Jornal Correio de Videira - Edição 1.293

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Videira, 9 e 10 de Novembro de 2012

CorreiodeVideira

"Quando nós os resgatamos, eles já estavam inconscientes. A retirada dos corpos da água foi bem difícil, pois eles estavam próximos das pedras e o mar muito revolto." Tenente do Corpo de Bombeiros, Wilson Ribeiro.

Segurança A-03

Leonel Gheller escapou da morte

>>Ele fez o passeio para não contrariar a vontade do pai, morto no acidente

O

menino Leonel Gheller, de 11 anos, é o único sobrevivente do acidente aéreo na Praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriu. Essa semana, mais tranquilo ele concedeu entrevista a imprensa.O menino, que nunca tinha andado de avião e estava com muito medo, participou do passeio para não contrariar a vontade

do pai, morto no acidente. O convite partiu do médico morto no acidente Júlio Mandeli, ao pai de Leonel, o empresário Claudir Gheller. Os familiares lutavam para evitar o passeio que acabou em tragédia. Leonel afirmou que estava com muito medo, mais não quis contrariar o pai. No acidente ele apenas sofreu hematomas leves

Leonel Gheller, o único sobrevivente

O Acidente O avião apresentou falhas no motor quando o grupo voltava ao aeroclube. O piloto teria pedido socorro pelo rádio e tentado pousar na areia da praia de Taquarinhas. Segundo o menino, o intervalo entre as falhas mecânicas e a queda do monomotor durou menos de um minuto. Ele salienta que, ao tentar a aterrissagem forçada, uma onda atingiu uma das asas do veículo, que bateu em uma pedra e caiu no mar. Leonel conseguiu abrir uma das portas da aeronave, por onde saiu junto com o pai. O piloto teria perma-

necido dentro do monomotor. "As ondas eram muito altas e me sufocaram por pelo menos duas vezes. Achei que ia morrer. Eu olhava para trás e não enxergava mais meu pai. Concentrei toda a minha força, nadei e pensei na minha mãe", disse o menino. Atendendo ao pedido do pai, Leonel conseguiu nadar e chegar próximo à praia, onde contou com o socorro de pescadores para sair do mar. O menino soube que o pai havia morrido ainda no local, quando escutou socorristas comentando sobre dois óbitos no acidente. O menino foi resgatado por um

pescador que jogou um objeto flutuante para que a criança conseguisse chegar a praia, segundo a Polícia Militar e o tenente Wilson Ribeiro. A equipe do Corpo de Bombeiros fez o resgate da criança e dos corpos dos adultos usando jet-ski e lancha, de acordo com Ribeiro. "Tentamos as manobras possíveis de reanimação, mas os dois adultos não resistiram e morreram no local", informou Ribeiro. A criança não tinha ferimentos graves e foi levada, em estado de choque, ao Hospital Municipal Ruth Cardoso.foto

" Eu vi a queda da aeronave " O aposentado, José Carlos Caldas, 62 anos,morador de Itajaí, presenciou o momento da queda da aeronave na manhã de sábado(3 na Praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriú. "Eles passaram em direção a Balneário Camboriú e pouco depois retornaram. Estavam cerca de 30 metros distantes de mim. A aeronave veio beirando o costão de Taquarinhas com o motor falhando. Assim que a asa bateu no mar, o monomotor caiu e afundou em segundos , lembra o aposentado. Caldas viu a criança sendo arremessada da aeronave e gritou socorro para o filho e o genro, que também pescavam nas proximidades. O menino chegou a nadar por alguns metros, até que um galão flutuando foi jogado no mar para o garoto segurar. O filho e o genro do aposentado entraram

na água e puxaram a criança até a faixa de areia. Gheller e Mandelli ainda tentaram nadar, mas a força das ondas impediu os dois de saírem do mar. "Só quem viu o agito que estava o mar, assim como eu, pode dizer que foi um milagre esse menino ter sobrevivido. Mesmo dentro da água, ele pediu para que ajudassem o pai. É difícil eu falar sobre isso, fico muito comovido. Tenho um neto de 11 anos também e imagino a dor dessa criança agora. Fazia muito tempo que eu não vinha para Taquarinhas. Tento entender o que me fez parar aqui justamente neste dia", diz, com a voz embargada e lágrimas nos olhos. Caldas revelou que deseja, um dia, rever o menino que ajudou a salvar. O movimento nas estradas fez o corpo de Bombeiros chegar ao local do acidente pelo

mar, por meio de jet skis. Piloto e passageiro foram levados até a areia, onde os socorristas ainda tentaram reanimá-los. Foi o filho de Caldas quem telefonou pedindo socorro, pouco depois das 10h de sábado. "Quando nós os resgatamos, eles já estavam inconscientes. A retirada dos corpos da água foi bem difícil, pois eles estavam próximos das pedras e o mar muito revolto", relata o tenente do Corpo de Bombeiros, Wilson Ribeiro. Morador de Camboriú, José Silvério Filho, 50 anos, aproveitava a Praia de Taquarinhas com a família na hora do acidente. O serralheiro conta que a queda foi tão rápida, que eles nem chegaram a ver a aeronave. Só tiveram ciência do que estava acontecendo quando enxergaram o menino sendo resgatado.

José Carlos ,Caldas, 62 anos,morador de Itajaí, presenciou o momento da queda da aeronave

Leo Bom, presidente da Câmara

Léo Bom lamenta morte O presidente da Câmara de vereadores, Leonardo Bom Guse (PMDB), o Leo Bom, lamentou a morte de Claudir Gheller, o Suli, e do médico Júlio Mandelli. Leo Bom determinou que fosse feito um minuto de silêncio em função das duas mortes na sessão da Câmara da última terça-feira. Suli e Mandelli estavam num avião de pequeno porte que caiu no mar, na praia de Taquarinhas, em Balneário Camboriú, no último sábado, dia 3, e morreram afogados. “Foram dois grandes homens e que muito contribuíram para o desenvolvimento do município em suas áreas de atuação. Sentimos muito a perda de ambos”.


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