles cientistas, que são leigos no uso de plantas medicinais e que renegam a ciência das plantas medicinais, mais por desconhecer do que conhecer o assunto, tem feito uso cotidiano de plantas em suas casas, através de um tempero, de um condimento, ou mesmo de um chazinho, feito “as portas fechadas” em casa. Mas, o que acontece é que cada vez mais, as plantas medicinais estão sendo deixadas de ser plantadas em casa, na horta, no vaso, e isto é evidente quando se circula pelas ruas e olha-se para dentro dos pátios, onde pouca, e na maioria das vezes, nenhuma planta se vislumbra. Acontece que no mundo atual e moderno, a medicina está ficando cada vez mais na mão das indústrias, do comércio e dos profissionais, e isto é bom, por um lado, pois estas pessoas estudam para isto e disponibilizam no mercado uma variedade enorme de fitoterápicos. Até as plantas medicinais chinesas, famosas e de uso milenar, estão sendo comercializadas no Brasil, com centenas de diferentes tipos de plantas vendidas. Mas o conhecimento popular também tem seu valor e deve ser continuado e respeitado e, no caso das plantas, incentivado para que novas gerações continuem a absorver este conhecimento antigo, que pode ser útil no uso próprio e na manutenção da vida saudável e sustentável. Atentem e olhem para os lados e notarão centenas de plantas aqui na região, na forma de ervas rasteiras, plantas altas, capoeiras, matas..., com um valor terapêutico e energético fantástico. Em sua casa, você tem alguma planta medicinal de uso corriqueiro? Você sabe que as plantas além de ter valor

terapêutico, de uso caseiro ou industrial, elas energizam casas, seres vivos, ajudam a eliminar mágoas, fortificam o fator energético positivo nos ambientes? Qual é a sua planta que rima com sua vida? A minha é o boldo! Qual é a planta energética que tem no seu quarto, na cozinha, no corredor, no banheiro, na sala, na varanda, em frente à casa? Recentemente, na semana de prevenção de acidentes do trabalho - SIPAT Environmental - na John Deere, em Horizontina, realizei 10 oficinas sobre a energia das plantas medicinais, demonstrando na teoria-prática, para mais de 1.200 empregados, o valor de inúmeras plantas disponíveis na região, assunto que pode ser tratado em grupos, clubes, empresas... Também trabalhei mais de 20 anos com as plantas medicinais de uso em animal para controle e resolução de mais de 40 doenças animais, com resultados muito bons a fim de eliminar ou diminuir o uso abusivo e indiscriminado de químicos perniciosos, especialmente na produção leiteira, o que não deixa de ser um absurdo tecnológico e alimentar, que diminui a sustentabilidade de vida. Inclusive, ainda em novembro estarei em Ibiaçá, 350 km de Santa Rosa, trabalhando esta questão com grupos de agricultores. Para tanto coloco à disponível dois livros sobre os assuntos expostos que podem ser solicitados pelo emails: jjlunardi@gmail.com ou jorgejlunardi@gmail.com, ou fone: 96248955; 3511 7620, assim como podem ser agendadas palestras, oficinas sobre o uso de plantas medicinais, seu efeito terapêutico e energético, pois as plantas medicinais apresentam estes aspectos, que no mínimo, as pessoas precisam ter conhecimentos para o seu devido uso.

Jornal Cruzeiro reúne-se com Líderes Comunitários

Líderes Comunitários do Bairro reuniram-se com o jornal Cruzeiro para debaterem as atividades desenvolvidas e decidir sobre novos projetos. Foi um primeiro encontro que promete ser promissor. O Cruzeiro, com seu perfil comunitário, empenha-se em todas as suas edições para alavancar e valorizar todas as atividades que envolvem a dedicação ao bem social, ao próximo, de forma altruísta e desinteressada. Os líderes comunitários, da mesma forma, dedicam parte de seu tempo em cuidar de sua comunidade. A união destas forças deve render bons frutos e o desejo comum é de sucesso para as novas empreitadas que deverão surgir. Estiveram presentes os líderes: Cláudio C. Leite de Oliveira – Vila Progresso, Apolinário Santo Moraes Flores – Vila Pereira, Nilson Joel Cardoso – Vila Cruzeiro do Sul, João Cremer - Vila Ibanez e José Carlos – Vila Júlio de Oliveira.


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Geral

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O SENAR e suas atividades Diego da Silva Coimbra é supervisor do SENAR da Região Produção e temporariamente está atendendo a Região Missões e explica como funciona a entidade, os projetos e atividades na região. O SENAR – Serviço de Aprendizado Rural – é uma instituição ligada ao sistema Farsul que tem um orçamento ligado à produção agropecuária. De cada quinhentos reais comercializados pelos agricultores através do bloco de Produtor Rural um real é destinado ao SENAR. Explica Diego que é com este orçamento que a entidade realiza mais de 5 mil ações durante o ano, que se dividem em ações de formação profissional e ações de promoção social – artesanato, cursos de educação ambiental e palestras. Além disso tem mais de quinze programas diferentes com uma enorme capacidade de transformar a vida das pessoas. São vários os exemplos de mudanças de perfil de produção e de produtividade envolvendo a questão de empreendedorismo social. Há vários casos de pessoas que iniciaram um curso de artesanato e hoje usam este aprendizado como fonte de renda. O SENAR tem também um programa de alfabetização reconhecido pela

Chegou no Bairro Cruzeiro a NOVIDADE que faltava, uma loja moderna com uma ampla variedade de roupas e calçados novos e usados. A Loja foi inaugurada no dia 28-10 Segunda -feira contando com presença de clientes e amigos num delicioso coquetel recheado de muitas vendas. Venha conferir as novidades do verão 2014 as tendências do momento, e ficar sempre linda na moda. Com atendimento familiar e ambiente agradável, Miriã e Abigail estão esperando por Você.

Diego Coimbra, Márcia Niewald, Vitória Nardes, Denir Frosi e Cledio Rigon

UNESCO com grande potencial de gerar cidadania. Em parceria com várias entidades, como as secretarias municipais, Emater, cooperativas, sindicatos, clubes de mães e escolas do interior, entre outros, o SENAR atua na difusão da educação profissional. Segundo Diego, o Sindicato Rural de Santa Rosa é um importantíssimo parceiro, pois, atendendo a Santa Rosa e mais oito municípios é um dos campeões de cursos no Estado, que contam com instrutores altamente capacitados e muito hábeis em passar seus conhecimentos. Por ser uma entida-

de nova ainda, o SENAR foi criado a vinte anos, a característica dos cursos vem sendo alterada para buscar adaptar-se à realidade do agricultor. “Então, cursos que antes duravam três dias foram alterados para um dia de duração, e após o curso cada participante recebe o instrutor em uma visita individualizada, por quatro horas, com uma assistência técnica exclusiva, em que o agricultor poderá sanar todas suas dúvidas, mostrar a propriedade e seus problemas. O instrutor vai analisar, avaliar e ver in loco as dificuldades de cada um, buscando soluções ponto a ponto,

de cada dificuldade apresentada,” explica. Para Diego, o SENAR é fundamentalmente uma entidade voltada ao crescimento das pessoas, que busca melhorar suas vidas, t ra n s fo r m a n d o - a s , com mais dignidade. “É o país que cresce” afirma, “desenvolvendo comunidades e buscando diminuir o êxodo rural. Estamos empenhados em tentar segurar o agricultor no meio rural, evitando o êxodo para a cidade. O Brasil tinha 60% de sua população vivendo no meio rural, hoje temos apenas 16%.” “Estamos entrando na era da assistência técnica,” finaliza Diego.

SINDILOJAS informa 01 vaga para ESTÁGIO DE AUXILIAR DE VENDAS em papelaria (feminino); 01 vaga para ESTÁGIO DE AUXILIAR DE VENDAS em loja de confecções, cama mesa e banho (feminino); 01 vaga para FRENTISTA (masculino/feminino); 01 vaga para ESTÁGIO DE EMPACOTADOR E SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS (masculino); 01 vaga para VENDAS em loja de confecções feminina (feminino); 02 vagas para VENDAS em óptica (feminino/masculino); 01 vaga para AUXILIAR DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA em eletricidade (masculino); 01 vaga para ENTREGADOR em loja de produtos de informática (masculino); 01 vaga para FARMACÊUTICO RESPONSÁVEL em farmácia (feminino/masculino); Informamos que para as vagas de estágio, o candidato (a) deve estar freqüentando regularmente aulas do ensino médio, técnico ou superior. OBS: Cadastre seu currículo em nosso site www. sindilojas-santarosa.com.br


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Educação

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Azeite extravirgem? Só no rótulo. Teste revela A Proteste Associação de Consumidores testou 19 marcas de azeite extravirgem e constatou que quatro têm indícios de fraude contra o consumidor. Na análise sensorial, apenas oito delas apresentam qualidade de extravirgem. Sete são virgens. Uma das marcas avaliadas, Borges, cujo azeite era virgem, em lugar de extra virgem, como indicado na rotulagem, tentou obter censura prévia na justiça antes mesmo da divulgação dos resultados. O juiz Gustavo Coube de Carvalho, da Nona Vara do Fórum Central de São Paulo contudo, negou a liminar. De quatro testes que a Proteste já realizou com esse produto em anos anteriores, este foi o que teve pior resultado, com o maior número de fraudes contra o consumidor. Não é a primeira vez que a Proteste detectou fraude nesse tipo de alimento e, novamente, vai notificar o Ministério Público, a Anvisa e o Ministério

da Agricultura, exigindo fiscalização mais eficiente. Nos três testes anteriores, foram detectados problemas. Em 2002, foram avaliados os virgens tradicionais e foi encontrado fraude. Em 2007, a situação se repetiu com os extravirgens. Em 2009, uma marca se dizia ser extravirgem e não era. Isso demonstra que os fabricantes ainda não recebem a fiscalização necessária. É considerado fraude quando o produto é comercializado fora das especificações estabelecidas por lei. Para as análises, foram considerados diversos parâmetros físico-químicos para detectar possíveis fraudes: espectrofotometria (presença de óleos refinados); quantidade de ceras, estigmastadieno, eritrodiol e uvaol (adição de óleos obtidos por extração com solventes); composição em ácidos graxos e esteróis (adição e identificação de outros óleos e gorduras); isômeros transoleicos, translinoleicos, translinolênicos

produto mais apreciado foi o Olivas do Sul. Outros bem avaliados foram os azeites Cocinero e Carrefour. Todas as marcas testadas foram: Olivas do Sul; Carrefour; Cardeal; Cocinero; Andorinha; La Violetera; Vila Flor; La Espanhola; Carbonell; Serrata; Beirão; Qualitá; Gallo; Pramesa; Borges; Tradição; Quinta da Aldeia; Figueira da Foz e Vila Real.

e ECN42 (adição de outras gorduras vegetais). Na análise sensorial, defeitos ficam óbvios Para a análise sensorial, foram convidados especialistas para avaliar a qualidade das amostras quanto ao aroma, à textura e ao sabor de acordo com parâmetros técnicos. Segundo a legislação, em azeites extravirgens não podem ser encontrados defeitos na análise senso-

rial. Nessa avaliação, apenas oito marcas tinham qualidade de azeite extravirgem de acordo com os especialistas. Entre as outras, sete tinham defeitos que, pela legislação, os caracterizavam como azeites virgens. São elas: Borges, Carbonell, Beirão, Gallo, La Espanhola, Pramesa e Serrata. As quatro marcas com problemas de fraude foram consideradas, pela análise sensorial, como azeites lampantes. Para os especialistas, o

Entre as marcas testadas podem ser considerados extravirgem: Olivas do Sul; Carrefour; Cardeal; Cocinero; Andorinha; La Violetera; Vila Flor;

Qualitá; São virgens: La Espanhola; Carbonell; Serrata; Beirão; Gallo; Pramesa; Borges; São mistura de óleos refinados: Tradição; Quinta da Aldeia; Figueira da Foz e Vila Real. A Proteste também verificou que nem sempre vale a pena optar pelo mais caro. Preço e renome nem sempre são sinônimos de maior qualidade. O melhor do teste foi, de fato, o que custa mais caro entre os testados. Porém, a avaliação mostra que há outros produtos de boa qualidade que custam bem menos.


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Geral

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EM BUSCA DA FELICIDADE A busca da felicidade é um tema muito em voga atualmente. Praticamente todas as correntes filosóficas, religiosas, e caminhos alternativos buscam encontrar este “tesouro”. O que, aliás, é natural, visto que a felicidade é a própria razão para a existência da vida. Senão vejamos. Deus é o único doador da vida, e Ele é Amor. A verdadeira felicidade é um atributo do Amor. Logo, tudo que contém vida tem por atributo nato ser feliz, devido à sua origem no Amor. Até aqui a razão nos diz que é assim. Mas agora surge uma nova questão: se temos vida, então, como atributo da vida, também temos que ter a felicidade. Entretanto, ao admitirmos que buscamos a felicidade, não estamos dizendo, implicitamente, que não a temos? E se não a temos, isto não é o mesmo que negar a nossa própria vida? Mas nós temos consciência que temos existência. Isto causa um grande conflito em nossas mentes. Este conflito é uma das razões de haver tanta procura externa por uma condição que está dentro de nós. E assim a felicidade, embora esteja presente dentro de nós, não pode ser experienciada. Na realidade, ela é parte de nós, entretanto , podem existir bloqueios obstruindo a consciência

de sua presença. É para estes bloqueios que devemos nos direcionar, se quisermos experienciar a felicidade plena. Os bloqueios, muitas vezes, são retratados como situações externas que estão nos afligindo. Outras vezes, são retratados internamente na forma de doenças ou dor emocional. Não importa a forma, interna ou externa, o propósito é sempre o mesmo: bloquear a consciência da nossa condição natural como Filhos de Deus, que é ser feliz. Por isso, buscar a felicidade, em qualquer forma que seja, é um empreendimento que já nasceu para o fracasso. Pois o que já é nosso não precisa ser buscado. O que resta a fazer, então, quando não nos sentimos felizes? Uma única coisa: buscar encontrar os bloqueios que estão obstruindo nossa condição natural de sermos felizes, e então remove-los. Esta é uma questão a qual nada no mundo pode trazer uma resposta, pois tudo no mundo faz parte dos bloqueios, visto que desvia o foco para o externo de uma condição interna. Até nossa própria consciência (lê-se individualidade) tem o propósito de bloquear a verdadeira felicidade, que é compartilhada entre o Criador e toda Filiação.

Admitir que por nós próprios não temos poder algum de encontrar a felicidade, não é fraqueza, é a verdadeira força. Pois só ao darmos um passo ao lado e permitirmos que um pensamento mais elevado, Divino, nos diga o que somos é que poderemos encontrar novamente o sentido da vida; ou seja, a felicidade, a qual jamais esteve ausente de ninguém, porém estava obstruída por um autoconceito próprio, não compartilhado com o Criador. Silenciar nossa

própria voz, a favor da Unicidade em Deus, nos permite experienciar cada vez mais da verdadeira paz, que é uma condição da mente que transcende qualquer ganho deste mundo. E só isso é felicidade plena. Repetindo, admitir que por nós mesmos não temos o poder de escolher a verdadeira felicidade, não é fraqueza, e sim poder. Pois só nesta condição de humildade é que poderemos voltar nossos pensamentos para o comando do verdadeiro Professor interno (Espírito Santo)

que está sempre atento a menor das nossas disponibilidades para nos ensinar onde está a verdadeira felicidade. Esta é Sua função; a nossa função é levar nossos pensamentos conflitantes a Ele, para que Ele os oriente e os devolva a nós, corrigidos de todo equívoco. Só assim teremos convicção de que a verdadeira felicidade nos pertence e de que ela só pode estar em nós e em Unicidade com o Todo ao mesmo tempo. Na prática, podemos dizer assim a cada vez que alguma coisa nos

aflige, seja de leve ou até mesmo de forma extremamente dolorosa: Não compreendo o propósito do que vejo (ou sinto). Espírito Santo (Jesus), quero que Tu me mostre um novo significado para o que vejo, pois sei que devo estar equivocado no meu julgamento, visto que não estou feliz. E sei que Tu tens um propósito de Amor para todas as situações. Portanto, abro mão de minhas próprias interpretações sobre o que estou vendo (sentindo) a favor do Teu modo de ver. Assim, aguardo em feliz expectativa que Tu orientes meus pensamentos, de modo que eu possa assumir não mais meus próprios pontos de vista, e sim o que Tu tens a me oferecer para correção dos meus equívocos. E que assim a felicidade possa novamente fluir através de mim a tudo que está evolvido nesta questão que percebo e retorne a mim em forma de paz. Sou grato por esta dádiva. Amém. E assim, abrimos mão de nossos próprios autoconceitos a favor de uma realidade imutável, eterna, que a tudo abrange e na qual a felicidade não tem fim. Que assim seja. Aprendiz feliz.

JOGO DA VIDA Arceli Wolanin

O jogo da vida é um tabuleiro que está à sua frente para ser jogado, lembrando que teu adversário é você mesmo. Lute, tenha fé e confie. Com disciplina você vence o teu adversário que é cheio de EGOS. Tenha cuidado porque vence aquele que tiver empenho maior. Seja um observador deste jogo, procure ter prudência em todos os momentos da vida, paciência e tolerância, aprendendo as regras do jogo, com respeito, humildade e dedicação. E então transforme-se em um ser bem melhor e livre. Não se importando com o tabuleiro dos outros, porque somos res ponsáveis somente por nós. E esperamos que sempre a LUZ vença e Esse jogo nunca termina. É uma automanifesta a essência do SER. -vigia constante e para sempre, para que os EGOS permanecem menores ou elimiQue todos estejam na LUZ. nados.


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Especial

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Santa Rosa adere ao PROCETUBE Programa de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose Bovídea - PROCETUBE Através de convênio firmado com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Estado – SEAPA, o município de Santa Rosa se credencia a instalar este programa sanitário em seus domínios de forma pioneira na região. O PROCETUBE visa operacio-

Assim, o produtor ao aderir ao programa, tem sua propriedade georreferenciada, seus animais brincados e desde então ocorre o controle sanitário dos mesmos, gerenciado pela administração municipal, que com o apoio de técnicos e veterinários da região executam

ficado como livre de tuberculose e brucelose, garantindo a procedência de seus animais e de seus produtos. A adesão ao programa será voluntária e contará com o apoio de toda a cadeia produtiva de carne e leite do município uma vez que há o interesse

Clédio Rigon com o governador Tarso Genro coletivo em se reduzir a prevalência e incidência destas zoonoses, gerando produtos com maior segurança e consequentemente reduzindo os riscos para a saúde pública. O município é responsável pela execução e gerenciamento do programa. nalizar a certificação de propriedades rurais como livres ou monitoradas para brucelose e tuberculose bovina através de ações como a vacinação, controle do tráfego de animais, rastreabilidade e erradicação de bovinos positivos.

testes, vacinações e procedimentos do programa, amparados pelo FUNDESA, fundo estadual criado para complementar ações de defesa sanitária animal no RS. Concluídas todas as fases do processo a propriedade então recebe o certi-

Coordenada pelo assessor de articulação comunitária Cledio Rigon, o projeto está em fase de estudos e estruturação, uma vez que deve ter o apoio de vários setores da comunidade como promotoria pública, cooperativas, empresas compradoras de leite e

carne, por exemplo. O objetivo é que no ano de 2014 o programa esteja pronto para execução. Com certeza será um divisor de águas neste setor e o município, como pioneiro, será exemplo para os demais da região e estado.


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Especial

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Ecologia/Educação

Esgotos em propriedades rurais são tratados por dispositivos criados pela Embrapa Afastadas dos grandes centros urbanos, onde estão concentradas as estações de tratamento de esgoto, fazendas e sítios devem tratar de seus dejetos. A proximidade com corpos d’água, como lagos, rios e nascentes aumenta essa necessidade. Pensando em solucionar esses problemas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), desenvolveu um sistema que trata a água captada e os dejetos produzidos nas casas. O primeiro equipamento a ser desenvolvido foi a fossa séptica biodigestora. Ela é composta por três caixas d’água vedadas, que estão inter-

ligadas por uma tubulação de PVC, o esgoto do vaso sanitário cai na primeira caixa, quando começa a ser fermentado. À medida que o tempo passa, o material se deposita no fundo e é transferido para o segundo reservatório. Após mais um tempo de fermentação, chega ao terceiro, de onde sai na forma de um líquido inodoro e quase transparente, repleto de nutrientes para as plantas. Clorador. A estrutura, composta por dois registros de água e tubulação é colocada entre a bomba e a caixa d’água e facilita a colocação de cloro no líquido que será consu-

orgulha professores e alunos. “O curso de Gestão da TI concentra-se nos aspectos gerenciais da tecnologia, nos métodos, nas ferramentas e nos processos de gestão, com uma visão estratégica das organizações e do uso dos sistemas de informação a seu serviço. É importante destacar que não é pretensão do curso formar técnicos ou especialistas em tecnologias específicas e, sim, capacitá-los para o adequado gerenciamento das tecnologias da informação em geral”, destacou. Sobre o curso O curso de Gestão de Gestão da Tecnologia da Informação da FEMA foi autorizado pela Portaria Ministerial n° 95 de 23 de junho de 2010 do Ministério da Educação e do Desporto, publicada no DOU n° 119. – seção 1 em 24 de junho de 2010. O curso visa a formação de líderes empreendedores e inovadores, sendo que

Escola Érico Veríssimo de Bela União. Carlos Schuler, diretor da escola, fala da importância da instituição, de sua gestão e projetos para incrementar as atividades escolares e da comunidade.

mido nas casas.

tes e lençóis freáticos. Como a água escorre Jardim filtrante. por meio da areia e peAlém de embelezar, dras, não há locais para o jardim filtra, remo- a criação de mosquitos, vendo substâncias quí- e as plantas farão a filmicas e impurezas da tragem da água, que água que podem con- escorrerá limpa do outaminar rios, nascen- tro lado.

FEMA comemora o reconhecimento do Curso de Gestão da Tecnologia da Informação O curso de Gestão de Tecnologia da Informação conquistou nota 4 (em um intervalo de zero a cinco) na avaliação do Ministério da Educação (MEC). O reconhecimento foi publicado na última terça-feira, dia 19 de novembro, na Portaria n° 605, assinada pelo Secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, Sr. Jorge Rodrigo Araujo Messias. Os avaliadores do Ministério da Educação visitaram a Instituição entre os dias 17 a 20 de abril. Na oportunidade, conheceram às instalações físicas do curso, conversaram com dirigentes da Instituição, professores, alunos, funcionários e com os integrantes da Comissão Própria de Avaliação (CPA), avaliando a organização pedagógica, corpo docente e instalação física. De acordo com o coordenador do Curso de Gestão da Tecnologia da Informação Nedisson Luis Gessi, o resultado

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Nedisson Luis Gessi - Coordenador os educadores proporcionam um conteúdo abrangente e satisfatório em termos de aprendizagem,

focados na utilização de ferramentas atuais para exemplos práticos e aulas dinâmicas.

Carlos Schuler assumiu a direção da escola em dezembro de 2012 e revela que, ainda com uma equipe de direção incompleta, luta para que a escola, que tem 97 anos, continue ativa na comunidade, proporcionando os benefícios da educação e cultura que a comunidade precisa. No dia 09 de outubro promoveram um evento cultural no clube de Bela União com a presença de alunos e pais de alunos, professores, comunidade e da presidente do CPM Dolores Adams Uhl que também é presidente do Conselho Escolar. A escola tem vários projetos já organizados para o próximo ano como o Mais Educação, que visa aumentar a oferta educativa nas escolas públicas por meio de atividades optativas, tais como como acompanhamento pedagógico, meio ambiente, esporte e lazer, direitos humanos, cultura e artes, cultura digital, prevenção e promoção da saúde, educomunicação, educação científica e educação econômica, e da pré-escola, destinada a crianças entre quatro e cinco anos de idade. A pré-escola é importante para o início da alfabetização da criança bem como do benefício aos pais que trabalham e sabem que seu filho está sendo bem atendido. Carlos ressalta ainda que a pré escola da Escola Érico Veríssimo terá vagas sobrando, já que a comunidade de Bela União não as preenche totalmente, e por isto, coloca à disposição de

outras regiões do município as vagas que restam, lembrando que o governo federal já manifestou-se a favor do transporte escolar intracampo, ou seja, entre os distritos do município, e não somente no sentido interior-cidade. Desta maneira, acredita, as vagas poderão ser preenchidas por criança de vários lugares, inclusive da cidade. O diretor ressalta ainda os projetos de leitura escrita em sua segunda edição, onde todos aqueles que participam da escola escrevem. E quando diz-se escrevem, fala-se de alunos, professores, pais e funcionários. No ano anterior, na primeira edição, os textos foram reunidos e editados em uma coletânea com mil cópias patrocinados por várias entidades de Bela União, e o projeto Reciclar, da professora Beatriz, que recolhe latas de bebidas. “Há outros sonhos”, continua Carlos, “mas para um gestão de nove meses acho que já temos alguns resultados bem positivos”. Por fim, Carlos Schuler relembra que já foi secretário de Cultura de Santa Rosa, e esta experiência lhe faz perceber a necessidade que Santa Rosa tem de investigar sua história, valorizá-la e cultuá-la. Em vista disto, sugere que a prefeitura desaproprie um prédio antigo em Bela União e transforme-o em museu, criando um ponto turístico onde se conheça um pouco da história do nosso município.


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Geral

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Caminhada a Caaro Egon Schittler Aconteceu na sexta-feira, 15 de novembro, a 16ª Caminhada ao Caaro, onde dezenas de peregrinos caminharam até o Santuário dos Santos Mártires das Missões: Roque, Afonso e João. Trazendo como lema “Santos Mártires fortalecei nossa fé”, os organizadores e os romeiros buscam a cada ano aumentar o número de fieis participantes da caminhada. Os romeiros saíram de Santa Rosa em um grupo com cerca de 85 fieis católicos de 15 cidades do estado, entre elas Passo Fundo, Caxias do Sul, Santa Rosa e Giruá, com destino ao Santuário de Caaro em Caibaté. O grupo se reuniu em frente a Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, de onde após orações iniciou a caminhada em torno das 4h. O grupo de fieis foi

recebido na cidade de Senador Salgado Filho, por volta das 9h ,onde fizeram um lanche, logo após seguiram em destino a localidade de Esquina Ipiranga, onde foram acolhidos para descansar e almoçar. Após o almoço partiram para pernoitar em Guarani das Missões na escola técnica Guaramanos, onde o grupo partilhou experiências e vivencias na fé. Na manhã de sábado,16, em torno das 3h o grupo saiu em direção a Mato Queimado, passando por trechos sem iluminação e em total sintonia com a natureza, atravessando de barca o Rio Ijuí. Puderam desfrutar de uma belíssima recepção feita pelos moradores da cidade com direito a almoço. Após um debate histórico de acontecimento e fatos da vida dos santos e uma celebração com a comunidade o grupo seguiu para a cidade de

chegada a mato queimado Caibaté onde foram recebidos e acolhidos pelos moradores que abrigaram os peregrinos.

Na madrugada de domingo,17,os fieis seguiram, sob a luz de velas, ao seu destino

final,o Santuário de Caaro, onde chegaram em torno das 9h para venerar aos Santos Mártires das Missões e participar dos festejos que comemoraram os 80 anos de Romaria ao Caaro. O percurso foi árduo, os fieis enfrentaram o escuro, estradas de chão, pedras pelo caminho, sol escaldante, cansaço físico para percorrer em torno de 90km caminhando, porém nenhum deles desistiu do trajeto. Os objetivos e o foco de chegar até o santuário são diversos sen-

do principalmente o de cumprir promessas, fazer pedidos aos Santos Mártires, buscar a Deus, fortalecer a fé e ao de se desafiar e vencer a longa caminhada que proporciona aos fieis sentimentos inexplicáveis. Os festejos realizados no Santuário do Caaro reuniram cerca de 10 mil fieis que participaram de uma programação que se estendeu por todo o domingo, sendo realizado inicialmente a Via Sacra, após missa campal,diversas apresentações artísticas e benção da saúde.


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Educação

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Inclusão escolar para deficientes visuais O Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairú enfrenta o desafio de educar uma aluna cega. A grandeza do ato no entanto esbarra nas mais diversas dificuldades que vão desde a inaptidão do espaço da escola para receber este tipo de aluno até a falta de material de apoio necessário para que os conteúdos sejam transmitidos e apreendidos. As dificuldades, no entanto, estão sendo superadas pelo esforço conjunto da direção da escola, dos professores, dos colegas solidários e da própria aluna. Vão sendo corrigidos os espaços da escola, dando-lhe acessibilidade, e vão buscando alternativas no modo de ensinar, para que Gerusa possa tornar-se o que qualquer pessoa deseja: autônoma. Capaz de decidir sozinha os rumos de sua vida.

Elisete Maria fritsch é professora do Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairú, e é especialista na área de educação com deficientes visuais desde 2008, ano em fez sua especialização no Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro. Elisete fala ao Cruzeiro sobre sua atividade, a forma como se desenvolve a educação de alunos com necessidades especiais, os procedimentos do corpo docente e a acessibilidade da escola, em especial com alunos com deficiência visual como Gerusa Schitler, aluna do primeiro ano do ensino médio. Segundo Elisete, a educação de um aluno com deficiência visual vai além da educação de uma criança sem necessidades especiais, que consiste em tornar aquele indivíduo autônomo, com condições de se locomover em sua cidade, pegar ônibus, visitar lojas sem o acompanhamento de outra pessoa. “Isto chama-se inclusão social”, explica a professora, “é quando damos ferramentas para que uma pessoa consiga exercitar sua cidadania, indo e vindo, comprando, trabalhando”. “Para o aluno com deficiência visual é imprescindível ler e escrever em braile. Faz parte de seu mundo e é a forma como ela poderá orientar-se ao sair sozinha pela cidade. Hoje os elevadores já

possuem escrita em braile justamente para possibilitar que o cego consiga movimentar-se de forma autônoma”. Gerusa está no início do aprendizado da linguagem Braile. Ela já conhece todo o alfabeto e o próximo passo, segundo a professora, é a formação de sílabas. “Então”, continua, “todos os pais de crianças portadores de necessidades especiais devem procurar desde cedo uma escola com orientação especializada, para proporcionar o quanto antes a inclusão social dessa criança, com o aprendizado do Braile e de como locomover-se sozinho, o que lhe permitirá um alto grau de autonomia”. O ensino Elisete interage constantemente com os professores para que o ensino, direcionado ao aluno com deficiência visual, tenha êxito. E isto consiste em buscar alternativas de como passar as aulas, os trabalhos e os temas para conseguir que o aluno mantenha o mesmo nível de aprendizado de seus colegas. No caso específico da aluna Gerusa, nas aulas de matemática ela trabalha com materiais concretos para auxiliar a formar o pensamento lógico e numérico, onde, juntando determinados números de blocos ela consegue realizar cálculos. Em aulas cujo padrão é essencialmente visu-

al, com gráficos, mapas, símbolos, letras e números, o aluno cego necessita de um tratamento especializado para poder acompanhar a rotina de aulas. Além das ferramentas que dispõe para o aprendizado do deficiente visual, a escola desenvolveu audiobooks com parceria dos próprios alunos, para auxiliar na educação dos colegas cegos. * *O projeto com os audiobooks foi premiado no Concurso Nacional de Tecnologias Sociais promovido pela revista Ensinar e Aprender. O projeto foi tema de matéria do Cruzeiro na edição de abril deste ano. Monitor A escola ainda não conta com um monitor especializado no acompanhamento de alunos com necessidades especiais. Por conta disto, Gerusa depende bastante do auxílio de colegas quando necessita transitar por áreas da escola que não tenham acessibilidade. Acessibilidade A professora Elisete é bem clara ao dizer que é a escola que deve adaptar-se ao aluno e não o contrário, no entanto, nossas escolas construídas fora dos padrões que se exige atualmente, não dão acessibilidade total ao aluno portador de necessidades especiais. “Alguns lugares são de difícil acesso”, diz a professora, “mas a escola tem se esforçado em adaptar-se para as necessidades de seus alunos, e às exigências legais, mas esbarram na falta de verbas. Já foram colocados corrimões em vários setores da escola, bem como pisos táteis e rampas, mas há muito ainda por fazer.” Inclusão Social Para o caso dos portadores de deficiências, a inclusão social significa a obtenção de ferramentas para que ele possa inserir-se na vida em sociedade usufruindo seus benefícios, como o direito de trabalhar, de ir e vir de forma autônoma, com uma vida livre.

Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairú Gerusa Schittler tem 25 anos e estuda no Instituto Estadual de Educação Visconde de Cairú desde março deste ano. Ela fala sobre a sua experiência nesta nova etapa, do novo desafio do ensino médio e a troca de escola. Até então, Gerusa estudava na Escola Nossa Senhora da Glória. “Quem tem deficiência visual total como eu encontra muitas dificuldades nas escolas. Esta inclusão dos deficientes é nova e os prédios das escolas já foram construídos a muito tempo. A estrutura não comporta uma adaptação física que dê mais segurança ao cego. Na minha escola (atual) os blocos foram construídos com bastante desnível de altura, e por isto tem muitas escadas. A rampa que existe é muito íngreme.” “Quando eu chego à escola tenho um trajeto para percorrer até chegar à minha sala. Já faço este trajeto sem maiores problemas, mas para ir ao banheiro a dificuldade aumenta. sabe o que faço? Antes de sair de casa, que é muito cedo, vou ao banheiro, e só vou novamente quando volto para casa. Tive que aprender a me segurar porque o banheiro para mim é praticamente inacessível.” Gerusa também não conseguia usar o refei-

tório da escola por falta de acessibilidade. “A professora Elisete conseguiu que uma tia da secretaria de agora em diante me auxilie nesta tarefa (de chegar ao refeitório).” “Aos poucos”, diz Gerusa, otimista, “esta comunicação entre alunos deficientes e a direção da escola vão acontecendo e as adaptações se realizando.” “Também acho importante dizer que alguns corrimões estão danificados pois os alunos sentam neles, e para a locomoção do cego são imprescindíveis corrimões, rampas, piso tátil direcional.” “A vida do cego, principalmente de cidade pequena como a nossa, não é fácil. Ouço falar muito na inclusão dos deficientes, mas na verdade é muita teoria e pouca prática.” “Pessoa com cegueira congênita, como é o meu caso, depende da audição e do tato para adquirir conhecimentos e formar imagens mentais. Só assim consigo aprender.” “Isso tudo é um grande desafio para mim e para os professores que precisam buscar uma forma diferenciada para que eu consiga aprender. O conteúdo das matérias são os mesmos dos meus colegas e eu sinto muitas dificuldades. Em física, por exemplo, tem

conteúdos que dificilmente se encontra uma forma de explicar que me permita compreender.” “A professora Elisete faz a ponte de informações entre os professores e eu, pois sou a primeira aluna com deficiência visual total e tudo tem que ser adaptado para mim.” “Apesar das dificuldades, tenho muita vontade de aprender, e quero me tornar mais independente.” “Gosto da minha escola, dos meus colegas e dos meus professores, e aos poucos tudo vai se resolvendo, mas quero registrar que me sentiria mais segura com a presença de uma monitora, pois outro dia esqueceram-me na sala de aula” relata Gerusa, rindo do episódio. Gerusa também gostaria de um encontro com o prefeito Alcides Vicini para falar sobre o transporte escolar, “pois na gestão anterior foi alterado nosso sistema de transporte. Hoje muitas entidades utilizam o mesmo transporte, fato que acabou congestionando muito e prejudicando quem precisa. Posso falar no que me sinto prejudicada. Tenho necessidade de freqüentar a sala de recursos mais de uma vez por semana, mas não é possível por falta de transporte.”


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SANTA ROSA • Novembro de 2013

Inclusão ou Exclusão? Egon Schittler Historicamente pessoas com deficiência eram vistos com ressalvas. Acreditavam ser um castigo, uma maldição, bruxaria. Que nasceram assim para “pagar” seus pecados. Mais de 45,6 milhões de brasileiros declararam ter alguma deficiência segundo dados do último Censo Demográfico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 23,9% da população do país. A deficiência visual foi a que mais apareceu entre as respostas dos entrevistados e chegou a 35,7 milhões de pessoas. A deficiência motora apareceu como a segunda mais relatada pela população, mais de 13,2 milhões de pessoas afirmaram ter algum grau do problema, o que equivale a 7% dos brasileiros. Cerca de 9,7 milhões declaram ter deficiência auditiva (5,1%). A deficiência mental ou intelectual foi declarada por mais de 2,6 milhões

de brasileiros. Diante destes números, o que nos faz pensar: Será que nossas escolas estão aptas a receber estas pessoas? É dever do Estado oferecer ao aluno portador de necessidades especiais atendimento especializado nas escolas públicas, visando sua integração no meio social, consoante prelecionam os artigos 227, § 1º, inciso II e 208, inciso III da Constituição Federal. Mas na prática o que temos visto no geral são escolas regulares totalmente despreparadas para receber este público, seja no âmbito estrutural ou pedagógico. O que de fato deve ser garantido é a independência deste individuo dentro das edificações escolares, através da eliminação de barreiras arquitetônicas, adaptação de sanitários, colocação de piso tátil, corrimão, etc. Já na esfera pedagógica, o aluno deve ter o suporte para auxiliar a integração deste com o meio escolar como um todo. Isso pode ser feito através das chamadas salas de recursos

multifuncional. A finalidade desta sala é auxiliar o aluno, neste caso especifico, um deficiente visual, a fazer a transcrição do conteúdo para o Braile, ajudar o professor da sala de aula na melhor maneira do aluno deficiente assimilar o conteúdo e trazer novas propostas pedagógicas para sala de aula. E outra peça que se faz indispensável, quando detectado que o aluno necessita, é o monitor. Algumas ações do Monitor, que funcionariam como apoio em sala de aula: - Procurar estabelecer Comunicação e Investigação sobre o Histórico pessoal do educando, tanto familiar quanto escolar: - Conversar com outros profissionais que por ventura atendam o educando, procurando obter recomendações de cuidados necessários para lidar com a criança na área motora, fonoaudiológica, psicológica. - Contribuir com o trabalho dos professores, se possível se envolvendo no planejamento semanal. Dar sugestões, pedir orientações, auxiliar as outras crianças enquanto a professora atende a criança com deficiência; - Procurar envolver-se na dinâmica da sala de aula, não tornando seu acompanhamento ao aluno uma forma apática de ficarem presos “um ao outro” durante toda o período das atividades; - Reconhecer a capacidade do aluno em apren-

der, mesmo que não no tempo dos outros. Sugerir ao professor formas de adaptar as atividades que o educando não estiver conseguindo realizar; - Pesquisar, junto com o professor ou individualmente, estratégias e atividades que possam ampliar as funções mentais da criança; - Ampliar seus conhecimentos à cerca da deficiência do educando, à cerca de seu papel enquanto facilitador no processo educativo, demonstrando que o monitor é mais um profissional que deve ser atuante em sala de aula e que pode contribuir para auxiliar a todos: o educando, o professor, a classe; - Auxiliar na exploração e aprimoramento da motricidade do educando em sala de aula; - Auxiliar na estimulação da linguagem, da oralidade do educando. Questionar sempre para que o aluno se expresse, incentivá-lo a participar nos momentos de atividades que envolvam Histórias, Cantos, debates, Jogos. -Promover a independência e autonomia do aluno na execução das atividades dentro e fora da sala de aula: -Diversificar os meios de acesso ao conteúdo em sala de aula. -Procurar junto à família do educando e a equipe técnica da unidade escolar a possibilidade de adquirir instrumentos adaptados para a sua alimentação: -Auxiliar o educando a alimentar-se. No horário do recreio (Interação com os colegas): -Estimular o contato

com outras crianças, nem que para isso o monitor insira-se nas brincadeiras e à medida que a interação com outra(s) criança(s) vá se dando, retire-se e fique só observando. Deslocamento em diferentes ambientes da escola: -Observar se há necessidade de alguma rampa, algum ajuste a se fazer na unidade escolar para garantir o acesso do educando em todos os ambientes, comunicando à direção escolar caso aja algo impedindo o acesso. Na prática isto não vem acontecendo, vamos pegar como exemplo a aluna Gerusa deficiente visual, que frequenta uma sala de ensino normal. A escola conta com uma sala de recursos multifuncional que tem como objetivo lhe auxiliar. No entanto não conta com este profissional indispensável, o monitor. Além de ter deficiência visual, ela possui problemas físicos (lordose, osteoporose) que dificultam a sua locomoção na escola que possui muitas escadas. Para auxiliar no seu deslocamento conta apenas com a ajuda de colegas, que o fazem de forma voluntária, mas já houve várias ocasiões que ficou horas na sala de aula, ou em outras partes da escola, à espera desta ajuda. Neste caso o monitor se faz indispensável, pois pode dar suporte em todas as áreas, solucionando todos estes problemas. Por falta de um monitor, seu desempenho escolar fica muito prejudicado e restrito, podendo ainda interagir de forma negativa em seu relacio-

11 namento com a turma, pois são eles que ficam muitas vezes com a tarefa de auxiliar nas atividades. Por não terem nenhum preparo, tal fato acaba prejudicando ambos. Sem falar no risco físico a que está submetida, já tendo sofrido quedas, que poderiam acarretar sérios danos a sua saúde. A presença de monitor especializado se faz necessária em toda rede pública estadual da nossa cidade. A poucos dias um aluno cadeirante, ao ser auxiliado por colegas em uma escada, sofreu uma queda, e teve serias fraturas. Inclusão é muito mais que colocar o aluno portador de deficiência na sala de aula regular. É um processo complexo, onde todos os entes terão que trabalhar em total harmonia. Estamos tratando de pessoas, não de números, muitos deficientes ainda permanecem em seus lares, escondidos por suas famílias. Por isso, é importante que a acessibilidade e a inclusão não sejam somente de ordem física, mas também priorize a sociabilidade e o convívio dentro do ambiente escolar. A inclusão está denunciando o abismo existente entre o velho e o novo na instituição escolar brasileira. A inclusão é reveladora dessa distância que precisa ser preenchida com as ações que relacionamos anteriormente. Pensar nas pessoas, na garantia de seus direitos, na formação da cidadania é sempre importante. Acreditamos que através de atitudes rumo à inclusão de fato, podemos tornar o mundo um pouco melhor e menos desigual.


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